NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA

Capa Notimp Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


PORTAL UOL


TODOS A BORDO - Conheça aviões que a Embraer projetou, mas que não saíram do papel


Alexandre Saconi | Publicada em 27/09/2019 23:00

Completando 50 anos em 2019, a Embraer tem em sua história diversos casos bem-sucedidos, como os aviões Praetor (jatos executivos) e KC-390 (avião multimissão). Mas a empresa também tem um histórico de aviões que prometiam ser inovadores, mas que, por diversos motivos, não saíram do papel.

Alguns, como é possível ver mais abaixo, não despertaram o interesse da Aeronáutica à época. Outros deixaram de ser desenvolvidos por falta de dinheiro. Há também casos em que problemas no projeto inviabilizaram sua continuidade.

Veja abaixo alguns desses aviões que não deixaram as pranchetas dos desenhistas da empresa e a razão para os projetos não terem ido adiante.

EMB-500 Amazonas

Finalidade: Transporte de carga ou passageiros, assalto (uso militar para o transporte de tropas, armamentos e viaturas), evacuação aeromédica ou patrulhamento.
Características: O avião teria capacidade para operar em locais com pouca infraestrutura, podendo levar até 41 passageiros. Sua velocidade máxima chegaria a 500 km/h.
Data: 1970
Por que não saiu do papel: O projeto chegou a ser enviado à Aeronáutica à época, mas nunca foi encomendado. O motivo é até hoje desconhecido.

Projeto CX

Finalidade: Evacuação aeromédica e transporte de carga, passageiros ou tropas de paraquedistas.
Características: Todos os modelos do projeto CX tinham a cabine pressurizada, ou seja, poderiam voar mais alto que outros tipos de aviões. Sua velocidade máxima seria de 450 km/h, e teria capacidade de pousar e decolar em um espaço de cerca de 500 metros, praticamente um quarto do tamanho da pista principal de Congonhas. Isso aumenta a quantidade de locais onde esses aviões poderiam pousar.
Data: 1974
Por que não saiu do papel: Após alterações no projeto, o Ministério da Aeronáutica à época abandonou a ideia.

EMB-330/A1

Finalidade: O A1 deveria ser um avião leve de combate, moldado para as necessidades da Aeronáutica. Poderia fazer interdição de outros aviões, prestar apoio aéreo, fazer reconhecimento, patrulha e ataque.
Características: Sua velocidade máxima seria de 840 km/h, e teria a capacidade de carregar dois canhões, bombas, metralhadoras e mísseis.
Data: 1974
Por que não saiu do papel: O avião não atendia a todas as necessidades estipuladas pelo Ministério da Aeronáutica na época.

AX-I

Finalidade: Basicamente, a mesma do EMB-330/A1 (leia acima).
Características: Com alterações no desenho do A1, o AX-I conseguiria atingir uma velocidade máxima de 870 km/h e aumentar o seu peso de decolagem, o que permitiria carregar mais armamentos.
Data aproximada: 1975
Por que não saiu do papel: Os estudos do avião não tiveram continuidade.

EMB-120 Araguaia

Finalidade: Ser um avião comercial e executivo, substituindo o Bandeirante (o primeiro avião da Embraer).
Características: Teria capacidade para transportar até 21 passageiros, com velocidade máxima de 530 km/h.
Data: Entre 1973 e 1975
Por que não saiu do papel: Uma escala em tamanho real do Araguaia chegou a ser produzida, com a qual foram realizados diversos testes. Mas, como os resultados ficaram abaixo do esperado, o projeto foi abandonado.
Curiosidade: A sigla EMB-120 foi reutilizada na década de 1980 para nomear o avião hoje conhecido como Brasília

EMB-123 Tapajós

Finalidade: Transporte de passageiros
Características: Trazia algumas semelhanças no design em comparação com o Araguaia, atingindo uma velocidade de cruzeiro de 565 km/h.
Data: Desconhecida
Por que não saiu do papel: O projeto tinha problema nas asas, o que afetava o controle do avião.

Projeto AX

Finalidade: Basicamente, a mesma do EMB-330/A1 (veja acima).
Características: O avião viria equipado com um único motor, seis tanques de combustível e asas que funcionariam como reservatório. A cabine de pilotagem seria blindada e pressurizada. O projeto ainda contava com dois canhões fixos, e a aeronave seria capaz de atingir uma velocidade máxima de 1.000 km/h.
Data: 1976
Por que não saiu do papel: O Ministério da Aeronáutica à época não encomendou nenhuma unidade do modelo.

Bandeirante Pressurizado

Finalidade: Transporte de passageiros.
Características: Seria reforçada para poder ser pressurizado e voar mais alto que outros aviões não pressurizados.
Data: 1978
Por que não saiu do papel: Devido aos reforços para comportar a pressurização, o peso da aeronave se tornou elevado, e o desempenho seria inferior.

EMB-110 P3

Finalidade: A mesma do Bandeirante.
Características: Seguiria o projeto original do Bandeirante pressurizado, mas, com alterações no projeto, acabaria comportando até 19 passageiros ao todo e teria um custo menor.
Data: 1980
Por que não saiu do papel: Por falta de recursos para desenvolver dois aviões ao mesmo tempo, a Embraer optou por continuar com o Brasília, que já estava em desenvolvimento naquele momento.

EMB-301

Finalidade: Suas funções seriam exclusivamente militares, como treinamento de formação de voo, tiro e acrobacia, além de operações de apoio, como reconhecimento e ataque.
Características: Poderia voar em altitudes mais elevadas que outros aviões similares, além de contar com seis tanques de combustível e motor a pistão.
Data: 1977
Por que não saiu do papel: O projeto não foi aprovado pelo Ministério da Aeronáutica à época.

EMB-311

Finalidade: Reconhecimento e ataque.
Características: O avião seria equipado com motor turboélice e assentos ejetáveis.
Data: 1977
Por que não saiu do papel: Esse projeto também não foi aprovado pelo Ministério da Aeronáutica à época. A melhora desse modelo resultou no EMB-312 Tucano, avião até hoje usado pela FAB (Força Aérea Brasileira)

EMB-125 e derivados

Finalidade: Transporte de passageiros, além de estudos para uma versão de transporte de carga e outra de patrulhamento marítimo.
Características: Evolução dos desenhos do EMB-120 Araguaia, teria capacidade para até 29 passageiros e velocidade máxima de cruzeiro de 505 km/h. A versão de carga contaria com portas mais amplas. Já a versão de patrulha teria radar de busca, maior capacidade de transporte de combustível, cozinha de bordo e área de descanso das equipes.
Data: 1978
Por que não saiu do papel: A Embraer já desenvolvia à época o EMB-120 Brasília e, na versão patrulha, o primeiro modelo do Bandeirante para esta finalidade já seria entregue pouco tempo depois à FAB, o que levou à desistência deste modelo.

EMB-123

Finalidade: Substituir o Bandeirante e competir com outros modelos de transporte aéreo disponíveis à época.
Características: Embora tivesse a mesma designação que o Tapajós, trazia várias diferenças em relação àquele modelo. Seria mais silencioso e com menor vibração, além de ter preço menor e menos custos operacionais.
Data: 1985
Por que não saiu do papel: A área técnica da empresa optou por desenvolver um avião baseado no EMB-120 Brasília e acabou abandonando o projeto do EMB-123.

PORTAL G1


Dia Nacional de Doação de Órgãos: conheça histórias de doadores e transplantados do interior de SP

De acordo com o Ministério da Saúde, Brasil é referência mundial na área de transplantes; Central de Transplantes do estado de São Paulo informou que em 2019 já foram realizados mais de quatro mil transplantes no estado de São Paulo; em Sorocaba foram 29.

Caroline Andrade | Publicada em 27/09/2019 07:17

“Ela precisava de um rim e eu tinha dois”. Foi com esse pensamento que o contador Antônio Carlos Lisboa, de 49 anos, mudou a vida dele e da esposa, a advogada Luciane Lima, de 40 anos.

Nesta sexta-feira (27) é celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de ser um doador. E nesse quesito, o casal de Sorocaba (SP) dá uma lição.

Ao G1, Luciana conta que foi diagnosticada com insuficiência renal em setembro de 2013. Após as sessões de hemodiálise, começaram os testes para saber ser algum voluntário da família poderia doar o órgão. Foram vários escolhidos, mas depois de exames, Antônio foi o escolhido.

“Eu queria vê-la bem, com saúde novamente. Ela me deu o mais valioso presente, um filho, que pra mim é uma benção vinda de Deus. Os médicos falaram que ela precisava de um transplante, na mesma hora eu me ofereci para doar, diz Antonio.

"Minha vontade era tanta de ver minha esposa curada. Ela precisava de um rim e eu tinha dois”, ressalta.

Ele explica que o doador tem uma vida normal depois da cirurgia, mas faz questão de acompanhar a esposa em todos os cuidados e dietas necessárias.

“Você passa a dar valor a pequenas coisas e a ter mais hábitos saudáveis. Nós dois passamos a ter uma alimentação mais saudável, o mais natural possível. Tenho que tomar remédio para o resto da vida. Mas estou viva”, diz Luciana.

Com a mudança repentina, o casal mudou os hábitos de vida e investiu na saúde. O marido, que antes não praticava atividade física, hoje encaixa um tempinho para treinar. Após o transplante, ao contrário do que pensava, Luciane melhorou a saúde consideravelmente.

Em novembro, o casal vai para Curitiba participar dos Jogos para Transplantados. No dia 15 de setembro os dois também participaram da 3ª Corrida pela Vida, em Piracicaba, e se preparam para os Jogos Latino-Americanos, na Argentina, em 2020.

Antônio reforça que a doação em nada prejudica o doador, ele acredita que, ao contrário do que muitos possam pensar, faz com que a pessoa se sinta ainda mais viva.

“Doação de órgãos é um assunto que precisa ser discutido. Ainda tem muito preconceito, principalmente quando o doador está vivo. São muitas pessoas precisando e é a possibilidade de uma vida nova para alguém. As pessoas estão esperando, perdendo momentos com as famílias. Em quem se foi, o órgão não mais servir, mas para quem ficou pode salvar uma vida”, comenta a advogada.

'Fazer o bem, sem olhar a quem'

Foi essa frase que motivou a Sargento da Reserva da Polícia Militar, Valdirene Pereira, 49 anos, a doar os órgãos do filho Pedro Henrique Pondian, de 12 anos, vítima de um acidente de carro na Rodovia Jarbas de Moraes (SP-561), entre Jales e Santa Albertina (SP). A criança morava em Jundiaí (SP).

Pedro era passageiro do veículo que se envolveu em um acidente (SP). O PM e pai de Pedro, Edson Pondian, de 47 anos, e a mãe avó da criança, Lídia Pondian, de 76 anos, também estavam no carro e morreram no local.

Ao G1, a sargento da reserva da Polícia Militar e mãe do Pedro, Valdirene Pereira, 49 anos, contou que foram captados os pulmões, fígado, rins e córneas.

Segundo a Santa Casa, uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou os pulmões para hospitais na capital paulista. Já os rins e córneas foram levados ao Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP).

“Foi uma maneira de ajudar outras crianças e adultos e para aliviar a minha dor porque eu sabia que ele estaria aqui de alguma maneira. Eu já perdi meu filho, então pensei no que poderia fazer”, desabafa Valdirene.

A sargento conta que não teve dúvidas em optar pela doação de órgãos quando a morte cerebral do filho foi constatada. Ela reforça que o preconceito sobre o tema existe e que falta divulgação para que as pessoas entendam como funciona a doação de órgãos.

“A doação de órgãos é primordial. Se você tem uma forma de ajudar o ser humano, para que ser egoísta? Imagine quantas pessoas você pode ajudar. É dolorido, mas precisa ser divulgado. Acredito que a gente tem que fazer o bem, sem olhar a quem. O Pedro era uma criança muito ativa, nos ensinou muitas coisas e eu sabia que ele ajudaria outras pessoas”, conta Valdirene.

'Tive duas chances de viver'

Desde criança Camila da Costa Gonçalves, hoje com 33 anos, sabia que iria precisar de um transplante de fígado. A designer gráfica, moradora de Sorocaba, descobriu aos 10 anos de idade que tinha hepatite autoimune, doença que ataca o fígado.

Aos 29 anos, em 2015, a doença atingiu seu ápice. Camila foi levada para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Em 15 dias, ela foi chamada seis vezes para o transplante. Em cinco delas, os órgãos não estavam bons para o transplante, mas na sexta vez a cirurgia foi feita.

