A campanha Julho Verde, lançada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), chama a atenção para a prevenção do câncer de cabeça e pescoço, responsável por cerca de 10 mil mortes a cada ano no país - o quinto mais incidente no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres. 

A ação foi iniciada em 2016, pela SBCCP e pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), que centraliza a parte do controle oncológico no país, e acabou sendo um dos grandes propagadores da prevenção.

Especialistas e entidades médicas querem conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. "Isso é o mais urgente, principalmente porque o medo do novo coronavírus levou muitas pessoas a pararem de fazer a prevenção", comenta o Tenente Médico Bruno Albuquerque do Hospital Central da Aeronáutica (HCA). A Seção, que é credenciada pela SBCCP, completou no último ano, 40 anos de sua fundação, sendo no momento a referência da Força Aérea Brasileira (FAB) no diagnóstico e tratamento dos tumores malignos e benignos que acometem a região da cabeça e pescoço.

O INCA estima que, no total, devam ser diagnosticados 685 mil novos casos de câncer no Brasil no triênio 2020-2022, incluindo todas as áreas da doença. O câncer de cabeça e pescoço representa de 8% a 10% do total, e abrangem principalmente a cavidade oral: língua e boca, laringe, faringe, seios paranasais, cavidade nasal, glândulas salivares, ossos da face, tireoide e pele cérvico-facial.

O principal tipo de câncer nos homens é o de boca e, nas mulheres, o de tireoide. Para o câncer de boca, o principal é evitar o tabagismo e o etilismo, que somados, são fatores aumentam em mais de 30 vezes a chance de incidência de câncer na cavidade oral. Já no câncer de tireoide, é importante ser avaliado qualquer nódulo ou irregularidade na região anterior do pescoço, bem como alterações no padrão de voz.

 “A melhor forma de evitar é eliminar o tabagismo e o etilismo e manter uma boa higiene na cavidade oral, evitando também a desnutrição, que é um dos fatores que podem desencadear mutações genéticas e desenvolver o câncer nessa região”, diz o Tenente Albuquerque.

Como a cabeça e pescoço são áreas muito sujeitas à exposição solar, recomenda-se que se evite, ao máximo, a exposição ao sol nos períodos de maior intensidade da radiação, principalmente pessoas com peles mais claras, que acabam tendo peles mais sensíveis para esse tipo de tumor. O uso do protetor solar e a redução da exposição ao sol são medidas muito eficazes.

Dados do INCA revelam que devido ao retardo no diagnóstico, cerca 70% dos pacientes já são diagnosticados em estágio avançado e com isso há redução significativa nas taxas de cura. A CCP do HCA alerta que qualquer lesão na boca e na garganta que dure mais de três semanas merece uma investigação por parte do profissional que trata de saúde bucal. O mesmo ocorre em relação ao surgimento de qualquer caroço no pescoço, que também dure mais de três semanas.

A campanha terá, durante todo o mês de julho, uma série de lives (transmissões ao vivo pela internet), cursos, congressos, simpósios, reuniões, divulgações por panfletos e outras atividades. “O objetivo é orientar não só a população geral, mas os próprios profissionais de saúde a auxiliarem no processo de detecção precoce do câncer de cabeça e pescoço e, até mesmo, atuar na prevenção”, informa o Chefe da CCP do HCA, o Coronel-Médico Eduardo Wanderley Estanislau da Costa.

Fotos: Tenente Balarin, Cabo Lourenço e Soldado Armando / HCA