NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA

Capa Notimp Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


NOTIMP 152/2018 - 30/05/2018

Publicado: 30/05/2018 - 08:12h
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Para combater madeireiro em área militar, FAB pede "intervenção civil"

Desde 2015, houve ao menos três casos em que militares pediram ajuda às agências ambientais federais

Fabiano Maisonnave E Monica Prestes | Publicada em 29/05/2018 - 17h51

O saque de madeira em áreas protegidas no Pará não vem poupando sequer o Campo de Provas Brigadeiro Velloso da Força Aérea Brasileira (FAB), na Serra do Cachimbo, localizado perto da divisa com o Mato Groso, no sul do estado.

Desde 2015, houve ao menos três casos em que os militares pediram ajuda às agências ambientais federais.

No episódio mais recente, em 11 de outubro, a FAB acionou uma equipe do Ibama para desmantelar um acampamento de madeireiros. Dois tratores e uma camionete foram encontrados e destruídos, mas os invasores fugiram.

Pouco antes, em junho, agentes do Ibama já haviam feito uma operação, também a pedido da FAB. Apreenderam quatro tratores, três motos e uma motosserra, levados para a base aérea. Os criminosos de novo escaparam.

O campo de provas da Aeronáutica possui 21.588 km2, tamanho equivalente ao estado de Sergipe. A área está localizada no entorno da BR-163, um dos principais focos de desmatamento, madeira e garimpo ilegais da Amazônia.

O roubo de madeira de áreas protegidas é uma prática comum no Pará. Para esquentá-las, os criminosos costumam utilizar créditos fictícios da Semas (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará), emitidos a partir de inventários superestimados de planos de manejo legais.

O problema na base aérea da Serra do Cachimbo não é de hoje. Em agosto de 2015, em outra solicitação dos militares, agentes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e PMs inspecionaram uma fazenda vizinha à base aérea, do empresário Rodrigo Salvadori, 38.

Os agentes apreenderam e destruíram 123 m3 de madeira, além de embargar uma área de 196 hectares. Salvadori, que mora em Londrina (PR), onde é sócio da empresa JPL Indústria e Comércio de Embalagens.

O empresário paranaense foi multado em R$ 985 mil, mas recorreu e até hoje não há uma decisão final.
Em contato com a empresa por telefone no final de abril, a reportagem foi orientada a enviar as perguntas por email, mas não houve resposta aos questionamentos.

A FAB informou, via assessoria de imprensa, que no ano passado, "foram encontrados objetos relacionados à prática de ilícitos. Como a FAB não possui poder de apreensão de tais objetos, comunicou ao Ibama, que efetuou a apreensão.”

“A FAB coopera com o Ibama no transporte aerologístico de profissionais, equipamentos e bens, além de fornecer imagens de reconhecimento aéreo para apoiar o instituto”, completa a nota.

 

Clamor por intervenção militar é semelhante ao de 1964, diz general da reserva

General Heleno, ex-comandante no Haiti, porém, afirma que Forças Armadas repudiam a ideia

Isabel Fleck | Publicada em 30/05/2018 - 02h00

O general da reserva Augusto Heleno, 70, que foi o primeiro comandante das tropas da ONU no Haiti, diz ver semelhanças entre os atuais pedidos de intervenção militar e o período anterior ao golpe de 1964.

O militar, que já declarou apoio ao pré-candidato Jair Bolsonaro (PFL), contudo, afirma que as Forças Armadas estão “vacinadas” e não pretendem tomar o poder.

" É lógico que as Forças Armadas se sentem "lisonjeadas" pela credibilidade que essas faixas demonstram, mas têm plena consciência de que esse não é o caminho. O caminho são as eleições que vão acontecer", disse o general, em entrevista à Folha.

Como o sr. vê os pedidos de intervenção militar presentes nos protestos dos caminhoneiros?  

Não são só os caminhoneiros. Há um crescimento exponencial desse tipo de manifestação. Não é igual a 64, mas é semelhante, guardadas as enormes diferenças e devidas proporções.

A semelhança é esse clamor popular pela intervenção militar. É um sentimento que vai crescendo na população que enxerga nos militares a solução para o problema nacional. Mas as Forças Armadas estão vacinadas, não pretendem isso, não buscam isso e de maneira nenhuma trabalham para isso.

Quais são as diferenças? 

Há uma outra formação. Os valores das Forças Armadas são os mesmos, mas há uma outra geração de militares, formada pela geração que viveu o período militar e colocou na cabeça dos atuais generais que esse não era o caminho. Que esse é um caminho esdrúxulo. Até tem previsto na Constituição uma intervenção no caso do caos, mas não é o pensamento nem o desejo dessa geração de militares.

Por que o sr. considera que esses pedidos ganharam tanta força? 

Ainda que se faça uma força danada para denegrir tudo o que foi feito, a imagem que ficou daquela época [ditadura] é que era um país mais organizado, que a população tinha uma vida melhor. Não estou dizendo que fosse assim, mas essa é a imagem que muita gente tem.

Há uma espécie de conscientização de que os militares são capazes de colocar ordem na casa. Nós sabemos que isso é fruto de uma crise que o país está vivendo, depois de 13 anos de uma gestão desastrosa do dinheiro público. Mas é claro que não vai se repetir. A história dá muitos ensinamentos, mas dificilmente se repete.

Como os militares devem responder a esse clamor? 

Eu não quero dar palpite, isso compete ao comandante. O general Villas Boas é um comandante com uma liderança extraordinária, tem enorme sensibilidade e eu tenho certeza que, se for necessário, ele vai colocar a posição do Exército em relação a isso.

Nas Forças Armadas, há quem defenda intervenção? 

Posso lhe garantir que os oficiais e generais da ativa afastam essa possibilidade, repudiam esse tipo de manifestação. É lógico que as Forças Armadas se sentem “lisonjeadas” pela credibilidade que essas faixas demonstram, mas têm plena consciência de que esse não é o caminho. O caminho são as eleições que vão acontecer.

O sr. considera que a paralisação dos caminhoneiros ainda tem legitimidade, mesmo após acordo com Temer? 

Eles procuraram fazer as reivindicações deles e também não causar maiores possibilidades de confronto.

É natural que o país se ressinta porque o prazo foi relativamente largo para esse tipo de abstenção de combustível, comida. E na situação que o país está vivendo, em crise há muito tempo e se encaminhando para uma eleição, é lógico que existe gente que está torcendo para que tudo dê errado.

Há quem defenda que o Bolsonaro seria um dos interessados no caos.

Tenho certeza que não. Ele já fez alguns pronunciamentos convidando a ter prudência e comedimento, a acatar as ordens, a apoiar a atuação das forças legais. 


 

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO


"Não vejo nenhum militar pensando em intervenção", diz Etchegoyen

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional afirma que intervenção é "assunto do século passado"

Julia Lindner, O Estado De S.paulo | Publicada em 29/05/2018 - 14h03

BRASÍLIA - O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, afirmou nesta terça-feira, 29, que intervenção militar é um assunto do século passado, que não faz mais sentido. Durante coletiva no Palácio do Planalto de balanço do monitoramento da greve dos caminhoneiros, Etchegoyen foi questionado sobre os protestos que têm ocorrido no âmbito do movimento, pedindo a volta dos militares ao poder. "O farol que uso é muito mais potente que o retrovisor. Não vejo militar, forças armadas pensando nisso", afirmou.

Segundo ele, existe uma incógnita nesse movimento que ninguém ainda tratou, que é por que chegamos a isso. Mas, do ponto de vista dos militares, insistiu Etchegoyen, não é algo que desejam. "Vejam todas as manifestações de todos os comandantes, na imprensa, nas mídias sociais, sobre a posição de Forças Armadas. Tenho dito, repito, vivo no século 21, quero construir um País como todos militares desejam. Não busquem encontrar o problema onde ele está iluminado", afirmou, acrescentando em seguida que estão iluminadas as instituições das Forças Armadas que estão sempre presentes.

"Se há necessidade ou problemas, estão resolvendo, essa Força é extremamente iluminada do ponto de vista de ter clareza do que faz", completou.

Segundo ele, intervenção é um assunto do século passado, uma pergunta que, do seu ponto de vista, não faz sentido. Mas, reconheceu, ainda existem pessoas que acham que essa alternativa da intervenção é possível. "É importante sabermos por que, para sabermos onde erramos", afirmou.

 

16 toneladas de medicamentos embarcam em aviões da FAB para abastecer o Nordeste

Medida faz parte da estratégia de emergência do Ministério da Saúde que tenta reduzir o impacto da greve dos caminhoneiros

Lígia Formenti, O Estado De S.paulo | Publicada em 29/05/2018 - 14h57

Dois aviões da Força Aérea Brasileira decolaram de Brasília rumo à cidade pernambucana de Caruaru levando a bordo 16 toneladas de materiais usados em hemodiálise. Os produtos, que serão distribuídos em cidades do Nordeste, foram recolhidos de caminhões que tentavam, sem sucesso, fazer o transporte para a região. Um outro carregamento com material para hemodiálise deverá embarcar nesta tarde, desta vez, rumo ao aeroporto de Guarulhos. A medida faz parte da estratégia de emergência que começou a ser alinhavada ontem pelo Ministério da Saúde para tentar reduzir o impacto da greve dos caminhoneiros, que já chega a seu nono dia.

Além de aviões da FAB, companhias aéreas embarcaram em diferentes voos uma série de medicamentos comprados pelo Ministério da Saúde para distribuir aos Estados. Esses medicamentos já deveriam estar nos armazéns locais mas, por causa da greve, ainda permaneciam em Brasília. Por causa do atraso, também provocado pela greve, a estimativa era a de que os estoques locais dos medicamentos seriam suficientes para apenas dois dias.

Os carregamentos começaram a ser enviados pelas companhias aéreas ontem e juntos, somam cerca de 2 toneladas. Na lista, estão 10 remédios. Indicados para tratamento de câncer, para pacientes submetidos a transplantes, para controle de doenças raras, artrite reumatoide e hepatite. Os medicamentos serão encaminhados para SP, RJ, PE, ES, BA, MT, MS, PR, SC e PA.

O uso da Força Aérea Brasileira será feita apenas em casos de emergência. A estratégia para tentar reduzir o impacto da greve prevê também o uso de comboios escoltados pela Polícia Rodoviária Federal e pelo Exército, no caso de medicamentos que têm de fazer transporte entre dois Estados.

 

Chefe do Estado Maior da Forças Armadas diz que "não tem nenhuma concordância" com intervenção

O chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, afirmou que não está preocupado com mobilizações pedindo a intervenção militar no País

Tânia Monteiro | Publicada em 29/05/2018 - 20h07

O chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, disse, na entrevista coletiva sobre balanço das ações de desmobilização da paralisação dos caminhoneiros, que enfrenta seu nono dia, que “não está preocupado” com mobilizações pedindo a intervenção de militares no País. 

“Nós estamos preocupados em fazer o Brasil andar”, declarou ele, ao ser perguntado como recebia estes pedidos de intervenção. “Não temos nenhuma concordância com isso. Seguimos o que está na Constituição”, declarou ele. “Democracia”, resumiu.

Repetindo o que afirmou, no dia anterior, o ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, o almirante Ademir Sobrinho lembrou que “as pessoas são livres para se manifestar como quiserem", disse o ministro.

 

"Único caminho de acesso ao poder é pelo voto"

General afirma que pedidos de intervenção incomodam os militares, por parecer que há conivência deles

Tânia Monteiro | Publicada em 30/05/2018 - 04h00

BRASÍLIA - Incomodado com as manifestações de pedido de intervenção militar, principalmente na greve dos caminhoneiros, que parou o País nos últimos nove dias, o ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, rechaçou essa possibilidade, em entrevista ao Estado. O ministro lembrou que as Forças Armadas só agem dentro da legalidade e declarou que o “único caminho” para os militares chegarem ao poder “é pelo voto”. Primeiro militar a assumir o Ministério da Defesa, o general Silva e Luna disse ainda que as Forças Armadas estão 100% empenhadas no estabelecimento do abastecimento do País. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Estamos vendo seguidos apelos de grupos pedindo intervenção militar. Existe essa possibilidade diante dos problemas que estamos enfrentando?

As Forças Armadas trabalham 100% apoiadas na legalidade, com base na Constituição e sob a autoridade do presidente da República. E esse dispositivo, intervenção militar, não existe na Constituição.

Incomoda a vocês, militares, esses pedidos de intervenção?

Incomoda sim, porque pode dar a impressão de que as Forças Armadas estão por trás de uma insuflação, o que não é verdade. Além disso, intervenção militar é inconstitucional. O caminho do acesso ao poder é pelo voto. É o único caminho.

A que o sr. atribui esses pedidos de intervenção?

Com relação a manifestações políticas, não nos cabe comentar intenções partidárias de segmentos da população, que tem direito de se manifestar.

As paralisações que se mantêm são por interferência política ou ainda por reivindicações não atendidas?

O movimento reivindicatório se esgotou depois do acordo que o presidente da República fez com os representantes dos caminhoneiros, concedendo tudo que foi pedido. Daí para a frente, as resistências têm pouco a ver com essas reivindicações. Passa a impressão de que há mais fundo político-partidário.

A convocação das Forças Armadas para esse tipo de ação de desobstrução de pistas e fim de greve é um problema para vocês?

O emprego das Forças Armadas em Garantia da Lei e da Ordem é 100% legal. Está na Constituição. Nós estamos agindo em todo o País, evitando um dano muito maior.

Há previsão de quando a normalidade volta ao País?

Terminar uma consequência. Insisto que não se pode fazer promessas. Temos de entregar resultados. E resultados, estamos entregando.

Que resultados o sr. destacaria?

Abastecimento de combustível de aviação em todo o País. Normalidade de transporte nas principais capitais. O volume de carga transportada, por exemplo, dobrou de segunda para terça em todo o País. Foram liberados 300 caminhões de hortifrutigranjeiros no Rio. Tivemos 270 carretas de combustíveis transportadas.

As Forças Armadas podem atuar para tirar os caminhões e manifestantes que estão impedindo a passagem de outros trabalhadores nas estradas?

As Forças Armadas podem tirar sim. Mas o que é que se faz primeiro? Esgota-se os meios policiais presentes (policiais militares ou Polícia Rodoviária Federal).

O governo está falando em grupos infiltrados impedindo o fim da greve e agitando manifestações? O sr. sabe quem são?

Não temos identificação. Mas está caracterizado que existe.

 

JORNAL O GLOBO


Comando da Aeronáutica alerta militares contra informações falsas

Brigadeiro tem feito alertas contra grupos que pedem intervenção militar

Geralda Doca | Publicada em 29/05/2018 - 16h37

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, assinou um comunicado para alertar a todos os integrantes da Força, militares e civis, sobre o crescimento de notícias "falsas e tendenciosas" que estão sendo divulgadas nas mídias sociais, durante a crise de desabastecimento pela qual passa o país por causa da greve dos caminhoneiros. No texto, Rossato aconselha seus subordinados a serem críticos antes de aceitar qualquer informação como verdadeira. Ele também a conselha a tropa a procurar os canais oficiais de comunicação.

"Há muita informação falsa ou tendenciosa sendo divulgada, e devemos ser críticos antes de aceitá-las como verdadeiras. Devemos nos manter atentos e atualizados, e para isso reforço que deem prioridade aos nossos canais institucionais de informação, pois será por meio deles que divulgaremos qualquer orientação complementar", afirma Rossato no comunicado.

No texto, o comandante destaca o compromisso das Forças Armadas "em servir ao país e ao povo brasileiro". Segundo relatos de pessoas ligadas à Força, o comandante tem feito reunião com oficiais para alertar sobre o discurso de grupos radicais que pregam uma intervenção militar para debelar a crise. O movimento dos caminhoneiros foi engrossado por manifestantes que defendem diversas bandeiras. A ordem do comandante é para que seus militares fiquem longe disso. Uma intervenção não interessa à Força, disse um interlocutor.

"Por isso, sigo contando com o profissionalismo e dedicação de todos vocês, integrantes da nossa Força, sempre incansáveis em prol de dias melhores para o Brasil".

Rossato afirma também que a Aeronáutica está tomando medidas para minimizar os efeitos da paralisação dos caminhoneiros e neste sentido, a ordem priorizar atividades essenciais, adiando aquelas que podem aguardar o "restabelecimento da normalidade nacional".

"Em todas as nossas organizações, dos integrantes do Alto-Comando ao soldado mais moderno, minhas orientações são no sentido de mantermos a unidade de pensamento, disciplina na racionalização das atividades e na economia de recursos de toda ordem".

 

Temer diz que "não há risco" de "intervenção militar" por protesto de caminhoneiros

À imprensa estrangeira, presidente afirmou que governo poderá entrar com ação no STF para declarar ilegal greve anunciada por petroleiros

Publicada em 29/05/2018 - 12h24

SÃO PAULO Em entrevista à imprensa estrangeira em fórum de investimentos em São Paulo, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta terça-feira que "não há risco" de "intervenção militar" em decorrência da paralisação de caminhoneiros, que chega ao seu 9º dia. Cartazes e faixas pedindo intervenção militar para derrubar o governo foram visto com alguns grevistas.

Após sua participação na abertura do Fórum de Investimentos Brasil de 2018, Temer disse ainda que a redução do preço do óleo diesel anunciada pelo governo como parte das medidas para tentar acabar com a greve não irá reverter as reformas realizadas pela Petrobras para garantir a independência da estatal.

Durante sua palestra, no evento que foi organizado pelo governo federal e pelo Banco Interamericano de Investimento, Temer chegou afirmar que age com "autoridade" para preservar a ordem.

— Aqueles que rejeitam o diálogo e tentam parar o Brasil, nós exercemos autoridade para preservar a ordem e os direitos da população. Mas antes disso o diálogo é fundamental para o exercício do que a constituição determina. Ou seja, a democracia plena no nosso país.

TAMPAS E GARRAFAS PROIBIDAS EM EVENTO

O presidente também afirmou que o governo poderá ingressar com ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja declarada ilegal a greve convocada por petroleiros para quarta-feira. A paralisação convocada pela categoria, segundo o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, teria sido determinada antes da greve dos caminhoneiros.

O movimento se posiciona contra a atual política de preços da Petrobras, contra a venda de ativos pela estatal — incluindo o controle de quatro refinarias — e defende a saída do presidente da companhia, Pedro Parente.

Temer esteve acompanhado no evento de seis ministros, entre eles Aloysio Nunes, das Relações Exteriores. Na entrada do auditório do evento, os participantes foram proibidos de entrar com tampas de garrafas d´água e suco que eram distribuídas no local. Seguranças alegavam que poderiam ser atiradas no presidente.

9º DIA DE GREVE

Mesmo com o anúncio de um acordo feito pelo Governo Federal no último domingo, pelo menos 17 estados brasileiros e o Distrito Federal têm manifestações no nono dia de paralisação dos caminhoneiros contra o preço do combustível. A Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB) estimou que, como resultado da paralisação, deixaram de exportar 1 bilhão de dólares em produtos.

Na segunda-feira à tarde, o presidente chegou a afirmar que tinha "absoluta certeza de que em um ou dois dias essa greve cessará". Temer se comprometeu a baratear o diesel em R$ 0,46 por 60 dias, mas motoristas ainda mantém protestos em vias do país. A polícia e as Forças Armadas escoltam veículos com alimentos e insumos, que já chegam ao maior quantidade aos centros de distribuição e centros comerciais.

Nesta terça-feira, 68 voos foram cancelados devido a falta de combustível. Dez aeroportos controlados pela Infraero continuam sem abastecimento. De acordo com o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Oddone, o prazo é de até 7 dias para que o abastecimento de combustíveis se normalize no país.

Já o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, chegou a se referir a empresários do setor de distribuição de combustíveis de “inescrupulosos” durante entrevista à rádio CBN, nesta terça-feira. Jungmann disse que eles "vão pagar" pelo que afirma ser o locaute que está por trás da paralisação dos caminhoneiros.

(Com agências internacionais)

 

Em Seropédica, caminhoneiros cantam hino e fazem apelo aos militares

Parados ao longo da Via Dutra eles defendem pautas políticas e admitem haver apoio das empresas de transporte

Por Igor Mello | Publicada em 30/05/2018 - 04h30

SEROPÉDICA - Enquanto militares do Exército e homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ordenavam o trânsito, dezenas de homens aglomeravam-se ontem em torno de uma tenda improvisada no quilômetro 204 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Seropédica (RJ). Uma caixa de som tocava os versos iniciais do Hino da Independência em altos decibéis: “Já podeis da pátria filhos, ver contente a mãe gentil”. Ali proliferavam placas, cartazes, faixas e mesmo pichações pedindo que militares derrubem o presidente Michel Temer e assumam o poder, dando caráter visível a uma pauta que vem ganhando eco entre os caminhoneiros em greve ao longo dos últimos dias.

A tensão dos últimos dias pode ser vista nas marcas de pneus queimados. Entre os caminhoneiros, a justificativa para o pedido de golpe militar é a desconfiança de que o governo não vai atender às suas reivindicações.

— A intervenção militar não vai nos prejudicar, vai ajudar — opina o caminhoneiro Laudício Alves de Oliveira, de 50 anos, 20 deles na boleia. — Os militares vão abaixar o preço do óleo diesel, reduzir os impostos e tirar os corruptos lá de Brasília.

