PODER AEROESPACIAL

Míssil A-Darter conclui testes na África do Sul

Ensaios fizeram lançamentos contra alvos aéreos manobráveis de alta performance; míssil atendeu todos os requisitos
Publicada em: 28/09/2018 16:00
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Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Jonathan Jayme
Edição: Agência Força Aérea - Revisão: Major Alle

O míssil de 5ª geração A-Darter acaba de passar pela fase final de ensaios para sua certificação, o que irá torná-lo pronto para comercialização. Testes decisivos e bem sucedidos foram realizados este mês, na África do Sul, país que desenvolve o projeto em cooperação com o Brasil.

Durante os ensaios, foram feitos lançamentos contra alvos aéreos manobráveis de alta performance, capazes de lançar contramedidas eletrônicas (flares), que são mecanismos utilizados para despistar o míssil caçador. Os perfis de lançamento simularam situações reais de voo de combate visual.

O sistema A-Darter ar-ar possui as capacidades de identificar, de forma autônoma, um alvo após o lançamento (LOAL, do inglês Lock On After Launch); de contra-contramedidas eletrônicas (capaz de identificar e negar flares); de longo alcance para esta categoria de míssil (8 a 12 km); e de identificação de alvo e lançamento com sucesso até uma posição relativa de 90 graus. Todos os lançamentos demonstraram a conformidade do produto com os seus requisitos.

Uma das fases de destaque dos ensaios foi a segunda investida. Após um cruzamento frente a frente, o alvo manobrou para cima do caçador no instante em que foi efetuado o lançamento, praticamente a uma posição relativa de 90 graus entre os dois. O A-Darter curvou para cima do alvo, de maneira autônoma, para um ponto futuro, até readquirir o lock com o objetivo. Para realizar tal manobra, o míssil foi submetido a mais de 50 vezes a força da gravidade, provocando uma mudança na sua direção em aproximadamente 180 graus em relação à proa original.

Nos demais lançamentos foram colocadas situações em que o alvo, além de manobrar, lançava flares e os resultados também se apresentaram conforme esperados.

As campanhas de ensaios e certificação foram realizadas pela equipe de desenvolvimento do projeto, composta por membros da indústria Denel Dynamics; da Armaments Corporation of South Africa (ARMSCOR), empresa pública ligada ao departamento de Defesa da África do Sul; da Força Aérea Sul-Africana; e da Força Aérea Brasileira (FAB). Os voos aconteceram em Overberg Test Range, um campo de provas sul-africano localizado na região sudeste da África do Sul, litoral do Oceano Índico.

Fomento

A gerência do projeto no Brasil está a cargo da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC). Logo após a certificação, a unidade prevê a aquisição para a FAB de um lote inicial do míssil dentro do Programa FX-2. O próximo passo é trabalhar no fomento da indústria nacional, a fim de manter o capital intelectual adquirido nesses 12 anos de projeto.

O Presidente da COPAC, Brigadeiro Márcio Bruno Bonotto, avalia que o maior ganho com o A-Darter é o desenvolvimento e o fomento à indústria nacional de defesa. "Durante esses 12 anos de parceria com a África do Sul, nós aprendemos muito com transferência de tecnologia efetiva, não somente nas soluções tecnológicas para diversos tipos de problemas, que já enfrentávamos na ocasião do desenvolvimento de outros mísseis, como também na confecção correta e objetiva de requisitos para futuros armamentos e também na forma crítica que hoje somos capazes de analisar ofertas de outros fabricantes", diz. "Absorvemos o conhecimento das potencialidades e limitações do míssil com acesso e participação plena em seu desenvolvimento, sem ressalvas", completa.

Desafio

De acordo com o Brigadeiro Bonotto, o maior desafio foi a obtenção de recursos para a consecução do projeto. "Destaco aqui a relevante parceria do COMAER [Comando da Aeronáutica] com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, por meio da FINEP [Financiadora de Inovação e Pesquisa], a qual foi fundamental para a conclusão e o sucesso da fase de desenvolvimento do Projeto A-Darter", pontua.

O Presidente da COPAC defende que a viabilidade para o projeto se transformar em produto de defesa, com carga de trabalho para a indústria nacional, e principalmente para a manutenção do capital humano de elevada competência técnica no Brasil, depende de vendas a terceiros e aplicação da sistemática de redução dos impostos para incentivo à exportação e à indústria de defesa.

Fotos: Denel Dynamics