75 ANOS

Criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica marcou anos 50

Instituto foi responsável por mudar o panorama do ensino de engenharia no Brasil
Publicada em: 21/01/2016 08:30
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Fonte: Agência Força Aérea

Casimiro Montenegro conhece projeto arquitetônico  Arquivo ITADe uma cidade escolhida pelas condições climáticas como local de tratamento de pacientes com tuberculose a polo de desenvolvimento nacional. A mudança vivida pela cidade de São José dos Campos (SP) é marcada pela criação do Centro Técnico de Aeronáutica, idealizado pelo então Coronel Casimiro Montenegro Filho. O CTA foi erguido para abrigar dois institutos científicos: um para o ensino superior, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e outro para pesquisa e desenvolvimento nas áreas de aviação militar e comercial, o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD). As obras de construção do ITA foram concluídas em 1950.

Com uma indústria mínima, incapaz de fabricar até bicicletas, o Brasil iniciava os anos 50 buscando a formação de engenheiros aeronáuticos altamente qualificados, seguidos por novas especializações em eletrônica, mecânica, infraestrutura e computação, com visão de que esses primeiros passos seriam decisivos para o futuro do País. “Saí de lá convicto de que José da Silva não é pior do que John Smith”, afirma o ex-ministro e um dos fundadores da EMBRAER, Ozires Silva, ex-aluno do ITA.

Ao longo de mais de seis décadas, o ITA formou mais de 5.000 engenheiros. As contribuições das pesquisas estão nas mais diversas áreas: telecomunicações, informática, infraestrutura aeroportuária, automação bancária, transporte aéreo e indústria automobilística. A solução para os motores a álcool, por exemplo, surgiu no CTA, na década de 70.

Primeiros alunos do ITA em aeronave da FAB  Arquivo ITA“Plano Smith” - A concepção do CTA surgiu em meados da década de 40 por meio do Coronel Casimiro Montenegro. A ideia era criar uma escola de engenharia aeronáutica nos modelos do Massachussets Institute of Technology (MIT) e o Wright Field, nos Estados Unidos. O Coronel lutou para que o País alcançasse, além do avanço tecnológico, desenvolvimento educacional e científico.“O professor repetia sempre que se o Brasil quisesse fabricar aviões deveria, antes, fabricar engenheiros e técnicos”, lembra o ex-aluno de Casimiro, Ozires Silva.

Em 1953, saiu do papel o primeiro órgão nacional voltado para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia aeronáutica: o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento. Mais tarde, o Departamento de Aeronaves desse instituto daria origem à EMBRAER, criada em 1969.

Ao longo dos primeiros 10 anos, o ITA firmou-se como uma escola de engenharia diferenciada. Adotava a estruturação acadêmica por departamentos. Professores e alunos moravam no campus, o que facilitava o regime de dedicação exclusiva e a interação inédita entre mestres e estudantes. A concessão de bolsas aos alunos foi outro ponto importante e inovador. Diferentemente da maioria das escolas de engenharia do país, o ITA tinha um currículo dinâmico que se renovava anualmente.

O sucesso do modelo influenciou a orientação do ensino superior no país. Teve reflexos ainda na composição do novo currículo do curso de engenharia aprovado em 1976. A pós-graduação do ITA, estruturado no modelo americano, também foi pioneiro no país e influenciou a pós-graduação brasileira.

Hoje, o ITA oferece seis cursos de engenharia: Aeroespacial, Aeronáutica, Civil-Aeronáutica, Computação, Eletrônica e Mecânica-Aeronáutica. A duração de cada um é de cinco anos, sendo que os dois primeiros são comuns a todas as especialidades.

Já o antigo CTA deu origem ao atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), constituído pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Instituto de Estudos Avançados (IEAV), Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) e Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), além do próprio ITA e unidades de apoio.