NOTIMP - NOTICIÁRIO DA IMPRENSA

Capa Notimp Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO


Coisas estranhas

Como na série "Stranger Things", cenário político do país convida a uma volta aos anos 80, pelas semelhanças com a eleição de 1989, a primeira pós-ditadura

Gabriela Sá Pessoa E Fernando Forte |

EPISÓDIO 1

Lula lá e cá

Em 1989, o petista disputou com discurso fortemente de esquerda. Depois, suavizou a plataforma, conquistou a classe média e foi eleito em 2002. Agora, deixou de lado o tom “paz e amor” e em alguns momentos parece ter voltado às origens, com falas mais fortes e voltadas a sua base social. As caravanas com que tem percorrido o país não raro retomam o jingle “Lula lá”, de sua primeira campanha -o refrão nunca o abandonou de fato, mas ajuda a aguçar a memória oitentista.

EPISÓDIO 2

0 outsider

Collor construiu sua imagem em 1989 como o “caçador de marajás” da política tradicional. Era presença constante na imprensa -em festas, divulgando sua agenda, andando de jetski. Doria tem discurso com algumas semelhanças (“não sou político, sou gestor”) e também investe em seu marketing pessoal para se viabilizar como o candidato da antipolítica e, sobretudo, do antipetismo.

No campo de fora da política, surgem também nomes como o do empresário João Amoêdo, fundador do Partido Novo.

EPISÓDIO 3

Um programa de auditório

Antes e agora, havia um empresário e apresentador de TV tão popular que um partido chegou a cogitar sua candidatura. Setores do PFL quiseram lançar Silvio Santos. Um mês antes da eleição, o Homem do Baú entrou na disputa pelo PMB (Partido Municipalista Brasileiro), mas sua candidatura acabou barrada pela Justiça Eleitoral. Hoje, o PFL se chama DEM e quer convencer Luciano Huck, apresentador de TV e empresário, a disputar a Presidência.

EPISÓDIO 4

Os militares

Em 1989, o Brasil votava pela primeira vez após duas décadas de ditadura militar. Pois em 2018, os militares podem voltar ao poder por meio do voto -é o que o deputado federal e militar da reserva Jair Bolsonaro, em segundo lugar nas pesquisas, afirmou durante sua viagem a Nova York, em outubro. Bolsonaro diz se inspirar em Enéas Carneiro, candidato do Prona que despontou em 1989 e ficou famoso pela barba, pelos óculos de armação grossa e pelos seus poucos segundos de propaganda na TV: “Meu nome é Enéas, 56”.

EPISÓDIO 5

Os impopulares

Se Temer continuar no Planalto até passar a faixa para o presidente eleito em 2018, parte da história se repetirá.

Em 1989, quem estava na Presidência era um político do PMDB que enfrentava suspeitas de corrupção, mas o Congresso evitou que as acusações fossem levadas adiante: José Sarney.

0 maranhense atravessou o mandato com uma crise política (nepotismo, denúncias de superfaturamento e propinas na licitação da Ferrovia Norte-Sul) e econômica, com a volta da inflação. E, assim como Temer, tinha sido eleito como vice.

EPISÓDIO 6

Os conciliadores

Mario Covas, um dos fundadores do PSDB, tinha governado São Paulo, era uma indicação de consenso dentro do partido para disputar a Presidência e tinha um discurso de conciliação nacional. Há algo que lembra o discurso que Geraldo Alckmin, atual governador paulista, quer construir para 2018: o de que é um político experiente, capaz de superar a polarização no país. Alckmin, não por acaso, apresenta-se como pupilo de Covas, de quem foi vice.

EPISÓDIO 7

Muito além do PT

Ex-ministros de Lula, Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) devem voltar a disputar a Presidência pela esquerda não petista. Marina levanta a bandeira do ambientalismo, como fazia Fernando Gabeira (PV) em 1989. Ciro tem discurso nacionalista que lembra o de Leonel Brizola (também do PDT). Na extrema esquerda, o PSOL deve lançar candidato, ocupando o lugar que foi de Roberto Freire (à época no PCB).

 

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO


O risco de estouro da bolha


Claudio Adilson Gonçalez |

Os altos preços atuais dos ativos brasileiros (ações, títulos, taxa de câmbio real/dólar, etc.) estão sendo determinados mais pelas condições favoráveis da economia mundial do que por nossos méritos. Nossa economia está combalida, saindo lentamente de uma das maiores recessões de sua história, com um buraco fiscal crescente que põe a relação dívida pública/PIB em trajetória insustentável.

Vivemos uma crise política grave, que ninguém sabe como terminará. Já se fala, sem cerimônias, na possibilidade de intervenção militar e há completa indefinição sobre as próximas eleições. Bem, apesar de tudo isso, a Bolsa de Valores ultrapassou os 74 mil pontos, a taxa de câmbio encontra-se a R$ 3,27/dólar (28% de valorização em relação ao pico de R$ 4,19/dólar, registrado em setembro de 2015) e a taxa real de juro prevista para o ano que vem é inferior a 4%. Como isso é possível? A resposta é simples.

As taxas de juros internacionais atingem mínimas históricas, o preço dos ativos no mundo está na estratosfera e os investidores, cada vez mais confiantes de que o mercado seguirá nessa toada, como mostram os índices que medem as incertezas do mercado, tal qual o VIX (Índice de Volatilidade, conhecido como “indicador do medo”), extraído do mercado de opções. VIX muito baixo mostra que os agentes de mercado atribuem baixíssima probabilidade de correção de preços e ficam mais propensos a correr riscos em busca de rentabilidade.

E não são só as ações que estão bem valorizadas. Títulos de crédito de alto risco, imóveis e ativos de países emergentes, também registram recordes históricos de preços. É essa busca por rentabilidade que explica a alta demanda externa por nossos ativos, valorizando-os.

O Nobel e professor de Yale Robert Schiller desenvolveu um indicador para avaliar se os preços das principais ações do mercado dos EUA (S&P 500) caracterizam ou não uma bolha. Trata-se da relação entre o atual preço das ações e a média dos lucros das empresas verificados nos últimos dez anos, trazidos a dólar constante do último ano.

É conhecido pela sigla Cape (Cyclically adjusted price-to-earnings). Do final do século 19 até 1995, o Cape oscilou um pouco abaixo de 15. Neste longo período de mais de cem anos, o indicador exibiu comportamento regular e de certa forma previsível, daí a grande fama que alcançou entre analistas. De fato, o índice passou 90% de sua longa vida variando entre 7,5 e 22,5 até meados dos anos 90.

Assim, até há pouco tempo, era procedente considerar o limite inferior como indicativo de bolsa “barata” e o limite superior como indicativo de bolsa “cara”. Atualmente, o Cape está acima de 30, o 3.º mais alto da história, praticamente idêntico ao registrado às vésperas da Grande Depressão de 1929. Contudo, prever o comportamento do preço das ações não é tão simples assim.

Pode-se dizer que o Cape em geral acertou na classificação da bolsa como “cara” ou “barata”, mas foi muito impreciso para prever quando ocorreria a correção. Por exemplo, em 1995, depois de mais de dez anos de crescimento das cotações, o Cape indicava alto risco de derrocada dos preços. Muitos venderam e comemoraram seus elevados “lucros”.

Ledo engano. A bolsa dos EUA continuou subindo por mais quatro anos (acumulou incríveis 130% de valorização adicional) e o colapso aconteceu só no ano 2000, quando se deu o estouro da bolha das empresas de tecnologia.

A coincidência do Cape nas alturas com excesso de confiança de agentes econômicos (VIX muito baixo), que os leva a serem imprudentes na avaliação de risco dos ativos, a sobra de poupança global em relação à demanda de recursos para investimento e mais de uma década de forte injeção de moeda na economia pelos principais bancos centrais do mundo em resposta à crise de 2007/2008 tornam a situação atual preocupante e imprevisível.

Xô, bolha. Só faltava isso para agravar ainda mais nossos problemas.

