INFANTARIA

Saiba como atuam os cães nas missões da FAB

Os animais são aliados do homem há muito tempo e estão presentes, também, na Força Aérea Brasileira. Eles têm atuado, entre outras situações, em cenários direcionados para a segurança de grandes eventos no Brasil.
Publicada em: 16/12/2019 18:40
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Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Raquel Alves
Edição: Agência Força Aérea - Revisão: Major Monteiro

Hanna e Lotus, da raça pastor belga malinois, ainda são filhotes e já têm uma rotina regrada, na Ala 8, em Manaus (AM). As fêmeas, de apenas sete meses, passam por treinamentos diários, como socialização, método de interação dos filhotes com pessoas, sons, entre outros estímulos. O treinamento dos cães é iniciado desde os primeiros dias de vida do animal, respeitando sempre a fisiologia e o crescimento de cada um. Algumas atividades de lazer estão incluídas no cotidiano desses cachorros, como a escolha dos brinquedos mais atrativos, por exemplo. 

Os filhotes estão sendo treinados para atuarem no trabalho de faro de entorpecentes, assim como a mãe deles, Diana, que ajudou na detecção de 3kg de drogas escondidos no banheiro do Aeroporto de Ponta Pelada, na capital amazonense, em maio deste ano. O olfato do animal, até 50 vezes mais apurado do que o de um ser humano, torna o trabalho de localização de ilícitos e pessoas muito mais rápido e eficiente. As especialidades (faro de explosivo, de entorpecente e guarda) dos animais são escolhidas a partir das características apresentadas por cada cachorro, analisando seu temperamento e sua atitude. Esses atributos são avaliados e, dessa maneira, é possível identificar as aptidões de forma individual. Hanna e Lotus recebem, ainda, o treinamento de guarda, sempre respeitando o perfil do animal.

O papel do cachorro junto ao militar tornou-se fundamental. Por isso, a Força Aérea Brasileira (FAB) possui canis nas diversas Organizações ao longo do país. “O intuito é manter o animal sempre preparado para atuar em uma variedade de missões”, conta a Tenente Veterinária Raquel Tomé da Silva, que trabalha com os cães do Grupo de Segurança e Defesa (GSD) da Ala 8, em Manaus.

Não só os animais passam por treinamentos, mas também os adestradores precisam exercitar a condução dos cães. O Estágio Básico de Operações, realizado na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), é uma das ferramentas que a FAB dispõe para preparar os militares para conduzir os animais. Eles aprendem desde a parte de condução e obediência até o treinamento de guarda e proteção, patrulhamento em mata diurna e noturna, treinamento físico, rapel, busca e captura, policiamento, embarque e desembarque de aeronaves, dentre outras atividades que o cachorro realiza junto ao instrutor. “No término do curso, os instrutores estarão aptos a conduzir os cães que, por sua vez, terão a capacitação adequada para as missões”, conta o Suboficial Reginaldo Wendhausen Fraga, instrutor do curso.

Além de receber outros treinamentos, na Ala 1, em Brasília (DF), o cão Wolverine está sempre com faro apurado. Em um dos adestramentos, ele entra em contato com o odor típico da droga, que é acondicionada dentro de tubos de PVC, mangueiras de borracha ou em pequenas bolsas. Após o animal se acostumar com o cheiro dos diversos tipos de entorpecentes, o “brinquedo” é entregue a ele como recompensa pelo cumprimento do exercício. “Essa atividade é muito importante para que o cachorro esteja adaptado para atuar nas missões de faro de entorpecentes”, relata o Cabo José Ricardo Gomes De Lima Junior, instrutor do Curso de Formação de Condutores e Cães.

Por todo o Brasil, Unidades da FAB mantêm cães preparados para atuar em missões de guarda e segurança; faro de drogas, munições e explosivos; e até para patrulha da área de pousos e decolagens. O combate ao tráfico de drogas é a atividade diária desses animais, principalmente em regiões de fronteira, farejando bagagens e aeronaves. São mais de 100 cães de raças como  pastor belga, belga malinoise alemão, bordercollie, labrador e rottweiler distribuídos entre Esquadrões e Grupos de Segurança e Defesa. Durante os Jogos Pan-Americanos, em 2007, na Copa do Mundo FIFA, em 2014, assim como na Olimpíada e na Paralimpíada Rio 2016, diversos cães da FAB atuaram na identificação de entorpecentes e armamentos em aeroportos civis e militares.

Participação em eventos

Não só de treinamentos e missões vivem os cães da FAB. Eles também se apresentam em eventos e participam de competições, dentre outras atividades. Os cachorros do Grupo de Segurança e Defesa do Recife (GSD-RF) se apresentaram no “Primeiro Encontro Animal Alegria”, este ano, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana. Os animais do Elemento de Cães de Guerra (ECG) demonstraram comandos básicos de disciplina, simulações de abordagem e busca por produtos ilícitos.

Na simulação de abordagem, é feita uma verificação: a pessoa suspeita emprega fuga e o cão espera o momento certo para imobilizar o fugitivo. Durante a demonstração, é testada a habilidade do animal em encontrar substâncias ilícitas. De acordo com o ECG, o treinamento dos cachorros os submete apenas ao odor dos produtos. Portanto, eles não são colocados em contato com substâncias entorpecentes. Para o animal, a busca por esses ilícitos é uma brincadeira, uma vez que ele é estimulado a realizar a procura e ainda recebe recompensa ao indicar o material.

Para Ricardo Cruz, idealizador do Projeto Socorro Animal e organizador do evento, a FAB demonstra um trabalho grandioso no adestramento de cachorros. “Temos vários apoiadores que se interessaram por esse trabalho e a causa animal não pode parar”, ressaltou.

O Elemento de Cães de Guerra do GSD-RF tem como objetivo apoiar as atividades de Infantaria da Aeronáutica por meio do emprego do cão em missões de interesse da FAB. Os animais são treinados para atuar em ações como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), patrulhamento ostensivo nas vilas militares e interior das Organizações da Guarnição de Aeronáutica do Recife (GUARNAE-RF), bem como no combate ao narcotráfico.

O cachorro também passa para a reserva

Após oito ou nove anos de trabalho, em média, os cães policiais, como são chamados, precisam ser aposentados. Seguindo a doutrina de outras Forças e polícias do mundo, a prioridade da adoção é dada ao adestrador, que teve contato com o animal durante a sua “carreira” na Instituição.

Fotos: Tenente Enilton Kirchhof / CECOMSAER; Sargento R. Peres / BAFL; Soldado Thallys Amorim / CECOMSAER

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