A evolução da Aviação de Patrulha no Brasil


Com a responsabilidade de vigiar 24 horas por dia uma área de aproximadamente 13,5 milhões de quilômetros quadrados sobre o litoral brasileiro, a Aviação de Patrulha conta com três Esquadrões de voo e tripulações treinadas especialmente para isso.

Atualmente, na Força Aérea Brasileira (FAB), as aeronaves P-3AM Orion e P-95BM Bandeirulha são operadas pelo Esquadrões Orungan (1°/7°GAV), sediado em Santa Cruz (RJ); Phoenix (2º/7°GAV), em Canoas (RS); e Netuno (3º/7°GAV), em Belém (PA).

A Aviação de Patrulha sempre encarou desafios, usando máquinas de seu tempo e também aeronaves modernas. Hoje em dia, cumpre a sua missão com vetores estratégicos que executam ações não somente de Patrulha Marítima, mas também outras imprescindíveis para a FAB no que diz respeito ao cumprimento da sua missão de manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria.

História

A história da Aviação de Patrulha começou em 1942. Na época, o País se viu aviltado pelos sucessivos afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. Com apenas um ano e meio de existência, a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou uma atividade para superar as dificuldades que envolviam a falta de aeronaves apropriadas para a guerra antissubmarina e de pessoal devidamente treinado. À época, alguns Grupos de Aviação foram distribuídos pelo território nacional. Em Salvador, estabeleceu-se o 7º Grupo de Aviação de Patrulha, aproveitando as instalações do 2° Grupo de Bombardeio Médio.

Nesse contexto, o Capitão Aviador Parreiras Horta e o Tenente Aviador Pamplona, pilotos da aeronave B-25, ainda em formação operacional como patrulheiros, realizaram seu primeiro ataque. Em uma das missões, foram lançadas dez bombas de 45kg sobre o alvo. Até o final da Segunda Guerra Mundial, 11 submarinos foram afundados durante a execução de missões de Patrulha.

No decorrer da história da Patrulha na FAB, diversas aeronaves foram utilizadas, como o PV-1 Ventura, o PV-2 Harpoon, o B-25 Mitchell, o P-15 Netuno, o P-16 Tracker e o P-95 Bandeirulha. Atualmente, as aeronaves P-3AM Orion e P-95BM Bandeirulha são operadas pelos Esquadrões Orungan (1°/7°GAV), sediado Rio de Janeiro(RJ); Phoenix (2º/7°GAV), em Canoas (RS); e Netuno (3º/7°GAV), em Belém (PA).


Progressão Operacional



Oficial Aviador

A progressão operacional do Oficial Aviador da FAB é iniciada na Academia da Força Aérea (AFA), localizada na cidade de Pirassununga (SP). Após quatro anos de intensa rotina de estudos e de instrução aérea nas aeronaves T-25 Universal e T-27 Tucano, o cadete é declarado Aspirante a Oficial Aviador.

O cadete que tem por objetivo seguir para a Aviação de Patrulha, faz essa opção ainda na AFA. Dessa forma, ao ser movimentado para o 1º/5º GAV, Unidade Aérea responsável pela especialização dos pilotos de aviação multimor, localizado na Ala 10, em Parnamirim (RN), o futuro aspirante já inicia sua formação operacional na Aviação que escolheu.

Antes de iniciar o Curso de Especialização Operacional (CEO) em sua Aviação, o estagiário realiza o Curso de Preparação de Oficiais de Esquadrão Aéreo (CPROE), no Grupo de Instrução Tática Especializada (GITE). Essa etapa da pós-formação tem como foco principal habilitar o instruendo a discriminar e aplicar princípios, conceitos, normas e procedimentos necessários ao desempenho das atividades operacionais e administrativas inerentes aos postos de 2º Tenente, 1º Tenente e Capitão, nas Alas e Unidades Aéreas. O Oficial Aviador que optou pela Aviação de Patrulha, realizará o Curso de Especialização Operacional da Aviação de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (CEO-IVR). O curso é dividido em módulos, conforme documentação específica do Comando de Preparo (COMPREP) e tem duração aproximada de nove meses.

O futuro patrulheiro tem seu contato inicial com a aviação multimotor na aeronave C-95 Bandeirante. Após completar o ciclo inicial nessa aeronave, o estagiário tem sua primeira instrução aérea em uma aeronave de Patrulha, o P-95BM Bandeirulha, na qual concluirá parte de sua elevação operacional.

