O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) concluiu com êxito a primeira edição do Treinamento de Avaliação Operacional (AVOP), realizado no Campus Casemiro Montenegro Filho, em São José dos Campos (SP). A iniciativa marca um passo decisivo na consolidação da doutrina de Operational Test and Evaluation (OT&E) na Força Aérea Brasileira (FAB), com foco em garantir a efetividade e adequabilidade de aeronaves e sistemas em cenários reais de emprego. Alinhado à nova edição da Diretriz de Comando da Aeronáutica DCA 400-6, o treinamento visa capacitar militares na condução de atividades de avaliação operacional. Ele foi fruto da cooperação sinérgica entre o DCTA, o Comando de Preparo (COMPREP), a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB), o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP) e o Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV).

Durante três semanas de instrução intensiva, 12 militares do COMPREP e do Comando-Geral de Apoio (COMGAP) oriundos dos projetos KC-390, TH-X e F-X2, entre pilotos, engenheiros, especialistas em manutenção e armamento e mecânicos — participaram de uma programação que uniu teoria e prática. Os conteúdos abordaram doutrina de AVOP, engenharia de requisitos, gerenciamento de risco e metodologias de avaliação. As atividades práticas incluíram avaliação de cabine, voos na aeronave C-95M e uma simulação de Avaliação Operacional Preliminar (AVOP-P) de sistema de navegação. Essa foi a primeira capacitação realizada pela própria Força Aérea Brasileira, baseada em cursos similares existentes no exterior, com o objetivo de disseminar o conhecimento internacionalmente adotado em AVOP — até então restrito ao programa F-X2. Como trabalho final, os participantes realizaram um exercício de avaliação da adequabilidade logística da aeronave T-27M, explorando os 12 elementos de suportabilidade com foco na verificação da viabilidade de execução de tarefas de manutenção em ambiente operacional.

A aula inaugural da fase presencial contou com a presença do Chefe do Subdepartamento Técnico do DCTA, Brigadeiro do Ar Eduardo Alexandre Bacelar, quando reforçou a importância estratégica da formação para a implantação dos projetos na Força Aérea. Nas palavras da Coordenadora Pedagógica da Instrução, Coronel Engenheira Thais Franchi Cruz: “Um dos grandes ganhos do Treinamento é despertar nos alunos a valorização de um planejamento de AVOP em conjunto das áreas Operacional, Técnica e Logística”. Embora chamado de “treinamento”, a formação apresentou estrutura e exigência equivalentes às de um curso institucional. A instrução contribui diretamente para a identificação de deficiências e validação operacional dos projetos estratégicos da FAB, como o KC-390, o F-X2 e o TH-X, além de fortalecer a capacidade orgânica do Comando da Aeronáutica (COMAER) em avaliação operacional e apoiar futuras aquisições e desenvolvimentos doutrinários. “O verdadeiro propósito da Avaliação Operacional é garantir que nunca enviemos nossos homens e mulheres ao combate com equipamentos, sistemas ou táticas que ‘podem ou não’ funcionar”, afirmou o Coordenador do Curso, Coronel Aviador George Luiz Guedes de Oliveira, citando George Cusimano, da National Test Pilot School (NTPS), dos Estados Unidos. A cerimônia de encerramento, realizada no dia 4 de julho de 2025, contou com a presença do Chefe do Subdepartamento de Administração do DCTA, Brigadeiro do Ar Alexandre Daniel Pinheiro da Silva, que propôs o reconhecimento formal da instrução como curso oficial do DCTA, com o objetivo de fomentar a capacitação de militares na condução de atividades de avaliação operacional. Ao encerrar a cerimônia, foi destacada a relevância simbólica do local escolhido, o campus que homenageia o Marechal Casemiro Montenegro Filho, Patrono da Engenharia da Aeronáutica e idealizador do ITA: “Que seu legado continue a nos guiar na construção de uma Força Aérea cada vez mais preparada, soberana e tecnicamente capacitada.”

