DEFESA

Ministro defende projetos estratégicos das Forças Armadas

Os projetos estratégicos não serão interrompidos, assegura Jaques Wagner
Publicada em: 21/05/2015 09:05
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Fonte: Ministério da Defesa

  Jorge Cardoso/MDEm entrevista na quarta-feira (20), na Câmara dos Deputados, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, informou que negociará até o último momento com a Presidência da República melhores condições de contingenciamento do orçamento para a sua Pasta. Wagner explicou que as conversas envolvem também a equipe econômica (Ministérios da Fazenda e Planejamento) e a Casa Civil. O ministro argumentou que o objetivo é que não haja descontinuidade dos programas considerados estratégicos para as Forças Armadas.

Jaques Wagner esteve na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) onde participou de audiência pública sobre as ações da pasta e das Forças Armadas. Durante quase quatro horas, Wagner falou sobre projetos estratégicos, importância militar para o país, salários e orçamento, entre outros temas. Ao deixar o plenário da comissão, o ministro conversou com os jornalistas.

“Os nossos projetos estratégicos não podem sofrer descontinuidade. Podem até sofrer, vamos dizer assim, uma velocidade um pouco menor por conta do que a gente está atravessando, e eu reconheço a necessidade do ajuste. Agora não podemos descontinuar nenhum programa desses que são estratégicos na Defesa, seja da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, porque para você colocar em pé um projeto desse demora, mas para você descontinuar e acabar com ele é rápido”, afirmou.

Por sua vez, o ministro Wagner reconheceu que essa situação não é exclusiva do Brasil. Ele lembrou que recentemente, em viagem oficial à França, conversou com o ministro da Defesa daquele país, Jean-Yves Le Drian, quando recebeu o seguinte comentário do colega: “olha, os projetos nossos, são projetos de 10, 20 anos, então você faz uma decisão, às vezes muda o governo, tem outra compreensão ou você tem um momento de maior perda da economia, então você preserva, sem acelerar”, reproduziu.

Em seguida, o ministro Jaques Wagner emendou: “Então, é esse o trabalho que eu estou fazendo. Eu ainda não tenho conhecimento definitivo dos números. Isso deverá ser passado para cada ministro, entre hoje e amanhã, na sexta-feira (22) vem a público. A partir daí é que nós vamos trabalhar. Mas eu ainda estou trabalhando para defender o orçamento do Ministério da Defesa”.

  Jorge Cardoso/MD A seguir trechos da entrevista do ministro Jaques Wagner:

Repórter – Quais são os projetos que não podem ser descontinuados?

Ministro – Os projetos estratégicos, por exemplo, você tá fazendo um submarino, esse é um programa de 5, 10, 15 anos. Se eu parar e perder toda a mão de obra qualificada, como é que eu retomo isso? A retomada é muito difícil. E quando você tem, por exemplo, um programa aeroespacial, como é que você para a construção de um satélite? Então, esses projetos, eu tenho certeza que a Presidência da República e os ministros responsáveis pelas finanças, têm consciência. Esses projetos não podem ser parados. É diferente de um projeto pontual. Você vai fazer uma, duas, três pontes. Você fez uma, não tem dinheiro para segunda, você não faz. Aquilo não é um projeto que está multiplicado. É um projeto único, de longo curso. Os projetos na área de defesa, a tomada de decisão, muitas vezes levam 6, 7, 8 anos, e a concretização, por exemplo, o projeto do nosso submarino vai até 2025. Então, um subprojeto desse, repito, se eu tenho uma dificuldade, eu posso ter uma repactuação nos contratados para fazer em uma velocidade menor, mas não posso descontinuar porque senão vou perder toda inteligência construída.

Repórter – Sucateamento das Forças Armadas, os baixos salários, como o senhor pretende resolver na sua gestão esses problemas?

Ministro – Essa constatação não é de hoje. O fato é o seguinte. O Brasil é um país que não tem problemas no ponto de vista bélico, propriamente. Então, às vezes, não há uma consciência das pessoas que a 7ª, 8ª economia do mundo, com esse patrimônio natural que nós temos no mar territorial e na Amazônia, precise ter Forças Armadas bem qualificadas. Esse sentimento, que é muito simplório para responder o que corresponde a 7ª economia do mundo, fez com que, ao longo do tempo, fosse deixando muita coisa sucatear. Mas eu posso garantir que hoje estamos num processo de recuperação, seja de qualificação, seja da questão salarial que teve reajuste, inclusive acima de outros segmentos do executivo, seja na questão do equipamento. Se você perguntar para qualquer membro das Forças, seja Marinha, Exército ou Aeronáutica, nenhum deles vai dizer que está satisfeito. E não estão porque tem um horizonte de chegar mais longe, mas todos eles reconhecem que, ninguém sonhava em ter um submarino de propulsão nuclear, ninguém sonhava em ter um caça compartilhado de tecnologia sueca e brasileira. E eles são realidade. Então, o que eu digo é o seguinte, a dor do contingenciamento, pela necessidade de continuar crescendo, não vai impactar no sentindo de interromper isso. Nós estamos em um processo claro de reequipamento das Forças, mas eu insisto, talvez, se fossemos um país que vivêssemos em guerra, eu não precisava explicar para o público ou para Câmara que eu preciso de um orçamento maior. Mas como você é um país que não tem essas ameaças, às vezes as pessoas perguntam “ué, não é melhor investir em educação?”. Eu digo: quem tem o patrimônio que nós temos tem que ter o poder de dissuasão, senão a gente acaba perdendo a capacidade.

Repórter – E com relação ao
s baixos salários?

Ministro – É isso que eu lhe disse. Eles estão sendo recompostos, e eles sabem disso. Nós temos, ao longo dos últimos 13 anos, 12 anos, um aumento médio de 30% acima da inflação, então isso é recomposição salarial, mas é claro, eu digo sempre, a vida inteira e hoje eu vivo de salário. Salário de ministro e de operário que era. Nenhum salário é bom. O salário todo que a gente ganha, a gente quer ganhar melhor e eu acho que é legitimo essa demanda dos militares. Eu estou aqui para trabalhar por ela, pela qualificação deles e pelo reequipamento das Forças.