PATRULHA

Conheça a história de mergulhadores salvos pela Aviação de Patrulha da FAB

Os esquadrões são preparados para realizar missões de busca no oceano
Publicada em: 18/05/2015 16:04
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Fonte: Agência Força Aérea

Busca visual a bordo da aeronave P-95, foto atual  Sgt Johnson Barros / Agência Força Aérea“Quando vimos uma aeronave branca, de nariz avantajado e preto, soubemos que era a Força Aérea Brasileira que nos sobrevoava. Percebemos, então, que era uma questão de tempo para que o resgate chegasse. E assim foi...”.

O depoimento descreve o momento de alívio de três mergulhadores ao avistarem uma aeronave P-95 Bandeirulha da FAB. Eles estavam à deriva a cerca de 37 quilômetros de Fernando de Noronha. Foram quase 24 horas em meio ao oceano, lutando por sobrevivência depois de se perderem do barco. O caso só não terminou em tragédia, graças à ajuda da Aviação de Patrulha, especializada em missões sobre o mar.

Foto no momento da localização dos mergulhadores  1°/7° GAVEra junho de 1998. Empolgados com as belezas naturais de Fernando de Noronha, Maurício de Oliveira Vilella, Marcelo Claudio Martins Rodrigues e Ronaldo Bastos Fraucine Filho decidiram estender o tempo de mergulho na região. Ao voltarem à superfície, perderam o contato com o barco em que estavam. “Começou, então, o desespero, visto que a corrente predominante não permitiria que nadássemos até a praia. Resolvemos amarrar-nos uns aos outros, para que as ondas não nos separassem e passamos a conversar, uma vez que só restava esperar”, explicaram os mergulhadores quando chegaram ao porto do arquipélago, após o resgate.

A Marinha do Brasil calculou a posição estimada dos mergulhadores por meio de informações da correnteza marítima na área em que mergulhavam. O Esquadrão Orungan, que à época operava o P-95 Bandeirulha, foi acionado. “Encontrar uma pessoa boiando no mar, apenas por meios visuais, a olho nu, era a maior dificuldade, e só poderia ser realizada à luz do dia”, explica o então comandante da aeronave acionada para a missão, Coronel Alcides Barbosa Junior, na época no posto de Capitão.

Avião P-95 Bandeirulha da FAB  Sgt Johnson Barros / Agência Força AéreaDetalhe verde e amarelo

Ao avistarem o P-95, os mergulhadores começaram a acenar na tentativa de serem encontrados pelos militares da FAB. E um detalhe, de cor verde e amarela, fez a diferença. “Pelo menos dois dos mergulhadores usavam nadadeiras coloridas e isso foi decisivo para encontrá-los”, revela o Coronel Barbosa Jr. Assim que foram localizados, um marcador foi lançado para facilitar a visualização e a posição dos mergulhadores foi transmitida à Marinha, que partiu imediatamente para o resgate.

Na época, o pai de um dos mergulhadores escreveu uma carta de agradecimento à FAB. “A eficiência, a dedicação e a solidariedade humana dos envolvidos na operação, bem como a organização da Força Aérea Brasileira fazem com que me ufane de ser brasileiro e tornam-me, como progenitor de Mauricio de Oliveira Vilella, um dos resgatados, eternamente grato”, dizia um trecho do documento.

Tripulação que localizou os mergulhadores  1°/7° GAVDe acordo com o Comandante do P-95, a missão foi inesquecível. “Naquele dia, dois momentos me marcaram para sempre. O primeiro foi exatamente o de visualizar os três juntos boiando com vida. Quando os tripulantes viram os mergulhadores, uma felicidade muito grande tomou conta da aeronave. O segundo foi quando os encontramos no porto de Fernando de Noronha. Conversar com os resgatados foi emocionante. Creio que foi o momento mais gratificante de minha carreira operacional. Devolver aqueles jovens vivos às suas famílias tem um valor inestimável”, ressalta.

Após serem resgatados, os mergulhadores agradeceram aos militares da FAB. “Entendemos, por meio dessa experiência, que a atuação da Força Aérea Brasileira vai muito além da defesa e da manutenção da soberania da Pátria; ela também integra nosso vasto País e assiste a sua população. Busca e resgata”, afirmaram.

Navio da Marinha realiza o resgate  1°/7° GAVBusca e Salvamento sobre o mar

Em coordenação com a Marinha do Brasil, a Aviação de Patrulha da FAB realiza missões de busca e salvamento sobre o mar. Por força de acordos internacionais, o Brasil tem responsabilidade desse tipo de atividade em uma gigantesca faixa de Oceano até o meridiano 10° Oeste. Para se ter uma ideia, o território continental brasileiro tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente. Já sobre o mar, são mais 13,5 milhões de quilômetros quadrados.

Para cobrir essa área, os três esquadrões da Aviação de Patrulha contam com aeronaves P-95 Bandeirulha baseadas em Belém (PA) e Florianópolis (SC), e P-3AM Orion, com sede em Salvador (BA). O P-95 pode realizar voos de sete horas e 30 minutos de duração, enquanto o P-3AM pode permanecer em voo por até 16 horas.

Pátio de aeronaves P-95  Em 2015, já foram realizadas missões reais, como a localização do barco de um aventureiro holandês que estava a mais de 800 km da costa.

Outras unidades da FAB equipadas com aviões, como o SC-105 Amazonas e o C-130 Hércules, além de helicópteros H-1H, H-36 Caracal, H-34 Super Puma e H-60 Black Hawk também participam dessas missões.