DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Conheça o trabalho da Força Aérea Brasileira em prol do transporte de órgãos

Recentemente, o Esquadrão Arara realizou o transporte de um fígado de Cacoal (RO) para Rio Branco (AC)
Publicada em: 27/09/2018 00:00
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Fonte: Ala 8, por Tenente Lorena Molter e CGNA
Edição: Agência Força Aérea, por Tenente João Elias - Revisão: Major Alle

Celebrado nesta quinta-feira (27), o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos é uma data marcante também para a Força Aérea Brasileira (FAB), que mantém uma aeronave à disposição para atender aos chamados de transporte de órgãos e cuja contribuição foi reconhecida, em 2018, pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Cardiologia.

Desde a regulação da remoção de órgãos para transplante e autorização do apoio prestado pela FAB nesse tipo de missão, há dois anos, os acionamentos, que ocorrem a qualquer hora do dia e da noite, se intensificaram.

Atualmente, os esquadrões de transporte aéreo contam com tripulações de plantão em Belém (PA), Recife (PE), Galeão (RJ), Guarulhos (SP), Canoas (RS), Brasília (DF) e Manaus (AM), mas nada impede que missões desse tipo também sejam realizadas por outros esquadrões da FAB.

Em setembro, por exemplo, o Esquadrão Arara (1°/9° GAV), sediado na Ala 8 em Manaus (AM), realizou o transporte de um fígado. A tripulação da aeronave C-105 Amazonas se deslocou até o município de Cacoal, localizado no estado de Rondônia, e possibilitou a movimentação do órgão para Rio Branco (AC), onde foi realizado o transplante. O Esquadrão Arara estava na capital do Acre, transportando cerca de três toneladas de baterias de urnas eletrônicas, quando foi acionado para buscar o órgão vital em Cacoal. Toda missão foi acompanhada por uma equipe médica do Hospital das Clínicas de Rio Branco.

Naquela região, sem o apoio aéreo, seria impossível realizar o transporte. Isso porque o órgão precisa ser transplantado em apenas seis horas após a retirada. E a distância aérea entre Cacoal e Rio Branco é de cerca de quatro horas de voo, considerando a ida e a volta.

Um dos pilotos da missão, o Tenente Aviador Adalberto Martins Pereira e Souza falou sobre as peculiaridades de transportar órgãos. “Temos que estar com todos os procedimentos prontos para não perder tempo. Isso exige que os tripulantes estejam treinados. Também contamos com a meteorologia favorável para que tudo ocorra conforme planejado”, explicou.

Outro tripulante, o Tenente Aviador Matheus Protásio do Nascimento descreveu o sentimento de participar desse tipo de voo. “Imaginar que esse órgão vai fazer toda a diferença na vida de uma pessoa é muito gratificante; saber que seu trabalho ajudou uma vida é emocionante”, destacou.

Acionamento

Todo o processo de transporte de órgãos é iniciado quando a Central Nacional de Transplantes (CNT) é informada por alguma central estadual sobre a existência de órgão e tecido em condições clínicas para o transplante. A CNT aciona as companhias aéreas para verificar a disponibilidade logística. Se houver voo compatível, os aviões comerciais recebem o órgão e levam ao destino. Quando não há, a Central contata a FAB, que desloca um ou mais aviões para a captação e transporte do órgão.

Os pedidos chegam à Força Aérea por meio de uma estrutura montada no Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em Brasília (DF). De lá, avalia-se qual esquadrão deve ser acionado. A partir de então, é ativada uma cadeia de eventos até a decolagem da aeronave. É preciso checar as condições de pouso no aeroporto de destino, acionar a tripulação e avisar ao controle de tráfego aéreo que se trata de um transporte de órgãos – tanto no plano de voo, quanto na fonia – pois isso confere prioridade ao avião para procedimentos de pouso e decolagem.

Tráfego Aéreo

O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), unidade do Comando da Aeronáutica responsável por buscar o equilíbrio entre a demanda e a capacidade do fluxo de tráfego aéreo no Brasil tem, desde 2015, uma iniciativa para “Facilitação e Ampliação do Acesso Gratuito ao Transporte Aéreo de Órgãos, Tecidos e Equipes para Transplantes”.

A ação consiste em aumentar a capilaridade na distribuição de órgãos para transplante no Brasil por meio da disponibilização de voos e facilitação de todas as etapas envolvidas no processo de transporte aéreo de órgãos a serem transplantados e conta, inclusive, com um enfermeiro plantonista do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) disponível 24 horas no CGNA para agilizar a logística de distribuição de órgãos.

Quando existe disponibilidade, segundo as normas do SNT, o órgão é oferecido, inicialmente, para um receptor dentro do mesmo estado da federação. Não havendo um receptor compatível, começa a procura por um doador em todo o território nacional.

Nos casos em que existe a necessidade de realizar o transporte aéreo, entra em ação o enfermeiro plantonista do SNT no CGNA. São realizadas gestões necessárias junto aos representantes das empresas aéreas, também presentes no CGNA, que atuam no processo de Tomada de Decisão Colaborativa (CDM, do inglês Collaborative Decision Making).

Os controladores de tráfego aéreo são, então, notificados de que determinada aeronave transporta órgão. Com essa informação, a aeronave terá prioridade em todas as fases do voo, visando diminuir o tempo de chegada no destino final.

Fotos: Arquivo e Esquadrão Arara

Leia a reportagem especial sobre transporte de órgãos na revista Aerovisão.