RESTROSPECTIVA 2015

Panorama da Aviação Civil Brasileira mostra 1.695 ocorrências em 10 anos

CENIPA desenvolveu várias atividades para prevenção de incidentes e acidentes aeronáuticos
Publicada em: 27/12/2015 08:00
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Fonte: Agência Força Aérea

  Com a missão de promover a prevenção de ocorrências aeronáuticas, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) realiza todos os anos diversas ações nas áreas de investigação, segurança de voo, cursos, análises de dados, emissão de recomendações, entre outras. O “Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira”, divulgado em 2015 pelo CENIPA, mostra que foram registradas 1.695 ocorrências aeronáuticas em 10 anos (2005 a 2014). Os dados são divididos em acidentes e incidentes graves, que apontam detalhes como categoria, tipo e fase de operação da aeronave, além dos fatores contribuintes nas ocorrências.

A divulgação do relatório faz parte de uma das iniciativas do CENIPA para promover a transparência na aérea de investigação e prevenção de ocorrências aeronáuticas. Em 2015, a unidade aderiu ao sistema de dados abertos, onde o usuário pode pesquisar detalhes das ocorrências aeronáuticas da última década. As informações podem ser utilizadas para gerenciar a prevenção nas empresas aéreas, embasar estudos científicos ou esclarecer as dúvidas dos usuários do transporte aéreo. Para ter acesso aos documentos, basta clicar no link.

Segurança de voo - Na área de segurança de voo, o CENIPA promoveu durante o ano inúmeras ações de norte a sul do País com a realização de seminários, estágios de padronização e simpósios. “As atividades educativas realizadas por meio de seminários, simpósios e reuniões, em todas as regiões do Brasil e focadas nos principais problemas específicos de cada área, têm o objetivo de promover de forma eficaz a cultura de segurança de voo”, explica o Chefe do CENIPA, Brigadeiro do Ar Dilton José Schuck.

Um dos destaques foi o III Encontro de Segurança de Voo para Asas Rotativas, realizado em São Paulo (SP) pelo Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV). O evento reuniu pilotos, mecânicos, engenheiros, inspetores, supervisores, gestores, estudantes, proprietários e empresários da aviação civil para discutir temas relacionados aos fatores contribuintes em acidentes aeronáuticos, envolvendo manutenção e operação, com foco na prevenção de ocorrências.

Segundo dados da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero, voar de helicóptero no Brasil está mais seguro. Entre 2011 e 2014, a frota aumentou de 1.717 para 2.510 aeronaves, enquanto a ocorrência de acidentes caiu de 30 para 20.

Veja na reportagem como foi o III Encontro de Segurança de Voo para Asas Rotativas:

E a queda nas taxas de acidentes aeronáuticos foi registrada não só com os helicópteros, mas na aviação em geral. Segundo dados do CENIPA divulgados em 2015, houve uma redução de 12% no número de acidentes aeronáuticos no Brasil o ano passado. “De todas as atividades realizadas, a mentalidade de segurança difundida em todos os níveis das organizações e a capacitação dos profissionais são fundamentais para a prevenção de acidentes aeronáuticos”, destaca o Brigadeiro Schuck.

A aviação agrícola também foi tema durante o ano. No Rio Grande do Sul, o Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V) realizou o curso de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - Aeroagrícola (CPAA-AG), com duração de duas semanas. Os alunos assistiram a aulas sobre fadiga de voo, sobrecarga autoprovocada, automedicação, combustíveis e lubrificantes, erro humano, perda de controle em voo, reação à mudanças e colisão com solo, entre outros. O objetivo foi provocar mudanças comportamentais nos profissionais que operam nesta atividade.

Risco de Fauna, perigo baloeiro e laser verde – Em 2015, o CENIPA divulgou o relatório de Risco de Fauna registrado no último ano, que apontou mais de 4 mil incidentes envolvendo animais e aeronaves no Brasil. Estima-se que somente uma em cada quatro colisões com fauna no Brasil seja efetivamente reportada. No Brasil, todas as ocorrências envolvendo aeronaves e animais, como colisão, quase colisão e avistamentos, devem ser reportadas ao CENIPA e os casos são tratados como incidentes aeronáuticos. 

Já o perigo de acidentes com balões aumentou 75% no mês de junho, devido ao período de festas juninas. A região sudeste é onde se concentra a maior parte das ocorrências: dentre as notificações registradas neste ano, 88% foram nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Além de a prática ser considerada crime ambiental, passível de multa e detenção, pode trazer sérias consequências à aviação. Se uma aeronave estiver realizando aproximação para pouso a 460 km/h e colidir com um balão que tenha apenas 1kg de cangalha - estrutura onde são colocados os fogos de artifício - o impacto pode gerar uma força capaz de atravessar o para-brisa do avião.

  Outro problema abordado pelo CENIPA e que pode colocar em risco a vida de muitas pessoas é a utilização do laser verde. Até setembro foram registradas mais de 600 ocorrências do tipo. A luz intensa pode ofuscar a visão dos pilotos e contribuir para que ocorram acidentes. Além de perigoso, apontar laser para aviões e helicópteros também se constitui crime. O artigo 261 do Código Penal Brasileiro prevê sanções para quem expor a perigo ou praticar qualquer ato que possa impedir ou dificultar a navegação aérea. Já existe, também, um projeto de lei (PL 3151/12) para punir quem usar de forma indevida as canetas de raio laser.

“Foi possível observar uma constante evolução na estrutura e nos recursos empenhados em prol da segurança de voo. Isso é fruto da crescente conscientização dos gestores da atividade aérea, sejam militares ou civis, fazendo com que o Brasil se mantenha dentro do rol dos países mais respeitados pelos seus padrões de segurança”, avalia o chefe do CENIPA.

CENIPA e sociedade – Em novembro, o CENIPA recebeu jornalistas de diversos veículos de comunicação do País para uma programação especial de palestras e visitas aos laboratórios, durante o I Seminário de Investigação de Acidente Aeronáutico para a Imprensa. O intuito foi aprofundar os conhecimentos desses profissionais de comunicação nos processos relacionados à investigação de acidentes aeronáuticos e, assim, informar melhor a sociedade brasileira, já que os acidentes aeronáuticos geram interesse público.

Veja na reportagem como foi o evento: