LAAD 2017

Governo anuncia linha de crédito para exportação de produtos de defesa

Perspectiva preliminar do BNDES é financiar um volume de U$$ 35 bilhões nos próximos 20 anos
Publicada em: 05/04/2017 10:00
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Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Jussara Peccini

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o ministério da Defesa anunciaram, nesta terça-feira (04/04), uma linha de financiamento para exportação de produtos de defesa. A iniciativa inédita atende as demandas de um setor da economia brasileira atualmente responsável por 3,75% do PIB e que movimenta em torno de U$$ 200 bilhões por ano, além de gerar 30 mil empregos diretos e 130 mil indiretos.

Anúncio de linha de crédito foi durante a Laad, no RJ

“Significa dar competitividade aos produtos de defesa brasileiros em concorrências internacionais. O mercado de venda de produtos de defesa internacional é feito entre países. Não é entre uma empresa e um comprador”, avaliou a presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques.

Com a nova ferramenta, o Brasil passa a oferecer também uma solução financeira que poderá dar mais competitividade e alavancar as exportações da indústria de defesa. Entre as vantagens estão prazos de pagamento mais longos, que podem chegar a 25 anos, e períodos de carência de mais de cinco anos, além de possibilidade de financiar até 100% do valor da compra. A linha também contempla flexibilização de garantia e das taxas.

Apesar de não ter números estabelecidos de taxas e valores da linha de financiamento, pois de acordo com a executiva cada caso será avaliado particularmente, a perspectiva inicial do banco é financiar um volume de U$$ 35 bilhões nos próximos 20 anos. “Vai depender da demanda. Não temos restrição de orçamento”, afirmou.

Autoridades posam para foto em frente a nova aeronave de combate da FABA presidente ressaltou ainda que os produtos de defesa não estão sujeitos às regras da OMC (Organização Mundial do Comércio). São exportações em que é preciso igualar os produtos nacionais com as melhores condições internacionais, por meio da equalização das taxas de juros, para que os equipamentos tenham mais condições de competitividade.

O apoio à exportação de produtos de defesa foi um dos temas debatidos no ano passado durante seminário promovido pela Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica com organismos governamentais. Na ocasião, a arquitetura de financiamento do Gripen NG ao Brasil, em que a Agência de Fomento Sueca financiou o valor total do sistema, foi citada como um modelo a ser seguido.

Linha pode alavancar vendas de KC-390 – O avião cargueiro e reabastecedor militar brasileiro, KC-390, poderá ser o primeiro produto a utilizar a nova linha de financiamento. O potencial de exportação do produto está estimado em U$$ 1,5 bilhão ao ano. A executiva confirmou que a necessidade de ter apoio à exportação do produto foi fundamental para estabelecer essa linha.

O anúncio foi bem recebido pela indústria. Segundo o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, “essa linha [de financiamento] é fundamental”. “Nós iríamos perder oportunidades de venda. Agora nós chegamos ao mercado com as mesmas condições de nossos competidores”, avaliou.

Além do pedido de 28 aeronaves para a Força Aérea Brasileira, a Embraer tem 32 cartas de intenção de compra e está em conversação com mais de dez países que manifestaram interesse no KC-390. O produto foi apresentado em Farnboroungh, no Reino Unido, em 2016 e deve participar nos próximos meses da feira de Le Bourget, na França. As duas feiras estão entre as mais importantes do segmento de aviação.

A entrega dos primeiros cargueiros para a FAB está programada para 2018.

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