O adeus ao eterno Jaguar 01

Publicado: 2009-04-07 10:16:00
Ele e seus companheiros chegaram à França, em 1972, para mudar para sempre a história da aviação de combate brasileira. Foi o primeiro comandante da 1ª ALADA (Ala de Defesa Aérea)

Com os olhos em lágrimas, ele se despediu do antigo amigo. Era como um filme que passava por sua retina, afinal era a própria história de vida. A despedida, essa palavra complicada, como ele considerou, foi “forte”. O Coronel Antonio Henrique Alves dos Santos, primeiro brasileiro a pilotar o Mirage III na década de 70, emocionou-se, especialmente, no dia 14 de dezembro de 2005 no encerramento da atividade operacional do avião da FAB. “Vivi nesse esquadrão e com esse avião a parte mais importante da minha vida profissional”, disse na ocasião.

Nesta terça-feira, dia 31, às 9h30, a despedida bate forte de novo e emociona toda a Força Aérea Brasileira. O primeiro “Jaguar”, como são conhecidos os pilotos do 1º Grupo de Defesa Aérea, faleceu em Brasília aos 85 anos de idade, deixando a esposa Maria Lydia, seis filhos e 13 netos. O velório ocorre na Capela da Base Aérea de Brasília, a partir das 19h. O sepultamento está previsto para acontecer na quarta-feira, dia 1º, às 10h, no cemitério Campo da Esperança, também na capital federal.

“Para nós, ele deixa como legado inúmeros valores como dignidade, correção, patriotismo. Em casa, ele contava bastante da profissão dele. Recentemente, inclusive, ele falava com a família sobre as missões. Ele nos deixa muita saudade”, disse a filha do Jaguar 01, Ângela Ruth Ferraz Alves dos Santos.

O Coronel Antonio Henrique era conhecido como um profissional tão cativante como metódico, tão sério como “emotivo”. Nas últimas visitas que fez ao 1º Grupo de Defesa Aérea, desmanchava-se em elogios ao novo avião, o Mirage-2000, e sempre era abordado pelos militares mais jovens para saber como foi que ele tinha treinado na cidade de Dijon, na França, e trazido o Mirage III para o Brasil. Ele e seus companheiros ficaram, inclusive, conhecidos como "Dijon Boys". Chegaram à França, em 1972, para mudar para sempre a história da aviação de combate brasileira. O Jaguar 01 foi o primeiro comandante da 1ª ALADA (Ala de Defesa Aérea).

“A história dele é muito especial para todos nós. A imagem dele que fica é a de um grande líder”, disse o atual comandante do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), Tenente-Coronel João Campos Ferreira Filho. A despedida do líder deixa outros olhos, agora, marejados, mas o legado, segundo os pilotos, é o que fica. Permanecem intocáveis o exemplo do homem-mito, a emoção e o ronco forte e harmonioso do motor de uma aeronave de caça. 31 de março de 2009: o dia que o “Jaguar 01” se transformou também no “Jaguar-eterno”.