NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA
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Caça Gloster Meteor da FAB restaurado se torna atração em espaço público próximo ao Aeroporto de Salvador
Juliano Gianotto | Publicada em 03/01/2025 17:40
Soteropolitanos e turistas que estiverem chegando ou saindo do Aeroporto Internacional de Salvador contarão com um novo espaço público como atrativo nas proximidades do terminal. A Prefeitura do município, com o apoio da Base Aérea de Salvador, está construindo uma praça de pouco mais de 1 mil metros quadrados, equipada com diversos mobiliários urbanos.
O equipamento ficará ao lado do icônico corredor de bambuzal, onde está exposto um caça F-8. A aeronave passou por um processo de recuperação realizado pela Sociedade Amigos da Força Aérea Brasileira (FAB).
A nova praça está sendo executada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Desal) e contará com poltronas, mesas para jogos, piso intertravado, piso tátil e paisagismo reforçado, incluindo o plantio de gramado e de mudas ornamentais como trapoeraba-roxa, clorofito, agave e cana-da-índia.
“Recebemos uma solicitação do comando da Base Aérea de Salvador (BASV) para revitalizar aquele espaço. A Desal desenvolveu um projeto e utilizamos todo o contingente e mão de obra próprios, além do material produzido pela nossa fábrica. A ideia é que essa praça funcione como um deque contemplativo da pista de voo”, explicou o presidente da Desal, Virgílio Daltro.
O comandante da Base Aérea de Salvador, coronel-aviador Vinícius Guimarães, acrescenta que o novo atrativo vai complementar o bambuzal existente nas proximidades, oferecendo à população um lugar seguro e confortável.
“Durante a recuperação do caça F-8 que estava no local, surgiu a ideia de melhorar o entorno. Entramos em contato com a Prefeitura para viabilizar algo além de uma simples urbanização, criando um espaço onde a população poderá contemplar o tráfego de aeronaves, especialmente os pousos”, disse.
Recuperação
Quem vai ao Aeroporto de Salvador se depara com um caça do modelo Gloster Meteor F-8 pouco antes da entrada do corredor de bambuzal. A aeronave, no entanto, estava degradada e apresentava pontos de corrosão.
O trabalho de recuperação, realizado pela Sociedade Amigos da Força Aérea Brasileira, envolveu reparos na fuselagem e pintura, em um processo manual que durou cerca de dois meses. Todo o serviço foi executado no próprio local.
O F-8 representa um marco na aviação militar mundial, sendo o primeiro caça a jato operacional da história, utilizado pela Royal Air Force durante a Segunda Guerra Mundial. Com construção metálica, asa baixa e dois motores turbojato, o modelo simboliza a vitória dos Aliados e a evolução da engenharia aeronáutica.
O exemplar de matrícula FAB 4004 foi desativado em 1978 e hoje é uma peça de valor histórico, exposta como monumento próximo à entrada da Base Aérea de Salvador. Ele preserva a memória da aviação militar nacional. No Brasil, a FAB adquiriu seus primeiros exemplares em 1953, empregando-os em missões estratégicas até que foram substituídos, na década de 1970, pelo AT-26 Xavante, da Aermacchi/Embraer.
De VIP a cargueiro: C-97 Brasília completa 38 anos de operações na FAB
Perto de completar quatro décadas na FAB, o C-97 desempenha um importante papel no transporte de passageiros e cargas para a FAB
Marcos Junglas | Publicada em 03/01/2025 17:43
Uma das aeronaves mais emblemáticas da FAB, o C-97 acaba de completar 38 de operações na Força Aérea Brasileira (FAB), tornando-se um dos aviões com maior presença operacional na FAB e um marco na aviação regional e militar brasileira.
Baseado no Embraer EMB-120 Brasilia que foi desenvolvido na década de 1980, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebia a primeira unidade do modelo em 3 de janeiro de 1987, sob a matrícula FAB 2001 com a designação VC-97.
Em 1980, a necessidade de uma aeronave com características operacionais semelhantes ao VU-9 Xingu, porém, com maior capacidade de passageiros e carga, levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar uma solução no mercado. Com expressivos resultados positivos no Mercado Internacional, o Embraer EMB-120 Brasília seria escolhido para ampliar a capacidade de transporte de autoridades. O contrato inicial firmado entre o Ministério da Aeronáutica e a Embraer, no final de 1986, previa uma encomenda de cinco aviões EMB-120RT (Reduce Take-off Weight) Brasilia, aeronaves desenvolvidas para realizar missões de transporte aeroterrestre quanto de carga.
Na FAB, o C-97 foi destinado inicialmente para ampliar a capacidade de transporte de autoridades VIP (Very Important Person) para até 12 passageiros, a aeronave operaria pouco mais de um ano no Grupo de Transporte Especial (GTE).
Demandas internas do Ministério da Aeronáutica (Maer) fariam com que a aeronave fosse transferida para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) e, atualmente, os C-97 Brasília ainda em operação integram a frota de alguns Esquadrões de Transporte Aéreo.
