Mais de 71.000 pessoas já foram resgatadas pelas Forças Armadas por via aérea, fluvial e terrestre, no contexto da Operação Taquari 2 em apoio ao Rio Grande do Sul. Dessas missões, muitas exigiram uma forte atuação de interoperabilidade entre as Forças, como foi o caso da evacuação aeromédica (EVAM) realizada, neste domingo (02/06), de um recém-nascido com três dias.

A bordo de uma aeronave da Marinha do Brasil (MB), a equipe médica da Força Aérea Brasileira (FAB) junto à tripulação do Segundo Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2) foram acionados da Base Aérea de Canoas (BACO) para cumprirem essa desafiadora missão.

“O nosso acionamento foi próximo do pôr-do-sol, por isso tivemos que utilizar a capacidade dos óculos de visão noturna (OVNs) para realizar o pouso em Porto Alegre, para que o paciente tivesse melhor suporte das necessidades médicas”, destacou o Comandante da aeronave, Capitão de Corveta Douglas Paiva Aguiar.

A criança foi transportada do município de Rio Grande (RS) para Porto Alegre (RS), com o objetivo de receber tratamento mais especializado. “O bebê possui uma má formação grave na medula lombossacra, que ocasiona aumento da pressão no sistema nervoso central, por isso precisou de uma neurocirurgia especializada em um centro de alta complexidade em Porto Alegre”, destacou o Coordenador da equipe médica da FAB, Capitão Médico Vinicius Guimarães Tinoco Ayres.

Devido ao estado de saúde do bebê, foi necessário levá-lo em uma incubadora Babypod, que possui a mesma tecnologia utilizada para proteger pilotos da Fórmula 1, por exemplo. “Esse é o melhor equipamento que existe. Ele é no formato de um cockpit de um carro de Fórmula 1, justamente para proteger a criança de qualquer impacto, aceleração ou desaceleração. A criança fica bem protegida. Além disso, o equipamento não precisa ficar conectado na tomada e, mesmo assim, consegue manter bem a temperatura, deixando o ambiente aquecido para o bebê”, completou o Capitão Médico Ayres.

Em mais uma ação de pronta-resposta, a Força Aérea Brasileira (FAB) localizou a aeronave bimotora Beechcraft Baron B55, de matrícula PS-BDW, desaparecida desde a noite da última segunda-feira (3), entre as cidades de Garuva e Itapoá, em Santa Catarina.

Sob coordenação do SALVAERO Curitiba, as buscas à aeronave iniciaram às 21h55, do dia 03/06 que, imediatamente, acionou duas aeronaves para a operação: o SC – 105 Amazonas, operado pelo Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) – Esquadrão Pelicano, cuja função é a de Busca e Salvamento; e H-36 Caracal, do Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAV)– Esquadrão Puma, especializado em resgate.

A busca noturna foi realizada por vários sensores da aeronave SC-105, entre eles o NVG (do inglês, Night Vision Goggles), meio pelo qual a aeronave foi avistada. Logo na sequência, o H-36 Caracal infiltrou equipes de resgate na área de mata densa e terreno irregular, onde foram encontrados os destroços da aeronave de pequeno porte.

Segundo o Coordenador de Missão SAR, Capitão Fábio César Silva de Oliveira, a pronta resposta do Sistema de Busca e Salvamento mostra o elevado nível de preparo de todos os elos que compõem esse importante sistema.

“Mesmo em um país com dimensões continentais, chegamos ao local do acidente poucas horas depois do ocorrido. Infelizmente, não foi possível encontrar sobreviventes, mas se houvesse, seriam certamente resgatados com êxito, dada a rapidez com que as ações foram executadas. O SAR Brasileiro mostrou toda a sua prontidão e alto nível de adestramento“, descreveu. 

Os últimos dados captados pelas plataformas de rastreamento online de voos indicam que ele decolou de Governador Valadares, Minas Gerais, às 14h09 de ontem e seu sinal não foi mais captado quando estava a nordeste de Joinville, Santa Catarina, às 17h44.

A aeronave não tinha pouso previsto para o aeródromo de Joinville, mas entrou em contato com a equipe de controle aéreo por volta das 18h de segunda-feira (3). Os militares informaram que “por motivo ainda desconhecido”, o avião “optou por descer no aeroporto de Joinville, onde arremeteu, vindo posteriormente a cair na região Barrancos”.

De acordo co o G1, foram localizados os corpos de duas pessoas junto aos destroços da aeronave: o de Antônio Augusto Castro e do piloto Geraldo Cláudio de Assis Lima.

NVG

É um dispositivo de visão noturna que permite a produção de imagens em níveis de luz que se aproximam da escuridão total. Dessa forma, o NVG eleva a capacidade de atuação da Força Aérea em ambientes de pouca visibilidade, uma vez que pode aumentar em até 10 mil vezes a luminosidade, possibilitando, assim, um melhor desempenho nas missões de busca e resgate, como a que ocorreu nesta terça-feira em Santa Catarina.

Investigações

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) é o órgão responsável pela investigação dos fatores que contribuíram para a queda da aeronave que partiu de Governador Valadares (MG) com destino a Florianópolis (SC) e tentou pousar em Joinvile (SC). O CENIPA tem por objetivo investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram.

SALVAERO 

O Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro (SISSAR), cujo órgão central é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), tem a responsabilidade de coordenar as operações de busca e salvamento em sua respectiva área de jurisdição por meio de dados recebidos do Centro Brasileiro de Controle de Missão (BRMCC), órgãos de controle de tráfego aéreo ou por demanda do público em geral.

Após o acionamento de todo esse sistema, podem ser empregadas aeronaves, embarcações e grupos de solo para a missão de busca e salvamento.

O Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA) mobilizou 15 carretas e caminhões de sua frota para a Base Aérea de Brasília (BABR), em um esforço contínuo de apoio à Operação Taquari II. Esses veículos estão empregados, desde o dia 20/05, para realizar continuados carregamentos. O comboio, somadas as suas capacidades, possui disponibilidade de 1045 m³ e 387 toneladas por viagem.

Essa mobilização representa mais uma etapa crucial no apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A frota do CTLA foi estrategicamente posicionada em Brasília (DF) para otimizar o transporte de doações e suprimentos essenciais. A operação visa garantir que os materiais arrecadados cheguem rapidamente e em segurança às áreas afetadas.

O Diretor do CTLA, Coronel Aviador Leandro Fernandes da Silva Roman, enfatizou a importância dessa mobilização, uma vez que a disponibilidade da frota para Brasília é um passo significativo para aumentar a eficiência logística da Operação Taquari II. “Com esses recursos, podemos garantir que mais doações sejam transportadas em menos tempo, atendendo, prontamente, às necessidades das comunidades impactadas”, explica. 

A capacidade de carga dos veículos mobilizados permite um fluxo contínuo e eficiente de suprimentos, reforçando o compromisso do CTLA em fornecer suporte logístico robusto e ágil. A operação inclui o carregamento e transporte de uma ampla gama de itens, desde alimentos e água até roupas e materiais de emergência, todos vitais para as populações afetadas.

Além do transporte terrestre, o CTLA continua a preparar cargas para envio aéreo, utilizando aeronaves KC-30, KC-390 Millennium e C-105 Amazonas. Este esforço coordenado de múltiplos modais de transporte reflete a capacidade do CTLA de integrar operações complexas e garantir que a ajuda chegue de maneira eficiente e segura aos necessitados.

A Operação Taquari II destaca a capacidade da Força Aérea Brasileira (FAB) em responder rapidamente a desastres naturais, demonstrando o compromisso contínuo com a prontidão e a eficácia operacional, reafirmando a importância estratégica do CTLA em missões de ajuda humanitária e apoio à defesa civil.

Demonstrando sua constante prontidão e capacidade de resposta, o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) – Esquadrão Pelicano da Força Aérea Brasileira (FAB) realizou uma evacuação aeromédica crucial no contexto da Operação Taquari 2.

Prontidão do Esquadrão Pelicano

O Esquadrão Pelicano mantém um estado de alerta permanente, preparado para cumprir missões de busca e resgate em qualquer localidade. Desta vez, a missão envolveu o transporte de uma criança de dois anos em ventilação mecânica de San’tana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai, para um hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica em Lajeado (RS).

