FAB já enviou a Porto Príncipe mais de 1,5 mil toneladas de suprimentos
Logo após a tragédia que aconteceu no dia 12 de janeiro deste ano, partiram do Centro do Correio Aéreo Nacional (CECAN) cerca de cinco aeronaves por dia com destino ao Haiti. A partir de fevereiro, a média de viagens foi de duas por dia, e, desde o dia 26 de março, é de um voo a cada dois dias. No primeiro trimestre, ocorreram mais de 140 voos. São mais de 1,5 mil toneladas de suprimentos direcionados ao povo haitiano, além do transporte de equipamentos, de militares e de equipes de resgate. O Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB) superou os 20 mil atendimentos.
Ao final do primeiro semestre deste ano, o Comando-Geral de Apoio (COMGAP), por meio do Centro do Correio Aéreo Nacional (CECAN), ambos situados no Rio de Janeiro, atingirá a marca de 2.050 toneladas de suprimentos enviados ao Haiti.
Mesmo quase três meses após a tragédia que destruiu e abalou aquele país, as atividades de ajuda seguem em ritmo forte. Alimentos, medicamentos, água, infraestrutura para hospitais ainda são transportados nesta que é a maior operação de missão humanitária já realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB).
De acordo com o Chefe do CECAN, o Coronel Aviador Mozart de Oliveira Farias, aproximadamente 25 militares participam de cada uma dessas operações de carregamento. “Os aviões, além desses suprimentos, também levam ajuda médica e voluntários com o objetivo de ajudar aqueles que foram atingidos pela tragédia”, diz ele. Nessa missão Haiti, são utilizadas aeronaves C-130 Hércules e Boeing KC-137, em função da alta capacidade de carga que disponibilizam. O material transportado é previamente selecionado pelo Ministério da Defesa (MD).
SEM INTERVALOS
O trabalho do CECAN no Haiti começou ainda antes do terremoto que estremeceu o país. Àquele tempo, o Centro de Correio Aéreo Nacional já coordenava o embarque de militares da missão de paz realizada pelo Brasil. Mas, a partir da tragédia, os esforços foram mais intensos e direcionados. Nos primeiros momentos que sucederam ao tremor, o trabalho ocorreu sem intervalos, 24 horas por dia, exigindo toda a força dos militares que trabalham no Centro.
A missão do CECAN não consiste em apenas coordenar o transporte de suprimentos àquele povo haitiano. Mas transportar, sobretudo, esperança para uma nação que, em vários sentidos, foi ao chão. Por meio dos aviões carregados pelo CECAN, os haitianos receberam uma dose de entusiasmo para recomeçar. Essa é a avaliação do Capitão Especialista em Suprimento Técnico Rubem Teixeira e do Suboficial Reinaldo da Silva Meirelles, que são do Centro do Correio Aéreo Nacional e sobreviveram ao tremor em terras haitianas.
MAIS HUMANO
A história desses dois militares no Haiti começa no dia 10 de janeiro de 2010. Ao serem escalados para trabalhos operacionais naquele país, nem imaginavam os difíceis momentos pelos quais passariam. Enfrentaram o terremoto que devastou o país, e sobreviveram. Na verdade, fizeram mais: usaram seus anos de FAB para dar um alento à vida daquele sofrido povo.
É exatamente isso que afirma o Capitão Rubem Teixeira, que guarda em sua trajetória 23 anos de carreira militar, sendo 12 na área logística. “Após essa experiência, voltei mais humano. Não tenho dúvidas sobre isso. É impossível ficar indiferente a uma situação como a do Haiti. O trabalho que realizamos é recompensador, pois não há nada tão bom como poder ajudar aos outros. E isso é algo que a nossa profissão permite”, emociona-se o capitão, que é integrante do CECAN.
SALDO POSITIVO
Após o acontecimento, o CECAN, em caráter emergencial, transmitiu ordem para que ele e o Suboficial Meirelles permanecessem no Haiti para coordenar a chegada das aeronaves de ajuda. Eles iniciaram um trabalho que exigiu máxima dedicação, permitindo a organização e o pouso das aeronaves brasileiras com ajuda humanitária.
O resultado desse esforço para o Capitão Rubem Teixeira foi 12 quilos a menos e a sensação de dever cumprido – saldo que ele considera mais do que positivo. Eles viveram essa árdua e compensadora maratona até o dia 26 de janeiro, quando o Comando-Geral de Operações Aéreas montou uma Seção de Controle de Operações Aéreas Militares (SCOAM), uma espécie de base que controla o tráfego de aeronaves militares.
O Coronel Aviador Mozart resume a atuação do Centro na missão do Haiti como essencial. “É uma operação que exigiu e exige muito esforço de todos os militares, mas que hoje vemos como é emocionante poder colaborar. Embora o CECAN sempre esteja envolvido nesse tipo de missão, a do Haiti é especial pela dimensão que tomou e pela possibilidade de aproximar os brasileiros dos haitianos”, sintetiza o Chefe do CECAN.