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Confira a história de mulheres que colaboram com a FAB para cumprir a sua missão

Já faz mais de 35 anos que a Instituição permitiu o ingresso de mulheres em seus mais diversos Quadros e Especialidades
Publicada em: 08/03/2018 07:45
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Fonte: Agência Força Aérea
Edição: Agência Força Aérea, por Ten Nara Lima - Revisão: Maj Peçanha

No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o NOTAER presta uma homenagem às mulheres do efetivo da FAB. Já faz mais de 35 anos que a Instituição permitiu o ingresso de mulheres em seus mais diversos Quadros e Especialidades.

Em 1982, elas chegaram pela primeira vez às Escolas da Aeronáutica, formando-se Sargentos e Aspirantes a Oficial. De lá pra cá, as mulheres somam mais de 10 mil militares no efetivo da FAB e alcançaram o posto de Coronel, atuando nas mais diversas áreas, sejam administrativas, da saúde ou operacionais.

Para homenagear as milhares de militares que compõem as fileiras da FAB, o NOTAER conta a história de algumas das mulheres que, com comprometimento e profissionalismo, cumprem diariamente suas missões, colaborando para garantir a soberania do espaço aéreo e para integrar todo o território nacional.

Capitão Gisele

“Desafios que nos movem”. É como a Capitão Aviadora Gisele Cristina Coelho de Oliveira descreve sua carreira de 15 anos na FAB. Em 2003, ingressou na primeira turma de mulheres do Curso de Formação de Oficiais Aviadores, na Academia da Força Aérea (AFA) e foi a primeira piloto militar a voar sozinha em uma aeronave da FAB. Hoje, a capitão é a primeira mulher a ocupar a função de comando de um esquadrão da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR).

Com mais de 350 alunos para conduzir, a oficial revela que o novo cargo é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. “Sabemos que cada aluno tem sua personalidade. Temos o desafio de formar graduados de alto padrão para todo o Brasil”, afirma.

A Capitão Gisele conta que, quando fez o concurso, não sabia dos tantos desafios vindouros. “Em 15 anos, meu maior desafio foi a formação na AFA, sem dúvidas. Minha vida mudou completamente, em todos os sentidos. O voo, atividades físicas, tempo curto... mas todo esforço e dedicação valeram a pena. Aprendi a valorizar as pequenas coisas que muitas vezes passam despercebidas”, revela.

Sargento Raica

A trajetória da primeira militar a saltar de paraquedas da aeronave KC-390 é repleta de motivação e emoção. Tudo começou quando concluiu o ensino médio e teve que optar pela profissão a seguir. Inspirada em seu pai, tenente do Exército Brasileiro, a gaúcha Raniela Raica Finatto viu na Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR) a oportunidade de se tornar militar, em 2012.

Durante sua formação na Escola, Raica conheceu um pouco do trabalho do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR) por meio do seu instrutor de equipamento de voo, o Suboficial Miguel Antônio Pereira Leitão. “Ele serviu por anos no Esquadrão. E, por tudo que ele me contava, despertou em mim a vontade de fazer parte da unidade com uma missão singular na Força”, conta.

Decidida, a Sargento Raica seguiu no seu novo objetivo: ser paraquedista, vestir o gorro laranja e calçar o coturno marrom. Ao longo do curso do PARA-SAR, enfrentou uma rotina exaustiva, contudo, ela fala com entusiasmo sobre a formação e o primeiro salto. “Foi emocionante. Quando chegamos na fase dos saltos, os sentimentos mudam. A preocupação é se o velame vai abrir, se vai dar tudo certo, se você vai saber executar tudo que foi passado pela equipe de instrução, se a aterragem vai ser muito forte... Eu fiquei bem nervosa, mas, depois que saí do avião, a sensação foi de realização”, revela.

Já em 2016, ela encarou o desafio de saltar do KC-390 na fase de testes da aeronave. “Não tinha muita noção do ´ser a primeira mulher´, só assimilei depois, quando me perguntaram, e foi um privilégio sermos pioneiros naquela atividade e fazer parte do processo de teste do avião. A sensação foi parecida com a do primeiro salto e também tudo ocorreu bem. Fiquei muito feliz por representar a força feminina da FAB naquele momento histórico”, comemora.

Coronel Carla Lyrio

“A Força Aérea valoriza o trabalho, independentemente de gênero, cor ou origem. A carreira proporcionou-me muita satisfação pessoal, e aqueles que tiverem esse objetivo vão encontrar na FAB o reconhecimento pelo seu esforço”, afirma a Coronel Médica Carla Lyrio Martins, que é, atualmente, a mulher mais antiga da FAB, com 28 anos de carreira.

Ela ingressou no Curso de Adaptação de Médicos da Aeronáutica, em 12 de março de 1990, e conta que as experiências superaram as expectativas da carreira militar. “Fiz amigos, voei aeronave de caça, morei em cidades do Sul ao Nordeste. Cresci dentro de valores sólidos e, hoje, sinto-me realizada pela opção profissional”, revela.

Como pioneira, participou de momentos marcantes na Força Aérea: em 2015, foi a primeira a assumir o comando de uma unidade, a Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes, no Rio de Janeiro (RJ). “Considero que esse foi o maior desafio na carreira, mesmo tendo vivência em atividades administrativas anteriores. Sempre fui muito envolvida na assistência médica. Foi uma experiência muito positiva, uma vez que trabalhar com idosos por si só já se transforma em aprendizado de vida”, conta.

Atualmente, a hematologista é aluna na Escola Superior de Guerra. “Virar estagiária novamente é um privilégio. As expectativas em relação ao curso são as melhores. Espero que o convívio entre as Forças Armadas seja harmônico, complementar, e que as autoridades civis tragam novos conhecimentos”, comenta.

Major Luanda

Há seis meses, uma experiência inédita marca a carreira da Major Luanda dos Santos Bastos, a primeira mulher da FAB em missão de paz, na função individual de staff office. A mais de 9,5 mil quilômetros do Brasil e de casa, a oficial intendente vive o desafio de atuar numa missão no Sudão, na África. “Eu me sinto extremamente orgulhosa, realizada profissionalmente e feliz por poder participar”, acrescenta.

Dentro das atribuições de peacekeeper, Major Luanda é oficial administrativo na Seção de Operações Militares de Darfur, região oeste do Sudão e também tira serviço de oficial de operações militares no país africano. Na área, cristãos e muçulmanos vivem em situação de conflito, e compete à militar ajudar nesse trabalho de cessar-fogo sem utilizar arma.

Para se adaptar às culturas do País, Major Luanda usa o hijab, tradicional lenço utilizado pelas mulheres árabes para cobrir parte do corpo, quando não está no trabalho e vai para o centro da cidade. “Eu usei para não chamar atenção e, principalmente, para respeitar a cultura daqui”, afirma.

A Major Luanda sabe também que, diariamente, quebra paradigmas por realizar tarefas antes executadas somente por homens. “Orgulho-me em poder representar as mulheres militares brasileiras e espero inspirar muitas outras a se tornarem peacekeepers. Viver essa experiência única vai marcar o resto da minha vida”, acredita.

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