KAPPOFF

Conheça como os futuros pilotos de helicóptero da FAB treinam resgate na água

Técnica inglesa faz parte do curso de especialização realizado no Esquadrão Gavião, no Rio Grande do Norte
Publicada em: 25/08/2015 09:01
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Fonte: Agência Força Aérea

  Vinte e um futuros pilotos de helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) treinaram, entre os dias 10 e 19 de agosto, o resgate de vítimas no mar de Natal (RN). O nome da instrução e da técnica é Kappoff, uma suposta referência ao som da queda de objetos na água. O treinamento foi realizado pela unidade que forma os pilotos de helicóptero: Esquadrão Gavião (1º/11º GAV).

O Kapoff consiste em resgatar pessoas na água, onde não é possível pousar, por isso a necessidade de emprego de helicópteros. A técnica é de origem inglesa e foi inserida na FAB na década de 80. No treinamento, cada estagiário faz cinco missões de resgate: na terra, no lago e, finalmente, no mar.

De acordo com o Comandante do Esquadrão Gavião,Tenente-Coronel Jair Novais Almeida, a grande dificuldade da missão na água é manter o pairado, porque o piloto fica sem referência espacial. É preciso gerenciar esse risco que estará sempre presente, além do vento forte. “Para se localizar, o piloto usa o fumígeno: cilindro metálico carregado de um composto químico que, lançado na água, emite fumaça com duração de 25 a 58 minutos”, explica.  

Em uma missão real de salvamento, há três profissionais no helicóptero: piloto, operador de equipamento e homem de resgate. O piloto conduz a aeronave e a mantém pairada no ar. O operador de equipamento comanda o guincho de içamento. O homem de resgate desce no guincho e prepara a vítima. 

Se estiver consciente, a vítima é envolvida por um colete (alça de içamento). Se estiver inconsciente ou se ocorreu ejeção, a vítima será içada em maca. No treinamento, a única diferença na equipe será a presença do instrutor de voo e das vítimas simuladas. Um bote com mergulhadores fica no local do treinamento à disposição para atuar em caso de emergência.

Os futuros pilotos têm quase 100% de chances de atuar em missões de resgate desse tipo: dos seis esquadrões de helicóptero da FAB, apenas um não faz busca e salvamento. É o 2º/8º GAV, conhecido como Esquadrão Poti, sediado em Porto Velho (RO), que tem a função de executar missões de ataque e defesa aérea, entre outras. 

Natural de Fortaleza (CE), o Aspirante Charles Ângelo sonhava ser piloto de helicóptero e atuar em missões de busca e salvamento desde a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Durante o Kapoff, ele pôde perceber o quanto a vítima que precisa de socorro depende dos comandos do piloto, o qual gerencia os riscos e faz a missão acontecer. “Resgatar uma vítima em situação real vai representar a realização de um sonho”, compartilha.

Como os aspirantes se tornam pilotos de helicóptero

O Esquadrão Gavião (1º/11º GAV), que fica em Natal, é responsável pela preparação dos novos pilotos de helicóptero da FAB. Depois de se formarem na Academia da Força Aérea (AFA) e fazer o curso de Tática Aérea, os aspirantes que escolhem pilotar helicóptero fazem o Curso de Especialização Operacional em Asas Rotativas na aeronave H-50 Esquilo.

O curso tem a duraçã  o de oito meses, abril a novembro. A parte básica dura três meses e permite a adaptação diurna e noturna na aeronave. Na parte avançada, os alunos aprendem a operar em área restrita, voar por instrumento, fazer resgate, transportar carga externa. Rapel (para infiltração em clareira) e McGuire (para sair da área dependurado), campanha de emprego armado no estande de tiro, formatura tática (usada em missão de ataque ou resgate em combate, como objetivo de entrar em regiões hostis) são instruções que complementam o treinamento.

Entre instruções básicas e avançadas, os alunos fazem três cursos teóricos complementares: estágio básico de busca e salvamento, curso de socorro pré-hospitalar militar, curso de emprego de helicóptero em combate. Pela primeira vez em 48 anos, os pilotos vão ter acesso ao simulador de voo em São Paulo. Ao todo, 30 instrutores do Esquadrão participam da formação dos aspirantes alunos.

No curso todo ocorrerão 1.950 missões, cada aluno voando um total de 95 horas. A conclusão do curso será com a operação Gavião Real: missão de ataque, escolta e resgate em combate.

Assista ao vídeo e conheça a Aviação de Asas Rotativas da FAB: