ESPAÇO

Centro de lançamento de Alcântara sedia Operação Rio Verde

Objetivo é realizar o lançamento e o rastreio de um foguete de treinamento e um foguete suborbital
Publicada em: 24/11/2016 13:42
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Fonte: CLA, por Tenente Andreza
Edição: Agência Força Aérea, por Ten Emília Maria

O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) realiza, até meados de dezembro, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a Operação Rio Verde. Os objetivos são lançar e rastrear um foguete de treinamento e um foguete suborbital (VSB-30 V11), assim como resgatar uma carga útil MICROG2 no mar.

Durante a Rio Verde, coordenada por meio do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o lançamento do foguete de treinamento visará verificar todos os meios relacionados à operação de lançamento, bem como testar procedimentos e treinar todas as equipes envolvidas na campanha.

Em seguida, deverá ser lançado o foguete nacional VSB-30 V11, desenvolvido pelo IAE, em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR). O veículo levará a bordo oito experimentos científicos e tecnológicos selecionados pelo Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB), que possibilitarão aos cientistas e pesquisadores brasileiros realizarem estudos e pesquisas em ambiente de microgravidade, acima de 100 quilômetros, por até seis minutos, em condições bem específicas.

“O lançamento do VSB-30 V11 com os experimentos embarcados na carga-útil MICROG-2 constitui uma excelente oportunidade das instituições de ensino e pesquisa nacionais obterem acesso facilitado ao espaço, que apresenta um baixo custo se comparado, por exemplo, a estudos sob essas mesmas condições realizados na International Space Station (ISS). Nessa região, conhecida como Low Earth Orbit (LEO), ocorrem fenômenos que são de difícil reprodução no nosso meio, o que ressalta a importância desse tipo de atividade para desenvolvimento científico e tecnológico do país”, explica o Coordenador-Geral da Operação Rio Verde, Coronel Avandelino Santana Junior.

Também são objetivos importantes da Operação Rio Verde dar prosseguimento ao Programa Nacional de Atividades Espacial (PNAE), em coordenação com AEB; apoiar o Programa Microgravidade da AEB, permitindo que organizações de ensino, pesquisa e desenvolvimento realizem experimentos científicos e tecnológicos através de voos suborbitais; manter a operacionalidade do CLA, proporcionando treinamento às diversas equipes envolvidas; testar novos sistemas do CLA para inclusão operacional em lançamentos futuros; manter a operacionalidade do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) como estação remota de rastreio; e incrementar a parceria com o Centro Espacial Alemão (DLR) relacionada ao lançamento de veículos suborbirtais e de realização de experimentos em ambiente de microgravidade.

Experiência


Esta é a 23ª operação de lançamento do VSB-30, primeiro foguete nacional certificado para lançamentos no exterior e já lançado da Suécia, Noruega e Austrália, em parceria com a Agência Espacial Alemã. No Brasil, será o quarto lançamento do VSB-30, todos realizados em Alcântara. O último lançamento com o veículo no país ocorreu em 2010, durante a Operação Maracati II.
 

“A expectativa é muito grande para a realização da Operação Rio Verde no CLA com sucesso. Além disso, pela primeira vez sendo utilizado em operações de veículos de médio porte, testaremos novos procedimentos a partir do novo Prédio de Segurança do Setor de Preparação e Lançamento (SPL), inaugurado no início deste ano e que nos possibilita intensificar a segurança das atividades na área operacional, o controle de acesso, bem como oferecer melhor conforto e infraestrutura às equipes que atuam na campanha. Ainda, estamos testando novos Sistemas Operacionais do Centro”, ressalta o Diretor do CLA, Coronel Aviador Cláudio Olany Alencar de Oliveira.

Após o lançamento e o voo em ambiente de microgravidade, tais experimentos devem ser recuperados em alto mar, por helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) com apoio de embarcações da Marinha do Brasil.

Saiba mais sobre cada um dos experimentos e as instituições desenvolvedoras: 

1. MPM-A: Novas tecnologias de meios porosos para dispositivos com mudança de fase, desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os minitubos de calor fazem uso do calor latente de fusão e do efeito capilar para transportar energia de uma fonte quente para uma fria. Esses dispositivos podem ser utilizados para o controle térmico tanto de equipamentos eletrônicos no espaço como em terra;

2. MPM-B: Tem a mesma finalidade do MPM-A, mas enquanto o fluido de trabalho do experimento MPM-A é o metanol, o MPM-B utiliza o fluido refrigerante denominado HFE7100;

3. VGP2: Os efeitos da microgravidade real no sistema vegetal cana de açúcar, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata-se de um experimento biológico que tem por objetivo avaliar os efeitos na microgravidade sobre o DNA da cana de açúcar;

4. E-MEMS: Sistema para determinação de atitude de veículos espaciais, desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). O objetivo deste experimento é fazer uso de sensores comerciais para determinação de atitude de sistemas espaciais;

5. SLEM: Solidificação de ligas eutéticas em microgravidade, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Este experimento contempla o desenvolvimento, construção e qualificação de um forno elétrico com capacidade de fundir (300°C) amostras de 3 materiais distintos. Ao atingir o ambiente de microgravidade, o forno é desligado e ocorre a solidificação das ligas;

6. GPS: Modelos de Global Positioning System - GPS (Sistema de Posicionamento Global) para aplicações em veículos espaciais de alta dinâmica, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com a colaboração do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Esse equipamento fornece a latitude, longitude e altitude da carga-útil durante todas as fases do voo do foguete;

7. SMA: Sensor Mecânico Acelerométrico, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Servirá para ativação de linhas de ignição, após submetida a uma aceleração entre 4 e 6 vezes a aceleração da gravidade. Com esse dispositivo, ainda em fase de qualificação, objetiva-se elevar a segurança do veículo, evitando-se, por exemplo, que sistemas pirotécnicos sejam acionados intempestivamente.

8. CCA: Circuito de Comutação e Atuação, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Modelo de desenvolvimento do sequenciador de eventos pirotécnicos e comutação de energia funcional.