SUSTENTABILIDADE
Uso de energia solar deve constar no programa de gestão ambiental da FAB
O uso de fontes alternativas de energia foi um dos assuntos debatidos durante intercâmbio entre militares brasileiros e norte-americanos que se encerrou na quinta-feira (25/06) em Brasília (DF). Ao longo de três dias, o grupo de trabalho sobre sustentabilidade do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) buscou compreender como a USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) implantou e gerencia seu programa de gestão ambiental que completou 15 anos.
“Estamos buscando a experiência deles a fim de viabilizarmos uma gestão melhor dos recursos naturais sem dificultar a operacionalidade da FAB”, explica o Coronel Abnner Nascimento Alves, coordenador do grupo de trabalho sobre sustentabilidade da Sexta Subchefia do EMAER, unidade que trata de política e estratégia sobre o futuro da Força Aérea Brasileira.
A FAB já desenvolve várias iniciativas sustentáveis, porém não dispõe de um programa que uniformiza procedimentos para todas as unidades. Na Amazônia, por exemplo, a instituição investiu na energia solar para manter equipamentos de navegação aérea e reduzir o consumo de óleo diesel. O projeto de reflorestamento fez da Base Aérea de Anápolis (BAAN) exemplo no cerrado. O Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME-RJ), desde 2011, preocupa-se com o descarte de resíduos, como óleo e equipamentos. A Base Aérea de Belém (BABE) implantou um programa de coleta seletiva. Já a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) coleta óleo de cozinha. No ano passado, o Comando da Aeronáutica promoveu o primeiro seminário ambiental. "Há muitas iniciativas isoladas em toda a Força Aérea Brasileira, mas ainda não temos uma sistematização do assunto”, resume o coordenador.
A experiência americana - Desde o ano 2000, todas as unidades militares norte-americanas trabalham sob o conceito de gestão ambiental da norma ISO 14.001, o Enviromental Management System (EMS). Esse trabalho foi motivado pelo decreto do presidente Bill Clinton, que determinou implantação do programa para todos os serviços norte-americanos. “O Departamento de Defesa dos Estados Unidos já tinha programas de desenvolvimento ambiental nos anos 90. Em 2000, eles foram integrados e consolidados para serem úteis em todas as missões diárias”, explica a engenheira civil Sudha Brown, da 12th Air Force (AFSouth).
De acordo com Brown, foram necessários de seis a sete anos para que quase todos os serviços e a maioria das instalações tivessem planos de trabalho dentro da nova política adotada. “Eles nos deram prazos, metas e depois avaliam os resultados”, descreve.
Brown chama a atenção para a necessidade do envolvimento das autoridades a fim de que os objetivos traçados sejam alcançados e, principalmente, tornem-se parte da cultura diária de todo efetivo. “Isso é chave para o sucesso do programa. Se as altas lideranças não estiverem envolvidas e apoiando o programa, você nunca será capaz de tornar isso parte da sua cultura diária. Todos precisam pensar sobre assuntos ambientais em todas as tarefas”, analisa.
Outro integrante da comitiva norte-americana, Major Eric Navarret, afirma que o primeiro passo é conceber uma política clara que envolva todos os aspectos. Na opinião dele, o programa da USAF hoje abrange todas as unidades e cada militar conhece as regras e sente-se parte do sistema. Veja a entrevista em que o major fala da motivação americana para implantar o programa e os resultados alcançados:
Energia solar – Um dos pilares da sustentabilidade é a gestão dos recursos energéticos. Durante a reunião, o grupo tomou como exemplo o consumo de energia elétrica de uma das bases da FAB para análise.
Segundo um dos integrantes do encontro, Coronel Werner Wilhelm Bonnet, do Ministério da Defesa, o Comando da Aeronáutica vem buscando soluções nesta área. Mestre em gestão ambiental em áreas militares pela Universidade Católica de Brasília (UCB), ele destaca a possibilidade de incluir a energia solar e eólica como fontes de energia para abastecer as unidades.
“As organizações da FAB têm características especiais como vastas áreas e disponibilidade de uso. Além disso, o País tem condições muito favoráveis para o uso de energia solar. Associada a outras formas de energia, como a eólica, ela pode vir a ser uma solução adicional, como uma alternativa aos altos custos da energia elétrica”, explica.
Para o Coronel Bonnet, a FAB buscou no modelo americano uma referência em gestão ambiental por causa das similaridades na área de atuação. "Nossas organizações têm características semelhantes. Muitas vezes há a necessidade de se deslocar e criar uma base aérea desdobrável. A eficiência nessas condições especiais que a atividade aeronáutica exige faz com que os americanos tenham um conhecimento ímpar e esse know-how nos interessa”, conclui.