O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, embarcou para Natal (RN), nesta sexta-feira (08/11), onde participa, junto à comitiva do Distinguished Visitors Day (do inglês Dia do Visitante Ilustre), do Cruzeiro do Sul Exercise 2024 (CRUZEX).

O objetivo é acompanhar, in loco, as atividades realizadas durante o treinamento militar. Estiveram presentes na comitiva o Comandante de Preparo da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luis Farcic, e o Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, João Bosco da Costa Júnior. 

Antes do voo da comitiva, ocorreu, na Base Aérea de Brasília (BABR), um evento de pré-embarque, fruto de uma parceria entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), onde foram apresentados vídeos institucionais da CRUZEX e da Embraer. “

É uma honra estar aqui e participar deste evento de tamanha importância para o cenário militar internacional, o exercício CRUZEX 2024. É motivo de grande satisfação ver a Força Aérea Brasileira, nossa principal parceira estratégica, liderando com maestria um exercício operacional de tamanha complexidade”, expressou o Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.

“Operar conjuntamente em uma gama de tarefas proporciona o compartilhamento de diferentes perspectivas e inovações. A diversidade de experiências enriquece a formação de nossas tripulações e amplia suas capacidades, promovendo uma troca de conhecimento formidável“, destacou o Tenente-Brigadeiro do Ar Farcic. “Realizaremos mais de 1.500 horas de voo nessa grande simulação de guerra, um treinamento essencial para nos prepararmos cada vez mais para a atividade-fim da Força Aérea, que é a defesa aérea”, completou o Comandante da Aeronáutica.

Também compuseram a comitiva comandantes e militares de Forças estrangeiras, Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica e demais Oficiais Superiores da FAB, além de autoridades civis nacionais e internacionais.

CRUZEX 2024

Multinacional e operacional, o exercício CRUZEX é organizado pela FAB desde 2002, com o objetivo de treinar em conjunto, em cenários de conflito e promover a troca de experiências entre os países participantes. Além do Brasil, participam do exercício Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Itália, Paraguai, Peru, Portugal, África do Sul, Suécia, Uruguai e Estados Unidos.

Esta edição do maior treinamento de guerra multinacional da América Latina acontece até o dia 15/11, na Base Aérea de Natal (BANT), reunindo mais de 3.000 militares e cerca de 100 aeronaves, brasileiras e estrangeiras. Com a participação da Marinha do Brasil (MB) e do Exército Brasileiro (EB), estão previstas mais de 1.500 horas de voo e diversos tipos de missões.

No dia 11 de novembro, a Força Aérea Brasileira (FAB) celebra o Dia do Material Bélico, uma data histórica que relembra a atuação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, em 1944, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi quando, pela primeira vez, a unidade operou de forma independente, com suas 43 aeronaves P-47 Thunderbolt preparadas e municiadas inteiramente por militares brasileiros, reforçando o espírito de equipe e a competência dos profissionais da FAB.

Em homenagem a esses pioneiros e ao Patrono do Material Bélico, Tenente-Coronel Jorge da Silva Prado, a data destaca o papel essencial desses especialistas para a FAB.

Atualmente, a FAB conta com a Diretoria de Material Bélico (DIRMAB), unidade subordinada ao Comando-Geral de Apoio (COMGAP), responsável por organizar a logística de suprimento e manutenção dos armamentos, garantindo que tudo esteja em perfeito estado para qualquer missão.

Com a chegada de aeronaves como o caça F-39 Gripen, equipado com armamentos de alta precisão, como mísseis Python 4, Derby e bombas guiadas por laser e sistema GPS, a necessidade de atualização contínua para operar esses sistemas complexos é cada vez maior.

O Diretor do Sistema de Material Aeronáutico e Bélico, Major-Brigadeiro do Ar Cesar Faria Guimarães, enfatizou a importância dos profissionais que atuam nos bastidores da aviação militar, como engenheiros, técnicos e especialistas em armamento. “Nosso trabalho exige um equilíbrio constante entre o poder destrutivo e a precisão técnica, garantindo que cada aeronave, cada equipamento, esteja pronto para responder aos desafios impostos à nossa nação”, afirmou.

Ele destacou também que, embora algumas das atividades realizadas possam parecer de pouca relevância, elas são essenciais para a segurança e a operação da Força Aérea. “Cada detalhe, por mais simples que pareça, garante que a Força Aérea esteja sempre pronta para a missão”, ressaltou.

O Major-Brigadeiro mencionou ainda situações recentes de sucesso envolvendo aeronaves da FAB, lembrando casos de ejeções bem-sucedidas. Nesses momentos, o trabalho preciso das equipes foi crucial para salvar vidas.

A FAB investe em tecnologias avançadas para a segurança e o conforto de seus pilotos, destacando-se o uso de assentos ejetáveis em suas aeronaves de combate. Esse dispositivo é fundamental em situações de emergência, permitindo que o piloto abandone a aeronave com segurança.

Os assentos ejetáveis são equipados com um sistema de propulsão que, em casos de pane ou risco iminente, impulsiona o assento para fora do cockpit, abrindo automaticamente o paraquedas e garantindo a sobrevivência do tripulante. Esses sistemas são testados periodicamente para assegurar a eficiência e salvar a vida dos pilotos em situações de emergência.

O avanço da tecnologia e a atuação dos especialistas em material bélico são fundamentais para manter a segurança e a eficácia da FAB, reforçando o compromisso desses profissionais com a defesa do Brasil. Neste Dia do Material Bélico, a FAB homenageia seus militares com o lema que inspira coragem e união: “Da Força, o Sabre!”

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) formou, nesta sexta-feira (08/11), sete novos pilotos inspetores e três operadores de sistema de inspeção em voo. Os 10 profissionais integram o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), unidade do DECEA responsável pela aferição dos sistemas, auxílios e procedimentos de navegação aérea no Brasil.

A cerimônia de diplomação foi realizada no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), em São José dos Campos (SP), e contou com a presença do Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Alcides Teixeira Barbacovi; do Presidente do Conselho Deliberativo do Clube de Aeronáutica do Rio de Janeiro, Major-Brigadeiro do Ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho; do Vice-Diretor do DECEA, Major-Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Júnior; além de Oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) e autoridades civis e militares.

“Começa agora o grande trabalho de inspeção e tenho certeza de que estão prontos para assumir essa responsabilidade. A renovação é vital para manter nossa Força Aérea Brasileira atualizada, e é através do esforço coletivo que continuamos a assegurar a segurança e a eficiência das nossas operações”, declarou o Tenente-Brigadeiro Barbacovi.

Durante doze semanas letivas, os alunos receberam instruções teóricas e práticas de inspeção em voo, capacitando-os a executar o planejamento, a condução e a análise dos dados obtidos nas inspeções em voo e missões de radiomonitoragem. Ao receber o diploma de conclusão, o piloto-inspetor que obteve a primeira colocação no curso com média final 10, Capitão Aviador Eddye do Carmo Oliveira, falou sobre o novo desafio.

“Foi um momento de muita dedicação que irá se refletir na manutenção e eficiência do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro e na segurança da navegação aérea de todo o Brasil”, afirmou o Oficial.

O Tenente Engenheiro Rodrigo Oliveira, primeiro colocado entre os operadores de sistema de inspeção em voo, compartilha o mesmo sentimento. “Tenho a honra e a responsabilidade de ajudar a garantir que os auxílios de navegação aérea operem com precisão. Sou grato aos instrutores e a todos os envolvidos que tornaram essa formação possível”, declarou.

A solenidade também foi marcada pela entrega do título de Piloto Inspetor Honorário ao Chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar André Gustavo Fernandes Peçanha. A homenagem foi criada para destacar o Oficial que tenha prestado relevantes serviços à inspeção em voo.

Simpósio de Inspeção em Voo

O Simpósio Nacional de Inspeção em Voo, evento anual promovido pelo GEIV, foi realizado na quinta-feira (07/11), em São José dos Campos (SP). Com palestrantes nacionais e internacionais abordando as novas tecnologias que envolvem a inspeção em voo, o simpósio proporcionou a troca de experiências e a integração entre o público presente.

Foram apresentados temas como a linha de produtos UNIFIS 3000, o sistema de inspeção em voo embarcado; o uso de drones na inspeção de sistemas de auxílios à navegação aérea; o cenário operacional do GEIV; os auxílios visuais para aeródromos públicos civis; dentre outros.

“Este evento é uma oportunidade para abordarmos os aspectos fundamentais da inspeção em voo, como as aeronaves, o sistema de referência da aeronave e a própria tripulação.  Além disso, promovemos a capacitação do nosso efetivo através dos diversos assuntos apresentados nas palestras”, explicou o Comandante do GEIV, Tenente-Coronel Aviador Antonio Carlos Marins Pedroso Filho.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) emitiu, no último dia 8, um NOTAM (Notificação aos Navegantes) sobre a operação aérea no Aeroporto Santos Dumont durante a Reunião da Cúpula dos Líderes do G20, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ).

Não serão permitidos voos comerciais e executivos no período de meia-noite do dia 18/11 até 23h59 de 20/11 no aeródromo. Os voos programados para essas datas deverão ser transferidos para o Aeroporto Internacional do Galeão. O NOTAM é um aviso utilizado para informar pilotos e operadores de aeronaves sobre alterações temporárias, condições ou restrições no espaço aéreo.

O DECEA atuará ativamente durante o evento, desempenhando um papel central na coordenação das operações aéreas. Para garantir a segurança e a fluidez do tráfego aéreo, será ativada a Sala Master de Comando e Controle, entre os dias 16 e 21 de novembro, no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea do DECEA.

No local, estarão reunidos militares da Força Aérea Brasileira, representantes de órgãos governamentais e entidades do setor de aviação para coordenar as ações relativas ao espaço aéreo, como a chegada e partida de autoridades.

Já o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) será responsável por planejar, coordenar, executar e controlar as ações da Força Aérea necessárias para manter o controle e a defesa aeroespacial na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) criada para contribuir com a segurança da Operação G20.

A coordenação entre o DECEA, o COMAE e outros órgãos de segurança configura um modelo de decisão colaborativa, com troca de informações e pronta resposta de todos os participantes. A iniciativa visa garantir que as operações ocorram com segurança e eficiência, minimizando riscos e assegurando o bom andamento do evento.

Com base em experiências anteriores de controle do tráfego aéreo, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, o DECEA também emitiu a Circular de Informação Aeronáutica (AIC) 28/24, que define restrições e procedimentos específicos para o período do G20, com o objetivo de coordenar e manter a segurança do espaço aéreo brasileiro.

Os principais treinamentos realizados na CRUZEX 2024 são as Missões Aéreas Compostas (do inglês Composite Air Operations – COMAO), que simulam a integração de diversas Forças para cumprir uma tarefa complexa em um curto período, intensificando a interoperabilidade entre os envolvidos. Essa ação tem o objetivo de aprimorar a eficiência e a eficácia das unidades em um ambiente de guerra, demandando precisão e agilidade para atender aos objetivos estratégicos.

FAM

Na etapa inicial da CRUZEX 2024, os militares realizaram a etapa de Familiarization Mission (FAM), destinada a criar consciência situacional e adaptação ao ambiente operacional da região de Natal (RN). Assim, as tripulações se familiarizaram com frequências locais, tráfego aéreo e características geográficas da área de atuação. Essa etapa visa não apenas ajustar as operações ao cenário real de Natal, mas também fortalecer a capacidade de cada integrante em responder com rapidez e segurança a imprevistos na região.

FIT

Em seguida, ocorre o Forces Integration Training (FIT), que introduz missões com foco em táticas e procedimentos específicos. Durante o FIT, as nações envolvidas realizam operações integradas com um número reduzido de aeronaves, simulando situações que requerem precisão em táticas militares e técnicas de combate. Esse treinamento é fundamental para que as unidades desenvolvam técnicas de interação e cooperação, essenciais para missões mais complexas e integradas, como as realizadas durante as missões aéreas compostas.

COMAO

O COMAO é o ponto alto da CRUZEX, no qual Forças brasileiras e estrangeiras coordenam ações de combate aéreo em um ambiente de pressão temporal e de alto risco. Essas missões aéreas compostas, que são planejadas para serem realizadas em um tempo comprimido, exigem dos participantes um alto nível de organização e habilidade para operar de forma eficaz em um cenário de conflito. A cooperação entre as nações e Forças participantes demonstra a importância da interoperabilidade para atingir os objetivos estratégicos estabelecidos.

Entre os objetivos dos COMAO na CRUZEX 2024, destaca-se o fortalecimento da capacidade de combate integrado das Forças Armadas brasileiras e de seus aliados. O exercício permite que todos os participantes testem e aprimorem suas técnicas de coordenação e comunicação, além de reforçar a confiança mútua e o entendimento de cada país sobre as táticas dos demais. Dessa forma, as missões aéreas compostas contribuem para uma resposta coletiva e coordenada a ameaças em cenários de guerra convencional.

O Chefe da Divisão de Preparo Operacional do Comando de Preparo (COMPREP) e Chefe da Divisão Exercise Control (EXCON) na CRUZEX 2024, Coronel Aviador Ricardo Bevilaqua Mendes, destaca a importância das missões aéreas compostas no Exercício. “As missões do tipo COMAO são o carro-chefe. Nelas, decolamos com diversas aeronaves, aproveitando uma defesa aérea momentânea que permite a entrada em território inimigo simulado. Esse esquema viabiliza a realização das missões principais, como ataques e lançamentos de pessoal e carga. Para alcançar eficiência e eficácia planejadas, é necessário o suporte das aeronaves de defesa aérea”, explica.

Suporte

Para garantir o sucesso das operações, a Base Aérea de Natal oferece suporte total, coordenando todas as atividades de segurança e logística necessárias para a mobilização e o treinamento das Forças envolvidas. Além disso, equipes especializadas em logística e manutenção asseguram que as aeronaves e equipamentos estejam prontos para enfrentar as demandas intensivas dos treinamentos, contribuindo para a fluidez e segurança dos voos.

Novidade para o Exercício

Outro ponto importante do COMAO na CRUZEX 2024 é a implementação de sistemas de Defesa Cibernética e Controle Satelital, que simulam cenários de interferência e ameaças aos sistemas espaciais. Esta iniciativa proporciona uma experiência prática de combate cibernético e simulação de bloqueio de sinal GPS, oferecendo aos participantes um cenário complexo que exige adaptação rápida e precisão nas respostas.

A coordenação entre as tripulações e o centro de comando durante os cenários do COMAO é realizada por meio de sistemas avançados de controle e comunicação, como o Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), que monitora o espaço aéreo e facilita a supervisão das operações em tempo real. Essa estrutura permite uma análise detalhada dos voos, desde o planejamento até a execução e a avaliação pós-ação, garantindo o aprendizado contínuo.

Com um cenário realista de guerra, a CRUZEX 2024 se consolida como um dos maiores exercícios de integração das Forças Armadas do Brasil com nações aliadas, demonstrando a capacidade do país em coordenar e participar de operações multinacionais complexas.

A CRUZEX 2024 mobiliza a Base Aérea de Natal (BANT) de 3 a 15 de novembro, com a participação de militares da Força Aérea Brasileira, da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e de nações parceiras.

A Força Aérea Brasileira (FAB) conduz, até o dia 15 de novembro, o maior exercício operacional da América Latina, a CRUZEX 2024, na Base Aérea de Natal (BANT). A primeira semana – que começou com voos de Familiarização (FAM) para auxiliar as tripulações na adaptação à área de operações e com voos de Treinamento de Integração de Forças (FIT) entre as diversas Forças Aéreas participantes – contou também com as primeiras missões em cenários pré-planejados com múltiplas aeronaves, conhecidas como Operações Aéreas Compostas (COMAO). Nessas operações, Esquadrões e aeronaves se alternam entre “país azul” e “país vermelho” a cada missão, proporcionando uma série de simulações táticas e missões desafiadoras realizadas por todas as forças aéreas envolvidas.

O objetivo da CRUZEX 2024 é promover o intercâmbio operacional entre as Forças Aéreas participantes, visando à preparação e à interoperabilidade em um ambiente de defesa mútua. O Diretor do treinamento multinacional, Brigadeiro do Ar Ricardo Guerra Rezende, destaca uma das características do treinamento. “O Exercício não possui a finalidade de apontar vantagens de uma Força sobre a outra, nem mesmo entre aeronaves, indicando se há vencedores ou derrotados, mas sim de realizar um treinamento conjunto, em que cada país contribui com seus conhecimentos e capacidades para a evolução coletiva das Forças envolvidas”, diz.

Segunda semana de treinamento

A CRUZEX 2024 entra, agora, em sua fase final, com o incremento contínuo de dificuldades para os participantes. Esta segunda semana inclui novos cenários com complexidades operacionais aumentadas e desafios adicionais. Durante o exercício, são aplicadas limitações artificiais também nas capacidades das aeronaves, o que obriga os pilotos a desenvolver soluções criativas para cumprir as missões.

Ainda conforme o Diretor do Exercício, durante a evolução do treinamento, como metodologia, há a redução das capacidades das aeronaves, mantendo-se um equilíbrio entre elas e fazendo com que os pilotos possam ser provocados em suas habilidades de planejamento e tomada de decisão. Assim, é possível evoluir as capacidades doutrinárias em cenários simulados no treinamento. “Essas restrições buscam forçar um ‘desequilíbrio de forças’ controlado, aumentando o nível de complexidade dos cenários e evidenciando o treinamento. Essa abordagem desafia os pilotos em treinamento a inovar e adaptar-se a situações adversas, aprimorando suas capacidades operacionais”, explica.

Na CRUZEX 2024, cada país oferece suas aeronaves e conhecimentos específicos, colaborando para um desenvolvimento conjunto e sólido da cooperação internacional no campo da defesa. A etapa final do exercício promete fortalecer ainda mais essa integração, focando em cenários ainda mais desafiadores que capacitem todos os mais de 1.000 pilotos em treinamento, respeitando o objetivo principal de aperfeiçoar a prontidão e o trabalho conjunto entre as nações.

O Exercício Conjunto Cruzeiro do Sul (CRUZEX) 2024 destaca a importância das missões de Controle e Alerta em Voo (CAV) e de Posto de Comunicação Aérea (PCOM-AR) desempenhadas, respectivamente, pelas aeronaves E-99M e R-99. Tais missões são essenciais para a garantia das comunicações e para o controle e o monitoramento do espaço aéreo, além de fornecerem uma resposta rápida e eficaz diante de ameaças inimigas.

Durante a CRUZEX 2024, as aeronaves E-99M têm a responsabilidade de realizar ações de Controle e Alarme em Voo (CAV), que são fundamentais para o apoio às Missões Aéreas Compostas (COMAO). O E-99M, equipado com o moderno radar aeroembarcado ERIEYE, possui a capacidade de detectar aeronaves a grandes distâncias, incluindo aquelas que voam a baixa altura, conseguindo diferenciá-las entre aviões amigos e inimigos. Essa habilidade permite uma vigilância estratégica do espaço aéreo e o controle das aeronaves amigas operando no cenário, ação complementada pela rede de radares terrestres da Força Aérea Brasileira (FAB), que garante a cobertura e o monitoramento contínuos mesmo em áreas onde os radares terrestres não conseguem alcançar.

A flexibilidade de posicionamento do E-99M, junto à sua capacidade de detecção de tráfegos a baixa altitude, torna-o indispensável para cobrir as áreas de interesse do Exercício, especialmente em regiões remotas, montanhosas ou sem cobertura de radares fixos. Isso permite o controle das aeronaves envolvidas na operação, independentemente da estrutura de comando e controle existente em solo.

Por sua vez, a aeronave R-99 atua na CRUZEX como Posto de Comunicação no Ar (PCOM-AR), desempenhando uma missão essencial para a comunicação entre as aeronaves voando na área de combate e os órgãos de controle em solo.