 

REVISTA ISTO É


As “fake news” nas eleições


Carlos José Marques |

O fenômeno não é novo. Muito menos exclusivo do Brasil. Ao contrário. As chamadas “fake news”, ou notícias falsas, que inundaram as mídias digitais já polarizaram as eleições tanto aqui como nos EUA.

O fenômeno não é novo. Muito menos exclusivo do Brasil. Ao contrário. As chamadas “fake news”, ou notícias falsas, que inundaram as mídias digitais já polarizaram as eleições tanto aqui como nos EUA, onde Donald Trump surfou a onda e saiu vencedor movido a uma bateria de desinformações que favoreceram a sua candidatura.

Os assessores de Trump espalharam na rede, por exemplo, que o Papa Francisco apoiava o republicano para a presidência e os fiéis conservadores do partido, que ainda acalentavam alguma desconfiança em relação ao empresário fanfarrão, viram naquela “benção” um selo de garantia para definir o voto.

O Vaticano levou uma semana até desmentir a “notícia” que corria solta e aí o impacto da “fake news” já havia surtido o efeito desejado. No Brasil, a Fundação Getúlio Vargas acaba de concluir um levantamento no qual aponta que os robôs – também conhecidos como contas automatizadas, que ficam clicando e massificando certas postagens para criar no meio da sociedade uma falsa sensação de apoio majoritário a uma determinada ideia ou pessoa – foram responsáveis por 10% do engajamento no debate de conteúdo político nas redes em 2014.

Levando-se em conta que as eleições naquele ano foram decididas por uma estreitíssima margem de votos a favor da petista Dilma Rousseff, é possível ter a exata dimensão do papel importante que essa ferramenta desempenhou na escolha. Para 2018, em plena era da pós-verdade, é de se imaginar que os recursos com o objetivo de engabelar massas de eleitores por meios digitais terão ainda maior destaque.

Muitos chegam a apontar que as “fake news” vão polarizar a disputa. A tal ponto que a corte eleitoral do TSE já discute estratégias para evitar a proliferação dessas notícias falsas durante o período de campanha. O assunto também despertou o interesse do Exército, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal. A ideia é criar uma força tarefa que funcione policiando a atuação dos robôs na internet.

O ministro do STF, Alexandre Moraes, também defendeu dias atrás a aprovação imediata de uma regulamentação da propaganda eleitoral na internet como alternativa de freio à proliferação dos boatos. O impacto negativo de mentiras disseminadas especialmente nas redes não é pequeno. Estudo da Universidade de São Paulo (USP) apontou que mais de 12 milhões de pessoas – número equivalente a 6% da população brasileira – difundem as tais notícias falsas dentro do ambiente digital.

Considerando que cada uma delas possui, em média, ao menos 200 conexões, o universo de impactados abrange praticamente todo o leque de eleitores. Nesse contexto, as chamadas “mídias ninjas”, de forte ativismo e engajamento, voltadas para a chamada informação combatente e partidária, exercem influência capital. Alguns candidatos, mais familiarizados e antenados com o poder da ferramenta, já a usam de várias formas e em diversos meios.

O ex-presidente Lula e o seu partido PT dedicam boa parte de sua força-tarefa para esse trabalho na rede – e difundem informações ou fatos “adaptados” às conveniências mesmo em programas de TV, palanques ou entrevistas. Lula é decerto um fenômeno da era da pós-verdade. Alegou recentemente que vai combater a criação dos chamados “campeões nacionais”, grupos empresariais que ganharam gordos subsídios federais para crescer, como foram os casos da JBS, Odebrecht e EBX.

Deixa de informar que foi justamente ele, Lula, quem bolou e executou a tal política de benefícios diferenciados. Do mesmo modo o petista, numa tentativa de se descolar dos erros de sua pupila Dilma, passou a criticar medidas adotadas por ela que antes contavam também com o seu aval.

Nos meios digitais, essas mensagens subliminares se espalham como pólvora, fazendo crer que o Lula candidato não guarda qualquer ligação com o Lula das práticas equivocadas. A dissimulação faz parte do jogo. Não foi de outra maneira que surgiu o conceito do “Lulinha paz e amor” para vencer a disputa de 2002 ou da “Dilma mãe do PAC”, que falava em luz barata enquanto quebrava o País.

