NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA
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NOTIMP 113/2025 - 23/04/2025
Do P-47 ao Gripen, Aviação de Caça da FAB chega aos 80 anos como referência na América Latina
Juliano Gianotto | Publicada em 22/04/2025
A Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB) completa, em 2025, 80 anos de um feito que marcou sua história. Nos céus da Itália, em 22 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) realizou a impressionante marca de 44 missões de guerra em um único dia, em um esforço extraordinário: o maior de toda a campanha da FAB na Segunda Guerra Mundial. São oito décadas de bravura, comprometimento, altruísmo e dedicação à defesa do espaço aéreo nacional. Criada em meio ao cenário da Segunda Guerra Mundial, a Aviação de Caça da FAB tornou-se um pilar da soberania aérea do país.
Por meio de preparo e vigília constantes, os esquadrões de caça da FAB estão prontos para atuar em diversas situações, que vão desde a interceptação de aeronaves suspeitas, apoio a tropas no solo, reconhecimento estratégico, interdição de objetivos até missões ofensivas e defensivas em cenários de conflito, regulares ou não. A atuação das tripulações, apoiadas pelas equipes de solo — como especialistas em manutenção, armamentos e controladores de tráfego aéreo, entre outros — combina tradição, alto grau de preparo e tecnologia de ponta, consolidando o Brasil como referência na América Latina.
A história da Aviação de Caça na FAB começou a ser escrita com sangue, suor e coragem durante a Segunda Guerra Mundial. O 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) foi criado em 1943 e, após treinamento no Panamá e nos Estados Unidos, foi enviado ao Teatro de Operações Europeu, mais precisamente à Itália, onde seus pilotos voaram o lendário P-47 Thunderbolt.
A atuação desta distinta unidade foi preponderante para a causa aliada, sobretudo na Ofensiva da Primavera. Pelos seus feitos, recebeu a mais alta condecoração das Forças Armadas dos Estados Unidos: a Presidential Unit Citation, ou Citação Presidencial de Unidade. Além do reconhecimento internacional, seu legado lançou as bases de uma cultura aguerrida e operacional que se mantém viva até hoje.
Atualmente, os nove esquadrões de Caça da FAB estão espalhados por diferentes regiões estratégicas do país. O Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA – Jaguar), em Anápolis (GO), opera o F-39 Gripen. Atuando com os F-5M Tiger II, o Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação (1º/14º GAV – Esquadrão Pampa), em Canoas (RS), e o 1º GAVCA, em Santa Cruz (RJ), mantêm a vigilância do espaço aéreo com essas aeronaves. A FAB também conta com os esquadrões que operam o A-29 Super Tucano: o Primeiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (1º/3º GAV – Escorpião), em Boa Vista (RR); o Segundo Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (2º/3º GAV – Grifo), em Porto Velho (RO); o Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (3º/3º GAV – Flecha), em Campo Grande (MS); e o Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAV – Joker), em Parnamirim (RN), este responsável pela formação dos novos pilotos de caça.
Operando aeronaves A-1M em Santa Maria (RS), o Primeiro e o Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1º/10º GAV e 3º/10º GAV – Poker e Centauro) são responsáveis pelo emprego de armamentos inteligentes, como bombas guiadas por laser, consolidando a doutrina de ataque estratégico — um diferencial tecnológico e dissuasório.
A formação de um piloto de caça é rigorosa e exige dedicação máxima. Depois de passar pela Academia da Força Aérea (AFA) e por um criterioso processo seletivo, o Aspirante-a-Oficial segue para o curso de especialização, onde é lapidado e doutrinado para atuar nas diversas missões da Aviação de Caça. É no Esquadrão Joker (2°/5° GAV), na Base Aérea de Natal (BANT), que esses futuros caçadores aprendem a dominar o A-29 Super Tucano. Além de elevado preparo teórico e destacada perícia, os pilotos de caça brasileiros carregam um forte senso de comprometimento, patriotismo e orgulho pela carreira. O profissionalismo desses militares garante que o Brasil mantenha sua capacidade de resposta rápida a qualquer violação do espaço aéreo nacional.
80 anos do Dia da Aviação de Caça: o feito heróico dos pilotos da FAB na Itália
Da Redação | Publicada em 22/04/2025 09:00
No dia 22 de abril de 1945, há exatos 80 anos, um grupo de jovens aviadores brasileiros escreveu uma das páginas mais gloriosas da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Sobre os céus do norte da Itália, o 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB) realizou seu maior esforço em um único dia de combate, voando 11 missões de ataque (44 surtidas) em apenas 24 horas. Com apenas 22 pilotos disponíveis, a unidade lançou-se corajosamente contra alvos inimigos na região do Vale do Rio Pó, destruindo infraestrutura vital e infligindo pesadas perdas materiais ao adversário. Não por acaso, 22 de abril foi consagrado pela FAB como o Dia da Aviação de Caça, em homenagem a esse feito histórico e aos heróis que arriscaram suas vidas naquele dia.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial e a criação do 1º Grupo de Caça
O Brasil manteve-se neutro no início da Segunda Guerra, mas sua posição mudou após ataques de submarinos do Eixo a navios mercantes brasileiros em agosto de 1942. Em resposta ao torpedeamento de várias embarcações e à morte de centenas de civis na costa brasileira, o país declarou guerra às potências do Eixo em 22 de agosto de 1942. Decidido a contribuir com o esforço Aliado, o governo de Getúlio Vargas organizou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1943 – um contingente que incluía uma divisão de infantaria do Exército e unidades da recém-criada Força Aérea Brasileira. Entre essas unidades aéreas estava o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), instituído oficialmente pelo Decreto-Lei nº 6.123 de 18 de dezembro de 1943, tendo o Major-Aviador Nero Moura nomeado como seu comandante.
Formado por voluntários, o 1º GAvCa passou por um rigoroso treinamento em parceria com os americanos. No início de 1944, um grupo inicial de 16 pilotos e 16 graduados seguiu para os Estados Unidos para aprender táticas de combate aéreo e operar em conjunto com esquadrões norte-americanos. Os brasileiros treinaram em aviões Curtiss P-40 Warhawk e participaram da defesa aérea do Canal do Panamá, voando em missões de patrulha ao lado de unidades da USAAF. Em junho de 1944, já integrados como unidade autônoma, tiveram o primeiro contato com o caça-bombardeiro Republic P-47D Thunderbolt, a aeronave que utilizariam no teatro de operações europeu. Após completar cerca de três meses de treinamento no P-47, todo o contingente – incluindo pilotos, mecânicos e pessoal de apoio, num total de aproximadamente 400 brasileiros – embarcou de navio para a Itália, desembarcando no porto de Livorno em outubro de 1944.
Batismo de fogo na Itália e campanha no norte da Itália
Integrado à Força Aérea do Exército dos EUA (USAAF), o 1º Grupo de Caça foi designado como “1st Brazilian Fighter Squadron” e incorporado ao 350th Fighter Group (12th Air Force) assim que chegou à Itália. Sua base inicial de operações foi o aeródromo de Tarquínia, ao norte de Roma, onde os pilotos brasileiros realizaram missões de familiarização voando como ala em esquadrilhas americanas. Em 31 de outubro de 1944, iniciaram os voos de adaptação, e logo no 11 de novembro de 1944 aconteceu a primeira missão de combate do grupo como unidade independente, em operações de reconhecimento armado. A partir de então, adotando o indicativo de chamada “Jambock”, os brasileiros passaram a executar regularmente ataques contra alvos inimigos na Itália. Em poucas semanas, o grupo intensificou as missões de interdição (bombardeio contra alvos táticos), atacando pontes, estradas, depósitos de suprimentos e concentrações de tropas inimigas, especialmente no Vale do rio Pó.
