TREINAMENTO

Controladores de Tráfego Aéreo do DECEA participam do Estágio de Adaptação Fisiológica

Durante simulação, militares são submetidos a possíveis adversidades, como despressurização de cabine, necessidade de ejeção e desorientação espacial
Publicada em: 25/04/2019 14:45
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Fonte: Por Myrian Bucharles Aguiar
Edição: Agência Força Aérea, por Tenente Jonathan Jayme - Revisão: Capitão Monteiro

Controladores de Tráfego Aéreo passaram a fazer parte do grupo de militares que participam do Estágio de Adaptação Fisiológica (EAF), ministrado pelo Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto Teixeira (IMAE). Durante o curso, são realizadas simulações com o intuito de representar as diversas condições encontradas em voo, de forma a preparar os aeronavegantes para possíveis adversidades, como a despressurização de cabine, a necessidade de ejeção, a desorientação espacial, dentre outras.

No final de março, quando foi realizada a segunda edição do EAF, 15 militares de unidades subordinadas ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), passaram pelo treinamento.

O estabelecimento de um perfil de EAF direcionado para os controladores nasce do entendimento de que eles são elementos essenciais na prevenção de acidentes aeronáuticos, assim como as próprias tripulações. Segundo o Tenente Médico Gustavo Messias Costa, Chefe da Subdivisão Aeromédica do IMAE, não são poucos os casos registrados em que a percepção de situações de emergência a bordo por parte dos controladores, seguidas de orientações aos pilotos, constituíram-se em importante fator para evitar tragédias.

“O objetivo do EAF para esses profissionais é aumentar o alerta situacional quanto a possíveis alterações fisiológicas da altitude passíveis de serem identificadas por meio das comunicações. Isso possibilita que os controladores transmitam orientações quanto aos procedimentos de emergência a serem realizados pelos tripulantes, para minimizar os efeitos sobre o organismo, evitando, assim, a ocorrência de mais acidentes”, salienta o Tenente Costa.

“Aprendemos a identificar os sintomas da hipóxia [ausência de oxigênio suficiente para manter as funções corporais], o que na prática nos torna mais capazes de perceber, pela comunicação com os pilotos, se eles estão apresentando alguns dos sintomas e, com isso, tentar auxiliá-los de forma rápida e eficaz”, fala o Tenente Allan Cristiano Rodrigues da Silva, especialista em Controle de Tráfego Aéreo do efetivo do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV).

Teoria e prática

O estágio aplica aulas teóricas que abordam a fisiologia do corpo humano, com ênfase nos sistemas mais afetados durante o voo em elevadas altitudes, bem como seus possíveis efeitos colaterais no corpo humano. Já no treinamento prático, os militares experimentam os efeitos decorrentes do voo, por meio de situações simuladas em equipamentos, nos diversos laboratórios do IMAE. “O treinamento envolve a experimentação dos efeitos da hipóxia, da baixa pressão induzida pela altitude e da descompressão rápida de cabine, por meio de voo simulado em câmara hipobárica [aparelho que simula as condições de altitude], o estímulo à desorientação espacial e a adaptação à visão noturna”, completa o Tenente Costa.

Esse tipo de treinamento é realizado no Brasil desde 1951, quando foi instalada a primeira câmara hipobárica do país, no Campo dos Afonsos (RJ), e vem sendo aperfeiçoado com o decorrer dos anos. Hoje, o EAF possui cinco perfis diferentes, cada um direcionado para o tipo de missão executada por seu público-alvo: Caça, Transporte, Helicóptero, Paraquedista e, agora, Controlador de Tráfego Aéreo.

Fotos: IMAE