Programa Social Colibri aprova alunos do ensino fundamental em escolas técnicas e militares
Atender jovens do 9º ano do ensino fundamental em situação de vulnerabilidade social é o diferencial do Programa Socioeducativo Colibri (PROSEC), da Base Aérea dos Afonsos (BAAF), no Rio de Janeiro. O Colibri, como é chamado pelos educadores e alunos, apresenta uma história de sucesso ao aliar o ensino fundamental da rede pública municipal com o preparatório para concursos de instituições como EPCAR, Colégio Naval, CEFET, Colégio Pedro II, entre outras do Rio de Janeiro. Só no ano passado, 54 alunos do total de 120 participantes foram aprovados em concursos públicos de ensino médio.
Os melhores estudantes das escolas municipais do Rio de Janeiro cadastradas no projeto Colibri participam de uma seleção no início do ano. Este ano, 103 escolas de mais de 18 bairros da cidade entre a Zona Norte, a Zona Oeste e a Leopoldina inscreveram seus alunos para as 50 vagas oferecidas. Os aprovados frequentam as aulas no turno da manhã, das segundas às sextas-feiras, e integral, aos sábados. As aulas nas escolas municipais são realizadas no turno da tarde.
Alguns diretores consideram a parceria uma oportunidade para os alunos conquistarem o sonho de ingressar em uma boa escola de ensino médio. Um exemplo é o da Escola Municipal Cândido Campos, de Vila Valqueire, em que a coordenação abriu uma turma no turno da tarde para os cinco alunos que passaram para o projeto e matriculou mais 20 alunos do Colibri que tinham problemas com a distância e o horário das aulas.
“Os diretores querem manter os seus alunos no projeto, já que eles são exemplos para as turmas, eles levantam as notas das turmas em que estão. E todo esforço é válido para que este aluno não perca a oportunidade”, afirmou o coordenador do projeto, Primeiro Tenente Capelão Marcelo da Silva Lessa.
Todo este esforço dos alunos se transforma em resultados concretos. É o caso de Juan Carlos Silva, de 15 anos, morador de um bairro humilde em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro e que sempre estudou em escolas públicas. A rotina era puxada. Juan acordava às 6h15, para chegar na escola às 7h10. Ele contava com a ajuda dos professores para sair mais cedo e não chegar atrasado ao Colibri. Eram dois ônibus todo dia de Bangu até a Base Aérea dos Afonsos. E a rotina não parava por aí. Juan estudava todo dia em casa até às 23h.
Juan foi aprovado nos concursos para a Faetec, Erich Walter Heine, Colégio Pedro II, Cefet e IFRJ (Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro). Entre tantas opções, ele optou pelo curso técnico de Química do IFRJ.
“Eu digo aos outros alunos que estudem, não percam a oportunidade da sua vida. Existem muitas pessoas que queriam ter uma chance da qual vocês dispõem. Corram atrás dos seus sonhos, e acima de tudo, nunca deixe ninguém dizer que você não é capaz. Pois você é capaz sim, só precisa ter força, determinação, dedicação e apoio e, acima de tudo, precisa acreditar em seu potencial”, disse Juan.
Sobre o Colibri
O Programa Socioeducativo Colibri foi criado em 1991, inicialmente como forma de melhorar as notas dos alunos que apresentavam problemas com desempenho escolar. De reforço escolar, o projeto passou a ser um preparatório para concurso voltado para os melhores alunos das escolas municipais interessadas em participar do programa. Cerca de 328 meninos, entre 13 e 15 anos, já passaram pelas cadeiras do Colibri.
Os próprios militares da Base são alguns dos professores do Colibri. O Tenente Marcelo é professor de Redação e Produção de Textos, o Suboficial Pestana, formado em Letras e especializado em Literatura Infanto-Juvenil, fica com as aulas de Português, o Sargento Pontes, formado em Letras, leciona Gramática, o Sargento Alexandre, com mestrado em Ensino da Matemática, dá aulas de Matemática e Física. As professoras de História e de Geografia são voluntárias e trabalham na rede pública municipal.
Um dos critérios de seleção é a obrigatoriedade do estudo. Os alunos precisam estar matriculados em escolas municipais participantes da seleção do projeto. O Colibri, atualmente, só recebe meninos, mas um dos projetos para o futuro é que meninas também possam participar.
As aulas são distribuídas no turno da manhã, das segundas às sextas-feiras e aos sábados. Após o café da manhã, os alunos recebem aulas de ordem unida, conduta e postura militar. O sábado é dedicado aos simulados de acordo com o calendário dos concursos. São oferecidas aos alunos as disciplinas Língua Portuguesa, Redação, Matemática, História, Geografia e Biologia. Há ainda as matérias opcionais, como Música e Canto. O Colibri iniciou, este ano, uma parceria com a Comissão Desportiva da Aeronáutica (CDA). Assim, as aulas de Educação Física serão obrigatórias três vezes por semana.