A Força Aérea Brasileira presta homenagem a todos os integrantes da Aviação de Reconhecimento.
Dos audaciosos balões usados na Guerra do Paraguai, em 1867, em que os olhos eram os únicos sensores, o reconhecimento aéreo evoluiu para as câmeras fotográficas, cujos longos anos de utilização serviram de base para o desenvolvimento de toda uma doutrina de reconhecimento.
Na Força Aérea Brasileira, a história da Aviação de Reconhecimento deu os seus primeiros passos com algumas ações que descortinavam a possibilidade do emprego dos North American T-6 em missões de Ataque. Em 1956, a Esquadrilha de Adestramento da Base Aérea de Natal (BANT) armou oito aviões North American T-6 com uma metralhadora, quatro suportes para bombas e lançadores de foguetes.
Com o objetivo de atualizar as aeronaves nas Unidades de Combate, uma solução plausível e econômica, à época, foi o aproveitamento dos aviões T-6 para eventuais missões operacionais. Assim, os T-6 foram transformados em TF-6, recebendo pintura camuflada, equipamentos de comunicações mais completos e armamento.
Nesse contexto, em 1965, as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque (ERA) foram criadas e empenhadas em uma enorme gama de atividades, cumprindo um vasto programa de instrução, além de executar missões operacionais reais, como repressão a contrabando, patrulhamento de fronteiras, reconhecimento foto e visual, bombardeamento de plantações de drogas ilícitas e outras inúmeras ações de menor vulto.
Com o desenvolvimento da Aeronáutica, as Esquadrilhas evoluíram para os Esquadrões de Reconhecimento e Ataque. Diante das necessidades prementes de defesa interna do País, os Esquadrões foram totalmente reformulados e equipados com aeronaves mais modernas. Assim, esse novo modelo de Esquadrão passou a ser denominado Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (EMRA), com condições de atuar em diversas modalidades de emprego.
Atualmente, os Esquadrões da Aviação de Reconhecimento utilizam sensores de última geração, cujas características possibilitam o reconhecimento de alvos em profundidade, não se limitando ao reconhecimento de imagens. A captação de sinais do espectro eletromagnético, com o uso de equipamentos de alta tecnologia, é outra vertente do reconhecimento. As plataformas utilizadas possuem sensores digitais eletro-óptico e infravermelho (IR) com capacidade de análise diurna e noturna, além de radares de abertura sintética, que permitem realizar o reconhecimento mesmo havendo cobertura de nuvens entre a aeronave e o alvo.
Nesse cenário, a Aviação de Reconhecimento se adequou à tendência da guerra moderna com a utilização de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), que também são empregadas na vigilância do espaço aéreo brasileiro.
Em 2017, com a Reestruturação Operacional da FAB, surgiu um novo conceito doutrinário: o IVR – aplicação integrada da Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, tanto no período de normalidade, quanto em situações de conflito regular e irregular. As aeronaves E-99 são empregadas, cotidianamente, em missões de Controle e Alarme em Voo. Enquanto os R-99, os RA-1 e as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) RQ-450 e RQ-900 realizam diversas missões de Reconhecimento Aéreo. As ARP também se destacam nas atividades de vigilância, principalmente em Operações conjuntas.
Visando à melhoria do radar e implantação de novos sistemas de Comando e Controle, atualmente, a aeronave E-99 passa por processo de modernização, gerenciado pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC).
Como atividade complementar aos produtos gerados pela Aviação de Reconhecimento, imagens de satélites são utilizadas para Sensoriamento Remoto. O Satélite EROS-B, israelense, é controlado pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), por meio do Centro de Operações Espaciais (COPE), em conjunto com a empresa IMAGESAT, para aquisição de imagens pancromáticas (tons de cinza). Já a Constelação de Satélites ICEYE, finlandesa, é controlada pelo COPE em conjunto com a empresa ICEYE, para aquisição de imagens SAR (imagens geradas por RADAR).
O levantamento minucioso de dados de inteligência e o monitoramento de áreas de interesse são algumas das atividades realizadas pela Aviação de Reconhecimento da Força Aérea Brasileira (FAB), que comemora sua data em 24 de junho. A bordo de aeronaves com sensores e radares de tecnologia de ponta, os Esquadrões Poker (1º/10º GAV), Hórus (1º/12º GAV), Carcará (1º/6º GAV) e Guardião (2º/6º GAV), situados estrategicamente em Santa Maria (RS) e Anápolis (GO), são os olhos da FAB que, do alto, compartilham o desafio de detectar ameaças, assim como proteger e integrar o território nacional.
No contexto nacional, a Aviação de Reconhecimento se divide em dois grandes grupos de ações que contribuem para o cumprimento da missão da FAB: as que auxiliam na manutenção da soberania do espaço aéreo e as que colaboram para a integração do território nacional.
Para a manutenção da soberania do espaço aéreo, a atividade precípua da Aviação de Reconhecimento é gerar produtos de inteligência para auxiliar na tomada de decisão, seja a nível tático e operacional, em curto prazo; ou estratégico e político, em médio e longo prazo.
Quanto à integração do território nacional, o Reconhecimento contribui com imagens que são utilizadas em situações diversas, como monitoramento e análise de: invasão de fronteiras, crescimento de cidades, modelo digital de superfície, cursos dos rios, queimadas, desmatamentos, pistas clandestinas, garimpos, entre outros.
Há, ainda, a vigilância aérea, de fundamental importância para eventos como Jogos Olímpicos, Copa do Mundo e demais Operações Interagências, como as de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e muitas outras de vulto nacional.
Confira, no vídeo abaixo, o uso dos VANTs da FAB durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos realizados no Rio de Janeiro em 2016. Mais de 50 militares do Esquadrão Hórus (1°/12° GAV), sediado na Ala 4 – Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, operaram aeronaves remotamente pilotadas (ARP) durante as competições esportivas.
Veja a localização dos Esquadrões no Brasil.
Hino da Aviação de Reconhecimento Aviação de reconhecimento Da Pátria, os olhos, na guerra e na paz És a primeira, como trincheira, Contra o furor do inimigo sagaz Quando o bem Põe-se em luta contra o mal E o sangue ferve a mente patriota As forças armadas de ar, terra e mar Urgem dados aos planos a traçar E aos céus guerreiros alados Leva a voz da premência a clamar Com bravura sem temor, desprendimento Aos mistérios e perigos aclarar Aviação de reconhecimento Da Pátria, os olhos, na guerra e na paz És a primeira, como trincheira, Contra o furor do inimigo sagaz No roncar da primeira decolagem, Deposita-se a esperança da vitória Depende da volta das “aves de ferro” A defesa, o triunfo e a glória Em ação no teatro da guerra De caráter assaz importante Nem à morte, à defesa tem direito Vale aqui o patriotismo estuante Aviação de reconhecimento! Da Pátria, os olhos, na guerra e na paz