ORDEM DO DIA

Dia da Aviação de Patrulha

Publicado: 2018-05-22 00:00:01
Leia a Ordem do Dia alusiva ao Dia da Aviação de Patrulha

O ano é 1942. Período no qual o mundo já amargava a destruição e o sofrimento, produtos da ambição desregrada do Império Nazifascista. Apesar da posição de neutralidade, o Brasil rompera relações diplomáticas com os países do Eixo. Tal postura resultou em uma campanha de ataques aos nossos navios mercantes em rotas litorâneas, desfechada pelos alemães e italianos. Os resultados foram sucessivos afundamentos de nossas naus, nos quais inúmeras vidas foram ceifadas e a navegação em águas brasileiras passou a ser fonte de apreensão e medo.

Como resposta às atitudes hostis dos ainda não declarados inimigos, na então “jovem” Força Aérea Brasileira, em fevereiro de 1942, surge a Aviação de Patrulha. A condição da FAB era de total despreparo. Não havia aeronaves, treinamento e armamento adequados para o emprego aéreo sobre o mar. Apesar de todas as deficiências para cumprir de maneira eficaz as missões de Patrulha, todos os meios aéreos disponíveis foram empregados para inibir a ação inimiga. O sentimento de pioneirismo e de coragem dos patrulheiros de outrora já davam os primeiros sinais de uma história gloriosa.

Nesse viés, no dia 22 de maio de 1942, em voo de treinamento de Patrulha Marítima, entre Fortaleza e Fernando de Noronha, a bordo da aeronave B-25B Mitchell, os Capitães Aviadores Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona Pinto localizaram o submarino italiano Barbarigo, o qual havia torpedeado quatro dias antes o navio mercante “Comandante Lira”.

De pronto, a tripulação engajou combate, lançando uma salva de 10 bombas de 100 libras de emprego geral sobre o submarino inimigo, que reagiu com intenso fogo antiaéreo, submergiu e não foi mais visto na área de operações.

Esse histórico evento, que se tornara o batismo de fogo da recém-criada Força Aérea Brasileira, também marcou oficialmente o Dia da Aviação de Patrulha.

Em agosto do mesmo ano, após a declaração formal de guerra aos países do Eixo, o Governo brasileiro investiu em modernas aeronaves, como os A-28 Hudson e os PBY-5 Catalinas, e no treinamento das tripulações, as quais já labutavam na vigilância das rotas de navegação de Cabotagem e na costa brasileira. Com isso, nossos patrulheiros começaram a atuar com mais eficiência.

Dessa forma, na sequência de eventos da “Batalha do Atlântico”, o espírito combativo dos heróis patrulheiros foi observado em relatos épicos, como as experiências vivenciadas pelo Patrono da Aviação, Major-Brigadeiro do Ar Dionísio Cerqueira de Taunay, e as inúmeras missões cumpridas pelo intrépido Major-Brigadeiro do Ar Ivo Gastaldoni, dentre tantos homens da nossa nobre Força Aérea que deram o melhor de si, arriscando suas vidas pela segurança de muitos.

Nas décadas seguintes, as histórias vividas pelos discípulos de Tunay reforçaram o espírito inovador, típico do Patrulheiro, e o sentimento de proteger incondicionalmente as incalculáveis riquezas guardadas em nossas águas jurisdicionais. Os desafios e as conquistas de nossos veteranos são, sem dúvida, os alicerces para as missões que hoje realizamos.

Nos anos 80, com a aquisição da aeronave P-95, a Aviação de Patrulha capitaneou o estabelecimento da Doutrina de Guerra Eletrônica na FAB, mormente aquela relacionada ao emprego do Poder Aéreo em ambiente naval.

A implantação da aeronave P-3AM, com seus modernos sensores embarcados, representou um grande salto operacional e tecnológico, pois trouxe de volta a capacidade de a Força Aérea realizar guerra antissubmarino e impulsionou o desenvolvimento dos conceitos de plataformas de emprego multimissão.

Atualmente, a experiência e os conhecimentos adquiridos pelos integrantes da Aviação de Patrulha têm sido fundamentais para a introdução de táticas, técnicas e procedimentos para operação dos sensores embarcados do SC-105, no 2º/10º GAV, e do KC-390, na Ala 2.

Como consequência dessa evolução doutrinária, a Força Aérea iniciou o desenvolvimento de uma nova concepção operacional que integra as atividades de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, o que possibilitará maior sinergia e melhores resultados no emprego do Poder Aéreo em diversos cenários e não apenas no ambiente naval.

Seguindo as diretrizes da “Concepção Estratégica Força Aérea 100 anos”, os Esquadrões Phoenix e Orungan já se encontram em suas novas casas, respectivamente, na Ala 3, em Canoas, e na Ala 12, em Santa Cruz. Mais uma vez, a coragem e o pioneirismo que inspiraram Tunay, Gastaldoni e tantos outros patrulheiros do passado, motivam os jovens tripulantes da Aviação de Patrulha a assumirem o protagonismo das transformações que, certamente, tornarão a FAB uma Instituição moderna, adequada ao seu tempo e absolutamente capacitada a cumprir a sua missão, qual seja, “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional com vistas à defesa da Pátria”.

Prezados integrantes dos Esquadrões Orungan, Phoenix e Netuno, honrem os feitos do passado sem perder de vista os desafios do porvir. Pautem suas condutas na disciplina, no patriotismo, na integridade, no comprometimento e no profissionalismo. Estou certo que, dessa forma, a História continuará registrando, por muitos anos, os feitos e as vitórias da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira.

Jajuká Pirá Waí! Salve a Patrulha!

Tenente-Brigadeiro do Ar Antônio Carlos Egito do Amaral
Comandante do Comando de Preparo