MISSÃO DE PAZ

Emoção marca despedida de último contingente brasileiro para o Haiti

Forças Armadas encerrarão, este ano, a participação na missão de paz no país caribenho
Publicada em: 02/06/2017 11:14
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Fonte: Ministério da Defesa, por Roberto Cordeiro

As Forças Armadas concluíram ontem (1º) o processo de envio da última tropa do 26º Contingente Brasileiro para o Haiti. Um Boeing 767 da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que fazem parte do total de 970 militares que compõem esse último contingente brasileiro. Em cerimônia marcada pela emoção, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, despediu-se dos militares e levou uma mensagem de esperança a todos eles.

“Vão em paz. Levem a paz e em paz voltem ao solo de seu País. Outras missões esperam o Brasil mundo afora”, afirmou Jungmann.

O ministro iniciou o discurso explicando que os militares brasileiros que atuam em missões de paz, sob a liderança das Nações Unidas, “são sinônimos de respeito”. Segundo ele, historicamente, os integrantes das Forças Armadas deram ao Brasil o reconhecimento mundial como país provedor da paz.

Para os familiares que acompanharam a cerimônia, Jungmann afirmou que a tropa regressará tranquilamente. “Em agosto, estaremos no Haiti para o início do retorno da tropa ao Brasil. Quero dizer aos familiares que todos vão bem e regressarão bem”, destacou.

O comandante Militar do Sudeste (CMSE), General João Camilo Pires de Campos, contou que dos 26 contingentes enviados ao país caribenho, sete foram compostos por militares do CMSE. “Tenho convicção de que a tropa deixará ótima lembrança à população do Haiti”, discursou.

“Historicamente, nos grandes eventos e nas grandes missões, dois contingentes são marcados pelo êxito: o primeiro e o último. Por isso, temos a certeza do grande êxito desta tropa”, assegurou.

Emoção na despedida

Desde as primeiras horas, cerca de 250 militares esperavam ansiosamente o pouso do Boeing 767, que decolou do Rio de Janeiro transportando parte da tropa. No pátio do aeroporto de Campinas, familiares também se posicionavam para o evento. No meio da manhã, uma pequena garoa insistia em tomar conta da cerimônia. Mas, ninguém queria arredar os pés do lugar.

Terminados os discursos, o local foi tomado por mais emoção. Todos se abraçavam numa bonita despedida, dando a tônica daquele momento inesquecível. E começou a hora do embarque. Lágrimas e acenos, beijos e abraços. Portas cerradas, o avião começou a taxiar. Nos primeiros metros do deslocamento para a decolagem, dois caminhões do Corpo de Bombeiros jorravam jatos de água, num gesto de batismo à aeronave que deixava o solo brasileiro ruma à última missão de paz no Haiti.

Missão de Paz

A missão foi iniciada em 2004, quando o governo brasileiro foi convidado pela ONU para liderar as forças internacionais com o objetivo de prover a paz neste país caribenho.

Nesses 13 anos, mais de 35 mil militares passaram pelo País. Na avaliação do ministro Jungmann, além do começo da operação, quando os militares brasileiros tiveram que entrar em confronto com as milícias haitianas, os dois momentos mais marcantes foram: o terremoto que devastou parte do Haiti, em 2010, e o furacão Mattew, que atingiu diversas regiões no ano passado.

A retirada das tropas do Haiti foi decidida pelo conselho das Nações Unidas. Dentro dos próximos dois dias haverá a substituição dos militares que estão há seis meses naquele país e que retornarão para o Brasil neste final de semana.

Enquanto isso, os componentes dos 26º Contingente Brasileiro começam o retorno para o Brasil em 31 de agosto. A meta é que em 15 de outubro toda tropa já tenha regressado para o Brasil. “Nós iremos a Porto Príncipe recebê-los na cerimônia de partida daquele país”, afirmou Jungmann.

Outras missões

O Brasil já tem convite das Nações Unidas para integrar novas missões de paz. Segundo antecipou o ministro, o próximo desafio das Forças Armadas deverá ser na África. “Uma das possibilidades em análise é a República Centro Africana. Mas esta decisão tem que ser tomada pelo Presidente da República”, disse.

A cerimônia de embarque da tropa foi acompanhada pelo chefe do Estado Maior do Exército (EME), General Fernando Azevedo Silva, pelo chefe de operações Conjuntas do Ministério da Defesa, General César Augusto Nardi de Souza, e oficiais generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Fotos: Tereza Sobreira