CONTINÊNCIA

Gesto é sinal de respeito e patriotismo

Tradição militar internacional, a continência é prestada até para bandeiras estrangeiras
Publicada em: 16/07/2015 14:50
Imprimir
Fonte: Agência Força Aérea

Medalhista   Se o fato de 123 militares fazerem parte da delegação brasileira nos jogos Pan-Americanos de Toronto chama a atenção, o gesto de prestar continência em competições esportivas não é novidade. No ano passado, durante a Copa do Mundo de Futebol, o jogador sul-coreano Lee Keun-Ho comemorou seu gol contra a Rússia prestando continência no gramado da Arena Pantanal, em Cuiabá (MT).

O gesto, um tipo de cumprimento, é presente em todo o mundo e teria origem na Idade Média: lembra o movimento da mão para erguer a viseira do elmo das armaduras de metal. Como os guerreiros somente iriam levantar a viseira nos Jogador Sul-Coreano  momentos em que estivessem frente a frente com aliados, a continência se tornou uma saudação entre forças armadas.

No Brasil, a continência não é apenas um costume do meio militar, sendo regulamentadas. O Decreto N° 6.806, de 2009, dita regras gerais "estando o militar de serviço ou não, em área militar ou em sociedade, nas cerimônias e solenidades de natureza militar ou cívica".

Cavaleiro medieval  De acordo com o Decreto, os militares devem prestar continência para a Bandeira Nacional, o Hino Nacional e uma série de autoridades militares e civis, como presidente, vice-presidente, presidentes da Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal, governadores e chefes de missões diplomáticas.

Até bandeiras, hinos e autoridades de nações estrangeiras devem ser saudadas. A cena é comum em momentos como a Rio + 20, quando militares recepcionaram com continência chefes de Estado vindos de mais de cem países. Em 2013, a saudação também foi amplamente prestada ao Papa Francisco.

Atletas Militares

De acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que emitiu nota oficial a respeito da continência de atletas militares durante os Jogos Pan-Americanos, a saudação prestada de forma espontânea é uma manifestação do orgulho. "É uma demonstração de patriotismo, sem qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao subir no pódio e se saber vencedor", diz a nota.

O COB, em parceria com as Forças Armadas, iniciou o projeto de atletas de alto rendimento em 2009. Nos moldes de iniciativas já desenvolvidas em países como Alemanha, Rússia, França e Itália, centenas de atletas foram incorporados no serviço militar temporário. Enquanto incentivam a prática de esportes entre os militares de carreira, recebem apoio para conquistarem mais medalhas.

Continência na recepção do Papa Francisco  Sgt Johnson Barros / Agência Força Aérea“Identifiquei-me muito com o fato de ser militar. Eles possuem características que todos os atletas devem ter para conseguir um bom resultado. No meu caso: disciplina, coragem, determinação, rotina e foco”, diz o Sargento Marilson Gomes dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova Iorque e promessa de medalha para os jogos olímpicos de 2016.

Somente a Força Aérea Brasileira (FAB) tem 188 atletas convocados em seu efetivo. Eles disputam em modalidades como badminton, tiro com arco e triatlo. A expectativa é grande para os Jogos Mundiais Militares da Coreia do Sul, em outubro. Somente a força aérea vai levar 60 atletas de 13 modalidades.