Em vários casos, a mensagem cenográfica dos candidatos – que na TV, nos outdoors e nos discursos são “maquiados” com promessas que não cumprem e ideias nas quais na verdade não acreditam – ganhou agora um elemento a mais: as versões virtuais de mentiras e desinformações que eles espalham na rede, seja com o objetivo de turbinar suas candidaturas ou de enxovalhar a reputação de adversários, numa manobra que confunde o público, engana internautas e desvirtua os fatos de maneira criminosa. É essa a onda que precisa ser combatida.

 

A nova guerra do garimpo

Ataques provocados a órgãos públicos por garimpeiros irregulares no sul do Amazonas ameaçam operações de fiscalização do Estado, fortalecem o extrativismo desenfreado e expõem a população local à insegurança e tensões incontroláveis

Fabíola Perez |

A figura do garimpeiro com a bateia nas mãos empenhado em encontrar metais preciosos como ouro e diamante no curso das águas de um rio foi substituída por trabalhadores equipados com potentes motobombas, escavadeiras e balsas que cruzam o leito dos rios para extrair irregularmente os minérios. Quem interrompe o ciclo de exploração é ameaçado e até atacado pelos chamados “donos dos barrancos”, pessoas que controlam os garimpos.

Na sexta-feira 27, um grupo de garimpeiros ateou fogo aos prédios e veículos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Humaitá, município localizado a 700 quilômetros de Manaus, no Amazonas.

O crime traz à tona mais uma vez os perigos e mazelas sociais que o garimpo irregular impõe à população. Dessa vez, porém, o ataque representou uma ação contra o Estado brasileiro que tenta combater a exploração ilegal de minérios. “O impacto é brutal. Há garimpos no País, como o das terras indígenas Yanomamis, que funcionam a céu aberto desde a década de 1980”, afirma Luiz Frederico Mendes dos Reis Arruda, professor do Instituto de Ciências Biológicas Universidade Federal do Amazonas.

Além da degradação ecológica, eles colaboram para o aumento da criminalidade nas regiões próximas, provocam doenças nas comunidades e contribuem para o aumento da prostituição e do tráfico de drogas nas redondezas.

400 milhões de reais é o que se arrecada, em média, por ano nos garimpos ilegais da amazônia

O confronto ocorreu após o Ibama, em conjunto com o ICMBio, deflagrar a operação Ouro Fino, que fiscaliza a extração ilegal de ouro no rio Madeira. “Autuamos e embargamos balsas sem licenciamento ambiental, mas em pouco tempo elas voltaram a funcionar”, afirmou à ISTOÉ Roberto Cabral Borges, coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama. “Como não houve nenhum resultado, buscamos rebocadores para retirar e destruir os equipamentos irregulares.” Foram retiradas 39 balsas.

Em represália à destruição das máquinas, grupos de garimpeiros colocaram fogo nas instalações dos órgãos governamentais. Para conter a tensão e garantir a segurança dos servidores e da população local, a Força Nacional enviou soldados e a Marinha deslocou um navio patrulha e fuzileiros navais.

O superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland Barroso, considerou o ataque um ato de barbárie contra o Estado brasileiro. “Tentaram instalar um califado dentro de Humaitá. Eles sabiam que não estavam licenciados e mesmo assim nos chamaram para a ação”, afirmou. “Desafiaram o poder do Estado e isso terá resposta, o órgão não irá recuar.”

Confrontos como esses castigam a região Norte do País desde a década de 1980. Três dos maiores garimpos do mundo se instalaram nos estados do Amazonas, Pará e Rondônia. O mais famoso deles, Serra Pelada, em Curionópolis, atraiu cerca de 120 mil pessoas para trabalhar em condições análogas à escravidão.

Já os conflitos nas terras indígenas Yanomamis tiveram início em 1986 e perduram até hoje. Cerca de 20% da população morreu em decorrência de doenças causadas pela exposição ao mercúrio. Em 1993, 16 indígenas foram assassinados no Massacre do Haximu.