Por fim, ao concluir o curso de especialização, os aspirantes são designados para o 2°/7° GAV na Ala 3 ou para o 3º/7º GAV na Ala 9, Unidades Aéreas localizadas localizados nas cidades de Canoas (RS) e Belém (PA), respectivamente. Mais tarde, após ganhar experiência operacional suficiente, o piloto de patrulha poderá optar para ser movimentado para o 1º/7º GAV na Ala 12, situado na cidade do Rio de Janeiro, nas instalações da antiga Base Aérea de Santa Cruz.



Especialistas

A formação do graduado começa na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), localizada em Guaratinguetá (SP), onde é realizado o Curso de Formação de Sargentos (CFS), que tem a duração de dois anos, ou o Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos (EAGS), que dura cerca de oito meses. A diferença entre os dois é que, no CFS, o aluno é formado em um curso técnico de sua escolha, além de ter também uma formação militar; já o EAGS é para quem possui curso técnico reconhecido pelo Ministério da Educação.

Ao final do curso, a depender da antiguidade e da quantidade de vagas disponíveis, o graduado escolhe a Unidade em que vai exercer a sua função.

Ao chegar a um Esquadrão da Aviação de Patrulha, antes de exercer a função em uma missão específica, como a de Busca e Salvamento, por exemplo, o graduado passa por uma progressão operacional típica das Unidades Aéreas: inicialmente como aluno, realiza curso e provas teóricas e instruções de voo. Ao cumprir todo o programa, é avaliado por um Conselho Operacional que decide se o militar tem condições ou não de assumir a respectiva função. Esse Conselho, geralmente é formado pelo Comandante do Esquadrão, pelo Chefe da Seção de Operações, pelo Médico de Esquadrão e pelos instrutores de voo da Unidade Aérea. Quando recebe parecer favorável, o graduado é elevado à função operacional designada e começa a cumprir as missões sem instrutor. Depois de atingir a quantidade de horas necessária, as quais variam de acordo com a especialidade, o tripulante passa por nova elevação operacional para se tornar Instrutor, que é o ápice da vida operacional do tripulante.

Os Graduados podem exercer as seguintes funções:

- Mecânico de Voo: direcionada a militares da especialidade de Mecânica de Aeronaves (BMA);
- Operador de Equipamentos Especiais número 1 (OE-1): pode ser exercida por Graduados das Especialidades em Comunicações (BCO), Eletricidade e Instrumentos (BEI) ou Eletrônica (BET) que operam equipamentos de guerra eletrônica;
- Operador de Equipamentos Especiais número 2 (OE-2): direcionada a Especialistas em Fotointeligência (BFT);
- Operador de Equipamentos Especiais número 3 (OE-3): função exercida por Especialistas em Comunicações (BCO), Eletricidade e Instrumentos (BEI) ou Eletrônica (BET) que operam o radar.
Com exceção dos Mecânicos, todos acumulam também a função de Observador SAR (do inglês Search And Rescue, Busca e Salvamento).

No Esquadrão Orungan (1º/7º GAV), que opera a aeronave P-3AM, há, ainda, a função Observador Aéreo. Este tripulante tem diversas atribuições antes, durante e após os voos, como: receber e acondicionar a comissaria, colaborar com os mecânicos na preparação da aeronave para o voo, auxiliar os pilotos durante a partida dos motores, atuar em cenários específicos nas emergências e coordenar a limpeza da aeronave após o voo.

Esses tripulantes são instruídos sobre características básicas da aeronave, deveres dos tripulantes, áreas de perigo, equipamentos de emergência e sobrevivência, emergências em voo e no solo, procedimentos normais e condições de voo, sistemas elétrico, hidráulico, de combustível, de oxigênio e de armamento.

O flight engineer, como é chamado o mecânico de voo do P-3AM, é o profissional que detém todo o conhecimento de parte mecânica da aeronave. O que o diferencia dos demais mecânicos de voo da FAB são algumas peculiaridades, como a partida dos motores, que é feita por ele no P-3AM e pelos pilotos em outros tipos de aeronave.

Quanto aos Esquadrões que operam o P-95M Bandeirulha, 2º/7º GAV e 3º/7º GAV, os mecânicos auxiliam os pilotos durante o voo controlando os parâmetros da aeronave, como consumo de combustível, sistemas de energia, entre outros, além de fornecer informações importantes no caso de alguma ocorrência em voo.

Entre os observadores, há o tripulante SAR, O Observador SAR é responsável por manter observação contínua do mar e direcionar os pilotos, por meio da fonia, com relação à posição do objeto da busca. Ele fica posicionado próximo à janela de observação que, no Bandeirulha, fica aberta, permitindo uma melhor visualização. Os observadores SAR também são responsáveis pelo registro fotográfico dos possíveis alvos localizados.

Entre as atividades realizadas pelos Operadores de Equipamentos Especiais está a realização dos registros fotográficos durante as passagens, nos padrões determinados pelos pilotos durante o briefing, ou mesmo durante o voo na comunicação interna entre a equipe. Há, também, a operação dos equipamentos de Guerra Eletrônica, que fazem a leitura dos sinais emitidos por outros aviões, navios ou antenas. Por meio da leitura e interpretação dos dados, é possível estimar a localização do emissor e até mesmo identificá-lo caso a assinatura-radar já esteja no banco de dados embarcado.E o manuseio dos armamentos, sejam os marcadores de fumaça ou os torpedos, bombas e mísseis.


Esquadrões e Aeronaves de Patrulha da FAB




Capacidade


A aeronave P-3AM Orion possui um dos mais modernos sistemas para identificação por radar, além de dispor do Forward Looking Infra-Red (FLIR), que complementa as informações dos tráfegos marítimos, fornecendo imagens nítidas e claras, mesmo à noite. Além disso, permite localizar, identificar e repassar todo o cenário do tráfego marítimo para embarcações da Marinha do Brasil e direcionar a atividade de policiamento para as áreas mais críticas.

Quanto ao P-95BM, este possui o radar Seaspray 5000E, que tem condições de detectar navios de grande porte a até 370 quilômetros de distância. Modernizadas, essas aeronaves têm a capacidade de acompanhar até 200 alvos simultaneamente, realizar mapeamento de terrenos, detectar aeronaves, dentre outras funcionalidades.

O P-95 Bandeirulha modernizado também conta com novos sistemas eletrônicos. O cockpit com aviônica integrada apresenta melhor ergonomia e consciência situacional aprimorada para os pilotos, reduzindo a fadiga de voo. A interface digital facilita a leitura das informações dos diversos sistemas embarcados, de forma simples e prática.

Álbum de fotos




Aviação de Patrulha
Treinamento de guerra antissubmarina

Veja a simulação de guerra antissubmarina realizada pela aeronave de patrulha da Força Aérea Brasileira P-3AM durante um exercício militar. Neste treinamento, realizado em conjunto com a Marinha do Brasil, foi realizada, dentre outras atividades, o esclarecimento de uma área do mar territorial do sul do país em busca de um suposto submarino inimigo. Com emprego de equipamentos e táticas reais em um ambiente de guerra simulada, foram lançadas sonoboias, equipamentos que captam sinais de submarinos e embarcações de superfície.

Curiosidade


Um dos tripulantes da Aviação de Patrulha é o Operador Acústico. A sua função é colaborar para a detecção da embarcação submersa. Porém, a partir dos equipamentos utilizados, também é possível perceber a vida marinha.


Hino da Aviação Embarcada


O Hino da Aviação Embarcada conta a história dos feitos dos nossos heróis patrulheiros durante a guerra.


Letra - Major Aviador Jaime Rodrigues Sanchez
Música - SO MUS Mirtilho Cardoso de Albuquerque

Hino da Aviação Embarcada

Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
O passado distante viu nascer sua história
Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
Seus feitos marcantes são flagrantes na memória
Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
A Embarcada retrata sua força, sua glória
Empunhando o tridente mortal, na defesa da Força Naval
Em vigília constante, protege o mercante [navio mercante] e nosso litoral


Atravessa o oceano, buscando o tirano [submarino] escondido no fundo do mar
Não importa a tormenta, se chove ou se venta, ela tem um caminho a trilhar
Avante, Cardeais! [Esquadrão dos Cardeais, de aviões antissubmarino] Audazes, não recuam jamais
Quer na paz ou na guerra, operando de terra ou de bordo de Porta Aviões
Sua força irradia, de noite ou de dia, enfrentando quaisquer condições
Da Pátria são zelosos guardiões
Lutando sem descanso pela paz entre as nações


Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
O passado distante viu nascer sua história
Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
Seus feitos marcantes são flagrantes na memória
Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!
A Embarcada retrata sua força, sua glória
Empunhando o tridente mortal, na defesa da Força Naval
Em vigília constante, protege o mercante e nosso litoral


Em seu passado foi buscar a tradição
Dos anujás [Esquadrão Anujá, de helicópteros antissubmarino] guardou a raça, o coração
E a Embarcada com sua fibra e destemor
A Força Aérea vai mostrando seu valor
O Cardeal que é da Esquadra o defensor
Sua tarefa vai cumprindo com amor
Com galhardia segue firme o seu destino
Na busca implacável ao submarino.