AEROVISÃO

Militares da FAB participam dos Jogos Mundiais na Coreia do Sul

Publicado: 2015-08-12 07:59:07
Foco também é conquistar medalhas nas Olimpíadas do Rio, em 2016
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Os Jogos Mundiais Militares estão chegando. O evento esportivo que reúne cerca de 20 modalidades e atletas de ponta das Forças Armadas de mais de cem países vai ser realizado em outubro deste ano na cidade de Mungyeong, Coreia do Sul. A Força Aérea Brasileira (FAB) vai levar 60 atletas de 13 modalidades.

A expectativa do Brasil, que também competirá com militares da Marinha e do Exército, é repetir o resultado conquistado na edição anterior, em 2011, quando ficou em primeiro lugar no quadro geral de medalhas. Foram 114 no total, sendo 45 de ouro, 33 de prata e 36 de bronze. A competição foi realizada no Rio de Janeiro (RJ), com a presença da torcida brasileira.

Já para 2015, os Jogos
vão para bem longe. Para ser mais exato, a 18.282 km da capital carioca. Tudo será diferente: clima, horário das competições e torcida. A diferença de fuso horário, por exemplo, é de 12 horas a mais. Isso requer adaptação na rotina, como agenda de treinamento, período de alimentação e turnos para descanso.

“Se conseguirmos fazer uma adaptação adequada ao fuso horário, chegaremos disputando a medalha de ouro nas duas provas de tiro de armas curtas no masculino”, diz o Coronel Júlio Antônio de Souza e Almeida, piloto de transporte e atleta da equipe de tiro do Brasil.

Militar de carreira, formado pela Academia da Força Aérea (AFA), ele já participou de duas Olimpíadas e está de olho em mais uma, mas o foco agora são os Jogos Mundiais Militares. Para conquistar uma medalha, o Coronel tem uma rotina de mais de cinco horas diárias de treinamento.


 Quem enfrenta uma rotina pesada também é Ariel Kaczmark. Ele é Cadete-Aviador da Academia da Força Aérea, e enquanto se prepara para alcançar o sonho de ser piloto de caça, também tem o desafio de se manter pronto para competições internacionais. E não é de um esporte qualquer. O futuro oficial pratica o pentatlo aeronáutico militar, ou seja, ele treina e compete em diversas modalidades: natação com obstáculos, orientação, esgrima, basquete e pista de obstáculos. “Algumas pessoas perguntam se eu não sou louco por ter escolhido o pentatlo”, brinca.

 Dedicação é a palavra-chave. Foi assim que ele conseguiu a primeira colocação na pista de obstáculos e segundo lugar por equipe geral no campeonato regional europeu de pentatlo aeronáutico militar, em Istambul na Turquia, realizado em 2014. O foco agora são os jogos da Coreia. “A minha expectativa é poder representar muito bem o Brasil. Seria um orgulho maior ainda subir no pódio com a minha equipe, e vou me dedicar para isso também”, finaliza o cadete.

Atletas de alto desempenho

“A expectativa da Força Aérea para bons resultados, em comparação a 2011, é maior, pois agora temos a inserção de atletas de alto rendimento na Força”, explica o chefe da seção de alto rendimento da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), Capitão Marcos Vinícius Pires Brant. Desde 2013, a FAB iniciou a incorporação de atletas de alto desempenho no quadro de sargentos convocados. Hoje, são cerca de 200.

Ter esportistas profissionais nas Forças Armadas não é novidade. No Brasil, a Marinha e o Exército também contam com esses militares nos seus quadros. Um dos nomes mais fortes desse grupo é a saltadora Mauren Maggi, sargento do Exército Brasileiro. Em outros países a prática também é comum. Um exemplo é a major russa Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica do salto com vara.

A incorporação de atletas de alto desempenho significa vestir com a farda da Força Aérea os primeiros colocados nos rankings de diversos esportes, como o triatlo e o tiro com arco. “Nós temos a equipe mais forte da história do tiro com arco. Estamos muito empolgados para participar dos Jogos Mundiais Militares”, afirma o arqueiro da FAB, Sargento Fábio Emílio.

O ciclismo será uma das modalidades mais fortes nos Jogos. A equipe é formada 100% por militares da FAB, com 10 atletas no masculino e seis no feminin
o. A Sargento Janildes Fernandes foi a primeira ciclista brasileira a colocar o Brasil no primeiro lugar do pódio em uma competição internacional. Ela foi a campeã do Tour de San Luis, na Argentina, no início do ano. Para a coordenadora da equipe, Tenente Renata Mattoso Gavinho, a expectativa é grande. “Estamos contando com sete medalhas nos Jogos”, promete.

A Sargento Janildes é de uma família que há 12 anos manda representantes para competições olímpicas. Na equipe da FAB estão Janildes, a irmã Clemilda e uma prima, além de mais duas militares. “Nós não competimos entre a família. Sempre que estamos juntas em uma corrida, procuramos nos ajudar”, afirma a Sargento Clemilda.

Veterana de três Olimpíadas, a Sargento Janildes explica o que é preciso para se manter no topo do esporte. “Determinação e empenho nos treinos são prioridades em minha vida. O que me inspira mais ainda é o fato de ser militar. É uma motivação”, diz a ciclista.

De olho em 2016


Bicampeão da Maratona de Nova Iorque, Marilson Gomes dos Santos agora veste a farda de sargento e sonha com a medalha olímpica nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Em 2012, nas Olímpiadas de Londres, ele conseguiu a quinta colocação. “O sonho de qualquer atleta é ganhar uma medalha olímpica. A de 2016 vai ser ainda mais especial por ser realizada no Brasil. Hoje, esse é meu principal objetivo”, revela.

Fora dos Jogos Mundiais Militares da Coreia por conta de uma lesão na panturrilha, ele diz não se afastar do seu lado militar. “Identifiquei-me muito com o fato de ser militar. Eles possuem características que todos os atletas devem ter para conseguir um bom resultado. No meu caso: disciplina, coragem, determinação, rotina e foco”, finaliza o Sargento Marílson.
 
Jogos Mundiais Militares

Os Jogos Mundiais Militares são organizados pelo Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM). O primeiro aconteceu em 1995, em Roma, na Itália, como celebração dos 50 anos do final da Segunda Guerra Mundial. A Coreia é sede da sexta edição dos jogos, que também já passaram por Hyderabad (Índia), Zagreb (Croácia), Catânia (Itália) e Rio de Janeiro.

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