O Grupo de Transporte Especial (GTE) operaria dois VC-97 Brasília (FAB 2001 e FAB 2002) em um curto espaço de tempo, pois, no dia 01 de janeiro de 1988, as aeronaves foram transferidas para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, sediado na Base Aérea de Brasília (BABR). Na tarde do dia 08 de julho de 1988, o FAB 2001 sofreria um acidente com perda total em São José dos Campos (SP), vitimando cinco dos nove ocupantes a bordo, tornando-se o primeiro acidente do modelo na Força Aérea Brasileira. O Esquadrão Guará receberia ainda os VC-97 FAB 2004 e FAB 2003 em 09 de março de 1989 e 23 de maio de 1989, respectivamente.
A encomenda inicial previa a entrega de cinco aeronaves VC-97, contudo, apesar de pronto e já ostentando as cores da FAB, o pedido do FAB 2005 seria cancelado pelo Ministério da Aeronáutica e este, vendido posteriormente para uma empresa de transporte regional da Angola. Mesmo diante do cancelamento do FAB 2005, o Ministério da Aeronáutica recebeu o terceiro protótipo do EMB-120 Brasília. Com a designação YC-97, matrícula FAB 2000 e com a “pintura” de fuselagem polida, o FAB 2000 foi destinado ao Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) com sede em São José dos Campos, em São Paulo, sendo incorporado ao Grupo de Ensaios em Voo (GEEV).
Uma nova encomenda de 12 aeronaves foi realizada em 1988, mas dividida em dois lotes: o primeiro composto por três EMB-120RT, com o segundo lote composto por nove EMB-120ER (Extended Range), modelo equipado com motores mais potentes e maior alcance. As aeronaves adquiridas no segundo lote, foram designados de C-97, e configuradas de modo a ampliar suas missões, podendo agora realizar transporte de pessoal, lançamento de cargas e paraquedistas, evacuação aeromédica, dentre outras. Operando inicialmente nas empresas Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A e Nordeste Linhas Aérea S/A, estas aeronaves seriam destinadas à Força Aérea Brasileira após o não pagamento de empréstimos, por parte das empresas privadas, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).
Apresentando características voltadas para missões militares, os novos C-97 na versão cargo possuem a capacidade máxima de 3.500 kg (Single Cargo Net) e na configuração combinada (Combi) transportavam dezenove passageiros e mais mil e quinhentos quilos de carga. As novas aeronaves, com matrículas entre FAB 2005 e FAB 2016, foram destinadas para três Esquadrões de Transporte Aéreo: 3º ETA, 6º ETA e 7º ETA, sediados no Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Manaus (AM), respectivamente. Integrante do segundo lote, um dos EMB-120ER, designado FAB 2010, receberia a configuração para transporte VIP visando repor a perda do FAB 2001 junto ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo.
A partir dos anos 2000, diversas aeronaves C-95 Bandeirante fabricadas durante a década de 1970 passariam a ser aposentadas e, objetivando manter a capacidade operacional dos Esquadrões de Transporte, uma aquisição de quatro EMB-120ER foi feita em 2009. Oriundas de empresas civis norte-americanas, estas aeronaves foram destinadas ao 2º ETA, 4º ETA e 5º ETA (Esquadrão de Transporte), sediados na época em Recife (PE), Guarulhos (SP) e Canoas (RS). Vinte e uma aeronaves foram adquiridas desde 1987 e atualmente todos os Esquadrões de Transporte – ETA operam ao menos uma aeronave C-97.
Em 2005, a aeronave YC-97 FAB 2000, antes destinada a voos de testes e ensaio, seria transferida para o Rio de Janeiro, tornando-se aeronave orgânica do Parque de Material dos Afonsos (PAMAAF) e recebendo a pintura em tom de cinza. Já sem características de aeronave “experimental”, em 2011 o FAB 2000 seria redesignado como C-97 Brasília, mesma designação das demais aeronaves em atividade.
Com a vida útil dos C-95 Bandeirante próxima do fim, entre 2009 e 2010, uma proposta de expansão da frota e modernização dos C-97 barraria na falta de investimentos necessários para tal demanda, sendo na ocasião escolhido a modernização de parte da frota dos C-95 Bandeirante. Outro estudo envolvendo o EMB-120RT deu-se durante a implementação do Projeto SIPAM (Sistema de Proteção da Amazônia), quando a aeronave seria avaliada para receber o radar Saab Electronic Defence Systems Erieye, tornando-se uma aeronave de sistema de alerta e controle aéreo antecipado - AEW&C. Com a entrada em operação dos EMB-145 no mercado e constantes atrasos no programa, quando da escolha final da aeronave, o EMB-145 seria escolhido devido melhores características estruturais e operacionais.
A sobrevida aos C-97 Brasília deu-se em 2018 quando a Força Aérea Brasileira iniciou um processo de modernização das aeronaves. O programa de modernização contemplou a revisão estrutural, implementação e modernização de sistemas de comunicações e navegação e, implementação de novos sistemas de aviônica, estima-se que o Embraer C-97 deve voar na FAB até meados de 2030.
Os Gêmeos do Esquadrão Pampa
Antonio Ricieri Biasus. | Publicada em 03/01/2025 17:00
Os Gêmeos do Esquadrão Pampa. No dia 13 de dezembro de 2024, aconteceu, no 1º/14º GAV — Esquadrão Pampa, em Canoas–RS, um voo marcante. Pela primeira vez, dois irmãos gêmeos univitelinos realizaram um voo de combate um contra um. Isto é uma probabilidade tão difícil de acontecer como ganhar em uma loteria.
Na Força Aérea é raro parentes servirem na mesma Unidade Aérea ou serem operacionais na aeronave que equipa a Unidade Aérea.
Vejamos alguns casos:
Os irmãos Antonio Luiz Godoy Soares Mioni Rodrigues, da turma 1991 da Academia da Força Aérea (AFA), e o Antonio Marcos Godoy Soares Mioni Rodrigues, da turma AFA 1993, voaram juntos no 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) — Esquadrão Jaguar, em Anápolis–GO.
Posteriormente, os irmãos Daniel Martins Kruger, da turma 2008 da AFA, e André Martins Kruger, da turma 2010 da AFA, também voaram juntos no 1º GDA.
Na aviação de asas rotativas, os irmãos Caio Cesar Pereira Vargas Liguori e Igor César Nogueira Liguori, ambos da Turma 2015 da AFA, e o primo deles, Luan Nogueira Liguori, da Turma AFA 2017, voaram, por um determinado período, helicópteros H-60L no 7º/8º GAv —Esquadrão Harpia, em Manaus–AM.
Outro fato curioso ocorreu em 1985. O então Coronel Paulo Pinto, da Turma 1960 da Escola de Aeronáutica (EA), que exercia a função de subcomandante do extinto Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens—CATRE liderou o primeiro voo solo de elemento (dois aviões) do seu filho, o então Aspirante Paulo Dário Freire Pinto, da turma AFA 1984, no 2º/5º GAv — Esquadrão Joker. Imaginem a satisfação de um pai ter o seu filho voando solo na ala de um avião de Caça. É para poucos!
O Esquadrão Pampa teve alguns irmãos que participaram do Quadro de Tripulantes.
Os dois mais conhecidos são o Major Aviador Alberto Bins Neto, da Turma 1945 da EA, e o Capitão Jorge Frederico Bins, da Turma de 1951 da EA, voaram juntos, em 1957, o famoso e saudoso Gloster Meteor no Esquadrão Pampa.
Em 1993, Douglas Wagnitz, da turma AFA 1986, voou no Pampa entre 1993 e 1999. Seu irmão, Magno Wagnitz, da turma 1987 da AFA, também voou no Esquadrão Pampa no início de 1998, mas não tiveram a oportunidade de voarem juntos. Certamente que devem existir outros casos semelhantes na FAB.
Os Gêmeos do Pampa
Mas o fato mais inusitado, quando comparado com os descritos acima, aconteceu com os irmãos gêmeos Marcos Vinícius Bentes Corrêa e João Victor Bentes Corrêa, sendo digno deste registro. Eles têm uma carreira tão idêntica quanto a genética.
Naturais de Santarém–PA, viveram parte da infância em Porto Trombetas, na margem do Rio Trombetas, distante cerca de 200 quilômetros de Santarém. Tiveram influência materna para o ingresso na Força Aérea. Ela, por meio de amigas, recebeu os folhetos para o ingresso na carreira militar.
Após um ano de estudos em Belém, seguiram juntos para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) em 2010, sendo matriculados na AFA em 2013. Foram declarados Aspirantes no ano de 2016.
O Capitão Bentes, o mais “velho”, é o 4º classificado na sua turma, enquanto o Capitão João Correa é o 5º. Até na formação acadêmica, eles estão juntos!
Os dois foram classificados para realizar o Curso de Piloto de Caça no Esquadrão Joker − 2º/5º GAv, em Natal, no ano de 2017 e, posteriormente, seguiram para realizar o curso de liderança da Aviação de Caça em locais distintos. Foi a primeira vez que se separaram na carreira deles, mas por pouco tempo.
O Tenente Bentes foi para Boa Vista, enquanto o Tenente João Corrêa foi para Porto Velho. Após serem declarados líderes de Esquadrilha da Aviação de Caça, optaram por servir na Academia da Força Aérea, onde trabalharam no comando dos Esquadrões. Além de serem instrutores militares do Corpo de Cadetes, voaram T-25 e T-27 na instrução dos cadetes. Neste período, os dois realizaram Mestrado em Ciências Aeroespaciais, na Universidade da Força Aérea (UNIFA), no Rio de Janeiro–RJ.
Após a AFA, mais uma vez, optaram por servir em um mesmo Esquadrão e o escolhido foi o Esquadrão Pampa, em Canoas. Chegaram em 2023 e fizeram o curso de piloto operacional na aeronave F-5M.
Por diversas vezes, voaram juntos em deslocamentos e outros voos do Esquadrão, porém, esta foi, sem dúvidas, a primeira vez que eles voaram um na ala do outro, realizando a mais nobre das missões da Aviação de Caça: o voo de combate.
A semelhança entre os dois, tanto na carreira quanto na aparência física, é muito rica em coincidências. Com este voo, deixam marcas na história da Aviação de Caça!
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