SEGURANÇA DE VOO

CENIPA e empresas aéreas discutem risco de fauna em workshop em SP

O objetivo é reduzir a probabilidade de incidentes com animais nos aeroportos brasileiros
Publicada em: 10/04/2015 14:30
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Fonte: CENIPA

O Centro de Inve  stigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) realizou um workshop sobre gerenciamento do risco de fauna para duas das maiores empresas de transporte aéreo de passageiros, GOL e TAM. As reuniões ocorreram em São Paulo (SP), nos dias 6 e 7 de abril, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre os passos necessários para a redução de probabilidade e severidade das colisões com espécies de animais nos aeroportos brasileiros.

De acordo com o CENIPA, quando as empresas reportam melhor os acontecimentos com fauna passam a contribuir de modo mais eficiente para o gerenciamento desse perigo natural do ambiente, que é considerado pela Federal Aviation Administration (FAA) um dos principais problemas nos aeródromos em todo o mundo. Além disso, apoiar o banco de dados nacional reforça o fluxo de informação que operadores de aeródromos utilizam para avaliar riscos e confeccionar Planos de Manejo de Fauna – a serem submetidos à autoridade ambiental –, contribuindo também para reduzir essas colisões.

As áreas de Operações, Safety (Segurança de Voo), Manutenção de Linha, Qualidade e Seguros das duas empresas estiveram representadas. “É necessário que os setores de cada organização passem a conhecer melhor os diversos aspectos do gerenciamento do risco de fauna. Dessa forma, poderão propor mudanças internas que facilitem a coleta de dados de colisões para alimentar o banco de dados brasileiro”, afirmou o Assessor de Gerenciamento de Risco da Fauna, Tenente-Coronel Aviador Henrique Rubens Balta de Oliveira.

Banco de dados

O banco de dados do CENIPA está disponível na internet e uma das informações mais importantes da Ficha Cenipa 15 é a espécie de animal envolvida na colisão. Com isso, é possível identificar fatores atrativos dentro e fora do aeródromo, reduzindo a presença da espécie na trajetória de aeronaves.

Segundo o Suboficial Luis Carlos Batista Santos, da Assessoria de Gerenciamento do Risco da Fauna, o passo fundamental para aprimorar o banco de dados e orientar cientificamente os Programas de Gerenciamento de Risco de Fauna (PGRF) nos aeródromos brasileiros é que tripulantes, mecânicos, controladores de tráfego aéreo e o pessoal dos aeroportos comuniquem o fato. “Toda
  informação que chega ao CENIPA é importante. E os tripulantes são detentores de dados únicos, que acabam sendo esquecidos quando a Ficha Cenipa 15 é feita por outras pessoas”, ressaltou.
 
Prejuízos

Como a indústria de transporte aéreo é caracterizada por baixos lucros, durante o workshop foi ressaltada a importância do cálculo de custos diretos, como inspeções, trocas de peças e mão-de-obra, além de custos indiretos, a exemplo de lucro cessante, atrasos na malha aérea, apoio ao passageiro e cancelamento de voos.

Os custos indiretos, por exemplo, são estimados entre US$ 28 e US$30 mil por voo nacional cancelado e em US$ 200 mil em voos internacionais. “Esses são os valores conhecidos, mas se levarmos em conta que os operadores nem sempre informam adequadamente os custos, podemos afirmar que o prejuízo das colisões para a aviação brasileira é muito mais alto”, esclarece o Tenente-Coronel Rubens. 


Como combat
  er?

Outro aspecto abordado nesses dois dias foi a relação entre a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o CENIPA e as prefeituras na redução dos focos atrativos no entorno de aeródromos. A proporção da área de responsabilidade direta das prefeituras é sempre superior a 95% da ASA, situação que mostra a importância do poder público municipal para evitar acidentes por colisão com fauna.

O operador do aeródromo, como representante local do setor aéreo, é responsável por coletar dados de fauna por meio de monitoramento na ASA. “Essa ação não substitui a responsabilidade do poder público municipal, prevista na Constituição Federal de 1988. Além disso, o operador do aeródromo é o responsável direto pela redução da atratividade de fauna dentro do sítio aeroportuário”, reforça o Tenente-Coronel Rubens.

Confira, no vídeo abaixo, a entrevista do Tenente-Coronel Rubens sobre o perigo das colisões entre animais e aeronaves: