NOTAER

Uma vida transformada pela música

Suboficial começou a estudar música aos 11 anos
Publicada em: 06/02/2016 08:00
Imprimir
Fonte: Agência Força Aérea

  “A música representa tudo em minha vida. Por meio da música pude fazer parte da Força Aérea Brasileira, adquiri estabilidade financeira e construí minha família”. Esse é o sentimento do Suboficial Gilmar da Silva que trabalhou como militar da ativa na  FAB por quase 30 anos e é o autor de canções de sete organizações militares.

Mas sua história não foi fácil. Ele não conheceu o pai e com menos de 30 dias de vida sua mãe faleceu. Aos três meses de idade, foi adotado por uma senhora chamada Maria Augusta, amiga da família que o criou juntamente com seu outro filho. “Na época nós passamos muitas dificuldades, na nossa casa não tinha água encanada, energia elétrica, nem fogão. Mas essa senhora é a minha guerreira, que fez de tudo por mim”, relembra emocionado.

Foi por meio da música que sua vida começou a mudar. Aos 11 anos, quando já moravam em Ceará-Mirim, localizada a 35 km de Natal (RN), seu irmão o levou para fazer parte da escola de música, e ele começou a tocar o primeiro instrumento popularmente conhecido como trompa. Aos 12 anos, foi efetivado como músico na banda de música da cidade. Em 1975, ingressou no Exército Brasileiro, onde foi músico durante quase seis anos e, em 1980, ingressou como sargento músico da FAB.

“Sempre sonhei em pertencer ao quadro de músicos da Força Aérea Brasileira e ter a oportunidade de conhecer as aeronaves, trabalhar também em outros estados, enriquecendo assim meus conhecimentos através das diversas culturas e costumes existentes no nosso País", explica o suboficial.

A primeira unidade em que ele trabalhou foi a Base Aérea de Natal (BANT), que na época era conhecida como Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE). Lá atuou durante mais de 23 anos e tocou diversos instrumentos, como Bombardino, Trompete, Tímpanos e Percussão, sendo posteriormente, mestre da banda de música.

História -
O Capitão Músico Manoel Jerônimo da Silva atualmente é o mestre da Banda de Música da BANT. Ele conhece o Suboficial Gilmar desde 1988, quando os dois eram instrumentistas da banda. “Trabalhar com o Gilmar sempre foi muito bom. Ele tem o dom da música, é uma pessoa que agrega as outras e um ótimo profissional”, ressalta.

Durante sua carreira, o SO Gilmar trabalhou também no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), na Base Aérea de Manaus (BAMN), no Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR), na Base Aérea de Brasília (BABR) e no Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR).

O compositor de várias canções -
Em 1998, quando atuava no VII COMAR, SO Gilmar foi convidado pelo Chefe do Estado-Maior a escrever a canção da unidade. Terminada a composição, a notícia se espalhou para outras organizações que não tinham canções e ele foi recebendo novos convites dos comandantes. Ao todo, fez a letra e a melodia de mais seis organizações: Comando Geral de Operações Aéreas (COMGAR), Terceira Força Aérea (III FAE), Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), Prefeitura de Aeronáutica de Natal (PANT), além do VI COMAR e da Base Aérea de Natal (BANT).

A inspiração para compor vinha da história de cada Organização e de sua importância. “O trabalho em compor foi imenso, entrando pela madrugada sem ter hora para dormir e comer. Ao término de cada canção, a emoção e a felicidade eram indescritíveis. A canção que exigiu mais tempo e trabalho foi a do COMGAR porque eu tive que colocar nos versos as aviações de Caça, Asas Rotativas, Patrulha e Transporte”, explica.

O arranjo musical da maioria das canções foi feito pelo Sargento Músico Lúcio Bezerra de Albuquerque. “Eu tirava elementos da própria melodia e usava a técnica para completar o arranjo. Às vezes, sugeria mudanças na parte melódica, mas as canções já eram muito boas”, explica.

Durante a sua carreira, foi agraciado com as medalhas Bartolomeu de Gusmão, Mérito Santos Dumont e a Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA), em que foi admitido no Corpo de Graduados Efetivos no Grau de Cavalheiro. Em outubro de 2009, ele entrou para a reserva remunerada.

“Sendo a FAB minha paixão, tive facilidade em enfrentar todos os desafios da carreira militar. Sempre procurei cumprir minhas atribuições de forma íntegra e honesta prevalecendo a hierarquia e disciplina. E também procurei melhorar o convívio entre todos para o bom êxito do trabalho. Se fosse para fazer tudo outra vez, eu faria com o maior orgulho”, afirmou.

Mas o trabalho ainda não terminou. Em 2010, ele retornou para a FAB designado para Prestação de Tarefa por Tempo Certo (PTTC). Atualmente, é encarregado do Clube de Oficiais de Aeronáutica de Natal (COFAN) e a música ainda faz parte de sua vida: de vez em quando, ele toca trompete em reuniões na casa de amigos.

Leia esta e outras reportagens na edição de fevereiro do Notaer: