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Centro de referência em tratamento de queimados estará de prontidão na Rio 2016

Quartos isolados com chumbo receberão vítimas de ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares
Publicada em: 07/02/2016 08:00
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Fonte: Agência Força Aérea

  Luan Gustavo Silva Pereira tinha apenas um ano e cinco meses quando foi levado às pressas para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), localizado no Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG), no Rio de Janeiro (RJ). A criança teve cerca de 40% do corpo queimado, depois que uma chaleira de água fervente virou sobre ela em julho de 2015. Após dois meses de tratamento na unidade, o filho do militar do Exército já recebeu alta médica.

Graças ao trabalho desenvolvido desde os anos 80, o CTQ se tornou uma unidade referência devido à carência de centros com profissionais especializados na área pelo Brasil. Segundo o chefe da unidade, Tenente Fernando Esbérard, alguns centros são adaptações de unidades de terapia intensiva, enquanto que o CTQ foi todo projetado para receber, exclusivamente, pacientes vítimas de queimaduras.

Tratamento referência - A palavra-chave é isolamento. O ar e a água, por exemplo, antes de chegarem ao CTQ, devem passar por um processo de limpeza e descontaminação. Os pacientes também fazem exames e são consultados no próprio CTQ, que é um setor isolado do HFAG. Quando uma vítima chega ao centro, equipes multidisciplinares são destacadas exclusivamente para o tratamento do paciente, o que envolve quase todos os setores do hospital.

Todo esse cuidado ocorre porque internações envolvendo queimaduras são delicadas, já que a pele é uma grande porta de entrada para infecções e fica completamente vulnerável. Dependendo do caso, os pacientes podem fazer enxerto, ou seja, retirada de lâminas de pele da própria vítima para substituições em regiões onde ela foi comprometida. O tratamento também inclui outras cirurgias, trocas de curativos, banhos diários, entre outros.

Jogos Olímpicos - Com a chegada das Olímpiadas, o Comitê Olímpico Internacional e o Ministério da Defesa determinaram que o CTQ seria o local a receber vítimas de ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, também conhecidas pela sigla DQBRN.

Para isso, está sendo preparada uma estrutura especial: são dois quartos, ainda em obras, totalmente isolados com chumbo. “Vão ser lugares preparados com três propósitos, que não há em nenhum lugar: isolamento radionuclear, para evitar contato com o césio, por exemplo; biológico, como o episódio do ebola; e químico”, ressaltou o Tenente Fernando.

Em frente ao CTQ também será montada uma estrutura para descontaminação rápida: uma barraca inflável para o primeiro banho dos pacientes contaminados. “Nós recebemos essa responsabilidade de ser essa referência também nos Jogos Olímpicos. Principalmente no tratamento de queimaduras na área DQBRN”, finalizou.

Leia esta e outras reportagens na edição de fevereiro do Notaer: