ORDEM DO DIA

DIA DA ENGENHARIA DA AERONÁUTICA - OUTUBRO 2012

Publicada em: 01/11/2012 11:33
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Fonte: DIRENG

O homem vive em sociedade e só pode assim viver. Para garantir sua existência, o ser humano teve de aprender a cooperar e a se organizar socialmente. Da eficiência dessa cooperação dependia sua sobrevivência. Não tardou para que compreendesse que embora fundamental, viver não era suficiente, havia a necessidade de descobrir porque estava aqui. Assim, o homem buscou o conhecimento de si mesmo e de seu mundo, mediante a busca da verdade em todos os seus domínios. Ao longo dos tempos, esse conhecimento também foi aplicado na criação de utilidades. Desenvolveram-se capacidades particulares tais como o controle das forças da natureza, conversão de ideias em realidade, gerenciamento de restrições e várias outras competências específicas. Esse conjunto de habilidades é chamado Engenharia. Contudo, quando o homem lascou a pedra, produziu o fogo, irrigou sua plantação ou concebeu a roda ele já atuava como engenheiro. O conceito atual de engenharia, como profissão regulamentada, é relativamente recente, data da segunda metade do século dezoito, mas esta atividade é tão antiga quanto a imaginação, a engenhosidade e o inconformismo da raça humana. Dos centros urbanos aos cantos mais remotos do planeta, da profundeza dos oceanos ao espaço, onde quer que haja indicação da presença humana há a engenharia.

Hoje é o dia da Engenharia da Aeronáutica e é uma oportunidade para relembrarmos alguns motivos da comemoração. A Engenharia da Aeronáutica teve papel de destaque na construção da infraestrutura inicial da Força Aérea, vindo a ser uma referência nacional nesta competência. Também foi de grande monta a atuação da engenharia nas primeiras ações no sentido de criação de uma indústria aeronáutica no País. Recordemos da oficina de revisão de aviões da Força Aérea em Lagoa Santa, da Fábrica montadora de aviões no Galeão e do papel histórico deste Parque Aeronáutico dos Afonsos - primeiro parque de aeronáutica da Força Aérea e que realizava manutenção de aeronaves no nível fábrica já na década de quarenta.

Também é imprescindível mencionar o pioneiro, mas também contemporâneo trabalho da engenharia da aeronáutica na integração da região amazônica. Sentimos orgulho pelo destacado trabalho da COMARA e do seu importante papel como vetor de Segurança, Defesa e Desenvolvimento dessa região. Essas são apenas algumas evidências de como a engenharia vem, literalmente, construindo a história da Força Aérea Brasileira.

Esta também é a ocasião de mencionar um dos marcos de maior repercussão da Engenharia da Aeronáutica no progresso do País. O Marechal do Ar Casemiro Montenegro Filho, patrono da Engenharia da Aeronáutica, implantou um modelo de desenvolvimento que teve o mérito de adotar, há cerca de 60 anos, padrões de instrução inéditos no País e que desde então construiu um patrimônio intelectual que transformou a região do Vale do Paraíba em um dos mais importantes centros de tecnologia e indústria avançada do Hemisfério Sul. É oportuno destacar que este modelo de desenvolvimento nascido e amadurecido no seio da Força Aérea Brasileira já preconizava, no século passado, a premissa de inseparabilidade entre defesa e desenvolvimento do País, expressa apenas recentemente no documento da Estratégia Nacional de Defesa. Este legado do Marechal Casemiro mostra que hierarquia e sabedoria podem andar de mãos dadas.

Engenheiros, temos a responsabilidade de dar continuidade a contribuição dos pioneiros, tendo a consciência de que a história não se resume ao passado, ela também é o presente e o futuro. O mundo está ficando cada vez mais complexo, seja pelo crescimento populacional, pela escassez de recursos, pela degradação ambiental ou pela intolerância nas suas diversas matizes. Presenciamos uma profunda transformação social e a engenharia tem papel fundamental na mitigação das restrições impostas por esse contexto. O preparo técnico e científico do engenheiro necessita ser complementado com competências mais gerais, incluindo aspectos sociais, ambientais, culturais e éticos. As equações de Newton não serão suficientes para o engenheiro do futuro.

Aos engenheiros da Aeronáutica acrescenta-se ainda a necessidade de maior integração. A engenharia no COMAER é setorizada, o que é natural pela abrangência dessa atividade, mas não precisa ser um arquipélago de competências isoladas. Uma engenharia mais coesa será uma engenharia mais forte e dessa forma contribuiremos cada vez mais para manter as asas da soberania voando com economicidade, eficácia e responsabilidade social. Afinal, foi por esse tipo de contribuição que a humanidade sempre necessitou de engenharia.

Maj Brig Eng Francisco Carlos Melo Pantoja