O que parecia uma solução, se tornou um problema ainda maior. O corpo de Camila rejeitou o novo órgão e ela precisava ser retransplantada com urgência.

O caso dela deixou de ter caráter estadual, passou a ser nacional e precisava que um novo órgão chegasse em questão de horas ou as máquinas que a mantinham viva seriam desligadas.

Horas antes dos aparelhos serem desligados, o novo órgão chegou. Camila foi para a sala de cirurgia e conseguiu o transplante. Em oito dias, ela conseguiu a doação de dois órgãos.

“Eu não sei se privilegiada é a palavra certa para expressar o que eu sinto sobre o que aconteceu comigo. Foi rápido porque eu estava entre as cinco posições da fila de transplante e isso significa que eu estava muito mal. É estranho, porque você pensa que existem milhares de pessoas na fila e às vezes, você imagina que o dia de algumas delas não vai chegar", diz.

"Muitos morrem nessa espera. E aí você pensa: ‘eu sobrevivi’. Às vezes acaba sendo meio inacreditável para mim. Eu tive duas chances de viver. Eu falo que eu bati na porta do céu e Deus falou que não era minha hora ainda, Ele me mandou voltar”, relembra.

Camila conta que, por conta da sua saúde, desde criança já entendia o que era a doação de órgãos e sabia a importância do assunto. Ela reforça que acredita o preconceito em relação a doação de órgãos ainda existe, mas que isso precisa mudar.

“É um pouco de egoísmo nós não querermos doar. É egoísmo da gente não querer se desfazer do nosso corpo mesmo depois que a gente morre. Meu transplante mudou a maneira como eu vejo o mundo, no sentido de dar mais valor a algumas coisas, de expressar mais o que eu sinto pelas pessoas, de aproveitar mais o meu dia porque você não sabe se ele vai ser o último”, diz.

'Mistura de sentimentos'

Fábio Henrique Carrer, de 33 anos, precisou lidar com a dor da morte do pai. Mas também deu espaço para outro sentimento: a alegria de permitir que outra pessoa tivesse a chance de viver.

A família de Valdir Carrer decidiu doar os órgãos do paciente, que estava internado no Hospital São Vicente, em Jundiaí (SP). O aposentado teve um mal súbito e sofreu um aneurisma cerebral.

De acordo com o hospital, foram retirados os rins, o fígado e as córneas do idoso. Parte dos órgãos foi levada para a Unicamp, em Campinas (SP).

Ao G1, Fábio contou que a doação de doar órgãos do pai foi tomada pela mãe no momento em que os médicos avisaram sobre a morte.

“Os médicos nos falaram sobre essa possibilidade e minha mãe não pensou duas vezes. Foram 45 anos juntos e essa decisão cabia a minha mãe", diz.

"O primeiro sentimento é de tristeza, de uma perda de um homem maravilhoso, do bem. Mas também ficamos felizes de ajudar quem precisa, dar vida a quem tem esperança e está há muito tempo na fila, aguardando um órgão para continuar a viver. Então, pra gente, foi um misto de sentimentos”, conta o professor de educação física.

Fábio admite que antes da morte do pai, tinha algum receio em relação a doação de órgãos, por ser algo que imaginava distante, mas depois da experiência que passou, percebeu que era uma maneira de ajudar outras pessoas a continuarem sua trajetória.

“Depois que superamos a perda, a gente fica grato e feliz sabendo que uma pessoa vai continuar a ter uma trajetória, vai ter uma família. A gente não sabe quem recebeu, mas sabemos que pode ter muitos anos de vida. Essa doação impactou a gente positivamente. Nos fez abrir os olhos que depois que a gente parte dessa vida, podemos dar continuidade, ajudando quem precisa”, finaliza.

Brasil é referência

A Central de Transplantes do estado de São Paulo informou que em 2019, até o momento, foram realizados mais de quatro mil transplantes no estado de São Paulo. Em 2018, foram 8.171 transplantes.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo.

Segundo informações da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, entre janeiro e março de 2019, foram feitos 1.448 transplantes de rins no país, seguido de 512 transplantes de fígado. Também foram feitos 3.400 transplantes de córneas e 742 de medula óssea.

Os dados informam ainda que, atualmente, existem 33.984 pacientes ativos na lista de espera por um órgão. Na lista pediátrica são 660.

Só no estado de São Paulo, 12.068 pessoas aguardam por um rim. No Ceará, 171 estão na espera por um fígado e 77 aguardam por um pulmão no Rio Grande do Sul.

Segundo a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, o transplante de córnea é o mais realizado pois, além de ser um tecido muito resistente, ele pode ser armazenado por até 14 dias após a doação.

Conforme o balanço da Central de Transplantes de São Paulo, 20% dos procedimentos são de rins, 10% de fígado e o mesmo percentual é verificado em relação ao coração.

Em Sorocaba, de acordo com a Secretaria de Saúde, do início do ano até agora, os hospitais realizaram 29 transplantes, sendo 24 de fígado e cinco de rim.

O Conjunto Hospitalar de Sorocaba e o Hospital Regional de Sorocaba contabilizam juntos 24 captações de órgãos em 2019, segundo a Secretaria.

Só no primeiro trimestre de 2019, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 7.974 pacientes entraram na lista de espera e 806 morreram.

Como se tornar um doador

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos explica que não há nenhuma declaração válida ou necessária para que a pessoa se torne doadora de órgãos. Também não existe um cadastro de doadores de órgãos e nem são mais válidas as declarações nos documentos de identidade e carteiras de habilitação e nem as carteirinhas de doador.

Por isso, a única forma de ser um doador pós-morte é discutir o assunto, em vida, com os familiares, já que só eles devem e podem pode autorizar a doação em caso de morte encefálica. Portanto, a família precisa estar ciente que o paciente quer doar seus órgãos e/ou tecidos.

Já no caso da doação de órgãos em vida, é permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau.

Para qualquer outra pessoa, somente mediante avaliação em Comissão de Ética do hospital e autorização judicial, onde seja comprovada estreita relação, exceto quando se trata de doação de medula óssea.

Voos que salvam: transplantados se encontram com tripulação que transporta órgãos no DF

Base militar de Brasília é responsável por mais da metade do transporte de órgãos realizados FAB em todo o país. Pacientes contam histórias de sucesso.

Carolina Cruz | Publicada em 27/09/2019 16:30

O Dia Nacional de Doação de Órgãos é comemorado nesta sexta-feira (27). E para celebrar a ocasião, dois ex-pacientes transplantados se encontraram com os tripulantes da Força Aérea Brasileira (FAB) responsáveis por transportar o órgãos que salvaram suas vidas.

O encontro ocorreu na Base Aérea de Brasília. É daqui que saem boa parte dos voos de transporte de órgãos para transplantes pelo país.

Como o banco de doadores é nacional, a agilidade é primordial para que a cirurgias sejam bem sucedidas. E é aí que entra a atuação dos aviões e da tripulação.

Histórias de sucesso

O vidraceiro brasiliense Evaldo Nascimento Araújo, de 48 anos, e a jovem do Tocantins Alícia Alves Silva (foto acima), de 9 anos, são duas entre as centenas de vidas que são salvas todos os anos pela doação de órgãos. Ambos aguardavam na fila por um coração.

O órgão que salvou a vida de Evaldo, morador da Ceilândia, veio de um doador de Goiânia (GO). Aos 40 anos, em 2011, ele recebeu o diagnóstico tardio da doença de Chagas, que havia contraído ainda aos 15 anos de idade.

"Após seis anos de procedimentos médicos, o doutor disse que não tinha mais condições de fazer tratamento. Foi quando eu entrei na fila". conta Evaldo.

A urgência na cirurgia de Evaldo colocou ele como prioridade. O ceilandense conseguiu um coração para transplante em 48 horas. Hoje, comemora.

"Esse transplante trouxe muita coisa importante na minha vida. Hoje eu já estou andando bastante, correndo, trabalhando. Sou muito feliz", conta Evaldo. Ele também faz um apelo a doadores.

"Quando penso que se não fosse um doador eu não estaria aqui, vejo que é muito importante doar. Ainda há muitas pessoas esperando", afirma.

Transplante aos 2 anos

A recepcionista Gisele Alves da Silva, de 33 anos, mãe de Alícia, se emocionou quando teve a oportunidade de agradecer aos militares da FAB pelo transporte do coração que salvou a filha. "Sei que estiveram por trás de tudo", afirma.

A cirurgia de Alícia ocorreu há seis anos, após o diagnóstico de miocardiopatia dilatada - insuficiência cardíaca - e ela se lembra do medo que a família sentia.

"A espera, a incerteza, é muito difícil. Você não sabe se é hoje [que vai conseguir o órgão], se é amanhã, nem como será a reação à cirurgia", disse.

Alícia ficou na fila por seis meses. A esperada notícia da doação foi dada no hospital, durante uma exame de rotina.

"Hoje, a Alícia fala que quer ser presidente do Brasil", conta a mãe.

Pressa e reforço

O Ministério da Saúde é autorizado a acionar a Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte de órgãos. O comandante do 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA 6), tenente coronel Rodrigo Goretti Piedade, explica que, por norma, a Força Aérea Brasileira precisa manter pelo menos uma aeronave disponível para essa atividade de emergência.

"O que acontece hoje é que toda a aeronave de todos os esquadrões da Força Aérea podem, de certa forma, cumprir uma missão dessa. Por várias vezes nós temos mais de um acionamento", conta

A agilidade das aeronaves e da equipe fazem com que as demandas sejam mais frequentes, explica o coronel.

"Existem lugares no Brasil que só a Força Aérea consegue pousar. Às vezes você até tem um aeroporto que recebe a malha aérea comercial, mas naquele horário que a CNT [Central Nacional de Transplantes] precisa eles não estão operando, então, acionam a FAB", disse.

Apenas em 2019, a base aérea de Brasília já realizou 250 horas em transporte de órgãos. Cada missão - ida e volta - dura em média 5 horas. A equipe precisa estar pronta em até duas horas após serem solicitados. Há sempre uma tripulação de sobreaviso.

"A maioria dos nossos acionamentos é sempre depois do expediente, no período da noite ou na madrugada. As nossas viaturas vão buscar esse pessoal em casa".

O capitão médico da Aeronáutica Daniel do Prado Ferreira Pires, de 39 anos, explica que o tempo é o principal fator para o sucesso da cirurgia.

"Na questão da doação de órgãos, você tem principalmente a questão tempo. Tem órgãos que não sobrevivem mais do que seis ou quatro horas fora do corpo humano, como pulmão e coração. É preciso uma logística fechada", explica.

Missões de transporte de órgãos pelo Brasil

A base militar de Brasília é responsável por mais da metade do transporte de órgãos realizados FAB em todo o país. Veja os números abaixo:

2017

Demais unidades: 136 voos

Base de Brasília: 72 voos

2018

Demais unidades: 122 voos

Base de Brasília: 51 voos

2019

Demais unidades: 64 voos

Base de Brasília: 40 voos

AGÊNCIA BRASIL


Ministério lança campanha para incentivar doação de órgãos


Elaine Patricia Cruz | Publicada em 27/09/2019 17:42

O Ministério da Saúde lançou, hoje (27), data em que se celebra o Dia Nacional de Doação de Órgãos, a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, que este ano tem como slogan A Vida Continua. Doe Órgãos. Converse com sua família. O lançamento ocorreu no Hospital do Rim e Hipertensão, em São Paulo, hospital que mais faz transplantes de rim em todo o mundo.  

Segundo o ministro da Saúde interino, João Gabbardo, a campanha pretende “sensibilizar as famílias para que elas autorizem o transplante quando o seu familiar estiver em morte encefálica”, única condição autorizada no país para transplante de órgãos pós-morte. Dados do Ministério informam que mais de 40% das famílias se negam a doar os órgãos de pessoas que tiveram morte encefálica.

“Pouco mais da metade das famílias autorizam. Temos mais de 40% das famílias que não autorizam a doação. São pessoas que têm condições de serem doadores e que poderiam salvar várias vidas. Cada doador pode salvar quatro ou cinco vidas”, disse Gabbardo.

De acordo com ele, é importante que as pessoas sempre conversem com seus familiares sobre a doação de seus órgãos para que, “no dia em que acontecer um imprevisto, uma morte inesperada e em que ele poderia ser um doador de órgãos, a família tenha essa informação de que o desejo dele era esse”.

