SEGURANÇA DE VOO

Profissionais são considerados aptos para trabalhar na prevenção de ocorrências

Publicado: 2017-07-25 10:55:13
O curso debateu diversos temas, como planejamento operacional, manutenção de aeronaves e performance de voo

O Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V) encerrou na sexta-feira (14/07) o Curso de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos para a Aviação Agrícola. O evento, que teve a duração de duas semanas, aconteceu em Canoas (RS), e formou profissionais para atuar na Segurança de Voo de empresas aeroagrícolas.

Pilotos, mecânicos, técnicos, proprietários e gerentes da Aviação Agrícola, além de pilotos e mecânicos da Força Aérea Brasileira, foram declarados Elementos Certificados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), considerados aptos para trabalhar pela prevenção de ocorrências aeronáuticas em qualquer lugar do país.

“Liguem e façam contato que nós auxiliaremos. Orientem, conversem no ambiente de trabalho com seus companheiros e assessorem seus chefes. Nosso papel não é punir, mas apurar os fatores contribuintes de um acidente para que o problema seja corrigido. Tenham em mente que estamos do mesmo lado”, destacou o Chefe do SERIPA V, Tenente-Coronel Aviador Leonardo Pinheiro de Oliveira.

No decorrer do curso, os palestrantes debateram os mais diversos temas, como: planejamento operacional, manutenção de aeronaves, violações à legislação, operações heliagrícolas, doutrina de segurança de voo, psicologia aplicada à aviação, combustível e lubrificantes, manuseio de agrotóxicos, aerodinâmica e performance de voo, direito aeronáutico, entre outros.

Atividades práticas foram desenvolvidas no contato com a realidade da Aviação Agrícola. O exercício de Vistoria de Segurança de Voo, realizado na empresa Taguató Aviação Agrícola, chamou a atenção dos alunos para os pequenos problemas com os quais convivem no cotidiano da organização, enquanto situações críticas passam despercebidas em função da pressão das operações aéreas.

As dúvidas sobre o Relatório de Prevenção (RELPREV) também foram esclarecidas por meio de exercício prático de um estudo de caso. Os alunos simularam o preenchimento adequado das informações a serem notificadas para o CENIPA, Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e no âmbito das empresas aéreas.

“Até por falta de conhecimento, muitos operadores não dão a real importância para situações de potencial risco que podem resultar em acidente aéreo. A simples ausência de sinalização em áreas prioritárias do hangar, bem como o vazamento de combustíveis e a adequada manutenção das aeronaves, são alguns dos exemplos que podem ser prevenidos com medidas simples”, explicou o coordenador do exercício Suboficial Andre Luís Raimann.

Segurança

O empresário da Santa Vitória Aviação Agrícola, Piloto Enio de Cesere, mostrou em sua palestra o modelo de gestão implantado na própria empresa, em que a segurança da atividade aérea começa na seleção e admissão do piloto. Ninguém entra na aeronave sem antes passar por um curso de treinamento de adaptação às normas da empresa. Há doze anos no mercado, sem nenhuma ocorrência investigada, ele atribui o “zero acidente” à supervisão gerencial das operações aeroagrícolas.

O orador da Turma, Piloto Agrícola Leonardo Ongarato, tem oito mil horas de voo e chamou a atenção do grupo para a seriedade da prevenção. “Saímos daqui com a responsabilidade de levar a segurança de voo para as nossas vidas e para as nossas organizações. A partir de hoje, a nossa consciência mudou. A mentalidade da prevenção não é só apontar os erros, mas, sobretudo, mostrar aos demais o caminho da segurança da Aviação Agrícola”, ressaltou.

De todos os temas abordados no curso, Ronaldo Xavier, Técnico Agrícola na Empresa Taim aeroagrícola, destacou a importância do RELPREV. “Os pequenos problemas que passam despercebidos no cotidiano da organização podem ser quantificados e reportados para a correção, evitando muitas ocorrências aeronáuticas com a interrupção da cadeia de eventos”, disse.

Já o professor Rogério Cardozo, da Faculdade de Ciências Aeronáuticas do Instituto Toledo, de Bauru (SP), está na aviação desde 1981, e aproveitou o período de férias para fazer o curso. “Vim em busca dessa atualização de conhecimentos, extremamente importante, na área de segurança da aviação, que pretendo repassar para os meus alunos”, declarou.

O instrutor de voo Gabriel Pereira elogiou a qualidade dos instrutores e o trabalho da coordenação, destacando o nível das palestras por mostrar a ampla visão do gerenciamento do risco na Aviação Agrícola. “Informações atualizadas e de credibilidade por associarem o mundo científico com a prática. Se houvesse uma plataforma online para o aluno acessar antes do curso, isso daria uma maior dinâmica em sala de aula”, sugeriu.

Para o Capitão Aviador Bruno Israel da Silva, da FAB, primeiro colocado no curso, com atuação no Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII), o trabalho da prevenção é mais prazeroso. “A prevenção acontece com hora marcada em congressos, seminários e cursos, enquanto a investigação ocorre inopinadamente e temos que saber lidar com a situação. O curso trouxe essa visão”, finalizou.