Vinte e dois militares da FAB concluem curso de adaptação ao ambiente de selva
Uma cerimônia militar encerrou no dia 31 de julho a XIV edição do Curso de Adaptação Básica ao Ambiente de Selva (CABAS), ministrado anualmente pela Equipe de Resgate do Sétimo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (7º/8º GAv) em Manaus. O grupo de 22 militares da Força Aérea Brasileira que concluiu o de Curso de Adaptação Básica ao Ambiente de Selva (CABAS) agora está munido dos conhecimentos necessários para sobreviver na selva no caso de um pernoite inesperado ou enquanto espera um resgate depois de um acidente aéreo.
Obter água e fogo, encontrar comida, construir abrigos seguros, orientar-se na floresta, colaborar com as equipes de resgate para ser encontrado, transportar feridos, proteger-se dos animais. Esses são alguns dos ensinamentos do CABAS, que tem por objetivo dotar aeronavegantes de conhecimentos e técnicas que poderão contribuir para indivíduos isolados ou em grupo sobreviverem na selva, particularmente na Amazônia.
Depois de uma primeira etapa de aulas teóricas na Base Aérea de Manaus (BAMN), o grupo foi transportado de H-60 Black Hawk para o Centro de Integração e Aperfeiçoamento em Polícia Ambiental (CIAPA), a cerca de 100 quilômetros de Manaus, a fim de colocar em prática os conhecimentos adquiridos.
Na primeira das sete noites passadas no CIAPA o aluno pernoita sozinho na floresta. Precisa limpar a área, fazer uma fogueira e protegê-la, suspender mochila e coturnos para evitar a entrada de animais peçonhentos e encarar a escuridão. “Ouvi barulhos vindos de toda parte. E se vem quebrando galho, é gente ou bicho grande! Cutia não quebra galho”, considerou o tenente Abel de Castro Laudares, que não dormiu direito.
Nos dias seguintes, os alunos foram submetidos a uma série de instruções preparatórias para a chamada “sobrevivência estática”, na qual grupos de sete ou oito militares são deixados em um local isolado na floresta, onde permanecem alguns dias simulando uma situação de sobrevivência a um acidente aéreo. Obtenção de alimentos, construção de abrigos, limpeza da área, segurança, tudo precisa ser feito com os recursos da floresta.
“Quem não conhece a Amazônia, não tem noção de como esse universo verde é tão pobre em recursos de fácil acesso como frutas, animais ou vegetação comestível. O nosso treinamento leva a condições extremas de falta de alimentação, de sono, e ainda tem uma forte atividade física, o que leva a um cansaço muito grande. Uma pessoa como eu, urbana, que gosta de conforto, sofre muito para se adaptar à selva”, desabafa o major-aviador Newton Salto Zanchetta, oficial de operações do 7º/8º GAv.
Para o comandante do esquadrão, tenente-coronel Valter Borges Malta, a importância do curso está na preparação dos tripulantes para uma situação de emergência. “A gente costuma treinar como fazer as coisas, mas não pode prever o nosso comportamento em um momento de contingência. O curso oferece ao aluno a possibilidade de se conhecer diante de uma situação difícil. Isso é de suma importância para que ele obtenha êxito no aguardo de um resgate”. Na sua opinião, o CABAS não visa somente à sobrevivência, mas ao aprimoramento da capacidade de trabalhar em grupo, compartilhar, colaborar.