Além da sensibilização das pessoas sobre a doação, disse Gabbardo, é preciso também alertar as famílias para que confiem no diagnóstico de morte encefálica, que é irreversível. “Esse é um aspecto importante. Muitas famílias ainda pensam que ao dizer que são doadores de órgãos, vai interromper as melhores práticas para tentar salvar a vida daquela pessoa. Mas isso não acontece. Quando há o diagnóstico de morte encefálica, não há a menor possibilidade de que essa pessoa possa continuar vivendo”, disse. Outro aspecto importante, lembrou, é fazer com o desejo da pessoa em ser doadora de órgãos seja transmitido a todos os familiares.

Foi o que aconteceu na família de Mailde Giordani, 40 anos, que perdeu sua irmã Patricia Akemi há cerca de 10 meses por causa de um aneurisma. Quando o quadro de sua irmã evoluiu para morte encefálica, Mailde lembrou que elas já haviam conversado antes sobre esse assunto e autorizou que os órgãos de sua irmã fossem doados e ajudassem a salvar vida de, pelo menos, mais uma pessoa.

“Ela expressou, durante uma conversa, que queria ser doadora. Ela disse: ‘se acontecer algo comigo, também quero ser doadora'. E infelizmente isso aconteceu. Ela teve um aneurisma e não conseguiu se recuperar. Então, quando os médicos vieram conversar conosco, foi muito fácil tomar essa decisão porque a gente já tinha conversado sobre isso na nossa família”, disse. “Hoje é um dia muito feliz para mim porque sei que pelo menos uma pessoa está viva graças à doação de minha irmã”, acrescentou.

Mailde lembrou que o segundo nome de sua irmã, Akemi, significa luz. E fez a analogia de que a luz de sua irmã brilhou para outras pessoas, fazendo-as renascer após receberem os vários órgãos que ela doou: coração, pulmão, pele, córneas, pele, fígado, rim, pâncreas, complexo gastrointestinal e, “se não engano, o fêmur também”. “A doação de órgãos é o maior gesto de amor. Doar é vida, vida que segue”, ressaltou Mailde.

Portadora de cardiopatia congênita, Patricia Fonseca fez transplante de coração. O que mudou totalmente sua vida. “Eu nasci com cardiopatia congênita, e então nunca tinha visto o que era saúde. Cresci em corredores de hospitais, fiz muitas cirurgias, até que eu fui levada a uma fila de espera e tive uma chance de ter uma vida que nunca tive, de fazer coisas que antes nunca poderia sonhar. No dia do meu aniversário chegou o meu coração, que está batendo forte aqui agora”, disse Patricia.

“Eu, que passei muitos anos de minha vida presa em uma cama, hoje posso trabalhar, posso viver minha vida ao lado do meu marido, posso lutar por outras pessoas e ainda virei triatleta”.

Portaria

No evento de lançamento da campanha em São Paulo, o ministro interino da Saúde, João Gabbardo, assinou uma portaria ajustando o preço pago nas soluções usadas para manter a viabilidade das células dos órgãos antes de serem transplantados, garantindo o funcionamento adequado no receptor.

Para a captação de rim e coração, o preço passou de R$ 35/litro para R$ 350/litro. Já para pulmão, o reajuste foi de R$ 269, passando de R$ 81/litro para R$ 350/litro. Desde 2007 os preços das soluções não tinham sido reajustados. A medida representa, segundo o Ministério da Saúde, um impacto financeiro de R$ 3,5 milhões, que serão repassados via Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (Faec), a partir da produção apresentada pelos estados ao ministério. A expectativa é que o reajuste impacte positivamente no aumento do número de transplantes desses órgãos.

Balanço

De acordo com o Ministério da Saúde, a doação de órgãos, tecidos e células realizados no país no primeiro semestre deste ano cresceu em comparação ao mesmo período do ano passado. O balanço desse período mostrou que houve crescimento de transplantes considerados mais complexos, ou seja, dos mais difíceis de serem realizados devido a aspectos como o tempo curto entre retirada e implante de órgão, estrutura do hospital e equipe especializada.

Os transplantes de medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780. Já os transplantes de coração cresceram 6,3%, passando de 191 para 203. Também tiveram aumento transplantes de pâncreas-rim (45,7%), passando de 46 para 67; e pâncreas isolado (26,7%), que cresceu de 15 para 19 transplantes.

Houve uma pequena queda no número de transplantes realizados no primeiro semestre de ano, que somaram 13.263, em comparação ao mesmo período do ano passado, de 13.291. Ainda segundo o ministério, este ano deve ser fechado com a taxa de 17 doadores efetivos por milhão da população (pmp). Em números absolutos, o país deve alcançar 3.530 doadores efetivos este ano. Já o número de pessoas em lista atualmente por um transplante é de cerca de 44.60 pessoas.

O Ministério da Saúde repassa recursos para estados e municípios apoiando na qualificação dos profissionais de saúde envolvidos nos processos de doação e transplante. O orçamento federal para essa área mais que dobrou em 11 anos, passando de R$ 458,40 milhões para R$ 1,058 bilhão.

Ainda segundo o ministério, a parceria firmada por meio do acordo de cooperação técnica das companhias aéreas comerciais e da Força Aérea Brasileira (FAB) na logística de transporte continua a ser realizada. Juntas elas transportaram 696 órgãos no primeiro semestre de 2019, sendo 626 por voos comerciais e 70 pela FAB.

TV BRASIL


Doação de órgãos


Publicada em 27/09/2019 18:45

E quando o assunto é doação de órgãos, a Força Aérea Brasileira também tem participação importante nesse processo: são os aviões da @portalfab que transportam órgãos doados com a agilidade necessária para salvar vidas.

 

OUTRAS MÍDIAS


AGÊNCIA PARÁ - Militares da Comara reforçam estoque do Hemopa


Anna Cristina Campos | Publicada em 27/09/2019 14:46

Nesta sexta-feira (27) o Hemopa começou a manhã com um reforço de doações para seu banco de sangue. Mais de 30 militares da Aeronáutica, da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara), lotaram a sala de recepção dos doadores.

A ação faz parte da mobilização do Hemopa no período que antecede a festividade do Círio de Nazaré, momento em que as forças militares estão envolvidas diretamente com os eventos e por isso se ausentam dos postos de doação.

O vice-presidente da Comara, Cel Steven, esteve na ação junto com o efetivo e reconheceu a importância das doações. "Para nós é uma satisfação contribuir com a sociedade paraense. Sabemos da importância deste ato e de manter abastecidos os bancos de sangue. O trabalho das Forças Armadas também é neste sentido, de esta ajudar em diversas áreas, inclusive em campanhas sociais”, destacou.

Pela terceira vez, a sargento Carolina Bias doou sangue este ano. "É um momento único em que a gente pode ajudar ao próximo. A gente consegue comprar muita coisa, mas sangue é vida e vida a gente não compra. Eu estou muito feliz em poder ajudar mais uma vez”, ressaltou.

Foram 34 comparecimentos e 27 bolsas de sangue coletadas só nesta sexta-feira, 21, que vão ajudar mais de 100 pacientes. É importante destacar que a campanha se estende para todas as forças militares: Exército, Marinha, Polícia Civil e Militar e Corpo de Bombeiros.

"Nesta época que antecede o Círio de Nazaré nós temos que ampliar ainda mais nossa mobilização. A cidade fica lotada, porém nossos voluntários ficam envolvidos com a festividade e ocorre uma evasão nos nossos pontos de coleta de sangue. A presença das Forças Armadas é uma ação preventiva para mantermos o estoque de sangue adequado e atender a rede hospitalar, pois nossos pacientes também precisam de transfusões de sangue durante a festividade do Círio", destacou Cida Salgado, assistente social da Gerência de Captação de Doadores (Gecad) do Hemopa.

Para doar sangue é preciso ter entre 16 e 69 anos (menores devem estar acompanhados do responsável legal), ter mais de 50 kg, estar bem de saúde e portar documento de identificação oficial, original e com foto.

Serviço: As doações de sangue também podem ser feitas no Hemocentro Coordenador e na Estação de Coleta Castanheira, de segunda a sexta-feira, de 7h30 às 18h30, e aos sábados, de 7h30 às 17h. Há ainda a Estação de Coleta Pátio Belém que funciona de segunda a sexta-feira de 10h às 17h. Mais informações: 0800 280 8118 ou 3110-6500.