Logo nos primeiros dias após o golpe militar, em 1964, milhares de pessoas foram presas ou demitidas do serviço público, entre elas lideranças sindicais. Em junho daquele ano, o presidente Castelo Branco sancionou uma lei que restringia o direito à greve e previa penas de prisão e multa para trabalhadores que participassem de movimentos. O caminhoneiro Antônio Carlos Campos Junior, de 40 anos, admite que uma greve como a atual poderia ser reprimida pelos militares, mas diz não se importar:

— A gente quer intervenção militar porque, se o Temer não resolve, alguém tem que resolver. Se o movimento fosse reprimido (pelos militares), mas resolvessem nosso problema, estaria bom. Se reprimissem sem resolver, a gente pararia de novo.

Antônio Carlos é motorista autônomo, mas admite que grande parte dos colegas empregados em transportadoras tem aval dos patrões para participar da greve:

— O que é bom para a gente é bom para o patrão também — afirma, referindo-se à queda dos preços de combustíveis e pedágios reivindicados pela categoria.

Paulo Martins, de 56 anos, conta que a empresa para a qual trabalha tem apoiado os manifestantes. Oriundo de São Paulo, ele está em contato com uma filial na Pavuna, Zona Norte do Rio:

— Se precisar de dinheiro ou comida, é só ligar que eles mandam. Mas aqui não é o caso, porque não está faltando nada no acampamento.

Vários motoristas repetiam o discurso de confiança. Diziam acreditar que, com mais alguns dias de paralisação, o governo cederia e atenderia a todas as reivindicações. Um, mais exaltado, gritava: “a gente só sai daqui quando o Temer cair”.

ALIMENTOS VÊM DE DOAÇÕES

Do outro lado da rodovia, a empolgação não era a mesma. Um grupo reclamava da falta de resultados da mobilização e dizia ter vontade de partir. Eles disseram, porém, que seus caminhões estavam no fundo do terreno utilizado para guardar os veículos, impossibilitando a saída.

— Ninguém mais aguenta. Todo mundo está estressado. Queremos ir embora. Estamos vendo que isso aqui não vai dar em nada — diz Sebastião Alves, de 49 anos, caminhoneiro há 14.

Políticos e sindicalistas são personas non grata na mobilização, explica Antônio Carlos. Segundo ele, ninguém representa os acampados: sem líderes, eles decidiriam tudo coletivamente.

— Ninguém aqui quer sindicato, porque são todos vendidos. Aqui chega um monte de político, mas nós botamos para correr.

O vereador carioca João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PSOL), circulava discretamente pelo local. Ele tem visitado o bloqueio desde a última quinta-feira, tentando auxiliar os grevistas no diálogo com a polícia e as Forças Armadas. Sobre os pedidos de intervenção militar, ele disse serem “manifestações de um grupo minoritário”.

O almoço foi preparado por um grupo de cerca de dez mulheres, que se encarregam das refeições — feitas com alimentos doados pela população e por comerciantes da região. Uma das líderes do grupo é Cristiane Teixeira Damasceno Campos, mulher de Antônio Carlos. Segundo ela, não tem faltado nada:

— Ninguém colocou a mão nas cargas, é tudo doação.

Já o caminhoneiro José Antônio Rodrigues, de 43 anos, está ali com a mulher, Rosemeire Camargo, e a filha Ana Lívia, de apenas seis meses:

— Aqui a gente consegue tudo para ela: tem onde dar banho, recebemos doações de fraldas e de leite.

 

PORTAL UOL


Nem o comando das Forças Armadas tem paciência com quem pede golpe militar


Leonardo Sakamoto |

Uma coisa é ter opinião. Outra é achar que a Constituição é papel higiênico e as instituições democráticas (que levamos décadas para tentar construir) são um grande vaso sanitário. E defender que seu ponto de vista seja aplicado à força, através do fuzil e do canhão, em prejuízo à liberdade e à dignidade do restante da população.

As Forças Armadas de hoje não são as mesmas do período da última ditadura, da mesma forma que os contextos nacional e internacional são outros. Seus comandantes têm confirmado que a liderança do país é e será civil, apesar de algumas declarações desastrosas que poderiam ter sido evitadas. Segundo eles, o respeito às liberdades individuais e às instituições continuará, sem intervenções ou golpes. Inclusive nesta crise causada pela incompetência do governo Temer em lidar com a greve dos caminhoneiros.

O problema é que, vira e mexe, políticos estridentes alimentam o pessoal que acha que a democracia é a titica do cavalo do bandido e vê norte-coreanos na tigela dos cereais do café da manhã, semblante de médico cubano na torrada e o mapa da Venezuela no ovo frito. Pessoas que dizem que o mal precisa ser extirpado e o bem recolocado no lugar pelos militares. E quem é o mal? Daí reside o problema: são todos aqueles eleitos como inimigos dos "homens e mulheres de bem". Na superfície dessa afirmação, há ódio. Mas se escavarmos um pouco, chegaremos ao medo e, em seguida, à completa ignorância sobre o outro e, não raro, sobre si mesmo.

Já escrevi sobre tudo isso antes, mas achei que era importante trazer a discussão aqui novamente dada a quantidade de pessoas que, sem pudor algum, estão indo às ruas pedir "intervenção militar constitucional", ou seja, golpe.

Graças à democracia, elas têm liberdade para tanto – e nós para criticá-las. Pois sinto vergonha de outros brasileiros que demandam seu direito à liberdade de expressão com o intuito de defender a volta de um período em que a liberdade de expressão não era um direito.

Lidamos com o passado como se ele tivesse automaticamente feito as pazes com o presente. Não, não fez. E o impacto de não resolvermos o nosso passado em que o Palácio do Planalto autorizou a morte de brasileiros com os quais não concordava se faz sentir no dia a dia das periferias das grandes cidades e nos grotões da zona rural, com o Estado aterrorizando, reprimindo e torturando parte da população (normalmente mais pobre) com a anuência da outra parte (quase sempre mais rica). Sim, milhões de pobres sentem no couro diariamente a herança dessa ditadura.

O mais triste é saber que muitos dentre os que pedem um golpe militar fazem isso não por desconhecer o que acontecia naquela época, mas exatamente por ter plena noção. Querem aquele período de volta, com seus paus-de-arara e cadeiras de choque, suas prisões arbitrárias e os habeas corpus transformados em lixo, suas megaobras superfaturadas e as tentativas de genocídio indígena, seus protestos que terminavam com prisões e greves finalizadas à bala, suas aposentadorias especiais para filhas de militares e seus loteamentos de cargos com amigos, seu desmatamento e seu trabalho escravo nas alturas, seu alto endividamento externo e a entrega da Amazônia a empreendimentos internacionais.

Se ficarmos apenas assistindo boquiabertos aos retrocessos sociais, ambientais, econômicos, políticos e civis, o que é um pesadelo do passado voltará a ser nosso cotidiano. Liderado por falsos "salvadores da pátria", carregados nos braços de quem está cansado de tudo o que está aí, inclusive da liberdade para procurar soluções de forma coletiva aos problemas da sociedade.

O desejo de que militares tomem as rédeas da sociedade não é a busca por ordem diante de um país desempregado, violento, corrupto, que caiu em desalento e desgosto com a falta de perspectivas de melhora. Porque tudo isso só se resolve através de muita discussão por vias democráticas.

Mas é a fuga da liberdade, que pode ser opressora para aqueles que não suportam serem responsáveis pelos seus próprios erros e acertos. Desejam não apenas que alguém decida por eles, o que fazer e pensar, mas também o limite da liberdade das outras pessoas. Afinal, perceber que o outro vive bem sua liberdade é opressor para quem foge de sua própria.

Como já disse aqui, diante da atual tentativa de excluir o espírito crítico dos bancos escolares, através de ações como o "Escola Sem Partido", desejo que a história daquele período continue a ser contada nas escolas até entrarem nos ossos e vísceras de nossas crianças e adolescentes a fim de que nunca esqueçam que a liberdade do qual desfrutam não foi de mão beijada. Mas custou o sangue, a carne e a saudade de muita gente.

 

Analistas apontam proximidade de eleições e governo fraco para descartar golpe militar


Aiuri Rebello E Luis Kawaguti | Publicada em 30/05/2018 - 04h00

No momento em que manifestantes em meio ao movimento grevista dos caminhoneiros pedem intervenção militar e em que boatos se espalham pelas redes sociais, o UOL ouviu oficiais do Exército e analistas políticos para saber se há, afinal, risco de golpe militar no Brasil.

Nesta terça-feira (29), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, que é general da reserva do Exército, afirmou que não via "nenhum militar pensando nisso".

Como ele, oficiais do Exército descartam uma intervenção, mas estão preocupados com a possível simpatia da tropa ao movimento grevista, conforme noticiou a "Folha". No Congresso, políticos da oposição e da base de apoio do governo externaram a preocupação de que o presidente Michel Temer (MDB) não chegue ao final do mandato.

Apesar da paralisação econômica e da efervescência social do país, na opinião dos entrevistados nesta reportagem, não há risco de golpe militar. Pelo menos por enquanto, já que todos fazem a ressalva de que a conjuntura pode mudar caso a crise se agrave ainda mais.

O general da reserva Antonio Hamilton Mourão causou polêmica no ano passado ao defender uma intervenção militar caso a Justiça brasileira não desse conta de controlar a corrupção, quando ele ainda estava na ativa. Hoje, coordena uma frente de cerca de 70 militares que serão candidatos nas próximas eleições. Essa é a via que ele defende para uma maior influência dos militares na política nacional.

"Não vejo possibilidade nenhuma, em hipótese alguma", afirma ele sobre a possibilidade de golpe militar neste momento delicado que o país vive. "Isso aí [boatos sobre um golpe militar] parece uma tentativa de integrantes da esquerda de dividir o Exército. Não funciona dessa maneira. O Exército tem suas lideranças muito bem estabelecidas", diz sobre a possibilidade de uma liderança de média patente surgir e ser capaz de levar as Forças Armadas a um golpe de Estado.

"Não vejo possibilidade nenhuma, em hipótese alguma." Antonio Hamilton Mourão, general da reserva

"Eles [os caminhoneiros] estão exercitando sua musculatura e mostrando a sua força, só que isso ultrapassou os limites do bom senso. Eles já deveriam ter retornado, e a partir daí o que acontece? Surgem os pescadores de águas turvas. E quem são os principais pescadores de águas turvas na minha opinião? É essa esquerda jurássica", afirma o general. Para ele, uma intervenção militar seria ruim para a imagem do Exército.

Na opinião dele, o golpe seria bom para a esquerda. "Eles sabem que não têm nenhuma chance de futuro nessas eleições. O único elemento que tinha está trancafiado na cadeia e lá vai continuar. Então o que interessa a eles? Interessa que o jogo mele. Interessa insuflar o caos na visão de que as Forças Armadas farão uma intervenção e a partir daí eles terão uma nova bandeira para poder se estabelecer no terreno. E nós não vamos entrar nesse jogo. Esse é um jogo de soma negativa, só perde o país", diz o general.

"Continuo achando que não há risco de golpe militar." Carlos Fico, professor de história e pesquisador da UFRJ

"Por muitos anos quando me perguntavam isso [se havia risco de golpe no Brasil], eu dizia que não", afirma Carlos Fico, professor e pesquisador da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"E continuo achando que não há risco de golpe militar. Não há espaço para golpes nos moldes tradicionais, como os dos tempos da Guerra Fria. O descontentamento e o desespero da população podem levar não ao golpe militar, mas a soluções muito pouco democráticas, de viés autoritário, com atalhos constitucionais, o que é representado pelo deputado Jair Bolsonaro [pré-candidato a presidente pelo PSL]. A campanha eleitoral também pode ser marcada pela violência física entre eleitores de tendências diferentes."

Ele classifica como "medida excêntrica" a decisão do governo federal de decretar a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em todo o território nacional em função da crise provocada pela greve dos caminhoneiros. "Há indícios de uma quase anomia que o país passou a vivenciar após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), como se agora se pudesse fazer tudo depois do afastamento de uma presidente por causa de mau desempenho econômico", afirma.

"Desde o impeachment, há uma situação de esgarçamento muito grande das instituições, como o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Executivo. Esses Poderes estão muito erráticos, agindo de maneira inconstitucional", avalia o professor.

Para Fico, a decisão do governo federal de fazer uma intervenção militar no estado do Rio não cumpriu as exigências constitucionais para situações como esta. "Não havia conturbação grave da ordem no Rio", afirma o pesquisador da UFRJ.

Fico diz conversar com militares da ativa e da reserva constantemente. Ele afirma que eles estão preocupados com os insucessos nas missões ordenadas pelo governo federal. "Desde a intervenção federal no Rio, o risco não é tanto de golpe, mas de fragilização dessas instituições. Nada disso [segurança pública e greve dos caminhoneiros] é fácil de resolver. São questões graves que põem em risco a credibilidade das Forças Armadas. Os militares vão sair muito desacreditados e percebem isso", afirma Fico.

"As Forças Armadas, especialmente o Exército, têm uma imagem muito positiva em pesquisas de opinião pública. Os militares estão muito desconfortáveis com essa situação de serem chamados para resolver tudo e não conseguirem. Eles vão fracassando, como na intervenção na segurança pública do Rio. O que vai decorrer disso é a fragilização dos próprios militares."

"O Exército não compra esse discurso." Ajax Porto Pinheiro, general da reserva e último comandante da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti

Segundo o general Ajax Porto Pinheiro, o discurso favorável a uma intervenção militar no contexto atual do Brasil parte de simpatizantes da extrema-direita e da extrema-esquerda. "Essa é uma ideia que não vem das Forças Armadas, é como uma chuva de verão, um modismo que passa", disse.

Segundo ele, as tropas do Exército têm suas lideranças e elas são disciplinadas. "Pode ser que um ou outro [oficial de média ou baixa patente ou soldado] se empolgue e fique com ideias malucas, mas não vejo isso tendo guarida dentro do Exército, a probabilidade é zero."

Risco de golpe sempre há, então o que deve ser avaliado é o quão alto está. Rodrigo Lentz, advogado, consultor em direitos humanos e pesquisador do Instituto de Ciência Política da UnB

"Risco de golpe sempre há, então o que deve ser avaliado é o quão alto está", afirma o professor Rodrigo Lentz, advogado, consultor em direitos humanos e pesquisador do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília). "Neste momento, não vejo muita chance disso acontecer", diz na sequência.

Na análise de Lentz, alguns pressupostos são necessários para um golpe militar. O primeiro é algum grau de apoio da população. "É preocupante que nos últimos tempos, e de maneira crescente, tenham aparecido grupos que pedem a volta do regime militar. Eu vejo esse apoio crescendo seja nas redes sociais ou nas manifestações", diz. Para ele, isso acontece porque um número cada vez maior de pessoas não enxerga nas vias democráticas a saída para os problemas nacionais.

"As pessoas estão descrentes na democracia, no processo político como um todo. Os próprios políticos agravam essa percepção quando chamam as Forças Armadas para resolver qualquer problema, seja a segurança no Rio, seja uma greve de caminhoneiros. O Judiciário, quando demoniza a política e os políticos, também ajuda nesse desgaste", afirma Lentz. "Com a enorme participação de militares no governo, a intervenção no Rio e agora a GLO nacional, na verdade o que temos é um governo civil militar", diz o pesquisador.

"O governo Temer não tem voto popular, não tem mais maioria no Congresso e é rejeitado pela maioria absoluta da população. A única instituição que apoia, que segura ele hoje é o Exército", afirma Lentz. Por isso tudo ele acredita que, se as Forças Armadas quisessem, derrubavam o governo sem dificuldade. Mas não querem e não precisam fazer isso para exercer o poder, em grande parte já delegado pelo governo civil aos militares.

"O golpe implica um desgaste enorme. Outra coisa é virar a vidraça. Hoje quem leva pedrada da opinião pública é o governo Temer. Se os militares assumem, imediatamente o principal foco de descontentamento passa a ser eles", afirma Lentz.

"Outra coisa é que também vejo os militares com uma abordagem diferente. O candidato que representa o ideário deles [Jair Bolsonaro] está bem nas pesquisas, deve ir para o segundo turno com chances reais de ganhar. Vi também que estão lançando vários candidatos para vários cargos nestas eleições... Parece que eles querem voltar ao poder, mas sem o ônus e a ilegitimidade de um golpe."

Lentz levanta ainda outro motivo para afirmar que não haverá golpe militar. "Os militares são muito ressentidos com os políticos civis. Em 1964, os civis que pediram para eles darem o golpe, aliaram-se a eles. Depois, o ônus da história ficou inteiro com os militares, não se fala dos civis que foram decisivos para o golpe, como alguns empresários e políticos", diz o advogado.

"Há alguns segmentos da sociedade que estão discutindo intervenção militar no governo, mas dentro do Exército isso não está acontecendo. Esse cenário da greve dos caminhoneiros não justificaria uma intervenção", afirmou um general ao UOL, sob sigilo.

Dentro do Exército não há inquietação nem rumores de intervenção. General da ativa que falou com o UOL sob condição de anonimato

Segundo ele, uma intervenção só se justificaria para defender as instituições democráticas ou para frear uma desordem pública muito grave --o que em sua opinião não é o caso atualmente.

* Colaborou Wellington Ramalhoso, do UOL em São Paulo.

 

Intervenção militar, como foi pedida nos protestos em rodovias, seria golpe e inconstitucional


Wellington Ramalhoso | Publicada em 30/05/2018 - 04h05

Parte dos caminhoneiros que entrou em greve no país passou a pedir intervenção militar e a saída do presidente Michel Temer (MDB), reivindicação criticada por outra parcela da categoria. Caso os militares se animassem com o pedido dos manifestantes e tirassem o emedebista do poder, o país estaria claramente diante de um golpe. De acordo com constitucionalistas, a legislação brasileira não permite intervenções militares que destituam o poder civil.

"Não existe [intervenção militar que não seja golpe]. Toda ação das Forças Armadas no Brasil é regulada pela Constituição e [fica] sob as ordens das autoridades civis. A Constituição permite que as Forças Armadas tenham atuação no campo interno desde que elas sejam convocadas a atuar sob ordens civis", afirma o professor Oscar Vilhena Vieira, professor de direito constitucional da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em São Paulo.

"As Forças Armadas devem obediência às autoridades civis. Qualquer conduta à margem ou acima da autoridade civil seria considerada uma intervenção militar indevida, ou seja, um golpe", comenta Vilhena.

"Não existe [previsão de] intervenção militar [desse tipo] na Constituição. Isso é sempre uma medida de exceção, uma revolução, um golpe. Qualquer intervenção militar é um golpe de Estado", corrobora Marcelo Figueiredo, professor de direito constitucional da PUC (Pontifícia Universidade Católica), em São Paulo.

Os caminhos legais para a saída de Temer seriam a renúncia ou um processo de impeachment. Em qualquer um destes casos, quem assumiria o comando do país seria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general da reserva do Exército Sérgio Etchegoyen, afirmou nesta terça-feira (29) que não há a mínima possibilidade de uma intervenção militar no Brasil e não vê as Forças Armadas cogitando a hipótese. "Não vejo nenhum militar, não vejo Forças Armadas pensando nisso", declarou em entrevista no Palácio do Planalto.

Estado de sítio suspenderia liberdade de reunião

A intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro e a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) durante a greve dos caminhoneiros são medidas previstas na Constituição. Em ambas, as Forças Armadas permanecem sob a autoridade da autoridade civil, que é o presidente.

Em casos de gravidade ainda maior à instabilidade, o governo pode decretar estado de defesa e estado de sítio para preservar ou restabelecer a ordem pública. Mesmo assim, a Constituição prevê regras para isto. "A decretação depende de requisitos. O presidente tem que consultar o Conselho da República e submeter o decreto ao Parlamento", explica Oscar Vilhena.

Determinados direitos, lembra Marcelo Figueiredo, ficam suspensos com esse tipo de decreto. Um dos que caem é a liberdade de reunião, o que abre caminho para a repressão mais forte a concentrações e bloqueios como os que os caminhoneiros realizaram nas rodovias do país. Desde a aprovação da atual Constituição, em 1988, o governo não recorreu a estas medidas.

Desilusão e desconhecimento

Para o historiador Carlos Fico, professor titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em ditadura militar e rebeliões populares no Brasil, o pedido dos manifestantes por intervenção é fruto do desconhecimento. "Pelo grau de percepção de política que essas pessoas [que pedem intervenção militar] demonstram, elas não sabem o que estão falando, não sabem o que estão pleiteando. No fundo, elas não têm precisão doutrinária."

A desilusão com a política, acrescenta Fico, também explica o pedido dos manifestantes. "É uma demanda derivada do desespero com a situação geral do país, com anos de não atendimento das questões básicas dos serviços públicos, como saúde e educação, e do desencanto com a política."

O pesquisador ressalta que a intervenção militar reivindicada por caminhoneiros e outros manifestantes não deve ser confundida com as medidas constitucionais que preveem o uso das Forças Armadas sob a autoridade civil, mas critica o fato de o governo Temer recorrer com frequência a estes expedientes.

"É grave que um governo tão impopular e discutível como o atual recorra a essas medidas porque elas deveriam ser usadas em situação muito graves. O governo usa essas medidas de maneira banal e você não vê resultados concretos."

 

JORNAL CORREIO BRAZILIENSE


Pontos de concentração de bloqueios em rodovias passam de 594 para 616

Foram registrados ainda 3 bloqueios totais de rodovias: na divisa de GO-DF 070, no Ceará e em Minas Gerais

Ingrid Soares - Especial Para O Correio | Publicada em 29/05/2018 - 18h58

Em coletiva no Ministério da Defesa, o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, o almirante Ademir Sobrinho afirmou que, nesta terça-feira, 29/5, foram registrados 751 desenterdições no país. Segundo Célio Constantino, corregedor-geral da PRF, o número de manifestações aumentou. Foram registrados 616 pontos ativos de manifestacão contra 594 divulgados na segunda-feira. Segundo o Almirante, o que ocorre é que os pontos de concentração estão mais espalhados, mas em menor volume. "São pequenas concentrações que são rapidamente dispersas. E os manifestantes não são da categoria dos caminhoneiros. Mas sim, pessoas de outras classes e comunidade local que aproveitaram o encejo."

Outros 176 veículos foram flagrados parados nas rodovias deliberadamente. Foi encaminhado a AGU o pedido de multa, estipulado em 100 mil por hora para empresas e em 10 mil por hora para autônomos que descumpriram a ordem do supremo de circulação de mercadorias de veículos.

Foram registrados ainda 3 bloqueios totais de rodovias: na divisa de GO-DF 070, no Ceará e em Minas Gerais. Os pontos nestas regiões não foram divulgados. A pasta ressalta que os manifestantes nesses locais não são caminhoneiros.
No Maranhão, em Macabeira, sete pessoas foram presas por ataques a comboios. Também houve registros em Ceropédica e Rio Branco.

Sobrinho avaliou que a rota Betim-Brasília está semi-liberada e que já transitam veículos sem escolta. Alguns caminhoneiros, no entanto, estão receosos de passar pelas vias por conta de vândalos, mas corredores de livre circulação estão sendo criados pela PRF e Forças Armadas durante a escolta para proteção dos caminhoneiros. O almirante afirmou ainda que não concorda com o pedido de intervencão militar levantado em alguns protestos. "Estamos preocupados em fazer o país andar. As pessoas são livres, mas não há concordância com a intervenção, seguimos o que está na constituição: a democracia".

 

PORTAL G1


Com envio de Forças Armadas, caminhoneiros liberam rodovia que dá acesso a refinaria no RN

BR-406 foi fechada na altura da cidade de João Câmara durante os protestos contra a alta de combustíveis.

Publicada em 29/05/2018 - 15h25

Os caminhoneiros desobstruíram a BR-406, em João Câmara, que dá acesso ao polo industrial de Guamaré, no Rio Grande do Norte, onde fica a refinaria de petróleo e querosene de aviação da Petrobras. O desbloqueio aconteceu no início da tarde desta terça-feira (29), após o envio de policiais rodoviários federais, Exército e Polícia Militar. A desobstrução foi pacífica.

Há nove dias os motoristas de caminhão realizam protestos em diferentes estradas do país contra a alta de combustíveis. Na tarde desta terça (29), foi enviado um comboio até João Câmara, com carros do Batalhão de Choque da PM, Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional, Exército e Corpo de Bombeiros. O objetivo da tropa era retirar de lá os manifestantes e desbloquear a estrada.

Contudo, antes da chegada do comboio, os caminhoneiros resolveram deixar o local. A BR-406 é um ponto estratégico para o Rio Grande do Norte, porque é por ela que passam os caminhões de combustíveis que saem da refinaria para abastecer o estado.

Além de ligar a refinaria a Natal, a rodovia também leva ao Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. Com a desobstrução, os caminhões de combustíveis seguiram em direção aos postos de abastecimento.

 

Militares e PRF estão em Seropédica para garantir escolta de caminhoneiros

Desde a madrugada, forças de segurança recebem denúncias de que os motoristas são impedidos de deixar o local por homens armados. Cinturão de segurança foi criado para garantir a escolta.

Por G1 Rio | Publicada em 29/05/2018 - 15h57

Militares do Exército e agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram deslocados para Seropédica, na Baixada Fluminense, no início da tarde desta terça-feira (29), para fazer a escolta de caminhoneiros estacionados no maior ponto de concentração de grevistas no Rio de Janeiro.

Desde a madrugada, as forças de segurança recebem informações de que homens armados impedem os caminhões de deixar o local. Policiais federais estiveram em Seropédica informando aos caminhoneiros que quem quisesse poderia deixar o local.

A partir daí, uma série de denúncias chegaram ao gabinete de crise, criado no Centro Integrado de Comando e Controle, no Centro do Rio, informando que homens armados impediam que os caminhoneiros deixassem o local, segundo apurou o G1.

Equipes do 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista foram enviadas ao local para identificar lideranças do movimento e se havia alguém armado ameaçando os motoristas. Até o momento, ninguém foi encontrado com armas no local.

Os militares estão organizando uma escolta com agentes da PRF para os motoristas que queiram deixar o ponto que está em um posto de gasolina, na Via Dutra, na altura de Seropédica. Um helicóptero da polícia rodoviária também sobrevoa a região no meio da tarde.

O G1 esteve no ponto de concentração de caminhoneiros na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense, na noite de sexta-feira (25). No local, onde havia aglomeração de caminhões parados no acostamento da pista, centenas de caminhoneiros enfrentavam a fome e o frio desde segunda-feira (21).

Muitos caminhoneiros disseram que têm recebido a ajuda dos patrões com dinheiro, comida e envio de reforços para rendição.

"Se não fosse o apoio do patrão, poucos estariam aqui", disse Evandro, caminhoneiro há 15 anos.

As quentinhas de comida, quando chegam no local onde estão reunidos, são vendidas por R$ 10 e disputadas entre os motoristas. Muitos contam que precisam da boa vontade de moradores do local para se alimentarem.

Na tarde de sexta, segundo um grupo de caminhoneiros, quem os ajudou a "tirar a barriga da miséria" foram criminosos que atuam na região.

"Até os milicianos trouxeram pão com mortadela pra ajudar a gente. Foi a minha sorte, porque não consegui comprar comida porque meu dinheiro acabou", contou Roberto, caminhoneiro há 42 anos.

 

Promotoria de Marabá pede ação do Exército e PRF para liberar vias no sudeste do Pará

De acordo com promotor, serviços essenciais como saúde e abastecimento de alimentos estão afetados pela paralisação dos caminhoneiros.

Por G1 Pa, Belém | Publicada em 29/05/2018 - 15h51

O promotor de Justiça Arlindo Cabral de Itupiranga e Marabá, sudeste do Pará, enviou nesta terça-feira (29) ofícios ao Exército e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que seja cumprida a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a liberação dos pontos interditados em estradas pelos caminhoneiros. A paralisação dos caminhoneiros já chega ao nono dia e caminhões transportando combustíveis tiveram que ser escoltados para abastecer o interior do estado.

De acordo com o Ministério Público do Pará (MPPA), o objetivo do pedido é assegurar a manutenção de serviços essenciais à saúde da população e evitar o desabastecimento de alimentos.

Nos documentos enviados ao delegado-chefe da PRF em Marabá e ao Comando do Exércico em Belém e Marabá, o promotor solicita providências, já que as principais vias de acesso à Marabá permanecem bloqueadas. Além disso, também autoriza providências para impedir paralisação e obstruções com auxílio das forças de segurança pública.

Segundo o promotor, a cidade de Marabá está em estado de calamidade, com serviços públicos essenciais afetados, como saúde, educação e segurança, uma vez que não há combustível para ambulâncias.

A promotoria de Marabá informou que cidades vizinhas também sofrem com o desabastecimento por serem abastecidos pelo município, considerado polo na região sudeste.

O Exército Brasileiro disse, por meio do Comando Militar do Norte, que ainda não recebeu ofício da promotoria de Justiça. O G1 também entrou em contato com a PRF e aguarda confirmação oficial sobre o pedido do MPPA.

 

Governo recua, e soro fisiológico não será enviado ao DF a bordo de Hércules

GDF tinha anunciado que material chegaria na quarta em avião da FAB. Produto sai de São Paulo, onde está retido, de caminhão.

Por Gabriel Luiz, G1 Df | Publicada em 29/05/2018 - 19h36

O governo do Distrito Federal recuou e disse, no final da tarde desta terça-feira (29), que a carga de soro fisiológico esperado pela Secretaria de Saúde não vai mais chegar a bordo de um avião Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB). O material será transportado de São Paulo, onde está retido, de caminhão.

No começo da tarde, o governo do DF havia anunciado que o avião seria destacado para “resgatar” o produto. De acordo com a FAB, em nenhum momento houve o pedido para a aeronave ser utilizada.

Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Saúde disse que "a princípio, foi cogitado o transporte do insumo por avião. Entretanto, a empresa responsável pelo fornecimento do produto conseguiu uma transportadora para trazer o soro fisiológico, sob escolta do Exército."

Ainda de acordo com a nota, "a opção pelo meio terrestre teve como objetivo evitar o alto custo com o transporte aéreo, já que a rede ainda dispõe de soro nas unidades de saúde."

No começo da tarde, o secretário de Saúde Humberto Fonseca disse que o custo da operação [do Hércules] seria assumido integralmente pelo governo federal. "O que sei é que vamos encher o Hércules de soro fisiológico”, afirmou.

A previsão de chegada do soro fisiológico em Brasília é nesta quarta-feira (30). 

Nota oficial do governo

Em nota oficial, assinada pelo governo de Brasília, e divulgada durante a tarde para anunciar 11 medidas tomadas para reduzir os impactos da greve dos caminhoneiros, o primeiro item diz:

"1. Priorizar as ações que garantam a chegada de soro fisiológico para a rede hospitalar pública de saúde, que consume 2.500 frascos/dia. Ficou acertado que o material será transportado de São Paulo por um Hércules do Exército Brasileiro, com previsão de chegada para essa quarta-feira, 30."

 

Forças Armadas realizam operação na Zona Oeste do Rio

1.380 militares, com blindados e aeronaves, realizam cerco nas comunidades do Bateau Mouche e Barão, na região da Praça Seca.

Publicada em 30/05/2018 - 01h40

O Comando Conjunto da Intervenção no Rio de Janeiro iniciou uma operação nas comunidades do Bateau Mouche e Barão, na região da Praça Seca, Zona Oeste da cidade, no início da madrugada desta quarta-feira (30).

A ação envolve cerco e estabilização dinâmica da área, diz comunicado do Comando Militar do Leste.

1.380 militares das Forças Armadas estão na região, com apoio de blindados e aeronaves. Há revistas em pessoas e veículos.

O comunicado informa que “algumas vias na região poderão ser interditadas e setores do espaço aéreo poderão ser controlados, oportunamente, com restrições dinâmicas para aeronaves civis. Não há interferência nas operações dos aeroportos”.

 

Força Aérea transporta remédios de MG para tratamento de pacientes no interior de Pernambuco

Medicamentos são para centro que trata pessoas com doenças nos rins em Caruaru. Bloqueios em estrada afetaram fornecimento.

Por Camila Torres, Tv Globo | Publicada em 29/05/2018 - 08h22

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou ao Recife, na madrugada desta terça-feira (29), trazendo remédios para um centro de nefrologia em Caruaru, no Agreste pernambucano. A greve dos caminhoneiros afetou o fornecimento de insumos para a clínica por conta dos bloqueios nas estradas, por isso foi necessário trazê-los via aérea de Montes Claros, em Minas Gerais.

O brigadeiro Walcyr Araújo, comandante do Cindacta 3, apontou que o abastecimento da clínica é prioridade. "Estamos atendendo a uma priorização do Ministério da Saúde que entede que, neste momento, o que temos de mais urgente é transportar esse medicamento para o centro em Caruaru. Recebemos oito toneladas inicialmente e mais oito vão chegar", detalhou.

A Clínica Nefrológica de Caruaru é referência no interior do estado no tratamento de doenças dos rins. Por conta do movimento dos caminhoneiros que já dura nove dias, a unidade estava quase desabastecida.

Segundo a direção, a clínica tinha estoque de medicamento suficiente para atendimento até a quinta-feira (30), mesmo reduzindo o tempo de hemodiálise dos pacientes. Hemodiálise é método de filtração do sangue por meio de um rim artificial. 

O pedido de ajuda ao Ministério da Saúde foi feito por meio da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante, que reúne centros de todo o Brasil. O primeiro avião da FAB desembarcou por volta das 4h na base aérea do Recife, no bairro de Jardim Jordão, na Zona Sul, e seguiu para o sétimo depósito de suprimentos do Exército, que fica no bairro do Cabanga, no Centro.

Do depósito, a carga seguiu para Caruaru, que fica a 130 quilômetros do Recife, por volta das 8h, em um caminhão do Exército, escoltado por outro veículo da força armada. A previsão é que o segundo avião chegue ainda nesta terça e também siga para a cidade agrestina.

A Clínica Nefrológica de Caruaru tem cerca de 360 pacientes fazendo hemodiálise. Eles são de Caruaru e de outros 32 municípios no entorno. O centro tem convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) e cerca de 90% dos atendimentos são feitos através do convênio.

“Essa carga de medicamentos vai normalizar o atendimento e deixar a clínica abastecida por pelo menos 15 dias. A carga também vai beneficiar 40 pacientes que fazem hemodiálise no Hospital Regional do Agreste", explicou a Aniedja Queiroz, diretora da Clínica Nefrológica de Caruaru.

"Agora, nós vamos poder normalizar o tempo de hemodiálise, que tinha sido reduzido em uma hora. O nomal são quatro horas”, acrescentou a diretora.

 

Familiares denunciam que avião de salvamento não fez o resgate de dois pacientes graves em Fernando de Noronha

Um rapaz sofreu um acidente de moto e um homem tem suspeita de infecção generalizada

Ana Clara Marinho | Publicada em 29/05/2018 - 19h41

Os familiares de dois moradores da ilha estão revoltados, eles aguardaram a chegada de um avião de salvamento para transferência dos pacientes, mas Aeroporto de Fernando de Noronha fechou às 18 horas desta terça-feira (29) e a aeronave não fez as viagens.

O garçom Isaac Messias Santana, de 29 anos, sofreu um acidente de moto e quebrou as duas pernas na tarde desta terça-feira (29). Já o comerciante José Carlos de Barros, conhecido como Gostosinho, tem 43 anos e deu entrada na unidade de saúde nessa segunda-feira (28). A suspeita é que o comerciante tenha sofrido um infarto e tenha infecção generalizada. Os dois estão internados no Hospital São Lucas e devem ser transferidos para atendimento no Recife, mas o salvaero (avião salvamento) não pousou na ilha.

“Meu marido deu entrada no hospital ontem ao meio dia e às dez da noite dessa segunda (28) teve um infarto. Nós esperamos o avião e a informação que eu recebi é que a aeronave não vem porque o Governo do Estado não pagou a empresa que faz o serviço. Nós estamos sendo tratados como bichos, isso é muito errado”, falou Cíntia Honório da Silva Barros, esposa de José Carlos Barros.

A mulher de Isaac Santana também reclama da falta de transferência do marido. “ Um médico disse que ele deveria ser transferido, quebrou as duas pernas, tem uma fratura do fêmur e precisa fazer uma cirurgia. Já me falaram que o socorro não pode vir hoje, só nesta quarta-feira (30). Isso é um absurdo, se aqui não tem o atendimento o correto é levar para o Recife. Para onde vai nossos impostos, na hora que a gente mais precisa?”, questionou Giovana Maria de Oliveira , mulher de Isaac.

A Assessoria de Imprensa da Administração de Fernando de Noronha enviou uma nota de esclarecimento sobre a falta da aeronave para as transferências.

“O Hospital São Lucas admitiu, no dia 28/05/2018, usuário com quadro inicial de amigdalite evoluindo para taquicardia, febre e dificuldade de respirar. Com suspeita de infecção generalizada, o paciente fora internado e iniciado protocolo adequado conforme avaliação médica. Ao final da noite apresentou agravamento do quadro com problemas cardiológicos, tendo sido medicado, estabilizado e regulado para Hospital no Recife. Devido ao cenário nacional da greve de caminhoneiros e os impactos logísticos direto sobre a remoção de pacientes terrestres, houve uma sobrecarga de demandas para remoção aérea.

A empresa conveniada com o Estado, responsável por atender a remoção aérea de pacientes de Fernando de Noronha, só teria disponibilidade aeronave para o dia 30/05/18, devido a alta demanda de remoção de outros pacientes. Desta forma, em comum acordo, a Administração de Fernando de Noronha e o Secretário de Saúde, Dr. Iran Costa, solicitaram apoio da Força Aérea Brasileira – FAB, que prontamente atendeu solicitação do Estado e enviará uma aeronave para remoção do paciente.

Reiteramos que a Secretaria Estadual de Saúde e a Administração Distrital, por meio de sua Superintendência de Saúde, não mediu esforços para atender o paciente acima citado e apoiar a sua família”, finaliza a nota.

 

AGÊNCIA BRASIL


Após questionamento, Telebras divulga contrato para uso de satélite


Luciano Nascimento | Publicada em 29/05/2018 - 17h14

Após decisão da Justiça, a Telebras entregou uma cópia integral de seu contrato com a empresa norte-americana Viasat à 1ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Estado do Amazonas. O documento foi enviado na noite de ontem (28), por meio eletrônico na íntegra, sem tarjas pretas cobrindo dados sigilosos do acordo.

O envio ocorreu pouco depois de decisão da Justiça Federal do Amazonas determinando sanção à empresa por não apresentar a íntegra do contrato firmado com a Viasat para exploração do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), anunciado em fevereiro. A Justiça determinou o depósito em juízo de R$ 5,1 milhões de multa pela não apresentação do contrato.

Na decisão, a juíza Jaiza Fraxe, titular da 1ª Vara Cível da Justiça Federal no Amazonas, argumentou que é um “desapreço com o sistema de justiça federal” manter “documento de inquestionável interesse público” sob sigilo.

A ação foi movida em março pela Via Direta Telecomunicações por Satélite e Internet, de Manaus, que resultou na suspensão do contrato. Na sua decisão, a juíza também negou o pedido da Via Direta de ter acesso a 15% da capacidade do satélite enquanto durar o processo. Para a juíza, a Telebras e a Via Direta devem tentar um acordo que “envolva transparência, moralidade, probidade e sobretudo legalidade”.

Ainda nessa segunda-feira, a Telebras havia soltado nota informando que está colaborando com a Justiça e cumprirá qualquer decisão. "A companhia sempre prezou pela transparência e lisura do processo ao apresentar as informações solicitadas pela Justiça, tanto que a Telebras entregou ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópia integral do contrato desde fevereiro de 2018", diz a nota.

A empresa criticou ainda o que chamou de “vazamento sistemático de informações” do processo, que tramita em segredo de justiça, “uma vez que qualquer exposição de dados comerciais pode gerar danos irreparáveis à companhia”.

Satélite

Lançado em maio do ano passado, o satélite geoestacionário de defesa e comunicações (SGDC), custou mais de R$ 2,7 bilhões e também serve para uso da comunicação estratégica das Forças Armadas, na banda X. Desde antes do lançamento, o governo havia manifestado a intenção de privatizar parte da banda do satélite sob responsabilidade da Telebras.

Mas, após sucessivos adiamentos, o leilão ocorrido em novembro de 2017 terminou sem nenhum interessado em tocar a iniciativa. Com isso, o governo teve que retomar a responsabilidade da Telebras de levar banda larga para as áreas previstas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

O PNBL é voltado para levar internet de banda larga às escolas, postos de saúde, hospitais e postos de fronteira, especialmente na região amazônica e em outras regiões de baixa densidade demográfica.

A estatal acabou sendo contratada pelo valor de R$ 663 milhões pelo governo por cinco anos. Em fevereiro, a Telebras anunciou ter fechado acordo com a empresa norte-americana Viasat para operação do programa e também exploração da operação comercial da banda Ka do satélite. Na ocasião, não foram revelados detalhes dos custos envolvidos.

No último dia 16, a Telebras publicou comunicado ao mercado em que afirma que o modelo de divisão do contrato com a Viasat se dá por meio de partilha da capacidade na banda Ka (banda civil). Pelo acordo, a empresa norte-americana irá operar 58% da banda, com cessão temporária de uso, atendimento comercial e usuários finais, e 42% da capacidade para a estatal, para atendimento direto ao governo. Na ocasião, a empresa voltou a negar que a iniciativa viesse a comprometer a soberania nacional.

 

PORTAL VEJA.COM


Intervenção militar não é varinha mágica, diz general Mourão

Em Porto Alegre, general chamou campanha de caminhoneiros pela intervenção militar de "desserviço"

Paula Sperb | Publicada em 29/05/2018 - 18h26

O general Hamilton Mourão, na reserva desde fevereiro deste ano, disse na manhã desta terça-feira 29, em Porto Alegre, que é contra a intervenção militar desejada por parte dos caminhoneiros que estão em greve desde a semana passada. Em entrevista exclusiva a VEJA (leia abaixo), Mourão disse que intervenção militar não é “solução imediata” e que não é “varinha de condão” que faz “plim, plim” e “está tudo resolvido”. “O país não tem que ser tutelado pelas Forças Armadas”, afirmou.

Mourão participou de almoço de militares da reserva no Grêmio Sargento Expedicionário Geraldo Santana. O general, que já chefiou o Comando Militar Sul (CMS), foi recebido com leitura de uma poesia, aplausos, pedido de autógrafo e fotografias. Ele aproveitou a ocasião para angariar apoio ao pré-candidato a deputado estadual tenente-coronel Luciano Zucco [ainda sem partido porque militares têm prazo diferenciado para filiação].

Zucco é um dos cerca de oitenta militares espalhados pelo país que vão disputar cargos nas eleições de outubro em uma “frente militar”. A frente conta com o general como divulgador das candidaturas. Recentemente, Mourão se filiou ao PRTB e apoia Jair Bolsonaro (PSL-RJ) à Presidência. Sua participação na chapa de Bolsonaro como vice não está descartada. “Caso ele opte que seria melhor me ter como vice, a gente está aberto a essa possibilidade”, disse à reportagem.

Embora rejeite a ideia dos caminhoneiros para uma intervenção militar, o general já se envolveu em polêmicas defendendo a medida anteriormente. Mourão também criticou o atual ministro da Segurança, Raul Jungmann, (“é incapaz de saber como se faz um plano”) e o presidente Michel Temer (“se for passar a mão em cima da cabeça de uma criança, a criança começa a chorar”).

Abaixo, a entrevista:

Havia a expectativa de que o senhor saísse candidato à Presidência da República após sua filiação ao PRTB. Como o senhor decidiu essa questão?

Deixei claro que não seria candidato. Considero que a candidatura do deputado Bolsonaro (PSL-RJ) é a candidatura que representa as ideias das quais comungo e bato por elas. Se eu fosse candidato, iria dividir. A pior coisa nesse momento é dividir o público que nós temos. Poderiam dizer ‘ah, mas por que o senhor não vai concorrer ao Senado, como deputado federal?’. Porque considero que o quadro político-partidário é muito fragmentado e o capital que eu tenho é o capital moral e não posso desperdiçar uma eleição dessa natureza.

Mas o senhor pode sair candidato a vice-presidente em uma chapa com Bolsonaro?

Hoje a ideia é que o Bolsonaro tenha um vice oriundo do meio político. Até pela questão das composições que ele tem que prosperar. Caso ele não consiga ou decida que seria melhor me ter como vice, a gente está aberto a essa possibilidade.

Então há chance de o senhor compor uma chapa com Bolsonaro?

Existe a possibilidade.

O senhor falou em capital moral. De que maneira o senhor pretende atuar na campanha eleitoral?

Estou assumindo o Clube Militar [do Rio de Janeiro], que não é uma instituição só social, muito pelo contrário. É um clube que participou intensamente da proclamação da República e tem uma história e uma tradição nas questões da nacionalidade. A partir daí, nossa ideia, com o grupo que tenho lá, é montar a plataforma de todos os nossos candidatos militares de forma que tenha uma estrutura coerente e que cada um deles vá adaptar ao local onde está concorrendo.

O senhor pode adiantar o conteúdo dessa plataforma? Quais são as ideias?

A plataforma vai tocar no combate à corrupção, nas reformas que têm que ser feitas para que o Estado efetivamente possa governar o país, para que o Estado tenha condições de se manter, para que o federalismo seja realmente implantado. A questão econômica, da disciplina fiscal. Também a questão de princípios, valores, tradições que estão sendo jogadas praticamente na lata do lixo. É dessa forma que vamos operar.

O senhor falou na sua apresentação antes do almoço que 2018 é muito diferente de 1964. Uma parcela da população junto à greve dos caminhoneiros está pedindo intervenção militar. Qual é o seu pensamento?

No presente momento não vejo que a solução para o país seja aquela intervenção militar clássica de afastar todos do poder e a partir daí as Forças Armadas tomarem conta do país. O país não tem que ser tutelado pelas Forças Armadas. O que as Forças Armadas têm que fazer é impedir que ocorra o caos. Neste presente momento, essa questão do movimento dos caminhoneiros [que pede intervenção] está fazendo um desserviço. Esse pacote aí, de querer provocar uma intervenção, querer provocar o caos, interessa ao pessoal da esquerda, dessa esquerda jurássica que pensa ‘nós temos que quer melar o processo [eleitoral]’ porque eles não têm mais candidato. A única pessoa que eles têm está presa.

O senhor é contra, então, a intervenção militar?

Dessa forma, sou.

De que maneira o senhor seria favorável?

Se tivesse que ocorrer, seria o país já sem rumo, sem condições de definir suas prioridades, a sociedade em embate constante, a violência campeando pelas ruas. A partir daí teria que ter uma intervenção, mas a intervenção teria que ser cívico-militar, tem que haver a participação do movimento civil.

É nesse sentido que o senhor defende uma frente de candidatos militares nessa eleição?

Os candidatos oriundos do meio militar trazem consigo os princípios e valores que caracterizam aquilo que a sociedade brasileira está buscando. Não são só os candidatos do meio militar que podem representar, eles são uma parcela.

O senhor acredita que é importante que os militares disputem as eleições?

Acho importantíssimo. Temos em torno de oitenta candidatos concorrendo aos mais variados cargos em disputa. Desde presidente, que é o Bolsonaro, até deputado estadual, como meu amigo tenente-coronel Zucco.

O senhor está apoiando o tenente-coronel Zucco no Rio Grande do Sul a deputado estadual. O senhor está fazendo isso em outros estados também?

Sim. Tenho gravado vídeos para os mais diversos candidatos que temos aí. Na Bahia, tem meu companheiro de turma, o Guilherme Galvão de Oliveira Pinto, tem no Ceará o coronel Bezerra, tem em Natal o general Monteiro e por aí vai. Todo mundo me manda mensagem pedindo que eu grave um vídeo [de apoio].

O foco dessa frente militar é o Legislativo?

Temos alguns candidatos ao Poder Executivo, a governador, como o general Paulo Chagas, lá em Brasília. O próprio general Monteiro, que pode ser candidato a governador no Rio Grande do Norte, mas o foco maior está no Legislativo.

Qual é a importância de formar uma bancada de militares no Legislativo?

Em primeiro lugar, a questão dos valores, dos princípios. Em segundo lugar, é gente que conhece os problemas brasileiros e vai estar lá representando uma parcela significativa da população em condição de participar desse processo de reforma e refundação do nosso país, que é mais do que necessário.

O senhor falou sobre valores. Essa parcela que pede intervenção militar compartilha essa visão. Qual é o seu recado aos manifestantes? O senhor considera que o pedido deles está errado?

O que eu vejo é que essas pessoas estão em momento de ansiedade porque existe aquele desejo de que a solução seja imediata, de que a solução ocorra desde já. Daí, esse clamor popular pela intervenção, como se fosse uma varinha de condão que faz “plim, plim” e está tudo resolvido, todo mundo limpinho e volta a funcionar da forma como eles pensam. Na realidade, a população deixou de lado a participação política, as pessoas vão votar simplesmente porque são obrigadas, porque se não fossem, não iam. Tem muita gente que não vai votar, viaja e justifica ou paga uma multa irrisória. Esse processo, essa situação vai obrigar as pessoas a entender que têm que participar, que têm que selecionar bem os candidatos e os partidos aos quais eles pertencem.

Recentemente, documentos da CIA que mostram que o ex-presidente Geisel autorizava execuções de seus opositores foi divulgado. O que o senhor pensa disso?

Todo relatório de inteligência tem um nível de credibilidade. Esse relatório de inteligência estava aberto desde 2015. Em uma reunião onde participou o presidente da República, o chefe do Centro de Informações do Exército, que estava saindo e o que estava entrando, e o chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações), quem delatou o conteúdo dela para o embaixador americano? Havia um infiltrado da CIA lá? Temos que botar um grau de credibilidade. Nada do que foi falado era desconhecido. Já se sabe que no fim dos anos 1960 e início dos anos 1970 um grupo de brasileiros orientados e instruídos por centros de irradiação do comunismo internacional, como a Rússia, Cuba e China, buscou implantar uma ditadura comunista no Brasil. O estado respondeu violência com violência. Aí você pode me perguntar “houve excesso?”. Qualquer guerra tem excesso. Não existe fazer uma omelete sem quebrar os ovos. Eu canso de dizer uma coisa. O Brasil tinha 90 milhões de habitantes. Do lado das organizações terroristas, morreram em torno de 440 pessoas; do lado das pessoas da ordem, morreram 120. Foram 560 pessoas no universo de 90 milhões e num período de seis anos. Hoje se matam 60.000 pessoas por ano no Brasil e ninguém fica escandalizado.

A segurança é uma das questões que vai pautar essa eleição. Que medidas o senhor acha que o Executivo deve adotar para diminuir a violência?

O Executivo pode trabalhar em conjunto com os estados, em plano efetivo de segurança. Muitas vezes se fala em plano, mas o atual ministro da Segurança Pública [Raul Jungmann] gosta de encher a boca para falar de plano, mas se mandar fazer plano ele não fala “ré com cré”, é incapaz de saber como se faz um plano. Então, [tem que ter] um planejamento e cada estado receberá o seu quinhão dentro do princípio da descentralização de recursos para, em um primeiro momento, poder equipar suas polícias, armar suas polícias, valorizar mais a atividade policial com melhoria salarial e estabelecer o primeiro combate á criminalidade. Mas isso não cessa a violência. Essas ações têm que ser acompanhadas por outras ações do poder público nas outras esferas, que sejam educação, saúde e infraestrutura.

Qual sua opinião sobre a gestão do presidente Michel Temer (MDB)?

O presidente Temer iniciou sua gestão com excelentes ideias, que deveriam ser implementadas face ao desastre econômico que nós passamos sob a tutela da dupla Lula e Dilma. No entanto, ele e os demais executores dele estavam atolados, não digo até o joelho nem até a cintura, mas até o peito lá no lamaçal da corrupção. A partir daí, não tinha credibilidade para levar adiante suas boas intenções. Esse é o grande problema dele. E falta a confiança da população. Além de ele ser uma figura que não transmite simpatia para ninguém. É aquele que se for passar a mão em cima da cabeça de uma criança, a criança começa a chorar.
 

 

PORTAL EXAME.COM


Não há nenhum risco de golpe militar hoje, diz Sérgio Praça

Mudanças na dinâmica democrática brasileira e contextos diferentes garantem que 1964 não vai se repetir, segundo Sérgio Praça

Luiza Calegari | Publicada em 29/05/2018 - 16h58

São Paulo — O Brasil não corre o risco de sofrer uma intervenção militar que possa culminar em um novo período de ditadura, pelo menos não por causa da greve dos caminhoneiros, segundo o cientista político Sérgio Praça, professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais do Centro de Pesquisa e Documentação da FGV.

Para ele, a democracia de hoje é muito diferente do cenário que levou ao golpe de 1964, já que, até aquela época, os civis precisavam de uma “bênção” dos militares para assumir seus governos, o que não existe mais desde o fim da ditadura.

Apesar disso, o cenário de enfraquecimento do governo de Michel Temer, suas decisões políticas de recorrer cada vez mais às Forças Armadas e o clamor de parte da população por uma intervenção não deixam de ser preocupantes, na visão de Praça.

A lição que podemos tirar disso tudo? Escolher bem os candidatos a vice-presidente, segundo Praça. Leia a entrevista concedida a EXAME:

EXAME: O que essa paralisação representa para o governo Temer?

Sérgio Praça: É um baque que dificulta ou impossibilita que ele aprove qualquer coisa que seja de interesse do governo agora, como a privatização da Eletrobras e outras medidas que ele gostaria de terminar o mandato tendo conseguido aprovar. Mas agora a pauta legislativa pertence mesmo ao Rodrigo Maia e ao Eunício Oliveira. A influência do Temer é praticamente zero.

Essa era uma desculpa que o Congresso estava esperando para limitar ainda mais o campo de ação do presidente?

Eu acho que já estava quase isso, eles seguiram o caminho natural das coisas. O governo falhou na negociação e isso enfraqueceu tudo. Já estava fraco, não é que “isso aqui mudou tudo”. É um governo já com pouca força, que agora tem praticamente zero.

Há chance de o governo cair agora, por causa da greve?

Pelo que eu li, não acho que tem chance não. Os deputados e senadores não topariam, é muita confusão. A eleição está perto. Eu acho até que haveria chance se durasse mais uns 15 dias, e todo mundo ficasse sem comida, mas não é o caso.

Em relação à negociação que o Temer está fazendo com os caminhoneiros, envolvendo a Petrobras, o que ele deixa de herança para o próximo presidente, em 2019?

Especialmente o rombo fiscal. Todo o discurso dele é de “arrumamos a economia, tiramos o Brasil da crise, estamos voltando a crescer, o desemprego está diminuindo”. É algo que até essa crise dos caminhoneiros estava razoável. A inflação está sob controle, realmente muita coisa na economia melhorou, mas essa greve mancha bastante esse discurso, porque haverá consequências econômicas claras. Não vai passar incólume.

E o mandato em si, que foi frágil e cheio de escândalos, deixa algum legado político, além do econômico? Qual a lição que fica para os sucessores, para a democracia brasileira?

Deixa uma espécie de legado no sentido de que mostra como é disruptivo, “atrapalhador”, um impeachment. E como as relações entre vice e presidente são delicadas. Acho que o impeachment foi merecido, justificado, etc. Mas é um choque no sistema político maior do que se imaginava.

Então, espero que deixe como legado uma espécie de cautela, de que o custo de fazer é bem alto. Talvez o custo de a Dilma permanecer fosse mais alto ainda, não estou discutindo isso. O que eu estou dizendo é que o custo é muito, muito alto.

Mudar um presidente tem efeitos enormes, o efeito das mudanças do Temer nas burocracias, no comando dos ministérios, ainda não foi sentido. Ele desorganizou um monte de lugares, e nomeou gente muito corrupta para vários postos importantíssimos. E isso tem efeitos. Acho que esse é um legado, temos que ter responsabilidade e escolher bem o vice.

O governo Temer tem recorrido cada vez mais às Forças Armadas para garantir legitimidade às suas decisões. Agora, o movimento grevista tem uma parcela grande de pessoas pedindo a intervenção militar. Corremos o risco de passar por uma intervenção agora?

Nenhum. No caso da greve dos caminhoneiros, tinha que mandar o Exército mesmo, porque foi a opção que restou. Mas no caso da intervenção no Rio de Janeiro, foi opção política do Temer. Ele apostou que o Exército no Rio resolveria um problema de décadas em seis meses. Foi muito burro para pensar isso.

Quanto aos caminhoneiros pedindo intervenção: eu recebo várias mensagens por Whatsapp, os caminhoneiros avisando que “aqui em Pirassununga o Exército está nas ruas e o povo está aplaudindo”, em Ipatinga, são exemplos reais. Nenhum golpe militar começa em Ipatinga. Então a coisa também se mistura com o apoio ao Bolsonaro. O Bolsonaro mesmo já disse que é bom não ter golpe militar para ele ter chance de ganhar. Se tivesse um golpe militar, ele não seria o presidente.

Mas também não acho que é algo a ignorar, é preocupante. Pedir golpe militar é sempre muito ruim, é um sinal de que as coisas realmente estão graves. Mas não chega a ser tão grave no sentido de ter a possibilidade de um golpe.

Mesmo com as eleições tão fragmentadas? Com o cenário que temos hoje, a vitória nas eleições deste ano vai ser pelo menos tão apertada quanto a última. Isso não daria espaço para um questionamento renovado sobre a legitimidade do resultado das eleições, não seria mais um motivo de preocupação?

Poderia ser se a elite política estivesse querendo instabilidade também. Essa é a grande diferença entre a democracia pós 1988 e a democracia entre 1946 e 1964. Entre 46 e 64, toda vitória presidencial tinha que ser “autorizada” pelo Exército. Você ganha a eleição e aí tem que convencer o Exército de que você vai assumir.

Isso não é a realidade após 1988. É como se o PT tivesse ganhado em 2002, e aí o PSDB conversa com o Exército para dar o golpe e o Exército não topa. É isso que acontecia, e não acontece hoje, e não vai acontecer nesta eleição também. Me preocupa menos por conta disso.

Tem uma grande diferença: naquela época, a gente não tinha segundo turno. Então, o Juscelino [Kubitschek] ganhou com menos de 35% dos votos. Agora, com o segundo turno, mesmo que seja uma vitória apertada, é a maioria, mesmo que seja de 53% a 47%. Então tem outra legitimidade.

As Forças Armadas por sua vez também não demonstram interesse em um novo golpe.

Exatamente. Parte das lideranças quer? Quer, mas são pessoas sem poder. Não vejo de modo algum o que aconteceu em 1964. Naquela época era o Exército conspirando, se questionando se o João Goulart poderia tomar posse ou não, decidindo isso junto com os políticos. Eu vejo poucas chances de isso acontecer.

E se o movimento de greve se espalhar?

Vamos ficar de olho nas próximas semanas para ver se outras greves acontecem. Eu sou otimista. A greve dos caminhoneiros teve muita gente apoiando no começo, mas, no limite, o apoiador ia ficar sem comida e gasolina. Então, eu vejo menos chances de outras greves serem super bem aceitas pela população.

Também, que tipo de greve teria um impacto parecido? Só se fosse da polícia, porque realmente os caminhoneiros são muito essenciais. Não vejo uma categoria que pudesse fazer algo nem perto do que eles fizeram.

 

PORTAL TERRA


Ciro só vê risco de saída de Temer em caso de renúncia

Em evento, presidenciável do PDT disse que a solução para o País é apostar todas as fichas nas eleições

Clarissa Oliveira | Publicada em 29/05/2018 - 17h31

SÃO PAULO - O pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, retomou as críticas ao governo Michel Temer por causa da crise dos combustíveis, mas disse não acreditar que haja terreno para uma mobilização capaz de pôr fim prematuro ao mandato do emedebista.

"Só se ele renunciar. Não tem outra saída", afirmou o ex-ministro, ao ser provocado por jornalistas. Segundo ele, Temer nunca teve condições de governar, mas o Congresso perdeu a oportunidade de afastá-lo quando enterrou duas denúncias de corrupção contra ele. De acordo com o ex-ministro, o País deve agora "apostar todas as fichas na eleição".

Ciro considerou legítima a manutenção das paralisações pelo País, mesmo após o governo ter feito concessões para obter um acordo com os caminhoneiros. "[A greve] é até mais legítima depois do acordo do que antes", emendou. "Agora, trata-se de uma greve de gente trabalhadora, sofrida, de verdade. Não de um locaute de empresários aproveitadores."

Ciro só subiu o tom contra o governo ao fim da palestra que fez em evento das Eurocâmaras e do Club Transatlântico, na capital paulista. Ele afirmou que o governo cedeu a pressões populistas na formação da política de preços da Petrobras e, assim, deu origem ao cenário que se vê hoje no País. "Tudo isso estava dado que iria acontecer", afirmou.

Ciro traçou ainda um diagnóstico para a greve anunciada pelos petroleiros. "Amanhã começa a greve dos petroleiros. Ela terá enorme adesão", avisou. "Só se resolve isso de uma maneira: com a demissão do Pedro Parente", acrescentou. Questionado mais tarde sobre a possibilidade de uma privatização da Petrobras, Ciro engatou: "Nem pensar. Na prática, as consequências da privatização são isso aí".

Pacto federativo

Ainda na palestra, Ciro afirmou que o novo presidente da República terá de se empenhar para firmar um novo pacto federativo, com o intuito de solucionar a crise fiscal brasileira. "O Brasil tem uma tragédia tão extensa que surge um lado bom: o pacto federativo dilacerado", disse.

Ciro defendeu também uma articulação conjunta entre base e oposição, após a eleição. Disse que ele próprio "ajudou" governos anteriores. "Fui candidato e ajudei o Itamar [Franco] a governar contra o PT. Ajudei o Lula a governar contra o PSDB", afirmou.

 Intervenção militar

Ciro disse também que as Forças Armadas têm demonstrado um comportamento exemplar, com um "profissionalismo muito respeitável". "Nós brasileiros temos que ter orgulho do comportamento das Forças Armadas neste momento. Embora tenham sido vulgarmente chamadas para enfrentar de forma marquetológica, sem planejamento, sem orçamento, o drama da segurança pública no Rio de Janeiro, e sido chamadas agora para reprimir os trabalhadores e caminhoneiros do Brasil, têm conseguido, apesar de toda essa manipulação, se preservar."

Ciro disse não ver risco de um levante militar, mas ponderou que o Brasil vive neste momento uma espécie de golpe de Estado, que se dá pela via de um "soft golpe". "É um golpe ao século 21. Não é mais aquela sargentada como foi muitas vezes no passado do Brasil e do mundo", emendou.

O pedetista, entretanto, fez um paralelo entre os desafios vividos hoje no País ao período em que se configurou o golpe de 1964. O ex-ministro, inclusive, comparou políticos da atualidade a nomes que protagonizaram o golpe na época, citando nominalmente parlamentares como Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"É bom lembrar que em 1964 também aconteceu coisa parecida. 64 stricto sensu, as pessoas não sabem, mas o Auro de Moura Andrade, que era o Renan Calheiros da época, o Eunício Oliveira da época, declarou vaga a Presidência, dizendo que o presidente havia ido embora do Brasil quando o presidente estava no Rio Grande do Sul. E, ao declarar vaga a Presidência, empossou o Ranieri Mazzilli, que era o Maia da época, presidente da Câmara", disse Ciro. "Foi uma noite que durou 21 anos."