SEGURANÇA DE VOO

CENIPA realiza encontro brasileiro de psicologia aplicada à aviação

Publicado: 2012-09-14 09:30:00

O 5º Encontro Brasileiro de Psicologia Aplicada à Aviação começou nesta quinta-feira (13/09), no Centro Militar de Convenções e Hospedagem da Aeronáutica, em Salvador (BA). Na cerimônia de abertura, o Chefe do CENIPA, Brigadeiro do Ar Luís Roberto do Carmo Lourenço, reafirmou aos participantes a relevância do fator humano na contribuição para o acidente de aviação. Ele lembrou ainda que, à medida que a tecnologia avança, maior é a responsabilidade de quem faz prevenção.

O Brigadeiro Lourenço destacou a realização do evento pela integração entre psicólogos que lidam diretamente com a realidade da atividade aérea e a presença dos representantes dos Conselhos Federal e Regional de Psicologia pelo apoio na discussão do papel da psicologia aplicada à aviação. “O tema desse encontro ainda necessita abrir caminhos para se alinhar em muitos aspectos da aviação civil e militar brasileira”, concluiu o Chefe do CENIPA.

A representante do Conselho Federal de Psicologia, Conceição Pereira, que participou dos quatro encontros anteriores, afirmou que a psicologia voltada para a aviação tem seu papel garantido como ciência, e não apenas como prática.

No primeiro dia, a psicóloga espanhola Mariluz Novis proferiu palestra sobre “Fatores Humanos na Aviação Contemporânea”. “Na aviação não basta tapar buracos, há que se flexibilizar o sistema. Os psicólogos podem e devem intervir nas organizações, em áreas novas da aviação contemporânea que estão esperando pelo seu trabalho”, disse.

Mariluz destacou os aspectos individuais e organizacionais como desafios da psicologia ligada à aviação. Pressão no trabalho, aviões modernos e automatizados e a desmedida exigência dos lucros marcam a conjuntura atual do setor aéreo. “A segurança é o estado ideal na redução dos danos às pessoas e à propriedade, mediante o processo contínuo na identificação das falhas. A segurança também é o estado real de um sistema que tem capacidade de absorver perturbações esperadas e não esperadas”, afimou a palestrante.

Ao comparar estatísticas, a palestrante explicou que é muito provável que o próximo acidente aéreo apresente o mesmo resultado que outros já conhecidos, porém numa diferente combinação de sinais não identificados. Na opinião de Mariluz, “é fundamental mudar conceitos e ampliar a discussão nas questões organizacionais, além de trabalhar junto às autoridades da regulação e comunicar melhor as vantagens da segurança para sair do isolamento no apoio psicológico à tripulação”, afirmou a psicóloga.

A palestrante é diplomada em Estudos Avançados em Aprendizagem e Instrução pela Universidade Autônoma de Madri e pós-graduada em psicologia de Emergência pelo Colégio Oficial de Psicólogos, também de Madri. Como psicóloga, vivenciou experiências em segurança de voo e instrução na Iberia, a maior companhia aérea da Espanha, durante 25 anos. Mariluz é pesquisadora e possui artigos e livros publicados sobre fatores humanos e psicologia de aviação, tendo participado de várias conferências pela America Latina.

Atuação da Psicologia na Aviação Brasileira

A segunda palestra foi realizada pela psicóloga Selma Leal de Oliveira Ribeiro, doutora em Engenharia de Produção, coordenadora e docente da disciplina Psicologia em Aviação e orientadora do Curso de Mestrado Profissional em Segurança de Voo e Aeronavegabilidade Continuada do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). “Tudo o que se desenvolve na aviação tem como objetivo a segurança do sistema, que não funciona isoladamente, precisa trabalhar interligado”, disse a professora da disciplina Fatores Humanos na Aviação Civil e Administração de Recursos de Cabine.

Selma afirmou que no Brasil não há uma definição do tema psicologia aplicada à aviação, porque não existem cursos de formação como em outros países. “Uma ciência aplicada que se concentra na atividade humana da aviação civil e militar, com base no conhecimento acadêmico e na pesquisa básica em psicologia e outras ciências afins, necessários para os profissionais no especializado campo da psicologia”, disse. Ela também enfatizou a necessidade de ligar a segurança aérea com a saúde das pessoas envolvidas no meio aeronáutico.