NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA

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PORTAL UOL


A história do avião da Varig que caiu na Amazônia por causa de uma vírgula


Alexandre Saconi | Publicada em 04/09/2019 04:00

O acidente do voo Varig 254, 30 anos atrás em 3 de setembro de 1989, ficou marcado por um detalhe aterrador: uma de suas causas foi uma vírgula. Ele partiu de São Paulo com destino a Belém (PA), mas não conseguiu chegar ao seu destino. Após horas voando, o avião ficou sem combustível e teve de fazer um pouso forçado à noite no meio da floresta amazônica.

Das 54 pessoas a bordo, 12 passageiros morreram na queda e 17 ficaram gravemente feridos. Entre os fatores que causaram a queda, o que mais chama a atenção foi o erro de interpretação da rota a ser seguida por causa de uma vírgula.

Na manhã de 3 de setembro de 1989, o Boeing 737-200 de prefixo PP-VMK decola do aeroporto de Guarulhos com destino a Belém. Havia escalas em Uberaba (MG), Uberlândia (MG), Goiânia (GO), Brasília (DF), Imperatriz (MA) e Marabá (PA).

O avião decolou de sua última escala, em Marabá, às 17h35, com destino a Belém. Foi neste último trecho do voo que o acúmulo de problemas viria a resultar na queda do avião.

Início dos planos computadorizados

A Varig havia começado a disponibilizar planos de voo computadorizados meses antes do acidente. Esses planos continham todas as informações para o voo, como frequências de rádio das torres dos aeroportos, de controladores de voo, pontos de referência para a navegação e a rota, que é descrita em graus, como na bússola.

Até aquela época, utilizavam-se apenas três dígitos para inserir a orientação do rumo que a aeronave deveria seguir. Com os novos planos computadorizados, esse campo passou a contar com uma casa decimal, passando a ter quatro dígitos ao todo.

Com isso, houve uma confusão na hora de se programar os instrumentos do avião, que deveriam conter a rota 027,0°, e não 270°. Com isso, em vez de se dirigirem ao norte, em direção a Belém, acabaram indo para o oeste.

Voo demorou mais e gastou combustível

Esse primeiro erro foi sucedido por uma série de desencontros e falhas nos procedimentos, segundo consta do relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Aeronáutica.

O voo, que deveria durar não mais do que uma hora, acabou voando por mais de três horas, ficando sem combustível e caindo em uma zona de mata ao norte de São José do Xingu (MT).

Dos 54 ocupantes, 12 passageiros morreram e mais 17 pessoas ficaram feridas em estado grave. Piloto e copiloto sobreviveram. A reportagem não conseguiu encontrar o piloto do voo. O copiloto foi encontrado, mas não respondeu aos contatos.


Queda do avião tomou conta das manchetes nos dias seguintes à queda. Na foto, a capa do jornal Folha de S.Paulo dias após o avião ser encontrado
Imagem: Reprodução/Folha de S.Paulo


Investigações

Essa percepção enganosa do que estava escrito no plano de voo foi apenas um dos fatores que resultaram na queda do avião da Varig em 1989. Entre os demais pontos, resultantes da investigação do Cenipa, destacam-se:

  • A falta de contato das equipes em terra com o avião após o significativo atraso do pouso: caso os pilotos tivessem sido contatados, o erro poderia ter sido detectado a tempo e a tragédia poderia ter sido evitada
  • Representação gráfica do plano de voo computadorizado inadequada, podendo causar confusão em quem o estivesse lendo
  • Falta de planejamento dos pilotos, já que as informações da documentação das rotas poderiam ser comparadas com aquelas constantes no plano de voo
  • Dificuldade de visualizar o solo em busca de pontos de referência e da cidade de Belém, devido à presença de névoa seca na região e ao pôr do sol.

Ao final das investigações criminais, os pilotos foram condenados à prisão, mas, como tinham bons antecedentes, a pena foi convertida em multa e punição alternativa.

Embraer KC-390 é mais rápido, voa mais longe e leva mais carga que Hercules


Vinícius Casagrande | Publicada em 04/09/2019 04:00

A FAB (Força Aérea Brasileira) recebe nesta quarta-feira (4) o primeiro Embraer KC-390. O novo avião chega para substituir o Lockheed Martin C-130 Hercules na frota da FAB e disputar o mercado mundial neste segmento, que vem sendo dominado há décadas pelos norte-americanos.

O KC-390 voa mais rápido, mais alto e com mais carga que o Hercules. O brasileiro tem várias vantagens: pode ser abastecido em voo e tem motores melhores. Enquanto o C-130J Super Hercules utiliza quatro motores turboélices, o KC-390 é equipado com dois motores turbofan. Com isso, o avião brasileiro pode chegar a uma velocidade máxima de 870 km/h, enquanto o Super Hercules chega a até 660 km/h.

O avião brasileiro também é maior que o Super Hercules. O KC-390 tem uma capacidade máxima de carga de 26 toneladas, enquanto o C-130J leva pouco menos de 23 toneladas. O Hercules chega à altitude máxima de 8.600 metros, enquanto o KC-390 chega a 11 mil metros.

Veja os principais dados sobre os dois aviões:

C-130J Super Hercules

Capacidade de carga: 22.670 quilos

Comprimento: 34,37 metros

Altura: 11,84 metros

Envergadura: 40,41 metros

Alcance com 18 toneladas de carga: 4.425 km

Altitude máxima: 8.600 metros

Velocidade de cruzeiro: 660 km/h
 

KC-390

Capacidade de carga: 26 mil quilos

Comprimento: 35,20 metros

Altura: 11,84 metros

Envergadura: 35,05 metros

Alcance com 23 toneladas de carga: 2.815 km

Altitude máxima: 11 mil metros

Velocidade de cruzeiro: 870 km/h


Aviões têm missões semelhantes

Os dois aviões foram desenvolvidos para missões semelhantes, como lançamentos aéreos de paraquedistas e cargas, reabastecimento em voo, combate aéreo a incêndios, evacuação aeromédica e busca e salvamento. Segundo a FAB, no entanto, o KC-390 atende "conceito e ideias de pilotos e engenheiros da FAB que ansiavam por demandas acima das cumpridas pelo C-130 Hércules".

O avião brasileiro aposta em um conceito bem mais moderno para conquistar o espaço dominado atualmente pelo C-130J Super Hercules, a atual versão e que será usada para comparação entre os dois modelos.

Lançado na década de 1950, o C-130 Hercules já teve mais de 2.500 unidades produzidas. Cerca de 40 anos depois, o modelo ganhou uma versão atualizada. O C-130J Super Hercules manteve o sucesso após ser lançado no final da década de 1990 e já teve mais de 400 unidades entregues.

O KC-390 é fruto de uma parceria entre a Embraer e a FAB, que encomendou 28 unidades. Os novos aviões irão substituir exatamente a frota de C-130 Hércules, operada pela FAB desde 1964. Além do Brasil, Portugal também já encomendou cinco unidades do modelo.

O KC-390 vai ficar com a Embraer que não foi vendida à Boeing, mas as duas empresas fizeram um acordo comercial para alavancar as vendas do KC-390 a outros países. A Embraer vai criar uma joint venture com a Boeing para tratar exclusivamente da comercialização e manutenção de aviões do modelo. O negócio terá 51% de participação da Embraer e 49% da Boeing.

Voando mais rápido e com mais carga, o avião brasileiro consegue cumprir grandes missões de transporte em menos tempo. Uma frota de seis KC-390 pode levar 500 toneladas e mil passageiros a locais distantes a 1.250 quilômetros em dois dias. Segundo a Embraer, para esse tipo de missão o KC-390 é 40% mais veloz do que qualquer cargueiro militar atual do mesmo segmento.

Alcance ajuda em missões de busca e salvamento

A autonomia de voo é outro ponto importante para as missões da Força Aérea Brasileira. São mais de 22 milhões de km² de espaço aéreo sob responsabilidade da FAB que se estende por águas internacionais no oceano Atlântico. Além do controle de tráfego aéreo, a FAB também é responsável por missões de busca e salvamento.

Sem carga, o avião pode percorrer mais de 6.000 quilômetros. "Usado com um radar de última geração, o KC-390 poderá localizar embarcações naufragadas com possibilidade de acompanhar alvos e fazer o rastreio de mais de 200 pontos simultaneamente", disse a FAB.

Além disso, o KC-390 pode até mesmo voar indefinidamente. O avião pode fazer tanto o reabastecimento de outros aviões como ser reabastecido em voo por outras aeronaves, como o Hércules ou outro KC-390.

PORTAL R7


FAB recebe 1ª unidade do maior avião feito pela Embraer no Brasil

Presidente Jair Bolsonaro deve participar da cerimônia de entrega da primeira das 28 encomendas feitas pela Força Aérea do cargueiro militar KC-390

Márcio Neves | Publicada em 04/09/2019 03:13

A FAB (Força Aérea Brasileira) vai receber nesta quarta-feira (4) a primeira unidade do avião militar cargueiro Embaer KC-390. A aeronave é o maior modelo planejado e produzido pela empresa no Brasil, que deve entregar outras 27 unidades para o governo brasileiro nos próximos anos.

O presidente Jair Bolsonaro vai participar da cerimônia de entrega da aeronave, que acontecerá nesta quarta, por volta das 12h, na base aérea de Anápolis, em Góias.

As 28 unidades foram encomendadas pela FAB ao custo de R$ 7,8 bilhões em 2014. Parte do desenvolvimento da aeronave também foi custeado pelo governo brasileiro, com uma autorização do Congresso Nacional em 2009.

As equipes de aviação militar da Embraer e da FAB aturam em conjunto com o governo de Portugal e da República Tcheca no projeto de desenvolvimento da aeronave.

Gigante brasileiro

A aeronave foi planejada para substituir os C-130 Hércules da Força Aérea, que já estão em operação há mais de 40 anos e é conhecida por sua capacidade de transporte e versatilidade de uso, e principalmente pela capacidade de pouso em diversos tipos de pista.

O KC-390 foi projetado para operar em condições similares. Pode transportar até 80 pessoas e um helicóptero militar de grande porte sem grandes dificuldades. Além disto, ele foi planejado para fazer reabastecimento de outros aviões no ar, lançamento de cargas e paraquedistas, combate a incêndos e ações de busca e salvamento.

Vendas internacionais

O governo de Portugal também anunciou a compra de cinco unidades do KC-390, que também devem ser entregues nos próximos anos.

Neste ano, a divisão de aviação militar da Embraer, também apresentou a aeronave em diversas feiras de aviação pelo mundo e outros países já demonstram interesse na aeronave, como a Alemanha, Argentina, Colômbia e Chile.