PARA-SAR 50 ANOS
Quem são os pastores?
O militar que atinge o grau máximo na progressão operacional do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), o Para-Sar, recebe o título de “Pastor”. Nesta sexta-feira (29/11), cinco integrantes receberam a faca operacional, símbolo de honra dos pastores, durante a solenidade militar que celebra os 50 anos da unidade considerada a tropa de elite da Força Aérea Brasileira.
Ao longo de meio século, 183 homens conquistaram esse título. A foto e o número sequencial único de cada um estão expostos na galeria dos pastores dentro da unidade.
O auge da progressão operacional é atingido após o militar concluir os sete cursos obrigatórios. O primeiro é o paraquedista básico, que pode ser realizado na FAB ou no Exército. Depois, o de salto livre militar. “Para ter utilidade no Para-Sar, o militar precisa fazer o curso de busca e resgate. Ser paraquedista não basta”, explica o Chefe de Operações do Para-Sar, Capitão Wanderson Menezes dos Santos.
Por isso, é fundamental o militar realizar o curso SAR (sigla inglês para busca e salvamento). São 89 dias em ambientes de água, montanha e selva aprendendo técnicas de socorro pré-hospitalar, acesso a aeronaves, técnicas de busca e para chegar a locais inóspitos e de difícil acesso. Eles também aprendem a realizar rapel, macguire (o resgateiro e a vítima ficam presos na corda do lado de fora do helicóptero), hello casting (método de abandonar a aeronave na água ) para retirar vítimas com maca por meio de içamento, ou fast rope (descida rápida do helicóptero usando corda). Nesta etapa, o militar também aprende técnicas de resgate em combate, chamado de C-SAR.
Voltado para ações de operações especiais, o curso de paracomandos prepara o militar para atuar em situações complexas, principalmente em casos de infiltração atrás de linhas inimigas, dentro de um cenário de combate. Normalmente, menos de 50% conseguem concluir o curso de três meses.
Os militares pastores também fazem curso de mestre de salto precursor e mestre de salto livre. No primeiro é qualificado para o lançamento aeroterrestre a bordo de aeronave. No segundo, é capacitado a planejar, coordenar e comandar lançamentos de paraquedistas em saltos operacionais. Além disso, se especializam em mergulho autônomo. Em um mês, o resgateiro aprende a realizar busca subaquática, salvamento, orientação noturna no mar e reflutuação de aeronaves submersas.
Depois de concluir todas essas etapas o tempo varia de acordo com a disponibilidade dos cursos, o profissional conquista a qualificação de paraquedistas operacional especializado em operações especiais. Na avaliação do chefe operacional, o profissional Pastor é altamente qualificado. “É um cara completo em termos operacionais. Um homem com estas capacidades pode trabalhar em qualquer terreno e é muito valioso para a instituição”, explica o Capitão.
Novos pastores - Um dos cinco novos pastores é o Sargento José Eduardo Ferreira Torres. Ele recebeu a faca operacional da esposa, Luciane Cristina Costa Torres, e das filhas. "Sentimos muito orgulho do que ele faz para a sociedade, de poder ajudar os outros", afirma Luciane.
Outros nove militares e civis foram agraciados com o título de "Pastores Honorários" pelos serviços de apoio prestado à unidade e à FAB. Um deles é o Sargento Francisco Cândido da Silva Junior. Integrante há 16 anos do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (BOPE), o militar iniciou a carreira como soldado na Base Aérea de Santa Cruz.. Mais tarde, ingressou para o Para-Sar, onde trabalhou entre 1993 e 1995. Quando saiu, buscou uma nova unidade de elite. "As minhas raízes e parte da minha vida estão aqui", explica.
Origem – O título de Pastor é uma referência ao cão da raça pastor alemão. De acordo com a tradição, espera-se que o detentor deste nome seja amigo, leal, vigilante e, se necessário, agressivo. O idealizador foi o Coronel Roberto dos Guaranys, um dos pioneiros e que comandou o Para-Sar entre 77 e 81.