HISTÓRIA
INCAER celebra 80 anos da antiga Estação de Hidroaviões
O Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), localizado no Rio de Janeiro (RJ), realizou, nesta quarta-feira (28), um evento com apresentação musical para celebrar os 80 anos da antiga Estação de Hidroaviões do Aeroporto Santos-Dumont, que é a sede da Unidade. O prédio foi inaugurado em 1938, em pleno coração da então Capital Federal.
Durante a solenidade, o Subdiretor de Cultura do INCAER, Major-Brigadeiro da Reserva José Roberto Scheer, lembrou que o escritor e entusiasta da aeronavegabilidade, Domingos de Barros, em 1920, já havia vislumbrado a criação de um Instituto Cultural de Aeronáutica. “Por coincidências do destino, este ‘santuário’ veio a abrigar o Sistema de Patrimônio Histórico e Cultural do Comando da Aeronáutica (SISCULT)”, disse. Segundo o Oficial-General, as qualidades arquitetônicas do prédio criavam um ambiente propício à valorização da cultura, história, museologia e música da Aeronáutica.
O espetáculo musical fez alusão às diversas décadas, abrangendo desde composições dos anos de 1930 até músicas populares, nacionais e internacionais dos dias atuais. Participaram do número artístico musicistas pertencentes ao efetivo do INCAER, da guarnição do Rio de Janeiro e do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR).
Ao final da apresentação, o Diretor do Instituto, Tenente-Brigadeiro da Reserva Rafael Rodrigues Filho, assinou a portaria de aprovação da “Canção do INCAER” e houve apreciação das fotografias aéreas da paisagem da cidade do Rio de Janeiro, produzidas pela Escola de Aviação Militar nas décadas de 1930 e 1940, pertencentes ao arquivo histórico do Museu Aeroespacial (MUSAL).
Patrimônio Cultural
Pela sua importância arquitetônica, histórica e paisagística, o prédio foi tombado pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 29 de janeiro de 1957. A Estação de Hidroaviões foi construída em consonância com os princípios de funcionalidade espacial e construtiva, e apresenta a estrutura livre de concreto armado, pilotis, grandes marquises em balanço e fachadas de vidro.
A historiadora do INCAER, Tenente Bruna Melo dos Santos Duque Estrada, ressalta que a sede do Instituto é um lugar de memória, que deve ser preservado. “Não só pelo fato de ser um dos mais importantes exemplares da arquitetura moderna, mas, sobretudo, por integrar o acervo da história e da arte do país”, disse.
O edifício, projetado em dois andares, tem as paredes externas e internas revestidas de mármore travertino romano. Nele, foram contempladas todas as características de um terminal de transporte aéreo, possuindo, no primeiro pavimento, o hall de passageiros e de despacho, companhias, polícia, alfândega, saúde e dependência para pilotos.
Os pavimentos são conectados internamente por uma escada helicoidal. No segundo andar, há um salão para restaurante e bar, que circunda o vazado do hall e se abre para um terraço descoberto, possibilitando ampla vista para a Baía de Guanabara. Uma escada no terraço, em formato caracol, leva até o jardim, onde uma marquise, conduzia os passageiros, abrigados, até o ancoradouro para o embarque nos hidroaviões.
A Estação funcionou por um período de quatro anos, encerrando suas atividades em 1942. Logo depois, os hidroaviões começaram a ser substituídos pelos aviões com rodas, em uma nova fase da aviação comercial. O prédio continuou sendo utilizado, até a década de 50, servindo de estação de passageiros para o Aeroporto Santos-Dumont.
"Apesar de ter funcionado por tão pouco tempo, o tráfego aéreo na Estação de Hidroaviões foi intenso. Alguns eventos chamaram a atenção da imprensa da época, que registrou a movimentação dos aviões que cruzavam o espaço aéreo, em todas as direções, alçando voo e aterrissando na Estação", concluiu a Tenente Melo.
A antiga Estação de Hidroaviões, sob a tutela da FAB, faz parte do acervo do Comando da Aeronáutica, que se constitui de bens culturais, de caráter material e imaterial, móvel e imóvel. Tais bens são geridos pelo SISCULT, criado em 2010, com o objetivo de gerenciar o patrimônio histórico e cultural da FAB.
Confira a reportagem sobre a antiga Estação de Hidroaviões do Aeroporto Santos-Dumont.
Fotos: Cabo Feitosa/CECOMSAER e Navarro/INCAER