ORDEM DO DIA

Aviação de Busca e Salvamento

Dia da Aviação de Busca e Salvamento
Publicada em: 26/06/2017 00:00
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Fonte: COMPREP

Qual o valor de uma vida?

Até que ponto pode chegar a esperança de uma pessoa que anseia por reencontrar um familiar após uma situação inesperada, um acidente aeronáutico ou um naufrágio? Seria possível medir tais valores?

É com esses sentimentos, de difícil compreensão ou tradução em palavras, que os homens e mulheres da Busca e Salvamento se impelem a dedicar suas vidas em prol de outras, a subordinar seus interesses pessoais e seu bem-estar para que outros possam retornar aos seus lares.

A despeito da imprevisibilidade, da meteorologia e da situação, é com esse espírito que decolam os militares da Aviação de Busca e Salvamento, quando uma missão SAR é acionada. "Por uma vida a ordem é lutar"!

Considera-se que a história da Busca e Salvamento tem como raiz os sentimentos de solidariedade e humanidade de pessoas que procuravam ajudar seus pares em situações de perigo. Foi na II Guerra Mundial, quando o resgate de tripulantes ingleses abatidos em combate revelou extraordinário êxito ao diminuir as perdas humanas, que o moderno Serviço de Busca e Salvamento teve sua origem.

Na Força Aérea Brasileira, a atividade de Busca e Salvamento teve seu início com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941. Naquela época, as missões eram realizadas por abnegados militares que, voluntariamente, engajavam-se para procurar e resgatar tripulantes de aeronaves acidentadas.

A organização do Serviço de Busca e Salvamento ganhou celeridade a partir do final de 1947, frente às dificuldades enfrentadas nas buscas de uma aeronave da FAB que caiu, no município de Porto de Moz, no Pará. Três anos depois, uma aeronave Catalina, o PBY5-A-6516, foi destacada para o emprego exclusivo da atividade SAR na FAB, coordenada pela Comissão Organizadora do Serviço de Busca e Salvamento da Primeira Zona Aérea. A partir de então, organizado e estruturado, o Serviço iniciou um período de evolução permanente.

Foi a tragédia do C-47 FAB 2068, entretanto, que foi consagrada na história como a maior e mais vultosa operação de Busca e Salvamento da aviação brasileira. Não há como narrar os fatos ocorridos, a partir do dia 16 de junho de 1967, sem entoar as palavras heroísmo e altruísmo, que marcaram tanto salvadores, quanto resgatados.

Há exatos 50 anos, no dia 26 de junho de 1967, o avistamento do Suboficial Valin, a bordo do Albatroz FAB 6539 do 2° Esquadrão do 10° Grupo de Aviação, fez ecoar na eternidade a frase do Tenente Velly, que até hoje norteia a mente dos guerreiros da Busca e Salvamento: "Eu sabia que vocês viriam!".

Esse dramático momento da Aviação Brasileira marcou, ainda, o início da operação dos helicópteros H-1H no Brasil, o Sapão ou simplesmente Hagazão, é considerado a espinha dorsal da Aviação de Busca e Salvamento da FAB, chegando ao quinquagésimo ano de operação com mais de 700 mil horas voadas, em 76 aeronaves.

Ao longo dessas cinco décadas, além dos lendários H-1H, outros vetores, com suas respectivas equipagens realizaram, diuturnamente, Ações de Busca e Salvamento: C-130 Hércules, SC-105 Amazonas, P-95M Bandeirulha, P-3AM Orion, H-60 Black Hawk, H-50 Esquilo e H-36 Caracal. Além disso, foram desenvolvidas novas técnicas de Resgate em Combate, de Busca Eletrônica e de utilização dos óculos de visão noturna.

Especialmente hoje, celebra-se o recebimento do novo SC-105 Amazonas SAR, o FAB 6550, dotado de comunicação satelital, radar de abertura sintética e sistemas eletro-ópticos de alta resolução, ferramentas que expande as possibilidades do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico e amplia sua capacidade, passando-a ao patamar da busca eletrônica.

Importante ressaltar que o sucesso das missões realizadas ao longo da História somente foi possível pelo comprometimento de homens e mulheres das Equipes de Resgate e tripulantes dos Esquadrões de Busca e Salvamento, Patrulha, Asas Rotativas, Transporte e Reconhecimento, que trabalham em perfeita harmonia, além da primordial e indispensável participação dos elos de Busca e Salvamento do DECEA.

Atualmente, o Comando da Aeronáutica vem passando por um audacioso processo de reestruturação calcado na “Concepção Estratégica Força Aérea 100”, que visa, basicamente, a concentração de atividades fins, a redução dos níveis organizacionais e a diminuição do custeio das atividades-meio.

Nessa Concepção, a responsabilidade das atividades de preparo da Força recai sobre o Comando de Preparo (COMPREP), o qual busca uma maior eficiência na capacitação dos Meios de Busca e Salvamento, por intermédio do treinamento e avaliação de desempenho, delineados mediante a criteriosa análise de cenários. Nesse ínterim, serão revisados todos os processos de formação, como cursos teóricos e programas de formação e manutenção operacional. Os Exercícios Operacionais também serão melhorados, para que se aproximem ao máximo do cenário real de atuação e possam gerar conhecimento doutrinário duradouro nos Esquadrões Aéreos e Alas.

O emprego dos meios, por sua vez, a cargo do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), é realizado de forma assegurar a pronta-resposta e maior eficiência no cumprimento de missões reais da Ação de Busca e Salvamento.

Os desafios encontrados no cenário atual e na reestruturação da FAB não são fáceis de superar, contudo "Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer."

Honrando o legado dos nossos antecessores, que brava e heroicamente conduziram tão alto a Bandeira do SAR, a exemplo daquele memorável 26 de junho de 1967, as novas gerações conduzirão as modernas tecnologias em momentos igualmente desafiadores, garantindo o cumprimento da sua missão e da missão da Força Aérea Brasileira com eficácia e precisão.

Senhores e senhoras, coragem e perseverança! Lembram-se da legenda mestra que carrega o propósito do SAR...
... para que outros possam viver!

Brasília, 26 de junho de 2017,
Ten Brig do Ar ANTONIO CARLOS EGITO DO AMARAL
Comandante do COMPREP

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