Na região de Bom Futuro, em Rondônia, 700 crianças foram resgatadas do trabalho semelhante à escravidão. Apesar disso, esses garimpos continuam ativos até hoje. Nos últimos anos, houve uma intensificação dos conflitos provocados por garimpeiros, principalmente no Sul do Amazonas. “Na medida em que se abrem rodovias no meio da floresta ocorre o efeito ‘espinha de peixe’, ou seja, a abertura de ramificações para atividades ilícitas em meio à floresta a partir dessas estradas”, afirma Arruda.

Além do acesso a matas inóspitas, três fatores explicam a multiplicação da mineração ilegal. A legislação para quem é autuado extraindo minérios sem licença prévia prevê punições brandas. A pena prevista é de seis meses a um ano de reclusão. “A pessoa que é pega raramente é presa, então não se preocupa em garimpar dentro da lei”, diz Borges.

Outro motivo é a ausência de rastreabilidade do ouro. “Na hora que chega à loja, ele pode ter vindo do garimpo ilegal ou provocado a destruição da Amazônia, mas terá o mesmo valor que o ouro licenciado.” A prática de destruir equipamentos de extração, adotada pelos órgãos de fiscalização, tem transformado algumas regiões em verdadeiros barris de pólvora. “Isso tem incomodado muita gente que pratica essa atividade criminosa”, diz Borges.

A inutilização das máquinas baseia-se no artigo 111 do decreto 6.514 que permite a operação quando não há possibilidade logística de remover as máquinas ou quando a atividade expõe o meio ambiente a riscos e compromete a segurança da população. Segundo o Ibama, essas ações correspondem a 1,2% das operações de combate.

Os equipamentos utilizados nos garimpos irregulares atuais têm um poder de destruição muito superior ao de décadas atrás. Exatamente por isso submetem trabalhadores a condições altamente insalubres. As escavadeiras hidráulicas conseguem extrair em três dias o que outras técnicas levariam pelo menos dez dias.

Na Amazônia, além do garimpo de barranco, existe também o de subsolo. Motores de caminhões são colocados em balsas e um mergulhador com um cano faz uma espécie de sucção no leito do rio. “Além de ser uma atividade desumana, altera a fauna e a flora dos rios”, afirma Borges. O valor estimado de uma balsa de mergulho é de R$ 80 mil – o que significa que, segundo órgãos de fiscalização, há estruturas criminosas financiando essas atividades no País. Outro termômetro das ações é a desproporcionalidade entre a comercialização do ouro legalizado e a quantidade de balsas operando nessas regiões.

Conflitos permanentes

Toda atividade de mineração tem início com um “dono”, pessoa que não tem a posse da área, já que se trata de uma atividade ilegal. Ele é geralmente alguém com mais recursos financeiros, que têm a posse do maquinário e raramente se desloca até o local. “Em uma das operações, encontramos um caderno com anotações. Trata-se de uma ilusão porque tudo costuma ficar com o dono do barranco, limpo e distante dos buracos escavados na terra”, diz o coordenador.

Existe também a figura de um gerente que organiza as atividades como moradia e comércio nas áreas. Tudo nos garimpos é pago em ouro, o que atrai grande parte da população de cidades próximas. Os homens, que trabalhavam na agricultura ou na construção civil, chegam ansiosos para explorar a terra. Já as mulheres, parcela crescente na mineração, saem dos municípios em que viviam para cozinhar em acampamentos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em garimpos irregulares na Reserva Nacional de Cobre e Associados constatou que 36% dos trabalhadores entrevistados são analfabetos e 40% tem o ensino fundamental incompleto. Eles trabalham em média 60 horas por semana e recebem entre 20% e 30% do valor da produção do ouro. A maior parte dos ganhos fica na própria região, já que os produtos têm valores elevados, uma vez que são trazidos por meio de aviões e barcos.

Ainda que algumas operações de combate ao garimpo ocorram no Sul do Amazonas, existem áreas de difícil acesso e de perigo iminente. Um estudo coordenado pela pesquisadora do Imazon, Jakeline Pereira, e por agentes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Pará detectou que desde 2008 nenhum funcionário do governo entrou nas áreas protegidas da Floresta do Paru e na Reserva Biológica Maicuru.

