OPERACIONAL

"Eu me sinto bem profissional agora"

Soldado J. M. atua na defesa antiaérea
Publicada em: 01/04/2016 09:00
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Fonte: Agência Força Aérea, por Ten Humberto Leite

  Se a Força Aérea Brasileira for acionada para algum conflito armado, o Soldado J. M. (o militar teve o nome preservado por questões de segurança) provavelmente estará na linha de frente dos combates. Aos 23 anos de idade, o jovem faz parte de uma das unidades de tiro do 1° Grupo de Defesa Antiaérea (1° GDAAE), um motivo para se dizer realizado. "A gente está exercendo um trabalho importante para a Força Aérea", conta.

Ao lado de outros dois militares, o Soldado J. M. tem a missão de reconhecer as aeronaves no céu e, após um disparo, remuniciar o lançador do míssil Igla-S, arma antiaérea utilizada pela FAB para proteger alvos estratégicos, como uma Base Aérea.

"É preciso ter garra. A gente carrega míssil e equipamento, vai para o meio do mato. E em caso de guerra, a gente pode até ser um alvo", conta. Cada míssil pesa 12 kgs e o rearme não pode levar mais que alguns segundos.

Para fazer parte da equipe, o treinamento foi intensivo. "Eu não tinha noção do que era. Só sabia que derrubava avião", conta o militar. Durante o curso de formação, o jovem foi treinado para reconhecer diversos tipos de aviões e helicópteros, e de maneira rápida. "Conheci muitas aeronaves depois que entrei. Aprendi a diferenciar uma da outra", explica.

Nesta semana, ele está em Santa Maria (RS) para participar do exercício Boca do Monte, uma preparação para os Jogos Olímpicos de 2016. "O treinamento é mais parecido com o real possível. Eu me sinto bem profissional agora", avalia. São treinados desde procedimentos como infiltração no terreno até o contato com um centro de comando responsável por acionar as unidades de tiro, alertar para a presença de aeronaves hostis e autorizar os disparos.

A expectativa agora é receber o acionamento para proteger uma das arenas esportivas. Para quem nunca saiu do Rio Grande do Sul, a missão poderá ter um caráter especial. "Eu quero poder ajudar o Brasil e poder contar tudo para as minhas filhas", diz o soldado J. M.

Experiência para a vida

Força, atenção, coragem e treinamento são alguns dos pré-requisitos apontados pelo remuniciador para quem quer fazer parte de uma unidade de tiro. Mas, segundo ele, um outro fator é muito mais importante: espírito de corpo.

  "É um trio. Um tem que ajudar o outro", afirma. Ele e os outros dois membros, um Cabo responsável pela operação da arma, e um Sargento que atua como comandante da unidade de tiro, já atuam juntos há meses. "Precisamos ter uma sintonia".

Em 2011, quando ingressou na Força Aérea por meio do alistamento militar, a expectativa do Soldado era apenas sair do trabalho como ajudante de serviços gerais em obras de construção civil e buscar terminar o Ensino Médio. Agora, com os estudos concluídos, ele já se prepara para o processo seletivo do Curso de Formação de Sargentos.

Mas, para o Soldado J. M., mesmo se a carreira militar não prosseguir, as lições aprendidas farão toda a diferença. "O quartel me fez isso: ter essa camaradagem, esse espírito de corpo. Ter educação, ter respeito".