ORDEM DO DIA

Dia da Engenharia da Aeronáutica

Publicada em: 28/10/2015 08:18
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Fonte: DIRENG

 

 


Muitas vezes encontramos a sabedoria humana na aparente simplicidade de visão de mundo de nossos primeiros habitantes.

Narra a mitologia dos povos indígenas amazônicos, que no início dos tempos não existia o fogo. Foi preciso roubá-lo de animais como a onça e o urubu-rei, que foram condenados a comer carne crua para sempre. Mas era preciso sempre manter uma brasa acesa, do contrário, corria-se o risco de perder o fogo. Para resolver esse problema, o homem aprendeu a preparar as varetas para fazer fogo, e ficou independente.

Essa representação fantasiosa ilustra a intrínseca necessidade humana de compreender o mundo e sua aptidão para explicá-lo, características fundamentais para nossa evolução cognitiva. Esse apelo à mitologia amazônica também serve para chamar à atenção para a importância do trabalho daqueles que, em um sentido amplo, modificam a natureza, convertendo ideias em realidade, contribuindo para o progresso da civilização.

Ao celebrarmos o dia da Engenharia da Aeronáutica fazemos uma pausa, um instante que seja, para agradecer e homenagear aqueles que são signatários de um extenso e proeminente acervo de feitos que subsidiaram a emancipação da competência científico-tecnológica de nossa Força, condição crucial para sua modernidade. Parabéns aos engenheiros, servidores civis e militares, e todos aqueles envolvidos nessa atividade na Aeronáutica. Vosso trabalho criativo, talentoso e perseverante tem deixado suas marcas na história da Força Aérea Brasileira e do País, consolidando o prestigio internacional que ora temos em várias áreas críticas do Poder Aeroespacial.

A visível e crescente necessidade de engajamento entre a engenharia e as atividades logísticas e operacionais de uma força armada é a constatação clara de sua importância, a ponto de termos a convicção de afirmar que sem ciência e tecnologia não há soberania.

Nessa simbólica oportunidade, também precisamos dizer a todos que a passagem do tempo não obscureceu nossa memória nem diminuiu nosso reconhecimento por aqueles que estão nos andaimes mais altos de nossa consideração e apreço. Aqueles como o cientista Alberto Santos Dumont, pai da aviação, que transgrediu o óbvio ao vislumbrar e construir uma plataforma voadora mais pesada que o ar. Aqueles como o Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro Filho, Patrono da Engenharia da Aeronáutica, que se erguendo para ver além do horizonte, conjecturou e viabilizou no País uma indústria de alta tecnologia de relevância mundial. Aqueles como o Major-Brigadeiro Engenheiro Tércio Pacitti, pioneiro no estudo da Ciência da Computação no Brasil, que demonstrou que é possível e necessário construir o futuro através da educação. Aqueles como o Engenheiro e Coronel Aviador Ozires Silva, fundador da EMBRAER, que como poucos meninos de sua época, sonhou em fabricar aviões, ao invés de ser piloto ou astronauta.

Engenheiros, ao evocar os feitos e as atitudes dessas pessoas especiais,espero sensibilizá-los quanto à necessidade de sonhar ousadias para criar futuros auspiciosos e, em um sentido prático, instigá-los a desenvolver habilidades que atendam às demandas sociais do porvir. Segundo estudos da UNESCO o engenheiro do futuro deverá: ser flexível; ser apto a lidar com incertezas; ser capaz e disposto a contribuir para a inovação; estar interessado e ser capaz de aprender ao longo de toda a vida; ter adquirido sensibilidade social e aptidões para comunicação; ser capaz de trabalhar em equipe e desejar assumir responsabilidades; ser versátil em aptidões genéricas multidisciplinar; e ter noções de áreas do conhecimento que formam a base de várias habilidades profissionais.

Certamente, quando progredirmos nesse sentido estaremos, como recomendado pela sabedoria dos povos da floresta, mantendo a “brasa acesa” e usando-a como propulsão essencial para que a Força Aérea Brasileira alce voos cada vez mais ousados.

Major-Brigadeiro Engenheiro Francisco Carlos Melo Pantoja

Diretor de Engenharia da Aeronáutica