Evacuação Aeromédica

Acionados a partir da Base Aérea de Canoas (BACO), os membros do Esquadrão configuraram o helicóptero H-60L Black Hawk da FAB para atuar como UTI Pediátrica, equipado com materiais hospitalares e uma equipe de especialistas, incluindo intensivistas, médicos e enfermeiros. “Nessa EVAM vamos transportar uma criança de dois anos, com quadro de infecção abdominal grave decorrente de apendicite aguda perfurada. Ela foi operada no dia 02/06 e desde então está em ventilação mecânica, por isso ficará sedada, com necessidade de droga vasoativa, para manter perfusão adequada durante o voo”, explicou o Coordenador da equipe médica da FAB, Capitão Médico Vinicius Guimarães Tinoco Ayres.

Missão de Sucesso

A missão exemplifica o compromisso da Força Aérea Brasileira em estar sempre presente onde o Brasil precisa, proporcionando suporte vital e rápido atendimento em situações de emergência. A operação bem-sucedida do Esquadrão Pelicano não apenas salvou uma vida jovem, mas também reforçou a importância e a eficácia das operações aeromédicas realizadas pela FAB.

Erguido para ser o “berço da aviação brasileira”, o Museu Aeroespacial, ou MUSAL, conta com uma coleção de objetos históricos relacionados a essa indústria – um acervo que inclui aeronaves, motores, armas e outros objetos. Localizado junto a uma base da Força Aérea Brasileira no Campo dos Afonsos, zona oeste do Rio de Janeiro, o lugar fica a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade.

O local conta com uma exposição permanente de cerca de oitenta aeronaves, que inclui até mesmo uma réplica fiel do 14-bis, o famoso avião utilizado por Santos Dumont em seu voo pioneiro. O MUSAL ainda conta com doze salas de exposições temáticas e um hangar de restauração.

MUSAL levou três décadas para sair do papel

O plano para um museu desse tipo no Brasil apareceu pela primeira vez em 1943, por orientação de Salgado Filho, então Ministro da Aeronáutica. Entretanto, pela falta de espaço físico e investimento, as tentativas de organizar o recinto foram interrompidas e adiadas ao longo dos anos.

Foi apenas na década de 1970 que o governo federal retomou a ideia, ocupando e restaurando as instalações da Academia da Força Aérea no Campo dos Afonsos. Após alguns anos reformando o prédio e os hangares, além de coletar itens e organizar os acervos, as autoridades finalmente inauguraram o Museu Aeroespacial em 1976.

Atualmente, o MUSAL conta com o apoio administrativo da Universidade da Força Aérea (UNIFA) e do Grupamento de Apoio dos Afonsos (GAP-AF).

Exposições virtuais e in loco

É possível fazer um tour virtual pelo espaço no site do museu. No espaço físico da instituição, há uma ampla gama de exposições de longa duração. Alguns destaques incluem:

Exposição Esquadrilha da Fumaça: entre fotografias e outros documentos, apresenta o avião que pertenceu ao ex-líder do Esquadrão, Cel. Antonio Arthur Braga.

Sala de Armas: expõe peças bélicas das grandes guerras, entre outros documentos e fotografias.

Exposição Externa: são diversas aeronaves utilizadas em missões da Aeronáutica Brasileira.

Sala das Velhas Garças: conta com uma ampla coleção de aviões e réplicas em miniatura.

“A FAB na Guerra”: com peças originais, a exposição apresenta a participação da FAB na 2ª Guerra Mundial.

Exposição Santos Dumont: através de um acervo de maquetes, conta a história de Santos Dumont, abrangendo sua vida pessoal, além de suas invenções e curiosidades.

“A Mulher na Aviação”: por meio de um apanhado de fotografias, painéis e outros objetos pessoais, a exposição tem o foco no papel das mulheres na história da Força Aérea Brasileira.

Como visitar o museu?

Museu Aeroespacial
Av. Marechal Fontenelle, 2000.
3ª/dom 9h/16h
Para grupos, há a possibilidade de visita guiada, mas devem ser agendadas. A entrada é grátis.