O Comandante do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAV) – Esquadrão Guardião -, Tenente-Coronel Aviador David Dantas da Silva, explica que as aeronaves E-99 e R-99 realizam monitoramento e reconhecimento avançado, oferecendo dados em tempo real para coordenação e segurança das operações. “Nossa função na CRUZEX é garantir que todas as aeronaves na área do Exercício tenham comunicação clara e estejam visíveis no radar. Trabalhamos com as equipes de solo para oferecer o treinamento adequado a todos os participantes e assegurar que todos os parâmetros de segurança sejam mantidos”, relata.

Conforme o Chefe do Terceiro Centro de Operações Militares (COPM3), Capitão Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Marcio Luiz Melo Bonin, tais missões permitem coordenação e comunicação eficientes entre todos os envolvidos no COMAO, ampliando a capacidade de combate e incursão das aeronaves amigas. “As operações ocorrem em cenários altamente diversificados, com aeronaves operando em altitudes extremamente elevadas e outras em níveis muito baixos, exigindo coordenação e controle rigorosos para garantir a eficácia das missões. Nesse sentido, a aeronave E-99 é uma plataforma com capacidade para realizar missões de Controle e Alarme em Voo e o R-99 atua como Posto de Comunicação no Ar, entre outras funções operacionais”, ressalta.

Até o dia 15 de novembro, Forças Aéreas de vários países estão envolvidas em uma série de missões de treinamento focadas em interoperabilidade e aprimoramento de capacidades de combate. Esta é a 9ª edição do Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), que acontece na Base Aérea de Natal (BANT), que é o maior exercício de treinamento de guerra aérea da América Latina.

Entre os destaques desta edição estão as aeronaves de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB): o KC-390 Millennium — que participa do Exercício pela primeira vez — e o C-105 Amazonas.

Durante a CRUZEX 2024, as aeronaves de carga multimissão da FAB realizaram missões críticas, incluindo reabastecimento aéreo (REVO), reabastecimento aéreo, assalto aéreo — destacando tropas do Exército Brasileiro — bem como infiltração e exfiltração de tropas. Segundo o Tenente-Coronel Bruno Américo Pereira, Comandante do Primeiro Grupo de Transporte de Tropas (1º GTT) — Esquadrão Zeus, a presença do KC-390 neste exercício é crucial, pois permite que as forças envolvidas maximizem sua capacidade de resposta em um ambiente controlado, mas realista, preparando as tropas para enfrentar desafios reais em operações combinadas.

“O REVO permite que outras aeronaves estendam seu alcance, um fator-chave para operações prolongadas e para o sucesso de missões em áreas remotas e de difícil acesso. A capacidade de reabastecimento aéreo do KC-390 demonstra sua eficiência e seu papel indispensável na extensão do alcance das operações. O KC-390 Millennium prova ser uma aeronave ‘de última geração’, mostrando sua capacidade de atender às demandas de um exercício desafiador como o CRUZEX”, disse o Comandante do Esquadrão.

Ele acrescentou que participar do Exercício oferece uma experiência única para a FAB. “Além disso, fortalece nossa integração e interoperabilidade com as forças aliadas, o que é essencial para a prontidão operacional em cenários reais de combate”, enfatizou.

Para o Tenente-Coronel Umile Coelho Rende, Comandante do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo, o papel do KC-390 na CRUZEX também é crucial. Ele observou que a aeronave já foi usada em vários cenários da vida real, incluindo combate aéreo a incêndios, entrega de suprimentos à comunidade Yanomami e transporte de equipamentos essenciais para apoiar a Marinha do Brasil na Antártida, entre outras missões. Assim, o Exercício ajuda a estabelecer o treinamento tático e operacional para o KC-390 em um cenário de conflito simulado.

“É muito importante consolidar o que temos treinado nos últimos anos: assalto aéreo, navegação tática de baixa altitude e reabastecimento aéreo com aeronaves de caça. Colocar isso em prática é essencial, mostrando a versatilidade do KC-390 em operações multicenários. Além disso, as plataformas tecnológicas de bordo aumentam a consciência situacional da tripulação, juntamente com os sistemas de autoproteção da aeronave sendo testados. Isso aprimora nossas capacidades de tripulação, consciência situacional, posicionamento e tomada de decisão em situações complexas”, disse o Tenente-Coronel Umile.

