AEROVISÃO

Meta: desenvolver o esporte no Brasil

Com o objetivo inicial de promover uma boa colocação do Brasil nos Jogos Mundiais Militares de 2011, o Programa de Atletas de Alto Rendimento cresceu e foi muito além da meta primária
Publicada em: 06/11/2016 08:00
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Fonte: Agência Força Aérea, por Ten Iris Vasconcellos


Sargento Thiago Braz quebrou recordes/ Alexandre Loureiro/Exemplus/COBNo ar: 6,03 metros. Thiago Braz, atleta do salto com vara do País, conquistou o ouro olímpico ao atingir essa marca na Rio 2016. Além de medalhista olímpico, Thiago Braz é sargento da Força Aérea Brasileira. Como ele, 145 atletas do time Brasil são militares, que foram responsáveis pela conquista de 13 das 19 medalhas do País. Dessas, quatro garantidas por militares da Força Aérea.

No Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, desenvolvido pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério do Esporte, os atletas têm direito à renda mensal, 13º salário e locais para treinar em instalações da Aeronáutica, Exército e Marinha. As seleções são feitas por meio de editais públicos que avaliam o currículo esportivo, resultados e posição no ranking. É a profissionalização do esporte.

Profissionalização essa que é fundamental para o desenvolvimento do esporte no Brasil. Só nesse ciclo olímpico, o Programa de Alto Rendimento ajudou na conquista da melhor colocação do Brasil no quadro de medalhas em Jogos Olímpicos com 68% delas. Os atletas militares fizeram parte da maior delegação de todos os tempos e ajudaram a ampliar o quantitativo de brasileiros que ficaram entre os 10 primeiros colocados na competição.

De acordo com o presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, Vice-Almirante Paulo Zuccaro, a meta do programa era classificar 100 atletas militares e, com eles, conquistar 10 medalhas. “Conseguimos superar esses números, ao termos 145 militares integrando o Time Brasil e contribuindo com 68% dos pódios. Um resultado muito superior ao obtido em Londres, 2012”, ressaltou.

O aumento no número de modalidades com medalhistas também foi um destaque. Em Londres, os atletas militares subiram ao pódio somente em duas modalidades: judô e pentatlo moderno. Já na Rio 2016, foram nove modalidades: vôlei de praia, judô, boxe, atletismo, vela, ginástica artística, tiro esportivo, maratona aquática e taekwondo”, complementa ele.

Segundo o Vice-Almirante, o programa está consolidado e o objetivo é que seja um fator indutor do desenvolvimento do esporte competitivo das Forças Armadas, contribuindo para que o Brasil seja um protagonista mundial nos esportes olímpicos e não olímpicos. “O programa ainda está em fase de estudos para o próximo ciclo olímpico, mas deve ser ampliado de olho nos Jogos Mundiais Militares de 2019 e nos Jogos Olímpicos de 2020”, explica.

Novas instalações

Atletas militares em cerimônia após a OlimpíadaTanto a Força Aérea Brasileira, quanto o Exército e a Marinha ganharam Centros de Treinamento com instalações modernas para o treinamento de todos os atletas brasileiros e estrangeiros antes e durantes os Jogos Olímpicos.

Na FAB o Centro de Treinamento possui duas sedes no Rio de Janeiro: uma na Universidade da Força Aérea, nos Afonsos, e outra na Barra. O Centro conta com piscina olímpica e duas pista de atletismo homologadas pelo Comitê Olímpico Internacional, dois ginásios poliesportivos, uma zona de arremesso de peso e três quadras de rugby. O centro possui, ainda, um alojamento com capacidade para 142 pessoas.

Para o salto com vara, por exemplo, a disponibilização de instalações adequadas é um dos maiores benefícios, segundo o Sargento Thiago Braz. “As Forças Armadas têm uma estrutura de pista de saltos que vai influenciar a preparação para as competições. O principal é que agora nós teremos um espaço. Quando eu estiver lá fora e vier para o Brasil, vou poder fazer intercâmbios. Isso vai dar uma boa ajuda”, apontou.