No início de dezembro de 1944, acompanhando o avanço Aliado, o 1º GAvCa deslocou-se para a base de Pisa (aeródromo de San Giusto), mais próxima à linha de frente (cerca de 50 km). Dali, operando diariamente, os P-47 da FAB apoiavam as ofensivas terrestres com ataques de apoio aproximado e interdição, cortando linhas de suprimento alemãs e isolando guarnições inimigas. Para aumentar seu poder de fogo, em fevereiro de 1945 as aeronaves receberam lançadores de foguetes de 4,5 polegadas, adicionando-se aos armamentos já utilizados (bombas de 500 libras e metralhadoras .50). As duras condições de combate – incluindo clima adverso, intensa artilharia antiaérea inimiga e o desgaste pelo uso constante – cobraram seu preço: ao final de março de 1945, várias baixas tinham reduzido o efetivo de pilotos disponíveis. Alguns aviadores brasileiros haviam sido abatidos (mortos ou capturados como prisioneiros de guerra) e outros afastados por motivos de saúde, a ponto de uma das quatro esquadrilhas originais do grupo precisar ser extinta e seus remanescentes redistribuídos. Com reforços escassos vindos do Brasil, os pilotos restantes mostraram enorme determinação ao manter o ritmo das operações, mesmo exauridos, para cumprir todas as missões designadas.
Nesse cenário, abril de 1945 marcou a fase final da campanha aliada na Itália. O Alto Comando Aliado lançou a chamada “Ofensiva da Primavera”, um último grande esforço destinado a derrotar as forças do Eixo no norte italiano. Todas as unidades aéreas aliadas no teatro foram acionadas para uma maciça campanha de bombardeios e ataques contra as tropas e a logística alemã em retirada. O 1º Grupo de Caça teve participação decisiva nessa ofensiva, especialmente durante o mês de abril de 1945. Entre os dias 6 e 29 de abril, os brasileiros realizaram cerca de 5% de todas as missões de ataque executadas pelas Forças Aéreas Aliadas na Itália, mas responderam por uma parcela muito superior dos resultados: estima-se que destruiram ou danificaram 15% de todos os veículos motorizados inimigos, 28% das pontes, 36% dos depósitos de combustível e incríveis 85% dos depósitos de munição atacados no período. Esses números impressionantes evidenciam a eficácia e o arrojo dos pilotos do 1º GAvCa na etapa derradeira do conflito.
22 de abril de 1945: o auge das missões de combate
Em meio à Ofensiva da Primavera, 22 de abril de 1945 despontou como o dia de maior empenho operacional do 1º Grupo de Caça e, consequentemente, da FAB em todo o conflito. Desde cedo naquela manhã de domingo, os “Jambocks” – como se autodenominavam os pilotos brasileiros – decolaram repetidas vezes para golpear alvos nazifascistas ao longo do Vale do Pó. Ao longo do dia, a unidade cumpriu onze missões de combate, totalizando 44 surtidas (decolagens), um recorde absoluto para o grupo em um único dia.
Com apenas 22 pilotos em condições de voo, foi necessário que alguns realizassem até três saídas cada para dar conta de todas as missões planejadas. Os P-47 decolavam carregados com bombas de 500 lb e foguetes, além do armamento fixo de oito metralhadoras .50, atacando objetivos pré-definidos como pontes, estradas, concentrações de veículos e posições defensivas. No retorno a Pisa, frequentemente buscavam alvos de oportunidade, engajando qualquer movimento inimigo que avistassem no caminho de volta. Apesar do intenso esforço, as perdas naquele dia foram mínimas: apenas um piloto brasileiro foi abatido em 22 de abril de 1945. O Tenente Marcos Eduardo Coelho Magalhães teve seu P-47 atingido por fogo antiaéreo e caiu atrás das linhas inimigas, sendo feito prisioneiro – felizmente, seria libertado pouco depois com o término da guerra. Os demais aviadores pousaram em segurança, exaustos porém vitoriosos, após enfrentar riscos extremos a cada incursão. Relatos históricos registram que o calor dentro do cockpit, somado à tensão constante e ao esforço físico de pilotar em combate, fazia cada piloto perder até dois quilos de peso por missão devido à desidratação.
A ameaça de não voltar era real: além da artilharia antiaérea inimiga sempre presente, voava-se muitas vezes a baixa altitude para maior precisão nos ataques, tornando os aviões vulneráveis. Ainda assim, nenhum brasileiro recuou diante da missão. Ao fim daquele dia histórico, o balanço de destruição imposto pelo 1º GAvCa ao inimigo foi impressionante: 97 veículos motorizados destruídos ou seriamente danificados, 35 veículos de tração animal destruídos, além da destruição de um parque de viaturas (oficina/garagem) e 14 edificações ocupadas pelo inimigo. Outras 17 viaturas motorizadas ficaram avariadas, bem como uma ponte de barca e uma ponte rodoviária atingidas; também foram atacadas várias posições militares inimigas adicionais. Os brasileiros haviam, literalmente, varrido do mapa boa parte dos meios de transporte e suprimento dos alemães na área, contribuindo diretamente para desorganizar a retirada inimiga. O extraordinário esforço de 22 de abril de 1945 mostrou-se crucial para o sucesso das operações aliadas no setor italiano. A superioridade aérea aliada já era estabelecida naquele momento – desde o final de 1944, a Luftwaffe praticamente não operava mais na Itália, deixando às unidades de caça Aliadas a tarefa principal de ataque ao solo. Nessa função de apoio tático, o 1º GAvCa destacou-se.
Suas ações nesse dia e nos adjacentes ajudaram a impedir que as forças alemãs em retirada reorganizassem uma linha defensiva ao sul dos Alpes, acelerando assim o colapso final das tropas inimigas na Itália. De fato, poucos dias depois, em 2 de maio de 1945, os alemães se renderiam incondicionalmente no teatro italiano. Os pilotos brasileiros, portanto, tiveram participação direta nessa vitória aliada, ao custo de 5 mortos em combate e 5 prisioneiros durante toda a campanha aérea (baixas acumuladas do grupo entre 1944-45). A coragem e habilidade demonstradas pelo 1º Grupo de Caça renderam elogios dos comandos aliados e deixaram uma marca indelével na história militar brasileira.
Legado histórico, memória e homenagens
Encerrada a guerra, o 1º GAvCa retornou ao Brasil em julho de 1945, sendo incorporado à estrutura permanente da FAB. Os veteranos traziam na bagagem uma experiência de combate inédita para a aviação brasileira, e rapidamente se tornaram os difusores de uma nova doutrina de Aviação de Caça dentro da Força Aérea Brasileira. Sob a liderança do agora Tenente-Coronel Nero Moura, o grupo baseou-se na Base Aérea de Santa Cruz (Rio de Janeiro) e passou a treinar novas gerações de pilotos de caça, aplicando as lições aprendidas nos céus da Itália.
O prestígio adquirido também abriu caminho para a modernização do equipamento: em 22 de maio de 1953, pouco menos de uma década após o fim da guerra, o 1º Grupo de Caça introduziu os primeiros jatos na FAB – caças Gloster Meteor de fabricação britânica – inaugurando a era da aviação a jato no Brasil. Décadas depois, em 1975, a mesma unidade entraria na era dos supersônicos ao reequipar-se com caças Northrop F-5E Tiger II. Ao longo dos anos, o 1º GAvCa manteve-se ativo e pronto, evoluindo em meios e táticas, mas sempre reverenciando as tradições forjadas em combate. Hoje, passado 80 anos, o 1º Grupo de Aviação de Caça permanece em operação na FAB baseado em Santa Cruz (RJ), honrando o legado de seus antepassados da Segunda Guerra.