Há quase uma década, a região não viu a presença do Estado. Desde então, a exploração se intensificou. Na época, havia cerca de mil garimpeiros nos dois locais. Hoje, a partir de estimativas feitas pela quantidade de vôos para garimpeiros que saem do município de Laranjal do Jarí, no Amapá, acredita-se que dois mil trabalhadores atuem nas áreas.

Para o professor do Instituto de Ciências Biológicas da Ufam, o Estado deveria oferecer condições de trabalho no garimpo dentro das leis. “Garimpeiros são trabalhadores que precisam sobreviver, mas se submetem a condições muito piores do que as impostas às mineradoras”, diz Arruda. Isso porque, segundo ele, gigantes da mineração negociam autorizações e condicionantes e rapidamente conseguem a garantia de um negócio lucrativo. “Seria necessário transformar o garimpo em uma atividade sustentável do ponto de vista econômico.”

Além dos problemas sociais, a extração de minérios provoca uma série de doenças. Um estudo recente realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), mostra que a contínua invasão ilegal de garimpeiros no território Yanomami tem trazido graves consequências à saúde.

Algumas aldeias chegam a ter 92% das pessoas examinadas contaminadas por mercúrio – substância utilizada na extração do ouro. “O erro que se comete é acreditar que o mercúrio polui somente o curso das águas. O metal se volatiza, sobe para a atmosfera e volta para a terra com as chuvas”, diz Arruda. “Ele se insere nas cadeias alimentares dos peixes e, consequentemente, das pessoas que consomem esses alimentos.”

Altamente tóxico, ele causa danos permanentes, como alterações no sistema nervoso central, problemas cognitivos e motores, perda de visão e doenças cardíacas. Todas essas consequências brutais ficarão ainda mais explícitas com a nova onda de conflitos protagonizada por garimpeiros irregulares. O Estado falha em não oferecer políticas públicas e fiscalização preventiva em áreas protegidas. Faltam equipes, recursos e políticas para que o garimpo irregular, tão presente em décadas passadas, não continue um problema latente no futuro.

 

JORNAL ZERO HORA


Professor critica comportamento de ministra Luislinda Valois

Para Aquillino Dalla Santa Neto, após 230 anos da Revolução Francesa, tivemos uma situação inusitada com outra protagonista que lembra a condessa Jeanne de la Motte-Valois

 

Além do desprezo demonstrado pela rainha à condessa de la Motte, os motivos da vingança estavam no fato de seu pai ter sido acusado injustamente de traição e seus bens confiscados pela coroa francesa.

No Brasil, após 230 anos da Revolução Francesa, tivemos uma situação inusitada com outra protagonista que lembra a condessa, por ter o mesmo nome, envolvendo a ministra Luislinda Valois, a qual contribuiu para abalar ainda mais o governo Temer, em um comportamento inaceitável, ao declarar que seus vencimentos de R$ 33 mil mensais não eram insuficientes para pagar suas roupas, calçados, bebidas, maquiagem e comida.

Na verdade, a desembargadora aposentada estava querendo dizer que, para atuar como ministra dos Direitos Humanos, deveria ter um salário compatível ao valor do que já recebe em sua aposentadoria, pois voltaria a ter funções como funcionária do governo.

Contudo, esqueceu-se de que foi convidada e, a partir do instante em que aceitou o convite, sabia que iria receber somente o teto do funcionalismo e, portanto, seu salário como ministra ficaria nos R$ 3.292, mas que, em contrapartida usufruiria carro com motorista, carona da FAB, cartão corporativo (provavelmente com um ótimo limite) e residência paga.

Por sentir-se vítima de uma situação que existia no passado e ainda existe, mas que não se enquadra no seu caso, Luislinda ainda tentou justificar, em 207 páginas, um pedido para receber o salário integral de ministra, argumentando que estava na condição de "escrava".

Infelizmente, a nação se deparou com outra ironia, numa fase delicada do país, provocada por alguém despreparada para um cargo que exige sensibilidade, bom senso e percepção, o que lembra muito o comportamento dos nobres franceses quando perderam suas cabeças na guilhotina.

 

AGÊNCIA BRASIL


Medalhistas olímpicos participam de Mundial Militar de Vôlei de Praia no Rio


Vinícius Lisboa - Repórter Da Agência Brasil |

Medalhistas olímpicos da Rio 2016 voltam às areias do vôlei de praia nesta semana, no Campeonato Mundial Militar da modalidade, que será realizado no Rio de Janeiro, entre 7 e 12 de novembro. O Brasil sediará a segunda edição do evento e receberá 50 atletas da Alemanha, China, Holanda, do Irã, da Jordânia, Letônia, Palestina, do Paquistão e Sri Lanka.

As classificatórias serão disputadas no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), na Urca, na quarta (8), quinta (9) e sexta-feira (10), e a entrada do público é gratuita. No sábado (11), as semifinais serão no Parque Olímpico da Barra, onde também ocorrerão as finais, no domingo (12).

Diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa, o almirante Paulo Zuccaro acredita que o Brasil chegará com grandes chances de medalha à competição, mas terá pela frente o Irã e a Alemanha como principais adversários.

O Brasil será representado no masculino pela dupla número 1 do mundo Evandro e André. Também participará o campeão olímpico Bruno, que jogará com Pedro Solberg, por causa de uma lesão de Alisson, seu parceiro na conquista da medalha de ouro no ano passado.

No feminino, a medalhista de prata da Rio 2016 Ágata jogará com Duda, com quem forma dupla desde que sua parceria com Bárbara foi desfeita. A dupla Talita e Larissa, que ficou em quarto lugar na Olimpíada, também estava prevista, mas Talita terá que ser substituída por questões de saúde.

"São nomes que dispensam apresentação. É o melhor do melhor que o Brasil tem a apresentar nessa modalidade", diz o almirante.

Zuccaro destaca que o evento é importante no caminho para os Jogos Mundiais Militares de 2019, em que o Brasil buscará se manter no top 3. Desde 2011, quando sediou uma edição dos jogos, o Brasil disputa com China e Rússia as principais posições da competição.

"A gente sabe que pode não ficar à frente dos dois, mas quer ficar entre os três primeiros. A competição será no Extremo Oriente [em Wuhan, na China] e na casa de um dos nossos principais rivais. Nossa meta é permanecer no top 3 e consolidar a nossa posição de potência do esporte militar".

O almirante destaca que a ascensão do Brasil no esporte militar se acelerou em 2007, quando o país foi escolhido para sediar os Jogos Mundiais Militares e criou o Programa de Atletas Militares de Alto Rendimento. O resultado foi um salto da 30ª para a primeira posição nos jogos de 2011, o que também se refletiu nos Jogos Olímpicos de Londres, culminando quatro anos depois na participação de 145 atletas militares de alto rendimento na Olimpíada do Rio de Janeiro. Das 19 medalhas conquistadas pelo Brasil, 13 vieram de atletas militares.

Na última edição dos Jogos Mundiais Militares, em 2015, o Brasil ficou na segunda colocação no quadro geral de medalhas, atrás apenas da Rússia. O almirante Zuccaro destaca que as principais potências no esporte militar são países que se sobressaem também nos esportes olímpicos, e que os Jogos Mundiais Militares ocorrem um ano antes da Olimpíada justamente para servir como preparação para a maior competição multiesportiva do mundo.

"As seis maiores potências mundiais militares são Brasil, China, Rússia, Alemanha, França e Itália. Todos, exceto o Brasil, já são potências olímpicas e já aparecem no quadro das dez melhores", aponta o almirante, que acredita que o investimento no esporte militar vai ajudar a inserir o país nesse grupo.

Em dezembro, mais de 300 atletas participarão do Campeonato Mundial Militar de Natação, que também será disputado no Rio de Janeiro. Uma das grandes estrelas brasileiras deve ser a nadadora Etiene Medeiros, que é atleta da Marinha.