As instalações vão poder ser utilizadas não apenas pelos atletas militares, mas também pelas diversas confederações e clubes do País. Segundo o Comandante da Aeronáutica, agora que passou a Olimpíada, as instalações terão a função de fomentar o esporte no País. “Continuaremos desenvolvendo nossos atletas e teremos condições de fazer acordos com outros órgãos governamentais para envolver as comunidades do entorno dessas novas instalações”, planeja o Tenente-Brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato.

Aumento da competitividade

FAB apoia esportes menos conhecidos, como o tiro com arcoAlém de desenvolver o atleta com auxílio financeiro e instalações, o Programa de Atletas de Alto Rendimento pretende desenvolver as modalidades esportivas. Uma das técnicas do Ministério da Defesa é deixar algumas modalidades esportivas sob chancela de determinada Força. São exemplos a equipe de judô do Brasil, que é da Marinha, e toda a equipe do tiro com arco, que é da Força Aérea.

O sargento Bernardo Oliveira é arqueiro da FAB e do Time Brasil. Ele teve a melhor colocação da equipe na Olimpíada do Rio de Janeiro e explica que o programa proporcionou pela primeira vez, de maneira sólida, a profissionalização de atletas no tiro com arco.

Segundo ele, a consequência é um boom do esporte em todo o Brasil. “As melhores condições e a visibilidade dos Jogos despertaram um interesse maior das pessoas pelo esporte e, com certeza, nós temos que aproveitar essa oportunidade. Quanto mais pessoas praticando, temos maior competitividade, e com mais competitividade, temos uma elevação no nível do esporte em geral”, ressalta.

A Coreia do Sul, por exemplo, é a potência mundial do tiro com arco e possui 1500 arqueiros profissionais. Dessa forma é mais fácil escolher os seis arqueiros que representarão o país na Olimpíada. “É como o Brasil no vôlei ou no futebol. Massa de atletas só beneficia qualquer esporte em qualquer país”, destacou o sargento.

Assim como no caso do tiro com arco, que é um esporte ainda pouco conhecido e praticado no País, as Forças Armadas têm apoiado outras modalidades ainda novas no Brasil, e, portanto, com dificuldade para obtenção de patrocínio, como o badminton e o ciclismo de estrada. Nesses três esportes, essa foi a primeira vez que o País teve representantes na Olimpíada.
 
Identificando talentos

Programa Forças no Esporte facilita a descoberta de talentos“O quanto mais cedo, melhor”. É essa a pressa que o técnico do tiro com arco, Christian Haensell, avisa que devemos ter na transição do atleta de base para o alto rendimento.

As Forças Armadas também têm um programa que ajuda na identificação desses jovens talentos esportivos: o Programa Forças no Esporte (PROFESP), que atende 21 mil crianças em 89 municípios de 28 estados brasileiros. O objetivo é democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte, como fator de formação da cidadania e de melhoria da qualidade de vida, além de promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens.

De acordo com o técnico Christian, o PROFESP é positivo, mas deveria representar acesso maior da criança às diversas modalidades esportivas. “Acho a ideia muito boa, mas não sei se temos crianças sendo direcionadas para o tiro com arco, por exemplo”, explica.

Christian faz, ainda, uma comparação do porque nos Estados Unidos, a maior potência esportiva, os talentos esportivos aparecem mais e como é a relação da sociedade com o esporte naquele país. “O interesse e o apoio nos atletas são culturais e vêm da sociedade como um todo. Lá quase todo mundo pratica esportes. Isso também é bem nítido na Holanda, país do tamanho de Alagoas, se não menor, e com bem mais medalhas que o Brasil”, destaca.

Essa e outras reportagens estão disponíveis na nova edição da revista Aerovisão: