FORMAÇÃO

FAB forma a primeira turma do Curso de Preparação de Oficiais de Esquadrão

Após a formatura, os Aviadores seguem para os Cursos de Especialização Operacional (CEO), ministrados pelos três esquadrões aéreos de instrução da Ala 10
Publicada em: 21/02/2019 12:30
Imprimir
Fonte: Ala 10, por Tenente Juliana Lopes
Edição: Agência Força Aérea, por Tenente Gabrielli - Revisão: Capitão Landenberger

O Grupo de Instrução Tática e Especializada (GITE) realizou, no último dia 19, a formatura da primeira turma do Curso de Preparação de Oficiais de Esquadrão (CPROE), que teve duração de 30 dias e foi composto por 84 alunos. O CPROE foi realizado pela primeira vez e é resultado dos esforços de modernização e adequação do processo de ensino-aprendizagem. Até então, a formação acontecia no Curso de Tática Aérea (CTATAE).

A cerimônia de encerramento do CPROE foi presidida pelo Comandante da Ala 10, Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros, que cumprimentou o primeiro colocado, Aspirante a Oficial Aviador Erick da Rocha Rodrigues. O curso é a primeira etapa cumprida pelos oficiais aviadores egressos da Academia da Força Aérea (AFA) dentro do Programa de Especialização Operacional (PESOP), que prepara os pilotos de combate da Força Aérea Brasileira (FAB).

A partir de agora, os alunos do PESOP iniciam os Cursos de Especialização Operacional (CEO), ministrados pelos três esquadrões aéreos de instrução da Ala 10: Esquadrão Rumba (1º/5º GAV), que especializa os pilotos de transporte e inteligência, vigilância e reconhecimento (IVR);  Esquadrão Gavião (1º/11º GAV), que prepara os pilotos de asas rotativas; e Esquadrão Joker (2º/5º GAV), onde são especializados os pilotos de caça.

Primeira turma do CPROE

Durante 70 anos, a especialização dos pilotos de combate da Força Aérea se iniciou com o Curso de Tática Aérea (CTATAE). Este ano, o CTATAE deu lugar ao CPROE, como resultado do esforço do Comando de Preparo (COMPREP) e da Direção de Ensino da Aeronáutica (DIRENS) de modernizar e adequar o processo de ensino-aprendizagem e o currículo do curso, a partir da nova concepção estratégica “Força Aérea 100”.

A identificação e eliminação de duplicidade de disciplinas entre o CTATAE, o Curso de Formação de Oficiais da AFA e o CEO propiciou o enxugamento do currículo mínimo, permitindo a diminuição da carga horária total do curso, que hoje tem duração de 240 horas/aula, 28% menos que o CTATAE, que exigia 332 horas/aula.


Sala de Aula Invertida

O diferencial do CPROE em relação ao CTATAE, no entanto, deve-se principalmente à nova metodologia de ensino-aprendizagem adotada pelo GITE. Na Sala de Aula Invertida, ou Flipped Classroom, método norte-americano de ensino, os alunos têm autonomia maior para estudar os conteúdos das aulas antecipadamente. Invertendo o processo tradicional, onde a aula acontece antes, o aluno expõe o que compreendeu para a turma ou grupo, esclarece suas dúvidas e o professor atua como orientador e conduz a reflexão sobre o tema de maneira a possibilitar a construção de conhecimento de maneira relevante para o aluno.

De acordo com o Comandante do GITE, Tenente-Coronel Aviador Vinícius Guimarães Nogueira, essa dinâmica torna o aluno protagonista do processo. "A discussão em grupo cria o conhecimento e eu não tenho dúvida que o conhecimento construído dessa forma vai se perpetuar por muito mais tempo", avalia o oficial.

A metodologia começou a ser adotada na FAB pela Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica (ECEMAR), tendo como referência o Curso de Especialização de Comando e Estado Maior da Força Aérea dos Estados Unidos. De acordo com o Comandante do GITE, a Sala de Aula Invertida já era utilizada nas últimas edições do CTATAE, mas apenas em atividades isoladas. No CPROE ela foi expandida, sendo adotada como metodologia básica. "Em 2019 a aplicamos de uma forma embrionária, mas a ideia é que a partir do ano que vem seja utilizada em outros cursos presenciais do GITE também", revela o Tenente-Coronel Guimarães.


Desafios da implantação

Os principais desafios na criação do CPROE se deu na preparação dos instrutores e na ampla aplicação do método à primeira turma de alunos, com o uso de diversas atividades, como discussão dirigida, seminário, artigo, vídeo, mesa redonda, entrevista com especialistas, entre outros. De acordo com a responsável pela implantação da Sala de Aula Invertida no CPROE, Tenente Pedagoga Edith Cristina da Nóbrega, os instrutores do GITE passaram por uma capacitação ministrada por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e trocaram experiências com a ECEMAR. "Nessa metodologia, o instrutor deve agir como mediador, de modo a conduzir o aluno no processo de aprendizagem, em vez de lhe apresentar o conteúdo pronto. Isso exigiu dos instrutores do GITE uma postura nova, uma preparação de seis meses estudando para colocar em prática no CPROE", informa a Tenente Edith.

As atividades são desenvolvidas em equipe, outro aspecto que enriquece o aprendizado, segundo a pedagoga. "Em quatro disciplinas, eles trabalharam em quatro grupos diferentes, então eles tiveram que lidar inclusive com a questão afetiva, de aprender a trabalhar com pessoas diferentes, com personalidades e formas de agir diferentes", acrescentou.

O Aspirante a Oficial Aviador Christian Eloysio dos Santos Silva é aluno do CPROE e considera o trabalho em equipe o aspecto mais desafiador. "É, ao mesmo tempo, intrigante e difícil, porque você tem que saber lidar com pessoas com diferentes objetivos e personalidades e isso acaba sendo uma tarefa de liderança, porque você precisa saber lidar com o talento de cada um para conseguir chegar a um resultado bom", conta o Aspirante Eloysio.

Para ele, que inicia agora o Curso de Especialização da Aviação de Caça no Esquadrão Joker, a experiência no CPROE foi agregadora. "A gente aprendeu algumas doutrinas voltadas para a atividade fim, com as quais nós não tivemos contato na AFA. Isso foi muito interessante e as aulas se mostraram muito produtivas. Fora isso, a metodologia proporciona a construção de ideias e não só a absorção do conhecimento pronto e apresentado pelo professor", afirma o aluno.

Para o Comandante do GITE, a aplicação da metodologia na primeira turma do Curso de Preparação extrapolou a expectativa. "O resultado foi muito interessante, porque o engajamento dos alunos foi muito grande. Esse era um receio que nós tínhamos pela falta de prática deles com esse tipo de metodologia, mas essa turma felizmente reagiu muito bem. Eles gostaram, se comprometeram, elaboraram excelentes produtos e o feedback foi muito positivo”, avalia o Tenente-Coronel Guimarães.

Fotos: Cabo Simplício / Ala 10

imagens/original/38007/ceproe 03.jpg