INTERCÂMBIO

Médico da FAB realiza cirurgias em maior navio-hospital do mundo

Publicado: 2015-05-27 14:15:00
Embarcado no USNS Comfort, brasileiro integra equipe que realizou cerca de 200 procedimentos cirúrgicos somente na Nicarágua

  Divulgação  Continuing PromiseO Tenente Médico Cesar Wagner Montenegro Cima, da Força Aérea Brasileira (FAB), encerrou o trabalho de ajuda humanitária em Puerto Cabezas, na Nicarágua, na terça-feira (26/05), com cerca de 200 cirurgias realizadas em dez dias. Agora ele e a equipe embarcados há 60 dias no USNS Comfort, da Marinha dos Estados Unidos (o maior navio-hospital do mundo), seguem viagem para o Panamá.

O militar é o único da FAB que participa da quarta edição do Continuing Promise, intercâmbio realizado pelo Comando Sul dos Estados Unidos. O navio já atracou em Belize (Belize City), Guatemala (Puerto Barrios) e Jamaica (Kingston). No total, a missão deve percorrer 11 países durante 182 dias.

“Meu dia a dia é igual à rotina normal de um médico militar americano. A única exceção é que não integro a escala de cirurgião de dia, assim como os outros médicos estrangeiros”, conta.

Além dele, há outro brasileiro a bordo: o Coronel Médico Roberto Bentes Batista, do Exército, que já comandou por um ano o hospital de campanha  no Haiti, após o terremoto de 2009.

Atendimentos - Em geral, ao atracar em cada país, a missão dedica os dois primeiros dias para a triagem dos casos. “Verificamos se há indicação cirúrgica e se temos os meios para realizá-la no navio nos sete dias seguintes”, explica.

O ortopedista, especializado em traumatologia esportiva, atua em conjunto com um militar americano. “Temos total afinidade. É como se trabalhássemos juntos há vários anos. Ele é especialista em ombro, então, aprendo muito com os casos que temos. E nas cirurgias de joelho, eu as faço e ele me auxilia”, relata.

De acordo com ele, até o momento não foi necessário utilizar todas as 12   Acervo pessoalsalas de cirurgia do navio-hospital. “Aqui na Nicarágua, na maioria dos dias, foram utilizadas sete salas porque contamos com a presença da Operação Sorriso, que realizou cirurgias em crianças com defeitos orofaciais. Contabilizamos quase 200 procedimentos”, detalha.

Voluntários - Também integram a equipe militares de outras nações amigas, como Canadá, Alemanha, Colômbia, Bahamas e Peru, além de organizações não governamentais que trabalham com assistência humanitária dos seguintes países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e de vários países europeus. O Tenente Cima classifica a parceria entre o projeto e as ONGs como “um casamento perfeito”, já que o navio oferece estrutura logística e os voluntários entram com o conhecimento. O convite para a missão é realizado pela Marinha Americana e pelo Comando Sul.

Ele destaca outro aspecto importante da missão: o intercâmbio com ortopedistas locais dos países onde o navio atraca. “Eles sempre nos ajudam na seleção [triagem] dos pacientes, nos mostram suas realidades e necessidades, sobem a bordo para participar conosco das cirurgias”, ressalta.

“A oportunidade de ajudar pessoas de diferentes locais, culturas e necessidades, além dessa troca de experiência com militares americanos, estrangeiros, médicos locais e ONGs é o maior aprendizado dessa missão. Acredito que meu papel seja exatamente levar toda essa experiência aos demais militares da FAB e de nossas forças irmãs”, complementa o médico.

Saiba mais - A embarcação partiu da Base Naval de Norfolk, no estado norte-americano da Virgínia, no final de março, para a missão de assistência humanitária de 182 dias em 11 países da América Central.