SEGURANÇA DE VOO

CENIPA mapeia focos atrativos de aves em bases do Rio de Janeiro

Publicado: 2012-10-02 09:09:00

Mapa da região de focos atrativosO Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) encerrou (29/09) o mapeamento de focos atrativos de aves nas Bases Aéreas dos Afonsos e de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. O trabalho de levantamento de dados durou uma semana e faz parte da implantação do Programa Militar de Redução do Risco Aviário nos aeródromos de uso exclusivo da aviação militar.

No apoio ao programa, o Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação, sediado na Base Aérea dos Afonsos, sobrevoou a região, com a equipe do CENIPA a bordo para o levantamento aerofotográfico num raio de 20 quilômetros do centro da pista de pouso, perímetro considerado de alto risco para a aviação pela presença de aves. Abatedouros, lixões e outros focos atrativos foram visitados para contagem e identificação dos tipos de aves que povoam o local e que deverá constar no relatório específico.

Conforme dados do CENIPA, no período de 2006 a 2011, foram registradas 4.760 colisões entre aviões e aves tanto na aviação civil quanto militar. Em 2012, já somam cerca de 2.750 relatos. A análise de tais informações revela um problema crescente, não só no Brasil, mas no mundo. Na última sexta-feira (28/09), um avião que levava turistas para a região do Monte Everest caiu após decolar da capital do Nepal, Katmandu. O piloto conseguiu informar à torre de controle que havia colidido com um abutre. Os 19 passageiros a bordo – britânicos, chineses e nepaleses – morreram.

Segundo o Tenente-Coronel-Aviador Francisco José Azevedo de Morais, Chefe do Gerenciamento do Risco Aviário no CENIPA, o risco de colisões com aves vem aumentando e o controle da vida selvagem, nos sítios aeroportuários, torna-se uma exigência diante desse fenômeno mundial. “É preciso o engajamento dos Elos-SIPAER (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) para o fortalecimento da segurança das operações aéreas”, afirmou.

Prevenção do risco aviário nas bases militares

O Programa Militar de Redução do Risco Aviário foi criado pelo próprio CENIPA sob a orientação do Comando da Aeronáutica e tem o acompanhamento do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) e do Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER). Inicialmente, serão contempladas as Bases Aéreas de Santa Maria e Canoas (RS), Manaus (AM), Anápolis (GO), além das Bases de Santa Cruz e Afonsos, no Rio de Janeiro, as primeiras beneficiadas pelo programa.

O planejamento estratégico das atividades do programa abrange quatro fases: observação do problema, planejamento, execução de ações e avaliação de resultados. Entre as ações desenvolvidas estão o levantamento estatístico, identificação de espécies e sua contribuição, levantamento das necessidades, priorização de ações e plano de manejo da Fauna do Aeródromo.

O Comandante da Base Aérea dos Afonsos, Coronel-aviador Marco Aurélio de Oliveira, conta que viveu momentos difíceis e teve que fazer um pouso de emergência, quando uma aeronave que pilotava colidiu com um urubu, logo após uma decolagem em 1994, no Rio de Janeiro. “A ação do CENIPA, que é de fundamental importância para a redução dos riscos à vida humana e dos prejuízos para a aviação militar, tem o total apoio da Base”, afirmou o Comandante.

Na Base Aérea de Santa Cruz, o quero-quero e o urubu são apontados como as principais espécies que podem causar riscos de colisões com aeronaves. Ainda segundo estatísticas, uma colisão entre avião e aves acarreta o prejuízo de, em média 40.000 dólares.