O legado dos “Senta a Púa!” – o lema imortal do grupo, estampado sob a figura de um avestruz empunhando um revólver no distintivo da unidade – transcende as estatísticas de combate. A atuação do 1º GAvCa na Itália foi reconhecida internacionalmente e tornou-se motivo de orgulho nacional. Em 1986, por exemplo, o grupo recebeu dos Estados Unidos a Presidential Unit Citation, tornando-se a terceira unidade estrangeira no mundo (e única da América Latina) a ser condecorada com essa medalha de unidade de alto prestígio. No Brasil, o Dia da Aviação de Caça (22 de abril) passou a ser comemorado todos os anos pela Força Aérea com cerimônias militares e tributos aos veteranos. Uma tradição curiosa mantida pelos pilotos de caça é a encenação da chamada “Ópera do Danilo”, inspirada na história real do Tenente Danilo Moura (assistir ao vídeo abaixo), que após ser abatido conseguiu escapar a pé por 24 dias atrás das linhas inimigas até retornar à base – esse episódio de bravura é relembrado anualmente em tom de camaradagem no Dia da Aviação de Caça. A memória institucional do 1º GAvCa também é preservada em museus, livros e documentos históricos: diversos dos seus integrantes escreveram memórias, casos do célebre livro “Senta a Púa!” (1980) do veterano Brigadeiro Rui Moreira Lima, entre outras obras.
Em um Brasil que até então pouco participara de conflitos globais, a jornada do 1º Grupo de Aviação de Caça na Itália representou um rito de passagem e um motivo de afirmação nacional. Aqueles aviadores audazes, vindos de tão longe para lutar contra a tirania, provaram em combate o valor e a competência da Força Aérea Brasileira nascente. O 22 de abril de 1945 permanece, 80 anos depois, como símbolo máximo dessa herança – um dia de sacrifício e glória que elevou para sempre o patamar da aviação de combate do Brasil. Conforme lembrado nos registros oficiais da FAB, naquela data o 1º GAvCa “atingiu o auge” de sua atuação, deixando um exemplo de profissionalismo e coragem que continua a inspirar os militares de hoje. “Senta a Púa!”, o grito de guerra entoado pelos pilotos brasileiros enquanto mergulhavam contra o inimigo, ecoa ainda hoje como parte indelével da história da FAB – uma história escrita a sangue, suor e bravura nos céus da Itália.
Aviação de Caça da FAB completa 80 anos
Criado em meio à Segunda Guerra Mundial, o braço de combate da Força Aérea Brasileira é peça-chave na defesa aérea nacional
Marcel Cardoso | Publicada em 22/04/2025 09:43
A Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB) completa 80 anos de operações nesta terça-feira (22). A data remete a 22 de abril de 1945, quando o Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizou 44 missões de combate em um único dia, durante a campanha da Itália, na Segunda Guerra Mundial — considerado o maior esforço operacional da FAB no conflito.
Criada em 1944, a Aviação de Caça se consolidou como um dos principais pilares da defesa aérea nacional. Entre suas atribuições estão a interceptação de aeronaves, o apoio aéreo aproximado, o reconhecimento estratégico, a interdição de alvos e missões ofensivas e defensivas em diversos cenários operacionais.
As tripulações contam com o apoio de especialistas em manutenção, armamentos e controle de tráfego aéreo, entre outros profissionais. A atuação conjunta garante a continuidade das operações em tempo real e em diversos cenários. O 1º Gavca foi criado em 1943 e treinado no Panamá e nos Estados Unidos. Posteriormente, foi enviado ao Teatro de Operações Europeu, na Itália, onde seus pilotos operaram aeronaves P-47 Thunderbolt. A unidade participou da Ofensiva da Primavera e recebeu, pelo desempenho, a condecoração norte-americana Presidential Unit Citation, também chamada de "Citação Presidencial de Unidade".
Atualmente, a FAB conta com nove esquadrões de caça, distribuídos em regiões estratégicas do território nacional:
- 1º GDA (Jaguar) – Anápolis (GO): opera os caças F-39 Gripen.
- 1º/14º GAV (Pampa) – Canoas (RS) e 1º Gavca – Santa Cruz (RJ): operam os F-5M Tiger II.
- 1º/3º GAV (Escorpião) – Boa Vista (RR), 2º/3º GAV (Grifo) – Porto Velho (RO), 3º/3º GAV (Flecha) – Campo Grande (MS), 2º/5º GAV (Joker) – Parnamirim (RN): operam o A-29 Super Tucano.
- 1º/10º GAV (Poker) e 3º/10º GAV (Centauro) – Santa Maria (RS): operam o A-1M e são responsáveis "pelo emprego de armamentos inteligentes, como bombas guiadas por laser".
O Esquadrão Joker é responsável pela formação dos novos pilotos de caça. Os oficiais passam pela Academia da Força Aérea (AFA) e por um processo seletivo. Em seguida, ingressam no curso de especialização do 2°/5° GAV, na Base Aérea de Natal. Nessa fase, recebem instrução para atuação em diferentes tipos de missão e treinamento com a aeronave A-29 Super Tucano. A doutrina operacional brasileira enfatiza prontidão, disciplina técnica e manutenção da soberania do espaço aéreo.
FAB celebra o Dia da Aviação de Caça
22 de abril relembra o batismo de fogo da Força Aérea Brasileira nos céus da Itália
Ricardo Moriah | Publicada em 22/04/2025
Nesta terça-feira (22), a FAB celebra o Dia da Aviação de Caça, data histórica em que a força relembra o batismo de fogo nos céus da Itália da então recente Força Aérea Brasileira.
Há 79 anos, os valorosos pilotos da FAB voaram, num mesmo dia, 44 missões de combate contra as forças da Alemanha Nazista, marcando para sempre a história da FAB, já nascida sob o fogo inimigo. Para assim celebrar o feito heroico, a FAB realizou cerimônias na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), no Rio de Janeiro–RJ, entre os dias 19 e 22 de abril. Entre as atividades promovidas, aconteceu a Reunião da Aviação de Caça (RAC), onde Oficiais e Graduados da reserva e da ativa se reuniram para troca de experiências, reuniões doutrinárias e intercâmbio operacional.
O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, apresentou à audiência um briefing sobre o legado dos veteranos da FAB, bem como o presente e as perspectivas futuras da Aviação de Caça brasileira.
Na apresentação, oficiais trajados como os célebres aviadores dos anos 40 marcaram a reunião com emoção, apresentando a encenação musical conhecida como “Ópera do Danilo”, que narra a saga do então Segundo-Tenente Danilo Marques Moura. Durante uma das missões, o Tenente Moura teve seu Republic P-47 Thunderbolt abatido pela artilharia alemã, vindo ele a saltar da aeronave atrás das linhas inimigas, sendo obrigado a caminhar 340 km em 30 dias até encontrar as forças aliadas.
A FAB também realizou a Cerimônia do P-47, evento tradicional no Dia da Aviação de Caça, que “traz à memória a luta, a garra, o companheirismo e o altruísmo dos veteranos”. Entre as cerimônias, ocorreu a passagem das aeronaves de caça Embraer A-1M, Embraer A-29, Northrop F-5M e Saab F-39 Gripen.
Por fim, a medalha “Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura” foi concedida aos comandantes de vários grupos de aviação, incluindo 1º/14º GAV, 2º/3º GAV, 1º GAVCA, 1º/3° GAV e 3º/10º GAV.
22 de abril de 1945 – O dia da bravura
Humberto Leite | Publicada em 22/04/2025 05:00
Capitão Horácio, Tenente Lara e Tenente Lima Mendes. Há exatos 80 anos, em 22 de abril de 1945, os três realizaram um sacrifício até hoje lembrado pelos militares da Força Aérea Brasileira. Em um só dia, cada um cumpriu três missões de combate contra alvos nazistas no Norte da Itália.
Para se ter uma ideia do imenso esforço, a cada missão realizada a bordo dos caças P-47 Thunderbolt, os pilotos chegavam a perder até 2 quilos, em razão do forte calor e do desgaste físico. Eles também enfrentavam a morte, que poderia vir dos disparos da incansável artilharia antiaérea inimiga. Naquele 22 de abril, Horácio, Lara e Lima Mendes decolaram às 8h, 11h40 e 16h. Lançaram bombas e metralharam alvos inimigos, sobrevivendo às três missões consecutivas, separadas por pouco tempo de descanso em solo. Não foram os únicos. Outros voaram naquela data até hoje lembrada pela Força Aérea Brasileira como o Dia da Aviação de Caça.
“Só quem esteve em combate sabe o que é voar mais de uma missão no mesmo dia”, escreveu o Major-Brigadeiro do Ar Rui Moreira Lima, em seu livro “Senta a Pua!”. Ele mesmo, na época tenente, também fez parte daquele dia histórico para a FAB: um grupo de apenas 22 pilotos realizou 44 voos, com onze esquadrilhas de quatro caças P-47 fustigando alvos entre as 8h e 17h. Em todos os ataques, os brasileiros lançavam bombas em pontos estratégicos e passavam a procurar novos alvos, como blindados e caminhões, durante retorno à base.
Apenas uma baixa aconteceu, e já na última missão. O Tenente Coelho mergulhou sobre um alvo e, atingido, precisou saltar de paraquedas. Internado em um hospital alemão, dias depois recebeu a rendição de um oficial inimigo e a tarefa de proteger a vida dos feridos até o fim da guerra.
Recorde
Engana-se quem pensa que o esforço acabou ali. Por mais três dias, depois de 22 de abril, os pilotos brasileiros voaram o suficiente para colocar dez esquadrilhas no ar diariamente. No mês de abril, eles quebraram recorde de missões na campanha da Itália: 135 em apenas 30 dias, o equivalente a 31% dos seis meses anteriores.
Entre 6 e 29 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça do Brasil realizou 5% das missões de ataque dos países aliados na região na Itália, mas foi responsável por 15% dos veículos inimigos destruídos, 28% das pontes atingidas, além de 36% dos depósitos de combustível e 85% dos depósitos de munição danificados.
Naquele mês, dois de seus pilotos foram feridos: Capitão Pessoa Ramos e Aspirante Diomar Menezes. Os tenentes Marcos Coelho de Magalhães, Armando Coelho e Goulart saltaram de paraquedas sobre território inimigo e só retornaram ao final do conflito. Já o Tenente Dornelles acabou abatido e faleceu em seu caça P-47 apenas nove dias antes do término da guerra. Conhecido pela bravura, ele realizou 89 missões de combate.
Esforço
A história de heroísmo começou com a recusa dos brasileiros em abandonarem o combate. Após quatro meses, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça teve de desativar uma de suas quatro esquadrilhas, por falta de pilotos. A unidade tinha agora metade do efetivo de aviadores que desembarcaram em Nápoles no ano anterior. Mortes e baixas por saúde exigiam cada vez mais empenho e dedicação. A situação preocupou o comando das forças aliadas. Foi sugerido que a unidade, a única de caça da FAB em combate, fosse desativada. Seu efetivo seria distribuído nos grupos de outros países. Os brasileiros se recusaram. Na prática, a resposta brasileira significava voar mais, com maior frequência, arriscando a própria vida num esforço físico cada vez maior.
Essa história de heroísmo aconteceu no contexto da grande ofensiva aliada já perto da rendição dos nazistas, ocorrida dia oito de maio. A todo custo, os aliados tinham de dominar a região do Vale do Pó para impedir que o exército nazista, em retirada, formasse uma nova linha de resistência. Já experientes, os pilotos tinham a exata noção das consequências da decisão de voar mais. A maioria dos brasileiros chegaria ao final da guerra com mais de 50 missões. Para se ter uma ideia, um piloto americano retornava aos Estados Unidos depois de 35 missões, ficando fora de combate por seis meses, ou voava até completar, no máximo, cem missões, quando encerrava sua participação na guerra. Entre os brasileiros, o Tenente Alberto Martins Torres alcançou a marca de 100 missões de combate na Itália.
