Cerca de 60 crianças carentes do projeto Bombeiros Mirins, incentivado pelo Governo Federal em parceria com o Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão, participaram do exercício Tracajá, realizado pelo 1º Esquadrão de Transporte Aéreo, no Maranhão.

Eles voaram em aeronave C-95. Os olhares não escondiam a ansiedade. A vontade dos pequenos bombeirinhos era ver pequena a cidade que, até então, é grande demais para os sonhos e desejos de crianças carentes de apenas 10 anos, moradores de áreas de risco dos subúrbios de Imperatriz.

Lucas Dias da Silva, 10, realizou um feito que ninguém fez em sua família. Foi o primeiro a provar o gosto de voar. No início, olhos marejados e mãos atadas à da mãe, Eliane Souza Silva, de quem só soltou para entrar em forma e se dirigir ao C-98 GrandCaravan, sob o comando de Michel, um bombeiro mirim de 11 anos, responsável pelo grupamento. Antes do embarque, Eliene não escondia o nervosismo e a satisfação de possibilitar ao filho o que muitas crianças em estado de vulnerabilidade nunca tiveram.

“Sinto-me honrada e muito agradecida aos militares da Aeronáutica que, em meio a uma manobra militar, tiveram um gesto de ternura que vai marcar, para sempre, a vida de 60 famílias. Dentre elas, do meu pequeno Lucas, que se sonhava em ser bombeiro, a partir de hoje, é mais um apaixonado pela aviação. Muito obrigado”, disse a mãe do garoto.

As 60 crianças foram divididas em grupos para que todas pudessem sentir o gosto voar. Para o 2º Tenente Aviador Waldinei Carlos da Cruz Barbosa, um dos pilotos que puderam voar com as crianças, ter a chance de poder motivá-las com um simples gesto de 15 minutos é indescritível. “Além de todo o trabalho que é realizado pelo Corpo de Bombeiros, ensinando cidadania, respeito, princípios e educação, poder contribuir com uma experiência diferente, inusitada, que marcará para sempre a vida delas me deixa muito feliz. E mesmo estar num treinamento de guerra e poder realizar sonhos e ajudas humanitárias, papéis muito bem desempenhados pela Força Aérea Brasileira em tempos de paz, reforçam a sensação do dever cumprido, de que estou na carreira certa, ainda mais sabendo que minha farda servirá de inspiração para o futuro do nosso país”, ressalta.

Fazem parte do projeto Bombeiros Mirins crianças dos 10 aos 14 anos com renda familiar inferior a R$ 840, com comprovado aproveitamento e freqüência escolar.

Para o Comandante do 1º ETA, Tenente-Coronel Max, sempre que possível, sua Unidade tentará manter esta parceria com o Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão que, além de levar a cabo uma bela iniciativa, resgatando o futuro de muitas crianças em situação de risco, apóia irrestritamente as missões da Aeronáutica, contribuindo para o sucesso absoluto da Operação Tracajá III. “Mais do que um gesto de cidadania e solidariedade, os voos locais são a retribuição de uma parceria que não mede esforços para servir ao país, seja nas catástrofes afetas à defesa civil, seja na manutenção da soberania do povo brasileiro”, concluiu.