Durante o mês de agosto, a Base Aérea de Campo Grande será palco do Exercício Conjunto Tápio (EXOP Tápio), um dos principais treinamentos militares do Brasil. Coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB), o exercício contará com a presença de aeronaves e militares de países parceiros, incluindo os Estados Unidos, que participam com missões de cooperação militar.

O EXOP Tápio tem como objetivo principal reforçar a interoperabilidade entre as Forças Armadas brasileiras — FAB, Marinha e Exército — e as de nações convidadas. A operação foca em treinamentos voltados para cenários de guerra irregular, guerra eletrônica, missões de paz e apoio humanitário. Também são priorizadas atualizações doutrinárias e táticas em ambiente conjunto, promovendo a troca de experiências entre os participantes.

As edições passadas se destacaram pela presença de aeronaves estrangeiras que participaram em anos anteriores, como o C-17 Globemaster III, o HC-130J Combat King II e o HH-60 Pave Hawk, reforçando o caráter multinacional do treinamento. Entre os vetores aéreos nacionais, o exercício emprega aeronaves como o A-29 Super Tucano, A-1 AMX, C-105 Amazonas e C-130 Hércules, além de helicópteros H-36 Caracal, H-60 Black Hawk. Também estão previstas atividades com viaturas terrestres militares. As ações incluem missões de apoio aéreo aproximado (CAS), busca e salvamento em combate (CSAR), infiltração aérea, lançamento de paraquedistas, evacuação aeromédica e reconhecimento aéreo.

O Brasil brilhou no maior torneio de robótica do mundo. Representado pela equipe ITAndroids, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) conquistou o ouro na liga de futebol robótico não humanoide da série B, durante a RoboCup 2025, realizada em Salvador. Com robôs projetados e programados inteiramente por seus alunos, o ITA reafirma sua posição como referência em engenharia e inteligência artificial aplicada.

Tecnologia e engenharia aplicadas na construção dos robôs vencedores

A vitória da ITAndroids não foi fruto do acaso. Os robôs utilizados na competição foram completamente desenvolvidos pela própria equipe, desde o hardware mecânico e eletrônico até o software de inteligência artificial, com ênfase em visão computacional, controle autônomo, processamento de sinais e estratégia coletiva em tempo real. Na liga Small Size League, os robôs atuam em partidas de alta velocidade, exigindo precisão milimétrica nos passes e ações defensivas, o que demanda uma engenharia multidisciplinar. Cada unidade precisa interpretar o ambiente por sensores e câmeras, processar dados em milissegundos e tomar decisões coordenadas, simulando o comportamento de uma equipe real de futebol — tudo em total autonomia.

Formação acadêmica e trabalho em equipe como pilares do sucesso

O diferencial da ITAndroids está também na formação sólida e integrada proporcionada pelo ITA, que une ciências fundamentais com disciplinas práticas voltadas à robótica e inteligência artificial. A atuação em equipe, a gestão de projetos e o ambiente colaborativo foram elementos decisivos para a excelência do desempenho na RoboCup. Supervisionados pelo Professor Doutor Marcos Ricardo Omena de Albuquerque Maximo, os 20 alunos aplicaram na arena o conhecimento adquirido em sala de aula, laboratório e competições anteriores. O projeto permitiu o desenvolvimento de habilidades técnicas e interpessoais — como liderança, comunicação e resiliência — que são essenciais tanto no campo acadêmico quanto no mercado de tecnologia e defesa.

O significado da vitória brasileira na RoboCup 2025 e o protagonismo do ITA

Com mais de 2 mil competidores de 40 países, a RoboCup 2025 é reconhecida como a Copa do Mundo da Robótica. A conquista da equipe do ITA eleva o nome do Brasil em um dos palcos mais exigentes da ciência aplicada, reforçando a importância da pesquisa acadêmica nacional e o potencial dos jovens engenheiros brasileiros. Além do ouro na liga principal, a ITAndroids venceu também na categoria Small Size League e ainda conquistou o bronze na Soccer 3D, demonstrando versatilidade técnica. A vitória reafirma o papel do ITA como centro de excelência tecnológica, com impacto direto na formação de quadros para a indústria aeroespacial, defesa, automação e inteligência artificial — setores estratégicos para o futuro do país.