Reconhecimento
Em 1986, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, unidade da FAB ainda ativa, sediada no Rio de Janeiro (RJ) e equipada com caças F-5, se tornou a terceira unidade não pertencente às Forças Armadas Americanas a receber a Presidential Unit Citation, comenda do governo dos Estados Unidos. A recomendação foi do Coronel Ariel Nielsen, comandante do 350th Figther Group, unidade a qual os brasileiros estavam subordinados durante a campanha na Itália. Ele escreveu em sua recomendação:
“Nas perdas que sofreram nessa ocasião, como também em muitos ataques anteriores, tiveram seu número de pilotos reduzidos à metade em relação às unidades da Força Aérea dos Estados Unidos. Porém, um número igual de surtidas, operando incansavelmente e além do normal no cumprimento do dever. A manutenção dos seus aviões foi altamente eficiente, a despeito das avarias sofridas pela antiaérea e o desgaste despendido na recuperação dos aviões. Este grupo entrou em combate na época em que a oposição antiaérea aos caças bombardeios estava em seu auge. Suas perdas têm sido constantes e pesadas e não têm recebido o mínimo de pilotos de recompletamento estabelecido. Como o número de pilotos cada vez diminuía mais, cada um deles teve que voar mais de uma missão diária, expondo-se com maior frequência. Em muitas ocasiões, como Comandante do 350th Fighter Group, eu fui obrigado a mantê-los no chão quando insistiam em continuar voando, porque eu acreditava que eles já haviam ultrapassado os limites de sua resistência física.”
Decolagens das missões do dia 22 de abril de 1945:
- 8h – Capitão Horácio, Tenente Lara, Tenente Lima Mendes e Tenente Canário
- 8h05 – Capitão Pessoa Ramos, Tenente Rocha, Tenente Perdigão e Tenente Paulo Costa
- 8h40 – Tenente Dornelles, Tenente Eustórgio, Aspirante Poucinha e Aspirante Pereyron
- 9h45 – Tenente-Coronel Nero Moura, Capitão Buyers, Tenente Neiva e Tenente Goulart
- 10h55 – Tenente Rui, Tenente Meira, Tenente Coelho e Aspirante Tormin
- 11h40 – Capitão Horácio, Tenente Lara, Tenente Lima Mendes e Tenente Canário
- 12h40 – Tenente Dornelles, Tenente Eustórgio, Tenente Torres e Aspirante Poucinha
- 13h45 – Capitão Pessoa Ramos, Tenente Rocha, Tenente Perdigão e Tenente Paulo Costa
- 14h45 – Tenente-Coronel Nero Moura, Tenente Neiva, Tenente Goulart e Aspirante Pereyron
- 16h00 – Capitão Horácio, Capitão Buyers, Tenente Lara e Tenente Lima Mendes
- 15h45 – Tenente Meira, Tenente Keller, Tenente Coelho e Aspirante Tormin
SEGUNDO A SEGUNDO - Com 50 vagas, concurso da Aeronáutica chega a fase final de inscrição
Da Redação | Publicada em 22/04/2025 12:28
Chega à fase final o período de inscrição para o concurso da Aeronáutica destinado à admissão aos Cursos de Formação de Oficiais Aviadores, Intendentes e de Infantaria. Os interessados têm até as 9h da próxima segunda-feira (28/04), no horário de Brasília, para formalizar o interesse em participar do processo seletivo. Ao todo, são oferecidas 50 vagas, sendo 5 para o curso de oficiais aviadores, 25 para oficiais intendentes e 20 para oficiais de infantaria. As vagas são destinadas a candidatos de ambos os sexos. Os cursos serão realizados na Academia da Força Aérea (AFA), localizada em Pirassununga (SP), mas alguma etapas da prova ocorrerão de forma descentralizada em outras regiões do país, incluindo Manaus.
Entre os requisitos para o concurso da Aeronáutica, os candidatos devem ser brasileiros, voluntários, estar cientes das normas do edital e, se menores de 18 anos, apresentar autorização do responsável legal para todas as etapas do processo seletivo, incluindo provas e exames complementares.
A prova escrita está marcada para 6 de julho de 2025. Os locais de prova serão divulgados a partir de 27 de junho. As etapas do concurso incluem ainda inspeção de saúde, exame psicológico, avaliação física e validação documental. As despesas com deslocamento, alimentação e hospedagem são de responsabilidade dos candidatos. Militares da ativa aprovados e classificados no exame farão jus aos direitos remuneratórios previstos em lei durante a realização do curso.
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