O KC-390 é equipado com dois pods de reabastecimento montados em suas asas, dos quais mangueiras se estendem, com cestas nas bordas. A aeronave receptora — normalmente um jato de caça ou outra aeronave com um sistema de sonda — alinha sua sonda com a cesta no tanque de combustível do Millennium.

Essa capacidade de reabastecimento aéreo permite que aeronaves de combate, transporte ou vigilância permaneçam operacionais por períodos mais longos, o que é vital para missões de longo alcance ou áreas onde pouso e decolagem não são viáveis. Essa flexibilidade operacional é crucial em missões de defesa aérea, evacuação aeromédica, transporte de carga em áreas remotas e resposta rápida a emergências.

O KC-390 também pode reabastecer mais de uma aeronave durante um único voo, dependendo das condições operacionais, aumentando sua eficiência e utilidade em operações militares ou humanitárias.

O reabastecimento aéreo exige treinamento intensivo para as tripulações, que devem estar preparadas para vários cenários climáticos e possíveis falhas de conexão entre as aeronaves. Simuladores e exercícios práticos são usados ??para treinar pilotos e operadores do KC-390, garantindo que eles possam executar o procedimento com segurança.

A operação exige alta precisão dos pilotos, pois ambas as aeronaves voam em altas velocidades e precisam manter uma formação estável. Assim que a sonda da aeronave receptora se conecta à cesta, o combustível começa a fluir automaticamente. A tripulação do KC-390 monitora o processo em tempo real, usando sensores e sistemas para garantir um fluxo seguro e estável.

Junto com o KC-390, o C-105 Amazonas é um componente essencial do treinamento de Aviação de Transporte na CRUZEX 2024. Conhecido por sua durabilidade e capacidade de pousar em pistas desafiadoras, o C-105 desempenha um papel crucial em missões de transporte. Durante o Exercício, ele realiza missões de transporte de tropas e suprimentos para áreas remotas com lançamentos de carga, ressaltando a importância da logística em cenários de combate e humanitários.

Na perspectiva do Major Kleber Aurélio Saugo, Oficial de Operações do Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV) – Esquadrão Onça, o C-105 Amazonas é um participante vital devido às suas capacidades de autodefesa contra ameaças aéreas e terrestres. “A versatilidade da plataforma C-105 a torna ideal para operações diversas, contribuindo significativamente para a projeção de poder e mobilidade logística da FAB”, explicou.

Na edição de 2024 da CRUZEX, a presença do KC-390 da Força Aérea Portuguesa (FAP) é um marco. Este é o primeiro ano em que a aeronave portuguesa se junta ao Treinamento, simbolizando não apenas o fortalecimento da cooperação militar entre Brasil e Portugal, mas também a crescente importância do KC-390 dentro das forças armadas globais.

A Tenente Ana Filipa Mota Pires Alves Ferreira, piloto da FAP, destacou a importância dessa participação para sua carreira e para sua equipe. Segundo ela, a presença do KC-390 representa não apenas uma oportunidade de aprimoramento técnico e tático, mas também um meio de estreitar os laços entre as forças aéreas. “Estamos aqui para compartilhar conhecimento e aprender com nossos colegas brasileiros e internacionais. Essa é uma experiência única que aprimora nossas capacidades operacionais e nos prepara para missões complexas em ambientes desafiadores”, afirmou.

Com suas capacidades multimissão, o KC-390 se destaca no Exercício pela versatilidade, realizando transporte logístico e reabastecimento aéreo. A Tenente Ana Filipa enfatizou que o treinamento com a aeronave em um ambiente multinacional como a CRUZEX permite que ela seja testada em vários cenários e adapte procedimentos em tempo real. “Essa experiência é enriquecedora porque cada país tem sua abordagem para as operações. Podemos explorar toda sua capacidade de integração e adaptabilidade”, concluiu.